Quais são os sinais vitais normais e como fazer a verificação

Por Dr. José Aldair Morsch, 1 de fevereiro de 2022
Sinais vitais

A avaliação de sinais vitais faz parte da rotina de muitos serviços de saúde.

E não é para menos, dada a importância do pulso, frequência respiratória, pressão arterial e temperatura.

Esses 4 itens determinam a condição de saúde do paciente, demonstrando o desempenho em atividades corporais indispensáveis à sobrevivência.

Daí a necessidade de saber como verificar os sinais vitais, quais os valores normais e que condutas adotar diante de alterações.

É sobre isso que falo neste artigo.

Continue lendo para conferir também uma tabela de sinais vitais normais e opções para qualificar o diagnóstico com a telemedicina.

Vamos em frente?

Quais são os sinais vitais?

Os sinais vitais são: frequência cardíaca, frequência respiratória, pressão arterial e temperatura.

Eles descrevem a performance das funções corporais básicas, que podem ser influenciadas por uma série de doenças, anormalidades internas ou externas.

Geralmente, a medição dos sinais vitais faz parte do primeiro atendimento na atenção básica, ajudando na triagem dos pacientes.

Veja detalhes sobre cada um a seguir.

Frequência cardíaca

Também conhecida como pulsação, a frequência cardíaca descreve o número de batimentos por minuto realizados pelo coração.

Como bomba natural, o músculo cardíaco precisa bater num ritmo regular e suficiente para impulsionar o sangue pelas artérias.

Depois, o líquido leva oxigênio e nutrientes para todas as células do organismo.

Num adulto jovem, o pulso ideal fica entre 50 e 100 bpm (batidas por minuto).

Atletas e idosos costumam ter a pulsação mais baixa, chegando a 40 bpm sem que haja comprometimento ao bem-estar.

Antes de um ano, os bebês registram até 160 bpm, sem qualquer problema para a saúde.

Frequência respiratória

A taxa de frequência respiratória (FR) revela a quantidade de respirações completas em um minuto.

Ela fica entre 12 e 20 mrm (movimentos respiratórios por minuto) num adulto saudável e com menos de 40 anos.

Da mesma forma que a frequência cardíaca, a respiratória tende a sofrer variações conforme a idade.

Para se ter uma ideia, os valores normais de FR para bebês menores de 1 ano ficam entre 30 e 60 mrm.

Pressão arterial

Quando o coração bombeia o sangue pelas artérias, o líquido faz força contra as paredes desses vasos sanguíneos.

Esse é o conceito por trás da pressão arterial, medida sempre em duas partes: sistólica e diastólica.

O valor sistólico corresponde à tensão no momento em que o órgão se contrai e, portanto, é superior ao diastólico.

O valor obtido na diástole é mais baixo, pois se refere ao instante de relaxamento do músculo cardíaco.

Idealmente, os valores de pressão num paciente adulto ficam entre 120/80 mmHg (o famoso 12 por 8).

Temperatura

Medida por meio de um termômetro, a temperatura demonstra o resultado entre ganho e perda de calor do corpo para o ambiente.

O valor de referência é de 36,5ºC (graus Celsius), para qualquer idade.

No entanto, existe uma variação aceitável, que fica entre 36,1ºC e 37,2ºC.

Valores abaixo de 35,1ºC caracterizam a hipotermia, enquanto aqueles acima de 37,8ºC correspondem à febre.

Parâmetros médicos

Os sinais vitais variam conforme a faixa etária e são determinantes ao avaliar condição de saúde do paciente

Importância dos parâmetros de sinais vitais

Cada um dos sinais vitais mede funções fundamentais para a manutenção da vida.

Quando algum deles é alterado, pode ser a primeira pista de que a saúde não vai bem.

Um exemplo simples é a elevação da temperatura (febre), que pode sinalizar a existência de uma infecção.

Por sua vez, uma pulsação abaixo do normal pode indicar problemas como insuficiência cardíaca.

E os valores de pressão elevados constantemente revelam a hipertensão, patologia que aumenta o risco de a pessoa sofrer eventos graves como AVC e infarto do miocárdio.

Quando o profissional de saúde mensura corretamente os sinais vitais, esses e outros males podem ser evitados.

Ou tratados de forma precoce, com maiores chances de cura, redução das sequelas e tempo de recuperação.

Na maioria das vezes, é possível abandonar comportamentos prejudiciais e adotar hábitos saudáveis, revertendo a tendência a uma patologia.

Daí a importância de conhecer os parâmetros de sinais vitais, que otimizam um diagnóstico assertivo.

Também permite o socorro rápido diante de variações bruscas nos valores normais, antes mesmo que o paciente perceba sintomas.

Isso é bastante útil, por exemplo, para casos de pressão baixa, que raramente desencadeiam sintomas e, por consequência, dificilmente são detectados pelo doente.

Tabela de sinais vitais normais

Agora que você entende a importância dos sinais vitais no atendimento clínico e no atendimento pré-hospitalar (APH), vamos avançar um passo.

Veja, abaixo, uma tabela com os valores de referência dos sinais vitais para cada faixa etária.

Parâmetros normais dos sinais vitais conforme faixa etária
Faixa etária Frequência Cardíaca (pulsação) Frequência Respiratória Pressão arterial (valor máximo aceitável) Temperatura
Bebês 100 a 160 bpm 30 a 60 mrm 110/75 mmHg Entre 36,1ºC e 37,2ºC
Crianças 80 a 120 bpm 20 a 30 mrm 120/80 mmHg Entre 36,1ºC e 37,2ºC
Adultos 60 a 100 bpm 12 a 20 mrm 139/89 mmHg Entre 36,1ºC e 37,2ºC
Idosos 45 a 90 bpm 16 a 25 mrm Mulher: 134/84 mmHg

Homem: 135/88 mmHg

Entre 36,1ºC e 37,2ºC
Fontes: Aula Sinais Vitais do Idoso, disponível neste link;

III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial, disponível aqui.

Como fazer a verificação de sinais vitais

A verificação de sinais vitais envolve tarefas simples, mas que pedem atenção e zelo para obter resultados de qualidade.

Recomendo que você siga a seguinte ordem para essa avaliação:

Nas próximas linhas, trago um passo a passo para facilitar o processo.

1. Comece pela temperatura

Essa é a tarefa mais rápida, que exige apenas um termômetro de mercúrio para coletar os dados necessários.

A medição pode ser feita por via oral, retal ou axilar, sendo que esta última oferece mais praticidade na rotina das unidades de saúde.

Antes de colocar o termômetro em contato com a pele do paciente, desinfete o equipamento.

Depois, seque a axila da pessoa e garanta que o bulbo do aparelho fique junto à pele, sendo levemente comprimido pelo braço para que não se mova.

Aguarde de 3 a 5 minutos para retirar o termômetro e registrar a temperatura corporal.

2. Tome a pulsação

Peça para o paciente se sentar em posição confortável, no qual possa se recostar.

O pulso pode ser tomado a partir da compressão de uma artéria contra um osso, feita de modo leve.

Pescoço, pulso e parte interna do braço (braquial) são bons locais para tomar a pulsação.

Em adultos que estejam conscientes, o mais comum é observar a frequência cardíaca pressionando o pulso, a fim de sentir as artérias radiais.

Com o braço do paciente apoiado e relaxado, utilize 2 ou 3 dedos para comprimir a parte central, logo abaixo da palma da mão.

Lembre-se de não usar o polegar e indicador, que podem distorcer o resultado.

Se não encontrar pulso, é possível procurar pela artéria carótida, no pescoço.

Basta colocar os dedos sobre o pomo-de-adão e deslizar até a lateral para achar a pulsação.

Em bebês até os 12 meses, será mais simples tomar a pulsação braquial, seguindo os mesmos passos que a medição pelo pulso.

Conte os movimentos durante 60 segundos, observando se são regulares e intensos.

Anote os valores obtidos para que sejam comparados aos parâmetros normais.

3. Siga para a Frequência Respiratória (FR)

A FR deve ser medida logo depois da frequência cardíaca, a fim de encontrar valores confiáveis.

Primeiro, coloque o paciente sentado em posição confortável e posicione o braço de maneira relaxada para verificar as incursões respiratórias.

Ou coloque os dedos anelar e indicador sobre a artéria carótida, como expliquei acima.

Verifique, então, a quantidade de ciclos respiratórios, contando os movimentos sentidos por 60 segundos.

Durante esse período, preste atenção, ainda, nos movimentos torácicos, se há ritmo padrão para a respiração, se é profunda ou superficial.

Registre os valores de FR e a posição do paciente no prontuário médico e compare os números com os valores de referência.

4. Meça a pressão arterial

Caso tenha um aparelho específico, você pode escolher pelo método oscilométrico para medir a pressão arterial.

Se não tiver, siga o pequeno roteiro para registrar corretamente a pressão sistólica e diastólica, baseado neste manual do SUS:

  • Certifique-se de que o paciente esteja tranquilo, pois o estresse e ansiedade podem aumentar os valores reais. Na dúvida, peça que ele descanse por alguns minutos antes de realizar o procedimento
  • Localize a artéria braquial por palpação
  • Prenda o manguito firmemente cerca de 2 a 3 cm acima da fossa antecubital, centralizando a bolsa de borracha sobre a artéria braquial
  • Mantenha o braço do paciente na altura do coração
  • Palpe o pulso radial, posicione o estetoscópio sobre a artéria braquial e infle o manguito até o desaparecimento do som
  • Faça a deflação com uma velocidade constante de 2 a 4 mmHg/segundo
  • Determine a pressão sistólica máxima no momento do aparecimento do primeiro som
  • Determine a pressão diastólica mínima no momento do desaparecimento do som
  • Registre os valores das pressões sistólica e diastólica, o braço em que foi feito o exame e o horário.
Sinais vitais normais

Atividades físicas podem alterar bastante os sinais vitais e, por isso, vale aguardar 30 minutos para medir

O que altera os valores de sinais vitais?

Nem sempre uma patologia é responsável por alterações nos valores normais para os sinais vitais.

Há diversos fatores capazes de interferir nesses resultados, por isso, vale conversar com o paciente antes de iniciar as medições.

Pergunte sobre:

  • Exercícios físicos: é preciso esperar ao menos 30 minutos depois de se exercitar para medir os sinais vitais. A atividade física pode aumentar momentaneamente a temperatura, frequência cardíaca e respiratória
  • Idade: como demonstrei na tabela, existem variações normais de acordo com a faixa etária
  • Estresse: pode elevar temperatura, frequência cardíaca e respiratória
  • Banhos: costumam interferir na temperatura
  • Ambiente: há indivíduos que sofrem maior influência da temperatura ambiente, como os idosos
  • Medicamentos: substâncias como a epinefrina aumentam a pulsação, enquanto os cronotrópicos digitálicos a diminuem.

Alteração em sinais vitais: o que fazer?

A conduta adequada aos profissionais de enfermagem vai depender do estado clínico do paciente, se está internado ou sob tratamento, conforme cita este manual.

Em ambiente hospitalar, é essencial seguir as recomendações médicas e considerar as medições de sinais vitais anteriores para comparação.

Em caso de desmaio, tontura, convulsão, falta de ar ou dor no peito, interrompa as medições e peça auxílio ao médico ou enfermeiro de plantão.

O mesmo raciocínio vale para doentes com pulso irregular por mais de 1 minuto, ou febre muito alta e persistente.

Crianças com temperatura acima dos 38,5ºC devem ser novamente testadas, de preferência em local diferente do primeiro para confirmar a febre.

Se os movimentos respiratórios estiverem difíceis de contar, experimente fazer a ausculta dos pulmões, contar a quantidade de incursões por 30 segundos e multiplicar por 2.

Caso considere necessário fazer uma nova medição para corroborar a primeira, aguarde alguns minutos e repita o procedimento.

Telemedicina no monitoramento de sinais vitais

Embora a medição manual dos sinais vitais seja bastante útil, muitas vezes é preciso avançar na investigação de anormalidades.

Nesse cenário, o médico costuma solicitar testes de apoio ao diagnóstico para detalhar os resultados, confirmar ou afastar uma suspeita clínica.

Um exemplo é o diagnóstico da hipertensão, que se beneficia da realização da Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA).

Esse exame faz medições regulares durante um período de 24 horas consecutivas, permitindo a confirmação da doença.

Da mesma forma, o holter de ECG mede a frequência cardíaca por pelo menos 24 horas, embasando o diagnóstico de males como as arritmias.

Ambos os procedimentos têm os resultados otimizados com o suporte da telemedicina e laudos a distância.

Basta realizar normalmente os testes e compartilhar os registros na plataforma Morsch para receber o laudo online em minutos.

O documento é elaborado por especialistas na área do exame e assinado digitalmente para garantir a autenticidade.

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Conclusão

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin