Segurança do paciente: importância, cuidados e como implementar

Por Dr. José Aldair Morsch, 2 de fevereiro de 2024
segurança do paciente

Ações em prol da segurança do paciente devem fazer parte da rotina de qualquer estabelecimento de saúde.

Afinal, elas diminuem danos ao doente, com efeito positivo para os gestores, equipe médica e demais funcionários.

Menor tempo de recuperação, maior qualidade de vida e melhora na imagem institucional estão entre os benefícios de investir nessas estratégias.

Neste artigo, explico em detalhes o conceito, importância e metas internacionais de segurança do paciente.

Ao final, apresento serviços de telemedicina que ajudam a promover boas práticas, contribuindo para qualificar o atendimento.

O que é segurança do paciente?

Segurança do paciente é um conjunto de medidas para reduzir prejuízos à saúde decorrentes do cuidado do doente.

Conforme define o Ministério da Saúde:

“A Segurança do Paciente é um dos seis atributos da qualidade do cuidado e tem adquirido, em todo o mundo, grande importância para os pacientes, famílias, gestores e profissionais de saúde com a finalidade de oferecer uma assistência segura”.

Valorizar essas práticas é fundamental para preservar a integridade e o bem-estar das pessoas atendidas em diferentes estabelecimentos, com destaque para os hospitais.

Isso porque as unidades de média e alta complexidade possuem estrutura para atender pacientes internados, acamados e com doenças graves, o que aumenta as chances de eventos adversos.

Quedas, lesões por pressão e infecções estão entre os principais riscos para doentes que necessitam permanecer por longos períodos num hospital.

Para diminuir esses perigos, é essencial contar com a colaboração não apenas das equipes de saúde, mas também dos gestores, profissionais de outras áreas da instituição, pacientes e acompanhantes.

Qual a importância da segurança do paciente?

A segurança do paciente oferece soluções simples, mas de grande impacto nos cuidados de saúde.

Geralmente, essas medidas são colocadas em prática por meio da adoção das metas ou protocolos de segurança do paciente, difundidos pela Organização Mundial da Saúde desde a década de 2000.

Falo mais desse assunto no próximo tópico.

Por enquanto, vale ressaltar o papel desses protocolos na redução de eventos danosos decorrentes da assistência prestada em hospitais e clínicas.

Rotinas simples como o hábito de lavar as mãos antes e depois do contato com doentes e superfícies potencialmente contaminadas, por exemplo, diminui o risco de infecções.

Isso, por sua vez, dispensa a extensão do tempo de permanência no hospital, resultando numa recuperação mais rápida e no enxugamento de despesas.

Conhecendo essas boas práticas de promoção da saúde, os próprios pacientes e acompanhantes também auxiliam na construção de ambientes mais seguros e salubres.

Daí a relevância de conscientizar os clientes para que adotem uma postura benéfica durante a estadia no serviço de saúde, compartilhando possíveis problemas de forma clara e ordenada.

Segundo reflete o artigo “Importância da Segurança do paciente nos serviços de saúde”:

“A segurança do paciente busca reduzir os resultados indesejáveis durante a prestação do cuidado que o paciente recebeu nos serviços de saúde. Assim, é muito importante que o paciente tenha consciência dos riscos a que está sujeito ao receber um tratamento de saúde. Também os familiares devem participar deste cuidado, além dos profissionais de saúde. Os pacientes são capazes de identificar incidentes e eventos adversos no cuidado, e sua participação e contribuição em iniciativas voltadas para a melhoria da qualidade e da segurança do cuidado devem ser encorajadas e valorizadas”.

Quais são as metas internacionais de segurança do paciente?

Antes de discorrer sobre cada diretriz, é importante mencionar que as metas de segurança do paciente propostas pela OMS são difundidas no Brasil através do Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP).

Oficializado pela Portaria GM/MS nº 529/2013, o PNSP contribui para a qualificação do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de saúde do território nacional.

Para tanto, a iniciativa se dedica a cinco objetivos específicos:

  • Promover e apoiar a implementação de iniciativas voltadas à segurança do paciente em diferentes áreas da atenção, organização e gestão de serviços de saúde, por meio da implantação da gestão de risco e de Núcleos de Segurança do Paciente nos estabelecimentos de saúde
  • Envolver os pacientes e familiares nas ações de segurança do paciente
  • Ampliar o acesso da sociedade às informações relativas à segurança do paciente
  • Produzir, sistematizar e difundir conhecimentos sobre segurança do paciente
  • Fomentar a inclusão do tema segurança do paciente no ensino técnico e de graduação e pós-graduação na área da saúde.

Listo a seguir quais são as seis metas definidas pela OMS e que integram o PNSP:

segurança do paciente

A segurança do paciente serve para preservar a integridade e o bem-estar das pessoas atendidas

1. Identificar corretamente o paciente

Embora seja uma conduta básica, a identificação do paciente previne uma série de problemas.

Administração incorreta de medicamentos, transferências e até a realização de procedimentos invasivos desnecessários podem ser evitados com uma rotina de atribuição e conferência dos dados pessoais.

O que deve ser feito utilizando o nome do paciente, e não números ou códigos – a fim de proporcionar um atendimento humanizado e digno.

No contexto conturbado de superlotação de hospitais, emergências e alta demanda de pacientes, é útil contar com a ajuda de acompanhantes para confirmar a identidade.

Outra boa pedida é usar uma pulseira de identificação que informe:

  • Nome completo do paciente
  • Nome completo da mãe do paciente
  • Data de nascimento do paciente
  • Número de prontuário do paciente.

Ela deve ser colocada em um local visível, como o punho.

2. Melhorar a comunicação entre profissionais de saúde

Assim como a comunicação médico-paciente, a troca de informações entre profissionais de saúde é indispensável para qualificar os cuidados prestados.

Ela engloba cada interação realizada, desde a internação hospitalar até a alta, com destaque para as atualizações no prontuário médico.

Cada colaborador deve ter cautela ao inserir novos dados sobre o histórico do paciente, confirmando sua identificação e documentos de interesse.

Momentos como a troca de turno, transferência entre setores ou estabelecimentos de saúde merecem atenção redobrada para evitar falhas na comunicação que prejudiquem o atendimento.

Preservar o sigilo médico, garantindo o acesso às informações apenas a pessoas autorizadas, é outra interface importante.

3. Melhorar a segurança na prescrição, no uso e na administração de medicamentos

Eventos adversos envolvendo medicações expõem o doente a perigos como intoxicação, alergias, complicações e até a morte.

Portanto, é essencial construir e cumprir protocolos seguros para a prescrição e administração de fármacos nas clínicas e hospitais.

As duas metas que expliquei acima são fundamentais para atingir esse propósito, porque permitem a correta identificação do paciente e de suas necessidades.

Elas devem ser combinadas a dinâmicas como a conferência dupla da prescrição e via de administração pelos profissionais de enfermagem e descrição por extenso de cada etapa e item do procedimento.

Abreviações, anotações ininteligíveis (com letra de médico) e falta de atualização dos prontuários são falhas a serem prevenidas.

4. Assegurar cirurgia em local de intervenção, procedimento e paciente corretos

Procedimentos invasivos sobrecarregam o sistema cardiovascular e elevam as chances de eventos adversos como as infecções.

Isso ocorre porque envolvem incisões e promovem o contato com materiais externos ao organismo.

Esse cenário pede zelo de toda a equipe que participa da cirurgia, bem como dos cuidados pré e pós-cirúrgicos para manter o paciente seguro.

Além do exame de risco cirúrgico, preparação dos profissionais, higienização da sala e itens utilizados durante a operação, é imprescindível utilizar ferramentas como a Lista de Verificação de Cirurgia Segura da OMS.

A entidade reforça que todas as ações devem ser feitas por uma única pessoa, em três momentos distintos:

  • Antes da indução anestésica: revisão dos riscos, informações sobre a anestesia e sítio cirúrgico
  • Antes da incisão cirúrgica: confirmações como a realização da cirurgia correta no paciente correto
  • Antes do paciente sair da sala de cirurgia: revisão de materiais, amostra cirúrgica obtida e cuidados pós-operatórios.

Você pode consultar o manual de implementação da lista da OMS neste link.

5. Higienizar as mãos para evitar infecções

Manter locais abastecidos com água e sabão, ou soluções de álcool 70%, em gel ou espuma perto de cada ambiente do hospital auxilia no alcance dessa meta.

A higienização das mãos serve para prevenir a contaminação cruzada, que dissemina patógenos entre pacientes e até os próprios funcionários do estabelecimento de saúde.

E resulta em infecções associadas aos cuidados de saúde.

A higienização deve ser feita em diversos momentos da jornada do paciente, como antes de tocá-lo, realizar um procedimento ou manusear um dispositivo invasivo.

Assim como depois de interações com o paciente ou de tocar superfícies próximas a ele, e depois de retirar as luvas.

6. Reduzir o risco de quedas e úlceras por pressão

Pessoas com doenças neurológicas, em reabilitação ou com idade avançada têm maior risco de sofrer quedas, agravando sua condição clínica.

A instalação de piso antiderrapante, disposição correta do mobiliário e iluminação ajudam a reduzir esse problema.

Já as lesões ou úlceras por pressão (UPP) são comuns entre pessoas acamadas ou internadas por longos períodos.

O atrito da pele de regiões com proeminências ósseas com tecidos e colchões leva a ferimentos que aumentam as chances de infecções e extensão na internação.

Para evitar esse quadro, é fundamental adotar cuidados de enfermagem como a troca de posição do paciente e hidratação constante da pele.

Outros cuidados com a segurança do paciente

Além das medidas relacionadas às metas internacionais, a segurança do paciente se beneficia de condutas que protegem os usuários dos serviços hospitalares.

Falo sobre algumas delas a seguir.

Proteção à radiação

Ações de proteção radiológica são importantes por diminuir a exposição aos raios X e outras energias potencialmente danosas.

Como a radiação ionizante tem efeito cumulativo, o risco de câncer aumenta proporcionalmente à exposição, o que exige proteção extra.

A própria solicitação de exames como radiografia e tomografia computadorizada deve considerar a relação risco-benefício.

O uso de coletes de chumbo e outros equipamentos de proteção também deve ser avaliado.

Redução da sobrecarga de trabalhadores da saúde

Médicos, enfermeiros e outros colegas devem ter uma carga horária saudável, que permita seu descanso entre as jornadas de trabalho.

Caso contrário, são maiores as chances de lapsos de memória, troca de medicamentos e outros erros que comprometem a segurança dos serviços.

Vale ainda observar as pausas durante o horário de trabalho.

Como criar uma cultura de segurança do paciente na clínica ou hospital?

A cultura de segurança do paciente requer educação em saúde, começando pela conscientização dos colaboradores por meio do treinamento.

É necessário sensibilizar a todos, desde os funcionários da limpeza até a equipe médica e gestores sobre a importância dos protocolos que comentei ao longo do texto.

Essa mobilização se completa com a oferta de infraestrutura para a incorporação das boas práticas à rotina.

De nada adianta promover uma capacitação sobre a prevenção de quedas, se o ambiente tem piso escorregadio, por exemplo.

Ou cobrar pela identificação do paciente sem fornecer as pulseiras com dados.

Por fim, mas não menos importante, vale disseminar os protocolos e informações pelas unidades de saúde, espalhando informativos por locais visíveis como murais e folhetos.

Assim, pacientes e acompanhantes podem tomar ciência do assunto e contribuir para atingir as metas.

segurança do paciente

Descanso entre as jornadas do profissional de saúde também é uma forma de cuidado com o paciente

Como a telemedicina ajuda a melhorar a segurança do paciente?

A telemedicina otimiza atividades de comunicação e assistência, qualificando o atendimento ao paciente.

Toda a troca de informações ocorre num ambiente seguro e acessível a partir de qualquer dispositivo conectado à internet: o software de telemedicina em nuvem.

Nesse local, é possível arquivar, compartilhar, pesquisar e atualizar o prontuário eletrônico, mantendo os dados sempre à mão.

O sistema completo da Telemedicina Morsch disponibiliza a prescrição eletrônica, incluindo informações sobre os medicamentos e clientes atualizadas automaticamente.

Tudo isso com a proteção de mecanismos de autenticação e criptografia.

Sua equipe ainda ganha mais tempo para se dedicar aos doentes, delegando a interpretação de exames complementares ao nosso time de especialistas, via telediagnóstico.

Basta conduzir os exames normalmente e enviar os registros via plataforma de telemedicina para receber o laudo a distância em minutos!

Conheça todas as opções e vantagens para o seu hospital.

Conclusão

Ações de segurança do paciente são indispensáveis para a oferta de serviços de saúde com qualidade.

Neste artigo, apresentei muitas delas, em especial as que ajudam a cumprir as metas internacionais estabelecidas pela OMS.

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E aproveite para ler mais artigos sobre gestão na saúde que publico aqui no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin