Eletrodos no ECG: saiba como colocar no paciente da forma certa

Por Dr. José Aldair Morsch, 11 de março de 2025
Eletrodos no EC

Os eletrodos no ECG são fundamentais para a captação dos sinais elétricos emitidos pelo miocárdio, permitindo a avaliação do ritmo cardíaco.

Disponíveis em diferentes formatos, esses itens são conectados por cabos ao monitor do aparelho de eletrocardiograma (ou eletrocardiógrafo), que produz os gráficos relativos à atividade elétrica do coração.

Daí a importância de entender a função e como colocar os eletrodos corretamente, considerando seus tipos e cores.

Abordo esses e outros detalhes ao longo do artigo, incluindo um passo a passo para posicionar os eletrodos e preparar o ECG de forma adequada.

Leia até o fim para conferir, ainda, soluções de telemedicina cardiológica que otimizam a entrega do laudo do eletrocardiograma.

O que são eletrodos no ECG?

Eletrodos no ECG são as peças do eletrocardiógrafo fixadas no corpo do paciente.

Como mencionei na abertura do texto, os eletrodos ficam conectados a cabos que, por sua vez, são ligados ao aparelho de ECG.

Cada um desses componentes tem papel essencial para a realização do eletrocardiograma, exame que permite avaliar a atividade elétrica do coração.

Isso porque o aparelho amplifica os estímulos elétricos do miocárdio, que são captados e transmitidos ao monitor.

Em seguida, cada dado é expresso através de gráficos em linha contendo oscilações – as ondas do eletrocardiograma.

O que significam as cores dos eletrodos do ECG?

Antes de falarmos sobre cores, vale esclarecer que existem dois grupos de eletrodos: periféricos e precordiais.

Considerando a modalidade padrão do eletrocardiograma – o ECG 12 derivações –, é utilizado um total de 10 eletrodos, sendo quatro deles eletrodos periféricos.

Para orientar os profissionais de saúde em seu correto posicionamento, eles são marcados com quatro cores diferentes:

  • Vermelho (R ou Right), que deve ser colocado no braço direito 
  • Amarelo (L ou Left), no braço esquerdo 
  • Verde (F ou Foot), na perna esquerda
  • Preto (N ou Neutro), na perna direita.

Na sequência, entenda mais sobre as derivações do ECG.

Eletrodos eletrocardiograma

Quatro cores diferentes são utilizadas para orientar os profissionais no correto posicionamento

O que são derivações do ECG e qual a relação com os eletrodos?

De maneira simples, podemos dizer que as derivações do eletrocardiograma correspondem aos diferentes ângulos de observação do ritmo cardíaco.

Geralmente, elas privilegiam a observação da área cardíaca mais próxima, permitindo obter detalhes sobre o funcionamento das paredes no ECG.

Para que seja formada, cada derivação combina os dados de dois eletrodos do ECG, formando os pontos de vista distintos.

No já citado eletrocardiograma com 12 derivações, por exemplo, são empregados 10 eletrodos que geram, a partir de combinações de 2 em 2, as derivações: D1, D2, D3, aVR, aVL, aVF, V1, V2, V3, V4, V5 eV6.

Como posicionar os eletrodos no ECG?

Antes de colocar os eletrodos, é importante preparar a pele do paciente, conforme explicarei mais à frente.

Uma vez que ela esteja higienizada, o paciente deve ser posicionado em decúbito dorsal (deitado de barriga para cima), de maneira confortável.

Em seguida, deve-se testar o eletrocardiógrafo, verificando se todos os cabos e eletrodos estão devidamente conectados.

1. Comece pelo ângulo de Louis

É hora de posicionar os eletrodos precordiais sobre o tórax do paciente.

Uma dica para facilitar essa tarefa é localizar o ângulo de Louis.

Também conhecido como ângulo esternal, ele pode ser encontrado tateando a parte central da base da garganta.

Se você mover os dedos um pouco para baixo, vai sentir um nódulo formado por ossos: é o ângulo de Louis.

A partir dele, mexa os dedos para a direita até localizar um vão entre as costelas – é o 2º espaço intercostal.

O próximo espaço abaixo é o 3º espaço intercostal, e assim por diante.

2. Posicione os eletrodos precordiais

Uma vez localizados os espaços intercostais, ficará mais simples colocar os eletrodos nos pontos corretos.

Siga o passo a passo abaixo:

  • O primeiro eletrodo torácico (V1), precisa ficar no 4º espaço intercostal, à margem direita do esterno
  • O segundo (V2) fica no 4º espaço intercostal, à margem esquerda do esterno
  • O terceiro (V3) deve ser inserido no espaço entre V2 e V4
  • O quarto (V4) fica no 5º espaço intercostal esquerdo, na linha abaixo do ponto médio da clavícula (hemiclavicular)
  • O quinto eletrodo (V5) deve ser posicionado também no 5° espaço intercostal, nível de V4, mais para a esquerda, na linha axilar anterior
  • O último dispositivo (V6) deve ficar no mesmo nível que V4 e V5, pouco mais para a esquerda, na linha axilar média.

Então, é a vez dos eletrodos periféricos.

3. Avance para os eletrodos periféricos

Procure evitar que fiquem sobre os ossos do calcanhar ou do pulso, fixando-os próximos às extremidades de acordo com as cores que detalhes acima.

Ou seja:

  • Vermelho (R): no braço direito (Right)
  • Amarelo (L): no braço esquerdo (Left)
  • Verde (F): na perna esquerda (Foot)
  • Preto (N): na perna direita (Neutro).

Confira mais detalhes no vídeo abaixo:

4. Derivações precordiais direitas no ECG

Em caso de pacientes com dextrocardia, situs inversus, infarto do miocárdio inferior e certas doenças congênitas, é indicado o ECG com derivações direitas.

Acompanhe na imagem a seguir:

Derivações pré-cordiais direitas

Homem com eletrodos nas derivações precordiais direitas

Siga as instruções abaixo:

  • V1: mantém a posição normal
  • V2: mantém a posição normal
  • V3R: a meio caminho entre os eletrodos V1 e V4R
  • V4R: no quinto espaço intercostal direito, na linha hemiclavicular direita
  • V5R: no quinto espaço intercostal direito, na linha axilar anterior
  • V6R: no quinto espaço intercostal direito, na linha axilar média
  • Inverta os eletrodos dos pulsos.

Como nas derivações posteriores, quando se realiza um ECG com derivações direitas, é preciso evitar confusões na interpretação do ECG. 

Para tanto, deve-se colocar a palavra Direitas na cabeçalho, e colocar uma letra R (ou D) depois do nome das derivações para esclarecer que esse é um eletrocardiograma de derivações direitas.

Como colocar os eletrodos do ECG em uma criança?

O eletrocardiograma em crianças é facilitado pelo uso de eletrodos específicos, que são menores para adaptação ao tamanho do tórax do paciente pediátrico.

Contudo, é possível utilizar eletrodos comuns, contanto que seja possível seu posicionamento adequado.

Vale ainda afastar um pouco mais os eletrodos periféricos das mãos e pés, que podem se mover e gerar artefatos nos gráficos do ECG.

Nos bebês, o ideal é que sejam posicionados no tronco.

Outra recomendação para recém-nascidos e lactentes é acrescentar duas posições aos eletrodos precordiais – V3R e V4R – a fim de coletar detalhes sobre o ventrículo direito.

Tipos de eletrodos usados no ECG

Existem quatro tipos comuns de eletrodos: ventosa, clip, selo e pinça.

Os eletrodos tipo pinça são usados para extremidades, ou seja, são os dispositivos periféricos colocados nos braços e pernas do paciente.

As demais modalidades são fixadas na região torácica.

Em um ECG de rotina, é mais comum o uso do tipo ventosa no tórax do paciente, que provoca uma sucção ao aderir à pele.

Já o tipo selo é descartável e costuma ser usado para a realização de ECG ou teste de esforço, monitorar pacientes na UTI ou durante o exame holter.

O eletrocardiograma de esforço ou teste ergométrico é um tipo de monitorização cardíaca realizada enquanto o paciente faz uma atividade física, como corrida em esteira ou bicicleta.

Já o holter é um eletrocardiograma estendido, no qual o paciente permanece com o monitor e eletrodos durante 24 horas ou mais.

Material e preparação para colocar eletrodos no ECG

Basicamente, o ECG precisa do eletrocardiógrafo e de uma pasta ou gel condutor de eletricidade, que contribui para melhor aderência à pele do paciente.

O equipamento de eletrocardiograma é composto por um monitor, cabos de conexão e eletrodos.

Se o eletrocardiógrafo for analógico, será necessário papel para que o aparelho registre os resultados.

Atualmente, a maioria dos equipamentos é digital, dispensando o uso de papel.

Antes de realizar o ECG, é importante verificar se o paciente faz uso de algum medicamento que possa interferir nos resultados, ou se realizou atividade física minutos atrás.

Afinal, isso que pode alterar os resultados.

Com tudo certo, o paciente deve retirar qualquer acessório, como relógios, joias e bijuterias, e se deitar na maca.

Se houver pelos no tórax, alguns serão removidos para não prejudicar a aderência dos eletrodos.

A raspagem dos pelos também impede que eles sejam arrancados acidentalmente quando os dispositivos forem retirados, causando dor.

Mulheres devem retirar o sutiã, pois essa peça costuma impedir o posicionamento dos eletrodos precordiais.

Em seguida, o tórax é limpo com uma toalha, água e/ou gel próprio para higienização.

O próximo passo é colocar eletrodos no paciente, conectando os seus respectivos cabos, que são ligados ao monitor.

Riscos ao colocar eletrodos do ECG no paciente

Agora que você já sabe como colocar eletrodos no paciente, vale conhecer os poucos riscos relacionados ao exame.

O posicionamento incorreto dos eletrodos pode prejudicar os resultados do ECG, que precisará ser repetido.

Portanto, vale checar possíveis mensagens de desconexão ou traçados estranhos no monitor ou computador.

Em casos raros, o uso do gel condutor de eletricidade para fixar os eletrodos pode causar irritações na pele do paciente.

A retirada desses dispositivos também pode provocar um breve desconforto.

Qual profissional pode colocar os eletrodos no ECG?

O ECG é um procedimento simples e não invasivo.

Ele pode ser realizado por cardiologistas, enfermeiros, médicos e técnicos de enfermagem.

Basta que esses profissionais estejam devidamente treinados para conduzir o exame.

Quanto à interpretação dos resultados, de acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), a competência é do médico especialista na área do exame.

Assim, o eletrocardiograma deve ser interpretado por um cardiologista com formação específica, que possua conhecimentos avançados sobre o ECG.

Como a telemedicina pode auxiliar na interpretação do exame ECG?

Além de apoiar o diagnóstico de diversas doenças, o eletrocardiograma é um exame comum, presente na maioria dos check ups cardiológicos.

No entanto, sua interpretação é complexa e exige especialistas qualificados.

O problema é que nem sempre há cardiologistas disponíveis, principalmente em pequenas cidades no interior do país.

Nesse contexto, a telemedicina surgiu como uma solução eficaz, conectando especialistas a clínicas em locais remotos.

Isso é possível graças a ferramentas de transmissão e compartilhamento de dados, como a plataforma de telemedicina.

Basta que a unidade de saúde realize o ECG com um aparelho digital e treine um técnico de enfermagem para conduzir o exame.

Após o procedimento, os dados colhidos são enviados ao computador através de um software específico, armazenados em nuvem e compartilhados via sistema de telemedicina.

Dessa forma, o cardiologista online pode visualizar dados do exame, histórico do paciente e suspeita clínica, praticamente em tempo real.

Ele analisa as informações e registra suas impressões no laudo a distância, que é assinado digitalmente.

Em seguida, o documento fica disponível online, sendo acessado por login e senha.

Dessa forma, a tecnologia utilizada pela Telemedicina Morsch confere agilidade a todo o processo, possibilitando a emissão de laudos online em minutos!

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Conclusão

Neste artigo, você conferiu um panorama sobre os eletrodos no ECG e como devem ser colocados para gerar registros adequados.

Embora o exame seja rotineiro, sua interpretação requer profissionais qualificados.

Conte com a Telemedicina Morsch para oferecer exames e laudos de ECG com ética e segurança.

Se você não possui eletrocardiógrafo digital, pode optar pelo aluguel em comodato, que dá o direito de usar aparelhos pagando apenas pelos laudos.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin