Medicina digital: o que é, exemplos, benefícios e passos para implementar

Por Dr. José Aldair Morsch, 30 de julho de 2024
Medicina digital

A medicina digital já nasceu para transformar os cuidados de saúde, e segue evoluindo.

Na esteira das inovações tecnológicas dos últimos anos, vale destacar os seus avanços.

As aplicações englobam desde simples mensagens de texto até os mais sofisticados softwares médicos de assistência, educação, gestão, etc.

Neste artigo, apresento um panorama completo sobre a incorporação dessas tecnologias à medicina, que resultou em soluções vantajosas como a telemedicina.

Acompanhe até o final e fique bem informado!

O que é medicina digital?

Medicina digital é a aplicação de tecnologias à rotina médica. A definição é ampla porque reflete toda uma transformação digital na saúde, que vem tornando as dinâmicas médicas mais ágeis e acessíveis, tanto para profissionais quanto para pacientes.

Afinal, a medicina digital se torna presente através de dispositivos populares, como os relógios inteligentes ou smartwatches, além de ferramentas que estruturam a comunicação e entrega de serviços de forma remota.

Ao mesmo tempo, esses progressos apresentam desafios para sua ampla implementação, a exemplo da proteção de dados sensíveis dos pacientes e a necessidade de promover a educação digital.

De qualquer forma, é inegável que a medicina digital se tornou realidade nas últimas décadas, impulsionada não apenas pelos avanços tecnológicos, mas também pelas dificuldades enfrentadas durante a pandemia de covid-19.

Devido à necessidade de isolamento social, a aceitação e adoção de plataformas digitais em diversos processos de saúde foram aceleradas.

Qual a diferença entre medicina digital, telemedicina e telessaúde?

São muitos os termos que remetem à inovação tecnológica na saúde, o que pode gerar certa confusão entre seus significados.

Esse é o caso da medicina digital, telemedicina e telessaúde que, embora caminhem lado a lado, possuem diferentes definições.

Começando pelos termos mais parecidos, cabe explicar que a telemedicina é a oferta de cuidados médicos a distância.

De acordo com a Resolução CFM 2.314/2022, que regulamenta essa área, a telemedicina emprega Tecnologias Digitais, de Informação e de Comunicação (TDICs) para fins de assistência, educação, pesquisa, prevenção de doenças e lesões, gestão e promoção de saúde.

Um ponto de destaque é que a telemedicina foca na entrega de serviços remotos, enquanto a medicina digital compreende, também, os aparelhos e sistemas empregados no dia a dia da equipe médica.

Por sua vez, a telessaúde contempla a prestação de serviços de saúde remotamente, indo além das soluções de medicina.

Profissionais de enfermagem, psicólogos, nutricionistas e demais colegas da saúde podem ofertar serviços utilizando uma plataforma de telessaúde.

Exemplos de aplicações da medicina digital

Comentei, mais acima, que a medicina digital vem se popularizando e ocupando espaço nas rotinas das equipes de estabelecimentos médicos e seus pacientes.

Quer saber como?

Então, confira sete aplicações dessa área que já deixaram de pertencer à medicina do futuro para se tornar disponíveis no presente:

Dispositivos vestíveis

Os famosos wearables de saúde vieram para ficar.

São pulseiras, relógios inteligentes e outros dispositivos capazes de captar dados de saúde, tais como sinais vitais e atividade física realizada em determinado período.

Ao coletar registros da frequência cardíaca, valores de pressão arterial, entre outros, esses aparelhos viabilizam o monitoramento médico remoto, desde que configurados para compartilhar os dados com o profissional de saúde.

Podem, ainda, emitir alertas ao paciente quando os registros estiverem fora do padrão, sugerindo uma visita ao pronto-socorro para evitar complicações como o infarto.

Teleconsulta e telemonitoramento

Falando em monitoramento a distância, pessoas com doenças crônicas podem ser acompanhadas com o suporte de uma plataforma de telemedicina.

Isso faz toda a diferença, especialmente para quem tem dificuldades de locomoção ou transtornos mentais que dificultam a ida ao consultório, como síndrome do pânico e agorafobia.

Em vez de se deslocarem, esses pacientes recebem assistência médica sem sair de casa através da teleconsulta e telemonitoramento.

Seus cuidadores e/ou familiares também podem dispor de orientação médica em poucos cliques.

Prontuário eletrônico

Mais que uma versão digital do prontuário médico, esse é um software robusto que guarda, organiza e compila os dados do histórico do paciente.

O prontuário eletrônico apresenta ainda uma série de recursos que simplificam os processos para os profissionais, que podem localizar informações via busca online.

Módulos de especialidades, alertas, prescrição eletrônica e integração com a consulta online são outras funcionalidades que podem estar presentes no prontuário online.

Médico digital

A medicina digital vem se popularizando e ocupando espaço nas rotinas das equipes de estabelecimentos médicos

Inteligência artificial

Ferramentas de IA potencializam ações de medicina preventiva a partir da customização dos cuidados médicos.

Isso porque elas possibilitam a identificação de perfis de pacientes para indicar soluções que evitem o desenvolvimento ou o agravo de doenças.

Nesse contexto, o machine learning ou aprendizado de máquina também se destaca ao dar suporte ao diagnóstico, considerando a análise qualificada de dados.

Big data

O armazenamento e processamento de grandes quantidades de dados, ou big data, permite a construção de bancos de dados muito mais completos e seguros.

Sua análise oferece embasamento para prever soluções contra epidemias sazonais, por exemplo, bem como para outros cenários que se tornam evidentes diante de um padrão de dados.

Laudos a distância

Sistemas de telemedicina online mediam a comunicação entre profissionais locais e especialistas de uma central, que conduzem o telediagnóstico.

Eles avaliam imagens, gráficos e demais registros de exames complementares, que servem de matéria-prima para a emissão de laudos remotamente.

Cirurgia robótica

Operações com o apoio de braços robóticos estão conquistando cada vez mais terreno entre os hospitais brasileiros, graças a vantagens como cortes mais precisos e limpos.

A redução de complicações durante e após os procedimentos minimamente invasivos é outra razão para adotar a cirurgia robótica, ou mesmo a telecirurgia.

Enquanto a primeira versão conta com o cirurgião responsável in loco, a cirurgia a distância é feita pelo especialista remotamente, com a ajuda de uma plataforma específica para guiar os movimentos do robô.

Obviamente, o paciente operado dispõe de uma equipe local para atender em casos de emergência e finalizar o procedimento com segurança.

Quais os benefícios da medicina digital?

Agora que apresentei soluções de medicina digital, quero avançar para seus benefícios, que alcançam não apenas médicos, mas também pacientes e profissionais encarregados da gestão em saúde.

Acompanhe.

Democratização dos serviços

Num país de grandes dimensões e desigualdades, contar com a medicina digital é importante para democratizar o acesso a serviços de qualidade.

A tecnologia viabiliza a conexão entre médicos e pacientes, rompendo com a barreira geográfica para levar as soluções até locais afastados dos centros urbanos.

Desde que tenham uma infraestrutura básica, geralmente com internet e um computador ou smartphone, é possível oferecer consultas online com especialistas, soluções de telediagnóstico e suporte para outros cuidados de saúde.

Processos mais ágeis

Por permitir a automatização de tarefas operacionais, a medicina digital confere celeridade às dinâmicas de saúde.

O impacto pode ser percebido na gestão de tarefas, organização da agenda médica, marcação de consultas via internet, atualização do prontuário digital em tempo real, etc.

Os diagnósticos e tratamentos ganham agilidade com o suporte dos laudos a distância, emitidos e assinados por especialistas via portal de telemedicina.

Comunicação eficiente

A dinâmica da comunicação médico-paciente ou entre profissionais se torna mais rápida e clara com a ajuda da tecnologia.

É possível trocar mensagens instantâneas, solicitar uma segunda opinião médica ou teleconsultoria para tomar decisões mais adequadas aos cenários em questão.

Até mesmo imagens de exames radiológicos são transmitidas de maneira fidedigna usando o sistema PACS, o que contribui para qualificar o diagnóstico por imagem.

Dados protegidos

Mencionei, nos tópicos anteriores, a possibilidade de proteção de dados por meio da criptografia de ponta a ponta.

Junto a mecanismos de autenticação, esse protocolo garante o sigilo médico necessário para atendimentos e demais rotinas profissionais que envolvem dados sensíveis.

Não se pode esquecer que as informações do prontuário pertencem ao paciente.

Assim, cabe ao profissional seu registro, guarda e compartilhamento de modo responsável, conforme determina a ética médica.

Maior comodidade

Muitos softwares médicos ficam hospedados na nuvem, um local seguro de armazenamento da internet.

Dessa forma, mantêm os dados sempre à mão, bastando que o profissional insira seu login e senha para entrar no ambiente virtual a partir de qualquer dispositivo com acesso à web.

Esse ponto agrega comodidade às ações, que podem ser executadas a qualquer hora e lugar.

Como funciona o atendimento de pacientes na medicina digital?

O atendimento de pacientes é tão simples quanto a troca de informações entre profissionais.

Tudo começa com o agendamento da consulta, realizado geralmente via software de telemedicina em nuvem.

O paciente utiliza funcionalidades como o filtro de especialidades para encontrar o profissional desejado e visualizar sua agenda.

Ele seleciona o dia e horário mais convenientes, sendo redirecionado a uma página de login ou criação de cadastro no sistema.

Seu registro é rápido, bastando inserir alguns dados de identificação e pagamento da teleconsulta.

Em seguida, ele recebe um e-mail de confirmação contendo, normalmente, um link de acesso à sala virtual onde a consulta a distância vai acontecer.

Clicando sobre ele na data e hora agendadas, o atendimento médico online começa.

O formato mais comum é a consulta por videoconferência, a fim de permitir a condução da anamnese e inspeção do paciente em tempo real.

Se for necessário, o médico preenche a solicitação de exames complementares e marca o retorno de consulta, que pode ser presencial ou online.

Atualizações do prontuário digital e emissão de documentos médicos como receita digital e atestado online são feitos durante a teleconsulta.

Os arquivos podem ser encaminhados ao paciente por e-mail, aplicativos de mensagens ou via plataforma de telemedicina, assim que o atendimento é finalizado.

Medicina digital tecnologia

Nos últimos anos a aceitação e adoção de plataformas digitais em diversos processos de saúde foram aceleradas

Resultados de exames com a medicina digital

Útil para médicos e pacientes, o acesso a resultados de exames online dispensa deslocamentos entre diferentes estabelecimentos de saúde.

E, por consequência, otimiza a entrega dos laudos médicos, que ficam disponíveis online com praticidade e segurança.

Assim, pacientes e acompanhantes não precisam investir tempo e dinheiro em viagens até o consultório, clínica ou hospital, uma vez que podem acessar os resultados de qualquer lugar.

Se for preciso, podem encaminhar os laudos ao médico assistente, agilizando também o retorno de consulta, afastamento ou confirmação de uma hipótese diagnóstica.

Ainda que não disponham de especialistas em diferentes áreas da medicina nos arredores, dá para contar com a interpretação de exames a distância de maneira prática e precisa.

Medicina digital no Brasil

A medicina digital conta com alta adesão no país.

Para se ter uma ideia, 87% dos pacientes realizaram as primeiras consultas virtualmente em 2023, de acordo com o relatório Distrito Healthtechs Report.

No mesmo período, 93% do gerenciamento de prescrições médicas foi realizado através de ferramentas tecnológicas, acabando com problemas para entender a letra de médico.

No entanto, o acesso à telemedicina e demais recursos desse setor ainda enfrenta desafios como a inclusão tecnológica de forma satisfatória.

Um estudo realizado pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) revelou que, apesar de 84% da população ter acesso à web, apenas 22% dos brasileiros possuem condições satisfatórias de conexão à internet.

A necessidade de aprender a utilizar as ferramentas tecnológicas, que são atualizadas constantemente, é outra barreira a se considerar, além do alto custo de equipamentos como os braços robóticos usados em telecirurgias.

Como usar a medicina digital na sua clínica?

Se deseja usar a medicina digital na sua clínica, hospital ou consultório, o caminho é simples.

Acompanhe cinco passos para implantar soluções tecnológicas no seu negócio:

  1. Faça um diagnóstico da situação atual, identificando quais os pontos de melhoria que podem ser aprimorados com o suporte tecnológico. Lembre-se de ouvir funcionários e pacientes para entender suas necessidades
  2. Defina o orçamento disponível, a fim de não prejudicar as atividades, investimentos e demais pontos do planejamento financeiro
  3. Pesquise! Faça uma busca para conhecer as empresas de telemedicina e outros fornecedores que poderão ser seus parceiros na oferta de serviços de medicina digital
  4. Compare as opções disponíveis, entendendo qual delas apresenta o melhor custo-benefício. Priorize parceiros que ofereçam suporte e treinamento da equipe médica
  5. Confirme o registro junto às autoridades de saúde. Antes de assinar o contrato, certifique-se de que o fornecedor possui cadastro e responsável técnico com CRM ativo.

Escolhendo a Telemedicina Morsch, você terá acesso a multisserviços de um jeito prático, com várias especialidades num mesmo ambiente virtual e soluções como:

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Conclusão

A medicina digital é realidade em muitos locais, embora ainda enfrente desafios para a ampliação dos serviços.

Devido aos seus muitos benefícios, a expectativa é que a área continue crescendo e democratizando o acesso à saúde em todo o mundo.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin