Pós-graduação médica: o que é, como funciona, vantagens e opções

Por Dr. José Aldair Morsch, 2 de novembro de 2023
Pós-graduação médica

A escolha da pós-graduação médica é uma etapa importante na vida de estudantes e médicos formados.

Quando aprovados na Faculdade de Medicina, esses profissionais já podem atuar como clínicos gerais.

No entanto, é preciso prosseguir com os estudos se desejarem se tornar especialistas.

Residência médica e especialização são caminhos distintos que podem ser trilhados para alcançar esse objetivo, mas as nomenclaturas ainda confundem muita gente.

Nas próximas linhas, explico as diferenças, além de outros pontos de interesse sobre a pós-graduação médica.

O que é pós-graduação médica?

Pós-graduação médica é a sequência da formação para médicos graduados.

Assim como em outras áreas, essa é uma fase de qualificação do profissional que decide investir em sua carreira médica, adquirindo conhecimentos além do básico.

Porque, como mencionei acima, o estudante aprovado na Faculdade de Medicina já pode obter seu registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) e atuar em clínica geral.

Contudo, a progressão na vida profissional requer mais anos de estudos, e a pós-graduação pode se enquadrar no formato lato sensu ou stricto sensu.

Formações lato sensu são voltadas à prática no mercado de trabalho, incluindo a especialização e residência médica.

Ao passo que as formações stricto sensu são destinadas a quem deseja se tornar pesquisador ou acadêmico, fazendo mestrado e doutorado.

Qual a diferença entre pós-graduação médica e residência?

Podemos dizer que toda residência é uma pós-graduação, mas nem toda pós-graduação é residência médica.

Uma explicação simples sobre a diferença entre os dois termos é que a residência médica é um tipo de pós-graduação.

Mais especificamente, é um programa de pós-graduação lato sensu coordenado pelo Ministério da Educação (MEC), que só pode ser realizado por instituições aprovadas para esse tipo de formação.

Já o termo pós-graduação é mais abrangente, pois reúne os diferentes programas lato sensu e stricto sensu, como descrevi no tópico anterior.

Qual a diferença entre especialização e residência médica?

Antes de passar para as diferenças, é importante esclarecer que ambos são programas de pós-graduação lato sensu, que formam médicos para atuação especializada no mercado de trabalho.

Todavia, apenas a residência dá acesso direto ao título de especialista.

Isso porque ela atende a uma série de exigências do MEC, que são supervisionadas pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), como detalha este manual do Ministério da Saúde:

“No processo de credenciamento serão solicitados os seguintes documentos a serem inseridos no SINAR [Sistema Nacional de Residências e Saúde]:

    • Documento comprobatório da missão institucional em participar das políticas do SUS e colaborar ativamente da constituição de uma rede de cuidados progressivos à saúde, estabelecendo relações de cooperação técnica no campo da atenção e da formação, de acordo com as realidades loco-regionais;
    • Relação do corpo docente, tutores e preceptores alocados para os programas, acompanhada dos respectivos currículos;
    • Documento de descrição do quadro técnico próprio de profissionais com ocupação na área da docência, gestão da educação na saúde ou pesquisa e funcionários que possam garantir acompanhamento diário por tutoria e preceptoria para os residentes;
    • Documento comprobatório sobre o planejamento e a execução da Política de Educação Permanente em Saúde da instituição;
    • Documento comprobatório sobre o desenvolvimento de atividades regulares de pesquisa;
    • Documento comprobatório sobre o serviço ou setor relacionado com informação e documentação em saúde;
    • Documento comprobatório sobre a Secretaria Acadêmica, com contato e com mecanismos de gerenciamento das atividades de ensino e registro dos residentes desde o processo seletivo e ingresso até a sua conclusão e certificação”.

Na residência, apenas cerca de 20% da carga horária é teórica, o que faz dela uma formação na modalidade treinamento.

Já a especialização está disponível em diferentes formatos, geralmente, combinando conteúdo teórico e prático.

Para oferecer esse curso, a instituição de ensino deve ter o cadastro ativo no MEC, porém, as normas para a especialização são menos rígidas, abrindo espaço para mais faculdades, universidades e centros de ensino.

Em contrapartida, o aluno aprovado na especialização precisa passar na prova de título conduzida pela sociedade médica da área escolhida, filiada à Associação Médica Brasileira (AMB), para se tornar especialista.

Como funciona a pós-graduação médica?

Naturalmente, a trajetória começa com a graduação em Medicina, com duração média de seis anos.

Após receber seu CRM e autorização para a prática médica, o profissional pode tentar ingressar numa pós-graduação lato sensu ou stricto sensu (caso queira seguir carreira acadêmica).

A maioria opta pelas alternativas lato sensu, devendo se inscrever para um ou mais programas de residência e/ou especialização.

Cada modalidade tem as próprias regras e processo de seleção, que podem ser distintos conforme a instituição de ensino escolhida.

Falo mais do processo seletivo nos próximos tópicos.

Especialização médica

Após receber seu CRM e autorização para a prática médica, o profissional pode ingressar em uma pós-graduação

Como funciona a residência médica

Uma vez que tenha entrado no programa de residência, o médico deve estudar pelos próximos dois anos, pelo menos, acompanhando a carga horária de 60 horas semanais.

Seu foco são as atividades práticas, que contemplam aproximadamente 80% do curso e exigem dedicação intensa.

Muitas vezes, não sobra tempo para trabalhar durante a residência, nem mesmo no regime de plantão médico.

Entretanto, ao cumprir as atividades com desempenho aceitável, o profissional encerra o programa com o título de especialista no segmento escolhido.

Como funciona a especialização médica

Por sua vez, a especialização deve ter carga horária mínima total de 360 horas, normalmente distribuídas ao longo de um a três semestres.

Os egressos nessa modalidade de pós-graduação recebem uma formação mais enxuta, englobando aspectos teóricos e práticos essenciais para sua área de atuação.

Se aprovados, precisam contatar a sociedade médica responsável para se inscrever e realizar a prova de título.

Dependendo da sociedade médica, deverão cumprir pré-requisitos como comprovar 6 anos de prática para formalizar a inscrição, segundo exige o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR).

Só depois de passar na prova é que o médico recebe seu título de especialista.

Por que fazer uma pós-graduação médica?

Mais que um curso natural na trajetória do médico, a pós-graduação é um instrumento de crescimento profissional.

Ela oferece a oportunidade de aprimorar os saberes em campos de interesse para o estudante, contribuindo para que se torne um profissional bem-sucedido.

Embora cada um tenha motivos particulares para prosseguir com os estudos, existem alguns mais comuns.

Acompanhe seis razões para fazer pós-graduação médica a seguir.

1. Atualização do conhecimento

Num mundo de transformações velozes, manter-se atualizado é imprescindível para conquistar seu espaço no mercado de trabalho.

Com o aumento na quantidade de médicos nos últimos anos, a tendência é que haja cada vez mais competição por clientes e determinados nichos.

Nesse cenário, é fundamental se dedicar aos estudos, ampliando seu conhecimento científico para sair na frente e atrair pacientes.

2. Conquista do título de especialista

Tanto a residência quanto a especialização são caminhos rumo à obtenção do título de especialista, que confere reconhecimento ao médico.

Esse selo ajuda a abrir portas nas áreas de interesse, além de apoiar a qualificação dos serviços.

3. Progressão na carreira médica

Especializar-se é uma fase que marca a evolução na trajetória profissional, agregando saberes e dando acesso a novas oportunidades de trabalho.

Ao observar que você está cursando ou finalizou a pós-graduação, fica evidente sua busca por educação continuada, que valoriza sua atuação e empregabilidade.

Pós-graduação para médicos

A pós-graduação médica oferece a oportunidade de aprimorar os saberes em campos de interesse para o estudante

4. Aumento na remuneração

Conquistar uma remuneração maior pelas mesmas horas de trabalho gera mais qualidade de vida, possibilitando a dedicação a outros projetos profissionais e pessoais.

Portanto, a pós-graduação se torna um investimento que produz frutos rapidamente.

5. Trabalho focado em áreas de interesse

A seleção da especialidade leva o médico a pensar em quais segmentos são mais atrativos e adequados aos seus objetivos profissionais.

Nesse contexto, ele trabalha mais centrado em atividades prazerosas e interessantes, elevando a motivação e os resultados positivos.

6. Ambiente propício ao networking

Por último, mas não menos importante, a pós-graduação coloca o aluno em contato com professores, coordenadores e colegas de diferentes segmentos.

Esse ambiente facilita a troca de experiências e o networking, fundamental para criar conexões e abrir caminhos para o avanço na carreira.

Quais as especialidades da pós-graduação médica?

Existem mais de 50 especialidades médicas reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina e CNRM.

Elas estão descritas na Resolução CFM 2.330/2023, que também especifica o tempo necessário para a formação e titulação do especialista.

De acordo com o estudo Demografia Médica 2023, as 8 especialidades mais procuradas representam mais da metade (55,6%) do total de registros de especialistas no país, que conta com 321.581 médicos titulados.

São elas:

Veja agora as especialidades menos procuradas pelos médicos:

  • Genética Médica (407 médicos)
  • Medicina de Emergência (779)
  • Radioterapia (1.014)
  • Medicina Física e Reabilitação (1.016)
  • Medicina Nuclear (1.105)
  • Cirurgia de Mão (1.120)
  • Cirurgia Torácica (1.268)
  • Medicina Esportiva (1.291).

Na sequência, trago dicas para escolher uma especialidade médica.

Como escolher uma especialidade médica?

Diante de tantas opções, pode ficar complicado escolher uma área da Medicina para se especializar.

Pensando nisso, separei algumas dicas que vão auxiliar na sua seleção.

Confira a lista:

  • Comece definindo suas prioridades: se houver uma especialidade que sempre te interessou, vale avaliar se ela atende ao estilo de vida que você planeja ter, considerando tanto os objetivos profissionais quanto pessoais. Lembre-se de que algumas áreas exigem maior dedicação e são mais desgastantes que outras
  • Conheça o mercado de trabalho: consulte dados locais e nacionais para entender como anda o setor para determinada especialidade. Se possível, converse com um professor ou colega experiente para saber mais sobre a rotina da especialidade médica
  • Leve em conta a aptidão: se estiver em dúvida, pode ser inteligente decidir conforme sua aptidão para uma área médica
  • Faça uma projeção de carreira: outro ponto relevante é saber o que se espera para uma área nos próximos anos ou décadas. Claro que não é uma ciência exata, mas essa projeção vai te ajudar a planejar os próximos passos rumo ao sucesso e realização profissional.

Em resumo, o mais importante é levar em conta suas necessidades e objetivos.

Como é o processo seletivo para a pós-graduação médica?

Assim como outros detalhes, a dinâmica de seleção varia conforme o tipo de pós-graduação escolhido.

Em geral, os processos seletivos de programas de residência são muito competitivos, envolvendo fase eliminatória e classificatória realizada por meio de ferramentas como:

  • Prova escrita
  • Prova oral
  • Prova prática
  • Prova de análise de currículo
  • Prova de compreensão de língua estrangeira, entre outras.

Para ser considerado para o programa, é necessário atender tudo que prevê o edital da residência médica.

Já quem opta pela especialização costuma enfrentar uma concorrência menos acirrada, devendo ser aprovado em exame com perguntas teóricas.

Porém, as regras podem mudar, dependendo da instituição de ensino que oferece o curso.

Existe pós-graduação médica EAD?

É possível encontrar formações híbridas ou telepresenciais.

Ou seja, as aulas teóricas são feitas por ensino a distância, enquanto os laboratórios e aulas práticas são presenciais.

Essa modalidade dá mais flexibilidade para que o médico organize sua rotina de estudos nos horários mais convenientes, sem deixar de lado o aprendizado prático necessário para a profissão.

Vantagens da telemedicina na prática médica

Soluções de tecnologia na saúde como a telemedicina conectam médicos a pacientes e outros colegas da área da saúde, otimizando uma série de rotinas.

Inclusive a capacitação para exames complementares e outros temas, que pode ser realizada por meio do treinamento online.

Sistemas modernos como a Telemedicina Morsch funcionam de maneira ininterrupta, permitindo os estudos a qualquer hora do dia ou da noite.

Basta ter um dispositivo com acesso à internet para entrar em nosso software em nuvem, protegido por senhas e criptografia.

E solicitar uma segunda opinião médica em poucos cliques para esclarecer dúvidas sobre casos complexos, ou a teleconsultoria para questões mais amplas.

Utilizando nosso marketplace médico, você pode aumentar a base de pacientes, atendendo via teleconsulta com prontuário digital integrado.

Que tal começar a aproveitar tudo isso?

Conheça todos os benefícios de ter a parceria da Telemedicina Morsch.

Conclusão

Abordei ao longo deste texto as diferentes modalidades de pós-graduação médica.

Espero ter contribuído para a sua escolha. Se precisar de auxílio ou reforço para a equipe médica, conte com o time Morsch!

Aproveite para ler mais artigos para médicos aqui no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin