Decúbito dorsal: o que é, quando utilizar e como posicionar o paciente
Você sabe o que é decúbito dorsal?
Quem está iniciando os estudos em Anatomia logo se depara com esse termo.
Essa é a posição mais natural para o paciente em repouso.
É assim porque ela permite o apoio das costas e membros de modo confortável.
Além de não exigir esforço e servir de base para outras posições anatômicas importantes, como a de Trendelenburg.
Não é à toa que o decúbito dorsal esteja entre os primeiros posicionamentos radiológicos e cirúrgicos aprendidos pelos estudantes de Medicina, Enfermagem e outras áreas da saúde.
É sobre esse tema que falo nas próximas linhas.
Você vai conferir um passo a passo para colocar o paciente em decúbito dorsal com facilidade.
Leia até o final para conhecer, ainda, soluções de telemedicina que te ajudam a qualificar os conhecimentos.
Siga acompanhando.
O que é decúbito dorsal?
Decúbito dorsal é uma posição anatômica utilizada em uma série de procedimentos, desde cirurgias até exames radiológicos.
Basicamente, ela consiste em manter o paciente deitado de barriga para cima.
Conhecer esse posicionamento é fundamental para médicos generalistas ou especialistas, que vão precisar solicitar ou interpretar exames de imagem.
Inclusive, essa tarefa vai fazer parte da rotina dos profissionais em consultórios, hospitais, clínicas, etc.
Além de ser indispensável na orientação e realização de cirurgias, a fim de indicar o local a ser tratado e a posição cirúrgica mais adequada.
Mas esses saberes também são relevantes para os enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, que são responsáveis pelo cuidado com o paciente.
Nesse campo, precisam dominar o posicionamento do doente acamado ou não, possibilitando a administração de medicações e outros tipos de tratamento.
Como é a posição decúbito dorsal?
A posição decúbito dorsal coloca o paciente deitado sobre as costas, com a cabeça levemente acima do nível dos pés, braços e pernas estendidos.
O próprio nome da posição dá pistas de como ela é, pois “decúbito” é um termo médico que indica que a pessoa está deitada.
E “dorsal” deriva do estudo dos quatro planos anatômicos: mediano, sagital, transversal e frontal.
Esses planos se referem a formas de dividir o corpo para os estudos em anatomia, como detalho abaixo:
- O plano mediano separa o corpo em duas metades similares, uma esquerda e outra direita. A palavra “mediano” descreve essa divisão ao meio
- No plano sagital, os cortes também são feitos de cima a baixo, mas não separam o corpo em duas metades equivalentes
- Planos transversais ou horizontais dividem o organismo em parte superior e inferior
- Por fim, os planos frontais separam o corpo em parte anterior e posterior a partir de cortes verticais. O principal é o plano médio coronal – uma linha que divide o corpo em metade anterior e posterior.
Nos planos frontais, a porção anterior também é chamada de ventral, e a porção posterior, de dorsal – o que explica a segunda parte do nome “decúbito dorsal”.
Em resumo, ele quer dizer que o paciente está deitado sobre a parte dorsal ou posterior.
Falando em nomes, há ainda menções ao decúbito dorsal como posição supina.
Qual a diferença entre decúbito dorsal e ventral?
Agora que você entende o significado de “decúbito”, vai ficar mais simples diferenciar essas posições anatômicas.
Isso porque a confusão entre elas vem do início do termo, que é o mesmo porque o paciente está deitado em ambos os casos.
Porém, decúbito dorsal e ventral são posicionamentos opostos.
Enquanto no decúbito dorsal o paciente está de barriga para cima, no decúbito ventral, ele está de barriga para baixo.
Ou seja, deitado sobre a porção anterior ou ventral.
Como o peito e abdômen são pressionados em decúbito ventral, essa posição pode diminuir a capacidade respiratória, tornando-se desconfortável rapidamente.
No entanto, tem papel indispensável na condução de procedimentos como cirurgias da coluna.
Por isso, o decúbito ventral está entre as principais posições utilizadas por profissionais de saúde, assim como:
- Posição anatômica de referência: descreve um indivíduo em posição ortostática (de pé), olhando para o horizonte, com as pernas próximas e estendidas. Os braços ficam estendidos ao lado do tronco e as mãos abertas, com as palmas voltadas para frente e pé para frente
- Decúbito lateral: é caracterizada pela pessoa deitada sobre o lado esquerdo ou direito do corpo
- Posição de Fowler: coloca o paciente parcialmente sentado, de forma que o corpo fique alinhado à cama ou mesa cirúrgica, com os joelhos levemente elevados e a cabeceira num ângulo entre 45° e 60°
- Posição de SIM: é uma variação do decúbito lateral, em que a perna que ficar sobre a outra se apoia numa superfície, com leve flexão
- Litotomia: conhecida como posição ginecológica, consiste numa versão do decúbito dorsal em que as pernas são elevadas, apoiadas e bem separadas
- Posição de Trendelenburg: outra variação do decúbito dorsal, mas que eleva a parte inferior do corpo. O paciente é fixado na maca, que é elevada para deixar a cabeceira mais baixa.
Decúbito dorsal: para que serve?
O decúbito dorsal é a posição naturalmente assumida pelos doentes acamados, devido à simplicidade e conforto que ela oferece.
Por não depender de acessórios como suportes específicos, ela pode ser reproduzida em home care após treinamento de pessoas leigas.
Assim, o doente pode repousar sem maiores riscos como pressão sobre os pulmões ou distensões musculares.
A posição supina ainda facilita o acesso aos órgãos abdominais e favorece a aplicação de anestesias antes de diversas operações.
Quando utilizar o posicionamento decúbito dorsal?
O decúbito dorsal é útil em diferentes contextos de diagnóstico e tratamento.
Começando pela própria consulta médica, na qual órgãos do sistema digestivo, urinário e reprodutor feminino, por exemplo, são avaliados com o paciente nessa posição.
O acesso ao ventre permite a observação de anormalidades, a palpação e identificação de locais doloridos, dando suporte ao exame clínico.
A seguir, comento outras três situações em que é comum utilizar o decúbito dorsal.
Exames
O decúbito dorsal é uma das posições básicas dentro do posicionamento radiológico. Este é o estudo da posição do paciente para visualizar partes específicas durante uma radiografia.
Devido às limitações do exame de raio X, fatores como o posicionamento e a imobilidade do paciente são fundamentais para a coleta de registros nítidos.
É essencial que o indivíduo examinado esteja na posição correta para que essas imagens possibilitem o estudo de um trecho do corpo, ainda que haja sobreposição de estruturas.
Afinal, o raio X coleta registros em apenas duas dimensões.
No caso da posição supina, sua finalidade é permitir a visualização de uma espécie de fotografia interna da área posterior do corpo.
Isso porque é o dorso que fica mais próximo à chapa fotossensível do equipamento de raio X, destacando principalmente os ossos da coluna e costelas.
Lembrando que as imagens radiográficas aparecem em preto, branco e tons de cinza, tendo maior ou menor clareza de acordo com a densidade dos tecidos do corpo.
Após serem liberados pelo aparelho, os raios X atravessam os tecidos examinados e parte deles é absorvida.
Partes duras como os ossos são mais densas e, portanto, absorvem grande quantidade da radiação ionizante, deixando poucos raios passarem.
Já os órgãos, vasos sanguíneos e outras partes moles captam pouca radiação, permitindo que muitos raios as atravessem e queimem a chapa fotossensível.
Por isso, os ossos aparecem brancos na radiografia, enquanto as partes moles aparecem escuras.
Cirurgias
Dentre as 7 posições cirúrgicas, o decúbito dorsal é empregado em operações de áreas como o tórax, crânio e peritônio, que é a membrana que reveste a área interna do abdômen.
Talvez a cirurgia mais corriqueira realizada em posição supina seja o parto do tipo cesárea, que exige que a mulher fique imóvel até a retirada do bebê do útero.
Contudo, há outros procedimentos de interesse, a exemplo da colecistectomia, craniotomia e tireoidectomia.
Colecistectomia é a remoção da vesícula biliar, feita geralmente via laparoscopia, com pequenas incisões no abdômen do paciente.
Quando a craniotomia é realizada na porção anterior da cabeça, também pode se beneficiar do decúbito dorsal para conferir estabilidade durante o procedimento.
A tireoidectomia, por sua vez, pode ser parcial ou total e é favorecida pela posição supina, que garante o acesso à glândula tireoide, localizada no pescoço.
Outros registros mostram as vantagens do decúbito dorsal na realização de cirurgia da calvície, destacando o menor tempo cirúrgico, pois não há necessidade de virar o paciente.
E, por consequência, há redução no custo hospitalar.
Cuidado com o paciente acamado
Doentes acamados demandam vários cuidados para preservar o bom funcionamento do organismo e prevenir agravos à saúde.
Um dos mais comuns são as escaras, feridas que surgem em decorrência de permanecerem por muito tempo na mesma posição.
Para evitar essas lesões, a equipe de enfermagem realiza mudanças no posicionamento periodicamente, de preferência a cada 2 horas.
O decúbito dorsal faz parte dos posicionamentos frequentes para o descanso do paciente, sendo adotado durante o sono, por exemplo.
Como colocar o paciente em decúbito dorsal
O processo para colocar o paciente em decúbito dorsal é simples e rápido.
Basta seguir este pequeno roteiro:
- Lave as mãos. Se necessário, calce luvas descartáveis
- Ponha o colchão ou maca em plano horizontal
- Explique ao paciente que irá trocar sua posição ou que ele precisa se deitar
- Garanta que ele fique no centro do colchão ou maca
- Ajuste os braços para que fiquem ao lado do tronco, estendidos e com a palma da mão voltada para baixo
- Afaste ligeiramente as pernas, mantendo os pés apontados para cima.
Conforto do paciente em decúbito dorsal
Posicionar o paciente de modo correto é fundamental para o sucesso do procedimento a que ele será submetido.
Ou para que descanse com comodidade, favorecendo a recuperação e evitando escaras.
Veja, abaixo, um passo a passo para o posicionamento em decúbito dorsal.
Peça para o paciente se deitar
Claro que essa etapa vai depender da condição de saúde do doente, que pode estar inconsciente, acamado, ser uma pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida.
Nesses casos, será necessário maior esforço da equipe médica e/ou de enfermagem, dispondo de duas pessoas para movimentar o paciente com segurança.
Depois que ele estiver deitado de barriga para cima, confira se as pernas estão levemente afastadas.
Crie uma sutil elevação para a cabeça
Os próximos passos valem especialmente para pessoas que serão mantidas em decúbito dorsal por algumas horas.
Os profissionais de saúde podem usar um travesseiro baixo para deixar a cabeça e os ombros um pouco elevados.
Apoie a área lombar
Em seguida, coloque um pé à frente do outro e, com os seus joelhos levemente flexionados, coloque outro travesseiro embaixo da região lombar.
Flexione os joelhos de leve
Isso pode ser feito colocando outro travesseiro sob as articulações, a fim de que os joelhos não sofram distensões.
Finalize os cuidados colocando um rolo aos pés do paciente para prevenir que eles se movam ou dobrem.
Telemedicina qualifica atuação do profissional da saúde
Seja para capacitação ou reciclagem, o treinamento faz toda a diferença na qualidade dos serviços de saúde.
Ele é essencial para o sucesso de diversos procedimentos, incluindo as cirurgias e exames radiológicos que citei nos tópicos anteriores.
Contudo, nem sempre os médicos e profissionais de enfermagem contam com opções de capacitação presencial próximo ao trabalho ou residência, o que atrapalha a sua atualização.
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Conclusão
Gostou de aprofundar os conhecimentos sobre decúbito dorsal?
Apesar do nome complicado, esse é um posicionamento básico no estudo através da radiografia e para uma série de cirurgias.
O treinamento tem papel relevante para aprimorar os saberes sobre essa e outras posições radiológicas, mas nem sempre está disponível por perto.
Nesse contexto, a Telemedicina Morsch auxilia sua equipe com capacitações online de qualidade, acessíveis dentro de um sistema robusto.
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