Residência médica: como funciona, quantas horas e tipos (guia completo)

Por Dr. José Aldair Morsch, 6 de maio de 2022
Residência médica

O desejo de entrar para a residência médica é natural para quem acaba de se graduar em medicina e deseja se tornar especialista.

Porém, conquistar uma das vagas disponíveis nas instituições brasileiras não é uma tarefa fácil, pois há concorrência acirrada.

A dica, então, é se preparar o melhor possível para ir bem nas provas e ingressar na residência com que você mais se identifica.

Neste artigo, farei um guia completo sobre o assunto, o que diz a legislação, como participar e quais os tipos de especialização disponíveis para médicos.

Veja ainda como qualificar a assistência por meio da telemedicina.

O que é residência médica?

De forma simples, residência médica é uma especialização para médicos.

Ela faz parte da trajetória dos profissionais que desejam receber o título de especialista.

Ou, como define o Conselho Federal de Medicina:

“A residência médica é uma modalidade de ensino de pós-graduação destinada a médicos. Quando cumprida integralmente, dentro de determinada especialidade, confere ao médico-residente o título de especialista”.

O CFM ainda esclarece que a expressão “residência médica” só pode ser empregada para descrever programas credenciados pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM).

A CNRM, por sua vez, é composta por Ministério da Saúde, Educação e Previdência Social e entidades médicas, a exemplo do CFM.

Como funciona a residência médica

Para ingressar na residência médica, é necessário realizar uma prova teórica, passar por análise do currículo e entrevista.

A prova é formada por 100 questões de conhecimentos gerais referentes a uma série de segmentos da medicina, desde clínica médica até ginecologia e obstetrícia.

Essa costuma ser a etapa mais difícil.

Contudo, uma vez que consiga seu espaço, o médico poderá aproveitar vantagens como a bolsa de residência médica, que serve para cobrir as despesas durante o tempo de estudo.

Antes de definir o curso que deseja, vale considerar que alguns exigem uma residência médica prévia, enquanto outros estão abertos para recém-formados em medicina.

Dermatologia, infectologia e medicina do trabalho estão entre as especializações com acesso direto, que dispensam residências prévias.

Já cardiologia, pneumologia e urologia só podem ser realizadas depois que o candidato concluir uma especialização anterior.

Geralmente, é preciso cursar cirurgia geral ou clínica médica antes de ingressar nessas residências.

O que diz a lei da residência médica

A legislação que fundamenta a residência médica é o Decreto 80.281/1977.

O texto estabeleceu as primeiras regras para o tema, determinando que:

“A Residência em Medicina constitui modalidade do ensino de pós-graduação destinada a médicos, sob a forma de curso de especialização, caracterizada por treinamento em serviço, em regime de dedicação exclusiva, funcionando em Instituições de saúde, universitárias ou não, sob a orientação de profissionais médicos de elevada qualificação ética e profissional”.

Também afirma que os programas de residência médica devem durar pelo menos um ano, período no qual serão distribuídas, no mínimo, 1,8 mil horas de atividade.

Durante o tempo de especialização, ao menos 4 horas semanais se destinam a sessões de atualização, seminários, correlações clínico-patológicas etc.

Outra norma de interesse é a Lei 6.932/1981, que detalha as atividades do médico.

O trabalho do residente corresponde à carga horária máxima de 60 horas semanais, podendo englobar até 24 horas de plantão presencial supervisionado.

O profissional tem direito a 30 dias consecutivos de férias a cada ano.

Caso seja preciso, poderá gozar também de licença-paternidade de 5 dias ou licença-maternidade de 120 dias.

Embora seja permitido interromper a residência nesses períodos, o médico deverá completar toda a carga horária prevista quando retomar a especialização.

Residência em medicina

Os programas de residência médica devem durar pelo menos um ano, com no mínimo 1,8 mil horas de atividade

Tipos de residência médica

O CFM reconhece um total de 55 especialidades médicas, concedidas após a conclusão da residência ou a realização de uma prova de título de especialista.

A atualização mais recente com os tipos de residência foi aprovada através da Resolução 2.221/2018, que lista as seguintes áreas da medicina:

  • Acupuntura
  • Alergia e imunologia
  • Anestesiologia
  • Angiologia
  • Cardiologia
  • Cirurgia cardiovascular
  • Cirurgia da mão
  • Cirurgia de cabeça e pescoço
  • Cirurgia do aparelho digestivo
  • Cirurgia geral
  • Cirurgia oncológica
  • Cirurgia pediátrica
  • Cirurgia plástica
  • Cirurgia torácica
  • Cirurgia vascular
  • Clínica médica
  • Coloproctologia
  • Dermatologia
  • Endocrinologia e metabologia
  • Endoscopia
  • Gastroenterologia
  • Genética médica
  • Geriatria
  • Ginecologia e obstetrícia
  • Hematologia e hemoterapia
  • Homeopatia
  • Infectologia
  • Mastologia
  • Medicina de emergência
  • Medicina de família e comunidade
  • Medicina do trabalho
  • Medicina de tráfego
  • Medicina esportiva
  • Medicina física e reabilitação
  • Medicina intensiva
  • Medicina legal e perícia médica
  • Medicina nuclear
  • Medicina preventiva e social
  • Nefrologia
  • Neurocirurgia
  • Neurologia
  • Nutrologia
  • Oftalmologia
  • Oncologia clínica
  • Ortopedia e traumatologia
  • Otorrinolaringologia
  • Patologia
  • Patologia clínica/medicina laboratorial
  • Pediatria
  • Pneumologia
  • Psiquiatria
  • Radiologia e diagnóstico por imagem
  • Radioterapia
  • Reumatologia
  • Urologia.

Médico sem residência pode trabalhar?

Sim, pode.

Assim como especializações em outros setores do mercado, a residência médica não é obrigatória para exercer a profissão.

Se desejar, o profissional pode apenas cursar os seis anos de graduação em medicina, adquirindo conhecimentos básicos e práticos para o atendimento clínico.

Ao final do curso, o médico generalista obtém registro junto ao Conselho Regional de Medicina (CRM) de seu estado, que o habilita a exercer a medicina.

Esses médicos atuam em clínica geral ou saúde da família e são capacitados para investigar, diagnosticar e tratar doenças comuns.

Já as patologias específicas devem ser avaliadas por especialistas, sendo que o clínico geral faz o encaminhamento a eles quando necessário.

No Brasil, a maioria dos profissionais escolhe se especializar, pois esse título aumenta as opções de vagas no mercado de trabalho.

Além de conferir salários mais atraentes que os destinados aos médicos generalistas.

Vantagens do programa de residência médica

Apesar da concorrência para conseguir uma vaga, a residência médica oferece diversas vantagens.

Listo abaixo os cinco benefícios mais evidentes.

1. Reconhecimento no mercado

Como citei antes, fazer residência não é obrigatório para exercer a medicina com o aval das autoridades de saúde do país.

Entretanto, esse tipo de especialização confere um reconhecimento diferenciado no mercado, pois é considerado padrão ouro entre as pós-graduações da área médica.

Por isso, quem completa a residência sai na frente na busca por vagas disputadas, incluindo concursos públicos e cargos em organizações renomadas.

Sem contar que, mesmo que escolha atender somente no próprio consultório ou clínica, o especialista poderá informar seu título para se destacar e atrair mais pacientes.

2. Bolsa pela residência médica

Quem atua em outros setores do mercado está acostumado à ideia de que terá de pagar para cursar uma especialização.

Ou se esforçar para passar no processo seletivo de universidades públicas.

O médico residente, por outro lado, não precisa desembolsar qualquer valor pela qualificação ofertada durante a residência.

Na verdade, a legislação lhe garante uma bolsa no valor de mais de R$ 3 mil mensais durante todo o período da especialização.

Esse valor se destina ao pagamento dos gastos com material, transporte, alimentação, moradia e outros custos para o residente, que deve se dedicar ao curso em tempo integral.

Médico residente

O CFM reconhece um total de 55 especialidades médicas, concedidas após a conclusão da residência

3. Treinamento supervisionado

Essa vantagem está diretamente ligada à dinâmica da residência médica, que prioriza o treinamento em serviço.

Porém, essas ações são sempre supervisionadas por especialistas experientes, o que confere alta qualidade às orientações.

Assim, o residente poderá entrar no mercado de trabalho com mais segurança, sabendo que passou por capacitação prática durante toda a especialização.

4. Direito a férias anuais

Como a residência consiste em trabalho, o médico tem direito a gozar de férias a cada ano da especialização.

O descanso remunerado permite que ele recupere a energia, retornando com maior disposição para acompanhar a rotina puxada da residência.

Mencionei anteriormente que o residente ainda pode tirar licença-maternidade ou paternidade, sem qualquer prejuízo à sua formação.

5. Mais oportunidades de crescimento na carreira

Obtendo maior reconhecimento no mercado, é natural que o médico que completa a residência encontre mais oportunidades que o generalista.

Sua titulação, trabalhos desenvolvidos e a rede de contatos obtidos durante a especialização também ajudam nesse quesito.

Afinal, ele terá acesso a um volume maior de informações, cursos complementares, concursos e vagas disponíveis em sua área de atuação.

Como participar das melhores residências médicas

Entrar nas melhores residências médicas pede horas de dedicação aos estudos, informações sobre a especialidade desejada e quais instituições são referência nesse campo.

Recomendo que você comece avaliando seu perfil e objetivos, a fim de selecionar a área em que realmente tem interesse.

O que pode parecer uma tarefa simples, mas nem sempre é.

Contudo, é com base nessa informação que será possível traçar um plano até o ingresso numa organização que ofereça um programa de residência médica de excelência.

Uma vez que tenha se decidido, confira se há algum pré-requisito (além da graduação) para participar da especialização.

Muitas vezes, seu plano deverá ser desmembrado em pelo menos duas etapas para cobrir uma primeira residência em clínica médica ou cirurgia e a segunda na área selecionada.

Em seguida, parta para a avaliação das melhores instituições de ensino – que pode estar relacionada à alta concorrência pelas vagas.

Porém, não desanime.

Apenas liste aquelas que lhe atraem e inicie os estudos com afinco.

Utilize os conhecimentos compartilhados durante a faculdade de medicina, junto a novos saberes adquiridos em cursos preparatórios, junto a colegas, professores, entre outras fontes confiáveis.

Vale recordar a época em que você prestou o vestibular para medicina e, quem sabe, repetir a rotina para se preparar bem e conseguir entrar na residência dos sonhos.

Residência médica: perguntas frequentes

Neste espaço, trago respostas rápidas para as principais dúvidas sobre a residência médica.

Se ficar alguma questão em aberto, deixe um comentário ao final do texto.

O que é um residente de medicina?

Como o nome sugere, residente de medicina é o profissional que está cursando uma residência médica.

Ou seja, é o nome dado ao médico generalista que está se especializando e, ao final dessa pós-graduação, receberá o título de especialista.

Quantos anos de residência médica?

O período de residência varia entre dois e cinco anos, dependendo da área.

Qual o salário de um médico residente?

Adiantei que o médico residente recebe uma bolsa durante o período de especialização.

O valor mínimo é regido pelas autoridades de saúde e, atualmente, supera os R$ 3 mil.

Porém, nada impede que uma instituição pague bolsa de valor mais alto, como forma de incentivo aos participantes de seus programas de residência.

De qualquer forma, lembre-se que haverá desconto devido à filiação do residente ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS).

Geralmente, a contribuição previdenciária corresponde a 11% da bolsa de residência médica.

Quais são as especialidades mais procuradas?

Segundo a pesquisa Demografia Médica 2020, realizada pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com o CFM, as quatro especialidades mais procuradas no Brasil concentram 38% do total de especialistas.

Confira o ranking com o top 10:

  • Clínica Médica (11,3% do total)
  • Pediatria (10,1%)
  • Cirurgia Geral (8,9%)
  • Ginecologia e Obstetrícia (7,7%)
  • Anestesiologia (5,9%)
  • Medicina do Trabalho (4,6%)
  • Ortopedia e Traumatologia (4,1%)
  • Cardiologia (4,1%)
  • Oftalmologia (3,6%)
  • Radiologia e Diagnóstico por Imagem (3,3%).

Quais são as especialidades de acesso direto?

Conforme a Resolução CNRM 02/2006, as especialidades de acesso direto aos programas de residência médica são:

  • Acupuntura
  • Anestesiologia
  • Cirurgia Geral
  • Cirurgia da Mão
  • Clínica Médica
  • Dermatologia
  • Genética Médica
  • Homeopatia
  • Infectologia
  • Medicina de Família e Comunidade
  • Medicina do Tráfego
  • Medicina do Trabalho
  • Medicina Esportiva
  • Medicina Física e Reabilitação
  • Medicina Legal
  • Medicina Nuclear
  • Medicina Preventiva e Social
  • Neurocirurgia
  • Neurologia
  • Obstetrícia e Ginecologia
  • Oftalmologia
  • Ortopedia e Traumatologia
  • Otorrinolaringologia
  • Patologia
  • Patologia Clínica / Medicina Laboratorial
  • Pediatria
  • Psiquiatria
  • Radiologia e Diagnóstico por Imagem
  • Radioterapia.

Como a telemedicina ajuda médicos e residentes

Tanto residentes quanto médicos generalistas e especialistas costumam ter uma agenda conturbada.

Além do atendimento aos pacientes, é comum o acúmulo de atividades administrativas e de gestão, o que ocupa longas horas do dia.

Nesse cenário, soluções tecnológicas como a plataforma de telemedicina ajudam a diminuir a sobrecarga de trabalho e otimizar as tarefas.

Sistemas robustos como o da Telemedicina Morsch disponibilizam suporte para a interpretação de exames de imagem através do serviço de laudos online.

Basta compartilhar os registros dos testes para receber resultados completos, interpretados e assinados digitalmente pelo nosso time de especialistas.

Caso tenha dúvida sobre um diagnóstico ou tratamento, acione a segunda opinião médica dentro do mesmo software para receber orientações de forma ágil.

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Conclusão

Gostou de saber mais sobre como funciona a residência médica?

Esse é um caminho promissor para se destacar no mercado e alcançar patamares mais altos na sua carreira, obtendo treinamento de qualidade.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin