Escala médica: entenda como funciona e saiba como organizar
Preparar a escala médica nem sempre é simples.
Principalmente nas clínicas e hospitais que atendem várias especialidades e realizam procedimentos invasivos.
O cenário é ainda mais complexo nas unidades que prestam assistência a urgências e emergências, pois precisam manter diferentes profissionais de plantão.
Caso contrário, pacientes, colegas e gestores serão prejudicados pela falta de suporte adequado.
O segredo para evitar esse problema está na organização das escalas, que pode ser otimizada com o auxílio de softwares como a plataforma de telemedicina.
Ao longo deste texto, explico melhor como funciona, regras e um passo a passo para montar uma escala médica eficaz.
Acompanhe até o final e fique bem informado.
O que é escala médica?
Escala médica é a distribuição de horas de trabalho dos profissionais de saúde de um seviço de saúde.
Embora o termo faça referência apenas aos médicos, a escala contempla todas as classes envolvidas na assistência em saúde, como profissionais de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas, etc.
Afinal, esses colaboradores fazem parte da equipe médica das clínicas e hospitais e são indispensáveis para os cuidados prestados aos pacientes.
Assim como as escalas desenvolvidas para outros tipos de negócio, a escala médica designa a jornada de trabalho de cada funcionário e, portanto, deve seguir as normas trabalhistas referentes a pausas, folgas e férias.
Contudo, montar essa estrutura pode ser mais complicado do que uma escala para o departamento administrativo, por exemplo, devido a particularidades da área da saúde.
Começando pela necessidade de times completos para a realização de uma cirurgia, por exemplo.
Unidades que funcionam 24 horas por dia têm adicionado o desafio da inclusão de plantões que respeitem os horários de trabalho e descanso determinados por lei.
Como funciona a escala médica?
A escala médica funciona a partir de uma estrutura que informa os dias e horários de trabalho de cada profissional.
Geralmente, ela combina diferentes regimes de trabalho, com colaboradores celetistas e autônomos com ou sem CNPJ.
Vem daí uma parte da complexidade para estruturar a escala, pois pode haver regras distintas para cada modalidade de trabalho e categoria profissional.
Uma vez que as jornadas estejam especificadas, cabe a cada um cumprir seu horário e zelar para que os pacientes nunca fiquem desassistidos.
Para tanto, é preciso atender a algumas exigências, como aguardar até ser substituído por um colega antes de sair.
Essa é uma das normas que regem o trabalho em plantão médico – caracterizado por pelo menos 12 horas ininterruptas de serviço.
O que diz o CFM sobre a escala médica?
O Conselho Federal de Medicina é responsável por disciplinar as escalas da categoria.
Por isso, menciona o assunto em diferentes normas, incluindo o Código de Ética Médica (CEM).
Detalhado na Resolução 2.217/2019, o documento veda ao médico:
“Art. 7º – Deixar de atender em setores de urgência e emergência, quando for de sua obrigação fazê-lo, expondo a risco a vida de pacientes, mesmo respaldado por decisão majoritária da categoria.
Art. 8º – Afastar-se de suas atividades profissionais, mesmo temporariamente, sem deixar outro médico encarregado do atendimento de seus pacientes internados ou em estado grave.
Art. 9 – Deixar de comparecer a plantão em horário preestabelecido ou abandoná-lo sem a presença de substituto, salvo por justo impedimento.
Parágrafo único. Na ausência de médico plantonista substituto, a direção técnica do estabelecimento de saúde deve providenciar a substituição”.
Outras atribuições do diretor técnico constam na Resolução CFM 2.147/2016, que detalha os deveres desse gestor quanto à escala no § 3º, citando:
“Organizar a escala de plantonistas, zelando para que não haja lacunas durante as 24 horas de funcionamento da instituição.
Tomar providências para solucionar a ausência de plantonistas”.
Quais os tipos de escala médica?
Existem vários tipos de escala médica, e todas elas devem respeitar a legislação vigente.
Assim, vale considerar o limite de horário estabelecido pela CLT, que prevê até 44 horas semanais de trabalho.
Se necessário, podem ser acrescidas até duas horas extras diárias às jornadas de 8h.
Confira alguns modelos de escala a seguir.
Escala 12 x 36
Essa é uma das escalas de plantão mais populares nos estabelecimentos de saúde.
Cabe ao profissional trabalhar por 12 horas e, em seguida, descansar por 36 horas consecutivas.
Durante a jornada de trabalho, ele tem direito a uma hora para alimentação e repouso.
Escala 24 x 48
Esse tipo de escala não é tão comum, pois adota o limite das horas de plantão exercido por médicos.
Funciona de maneira semelhante à escala 12 x 36, com a diferença de que tanto o horário de trabalho quanto o de folga são estendidos.
Assim como as pausas, já que o funcionário poderá descansar 10 minutos a cada 90 trabalhados.
E tirar uma hora para alimentação a cada 6 horas trabalhadas.
Outra peculiaridade está no total de horas semanais, que será de 48 horas – ultrapassando as 44 delimitadas pela CLT.
Significa que as 4 horas adicionais devem ser remuneradas como horas extras.
Escala 6 x 1
Nesta modalidade, o colaborador trabalha 6 dias na semana e folga 1, geralmente cumprindo a jornada de 8 horas diárias.
O gestor deve assegurar que a folga caia num domingo pelo menos a cada 7 semanas trabalhadas.
Escala 5 x 2
Outro modelo de trabalho comum prevê jornadas de segunda a sexta-feira, com folgas aos finais de semana.
Mas vale lembrar que as folgas podem ser tiradas em outras datas e não precisam ser consecutivas – por exemplo, uma na quarta-feira e outra no domingo.
Para totalizar as 44 horas semanais, o profissional costuma trabalhar 8h48min por dia.
Como funciona a escala de enfermagem?
De maneira geral, a escala de enfermagem é parecida com a dos demais profissionais que integram a equipe médica.
Em especial se esses empregados tiverem carteira assinada, atuando nos moldes da CLT.
Entretanto, há instituições que seguem as exigências do Conselho Federal de Enfermagem, que estipula o seguinte na Decisão COFEN 0196/2013:
“Art. 1° A jornada de trabalho dos funcionários do Conselho Federal de Enfermagem é de 40 (quarenta) horas semanais, sendo 08 (oito) horas diárias, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
“§1° É obrigatório o intervalo para refeição/descanso de 1 (uma) hora, sendo preferencialmente no meio da jornada.
“§2° Em qualquer caso, deve ser observada a duração máxima de 10 (dez) horas diárias de trabalho, mesmo quando realizado serviço além da jornada diária normal e autorizado pela chefia imediata”.
Para definir as regras aplicáveis, é importante consultar acordos e convenções coletivas estaduais e municipais, junto a órgãos como sindicatos da categoria e os próprios Corens.
A importância da organização da escala médica
Manter uma escala médica organizada é fundamental não apenas para o bom funcionamento do serviço, mas também para a saúde dos profissionais.
É para isso que existem escalas como 12 x 36, que preveem um tempo de folga maior quando os funcionários fazem plantão.
O limite de 24 horas de trabalho é outra ferramenta que evita a sobrecarga de trabalho e o consequente desgaste dos profissionais de saúde.
Quando eles trabalham exaustos, capacidades mentais como raciocínio e foco ficam prejudicadas.
Nesse cenário, aumentam as chances de erro médico, expondo pacientes, colegas e os próprios profissionais a riscos desnecessários.
Para se ter ideia do impacto da privação do sono e fadiga, um estudo realizado com médicos residentes que realizavam plantões com frequência constatou pior desempenho cognitivo após plantão noturno em diversas capacidades cognitivas.
Atenção, memória imediata, aprendizagem verbal e funções executivas foram impactadas pela falta de repouso.
Além do mais, a organização da escala médica permite que o gestor se antecipe a imprevistos como os que levam os profissionais a se ausentar dos plantões, mantendo outro colaborador de sobreaviso.
Os próprios funcionários também conseguem adaptar sua agenda profissional e pessoal para cumprir a escala sem muita dificuldade.
Como fazer escala de plantão médico?
Elaborar a escala de plantão médico é tarefa do diretor técnico, com o auxílio de outras lideranças e profissionais de Recursos Humanos.
Vale frisar que não existe um modelo único que atenda a todos os estabelecimentos de saúde, porém, há etapas básicas que te ajudam a começar a sua.
Siga o passo a passo, sempre considerando a realidade da sua equipe e empresa.
Estabeleça os tipos de escala médica
Em primeiro lugar, é preciso conhecer as necessidades do negócio para entender quantos e quais profissionais de saúde devem fazer parte da escala.
Uma pequena clínica que atende apenas em horário comercial pode funcionar com uma equipe enxuta, o que já não vale para um grande hospital com pronto-socorro.
Seja realista quanto ao número de colaboradores e aos tipos de escala que deverão cumprir para dar conta dos seus pacientes.
Revise as normas trabalhistas
Com as informações iniciais em mãos, prossiga para a avaliação das leis e normas que regem a jornada de trabalho do seu time.
Repare, por exemplo, que os profissionais de enfermagem podem ter regras diferentes dos médicos, e assim por diante.
Contar com o suporte do RH é fundamental nesta etapa.
Conheça a rotina dos colaboradores
Antes de distribuir os horários, é importante entender a rotina dos funcionários para que assumam a escala em períodos oportunos.
Principalmente se houver plantões em horários incomuns, como durante a madrugada, aos domingos e feriados.
Se possível, conceda os períodos desejados pelo colaborador e sorteie os demais para fazer uma escala eficaz e com menores chances de furos.
Considere a formação de equipes de plantão
Montar equipes para trabalhar sempre juntas contribui para um maior entrosamento entre as pessoas.
E ainda facilita a organização das escalas, pois basta sinalizar que tal período será atendido pelo time 1 ou 2.
Mantenha funcionários de prontidão
Mesmo seguindo as dicas acima, podem ocorrer imprevistos que estão fora do controle do gestor e, por vezes, até do próprio colaborador.
Acidentes, doenças e outros problemas acabam impedindo o profissional de cumprir a escala normalmente, e cabe ao gestor estar preparado para eles.
Uma ideia é manter um ou mais colegas em sobreaviso, garantindo que possam cobrir uma possível falta.
Fixe as escalas em locais visíveis
Claro que faz sentido enviar as escalas por e-mail e disponibilizar os esquemas completos na intranet, por exemplo.
Mas não se esqueça de divulgá-las em formato impresso em murais de avisos fixados em locais frequentados pelos colaboradores, como a copa e vestiários.
Dessa forma, dá para tirar dúvidas mesmo em meio ao plantão.
Telemedicina ajuda a organizar o plantão médico de clínicas e hospitais
Outra boa pedida para estruturar a escala de plantões é apostar na tecnologia.
Softwares médicos como a plataforma de telemedicina Morsch compilam e mantêm os dados sempre acessíveis, permitindo que sejam encontrados em poucos cliques.
Basta se logar no nosso sistema em nuvem, a partir de qualquer dispositivo conectado à internet.
Em seguida, você estará num ambiente virtual intuitivo e completo, que realiza backups automáticos e mostra as atualizações em tempo real.
É o prontuário eletrônico com teleconsulta, que disponibiliza uma série de recursos úteis na hora de elaborar, atualizar e divulgar a escala médica, a exemplo de:
- Relatórios financeiros
- Relatórios de produtividade
- Personalização de documentos, incluindo as escalas e plantões
- Envio de avisos por WhatsApp, e-mail ou SMS
- Agendamento online para dar mais comodidade aos pacientes
- Teleconsulta por videoconferência
- Prontuário eletrônico completo, com espaço ilimitado para armazenar os documentos do histórico do paciente de um jeito simples e organizado
- Prescrição eletrônica, que pode ser feita, inclusive, durante a teleconsulta no sistema
- Telediagnóstico, que possibilita o compartilhamento de registros de exames complementares para sua interpretação à distância e entrega de laudos online em minutos
- Opção de teleconsultoria para esclarecer dúvidas da equipe médica.
Confira ofertas de PEP com teleconsulta pensadas para o seu negócio!
Conclusão
Ao final deste texto, espero ter deixado claro que a escala médica é indispensável ao bom funcionamento dos serviços de saúde.
Quando bem elaborada, colabora para o bem-estar dos profissionais, fornecendo os períodos de descanso necessários e prevenindo falhas no atendimento.
Além de contribuir para a satisfação e fidelização dos pacientes, que desfrutam de assistência de qualidade de maneira ágil.
Se gostou do conteúdo, compartilhe com sua rede de contatos.
Leia mais artigos sobre gestão em saúde no blog.