Tendências e principais segmentos do mercado de saúde

Por Dr. José Aldair Morsch, 5 de março de 2019
Mercado de saúde - como funciona, tendências e principais segmentos

O mercado de saúde no Brasil é complexo e fragmentado. Com grande envolvimento do governo e alto investimento privado, esse setor movimenta bilhões na economia todo ano.

Se você já faz ou deseja fazer parte dele, há muito a saber para ser bem-sucedido, levar mais conforto aos pacientes e ter um negócio rentável.

É sobre isso que irei falar a partir de agora.

Você vai conhecer como funciona o mercado de saúde brasileiro nos âmbitos público e privado e conferir as tendências para os próximos anos.

Não deixe de acompanhar o artigo até o final e boa leitura!

Mercado de saúde no Brasil: como funciona?

No Brasil, o sistema de saúde é composto por duas grandes esferas: a pública e a privada.

O chamado Sistema Único de Saúde (SUS) é gerido pelo Estado e serve à maioria da população.

Suas políticas são orientadas para a redução das desigualdades no país, tendo suas atividades direcionadas principalmente aos mais necessitados.

No setor privado, o acesso à saúde é gerido por fundos de seguros de saúde e empresários.

Há os conhecidos planos de saúde que podem ser contratados individualmente ou como benefício laboral – em que empresas oferecem os seguros aos seus trabalhadores.

O sistema público é acessível a todos, inclusive aos que possuem planos privados.

Há ainda os profissionais autônomos, que não atendem pelo SUS e que não fazem parte de nenhum plano de saúde.

Esses últimos fazem parte de um segmento que tem crescido nos últimos anos.

Esse avanço se dá muito em razão de problemas como a falta de médicos e remédios no SUS, somado às altas mensalidades e à falta de cobertura para certas doenças e exames no sistema particular.

Setor Público

Quase todos os brasileiros já passaram ou ainda passarão pelo Sistema Único de Saúde (SUS) pelo menos uma vez na vida.

Seja pelo Programa Nacional de Imunização ou em centrais de transplantes ou hemocentros.

Foi com a Constituição Federal de 1988 que a saúde passou a ser um direito do cidadão e um dever do Estado no Brasil.

Ela determinou que o sistema de saúde público deveria ser gratuito, de qualidade e acessível a todos.

Regulamentado em 1990, o SUS tem como princípios a universalidade, a equidade e a integralidade.

Com isso, o Brasil se tornou o único país com mais de 200 milhões de habitantes a oferecer um serviço de saúde público e gratuito.

Financiado pelo governo, o SUS tem sua verba proveniente de impostos diversos.

Responsável por todos os cuidados na área de saúde, abrange desde o simples atendimento para aferição da pressão, até o transplante de órgãos.

Sua rede ampla engloba serviços como:

  • Atenção básica, média e alta complexidades
  • Urgência e emergência
  • Atenção hospitalar
  • Ações e serviços das vigilâncias epidemiológica, sanitária e ambiental
  • Assistência farmacêutica

 

Setor Privado

Segundo análise realizada pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), o setor privado corresponde por quase 60% dos gastos com saúde no Brasil.

Em 2015, foram mais de R$ 300 bilhões, sendo R$120 bilhões em gastos assistenciais dos planos de saúde com seus beneficiários.

O estudo também aponta que, do total desses gastos, quase 67% foram destinados à saúde privada – planos de saúde e despesas pagas do próprio bolso – e 30% a medicamentos.

Distribuído entre saúde suplementar e particulares autônomos, nesse setor, os usuários pagam pelos serviços prestados individual ou coletivamente.

Saúde Suplementar

Saúde suplementar é toda a operação de planos e seguros privados de assistência médica à saúde, mais conhecidos como planos ou seguros de saúde.

O setor é composto por seguradoras especializadas em saúde, medicinas de grupo, cooperativas, instituições filantrópicas e autogestões.

Eles fornecem assistência à saúde de forma suplementar, uma vez que o cidadão não perde o direito de utilizar o SUS ao contar com a cobertura de um plano privado.

Todo o sistema de Saúde Suplementar é regulado por três órgãos:

  • Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)
  • Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
  • Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC).

O seu funcionamento se dá da seguinte forma: a indústria de insumos de saúde fornece os medicamentos, materiais e equipamentos aos prestadores de serviços de assistência à saúde.

Estes, por sua vez, utilizam os insumos para ofertar serviços aos beneficiários dos planos, que são pagos por meio de mensalidade.

Particulares autônomos

Na última década, muitos profissionais de saúde optaram pelo atendimento particular.

São aqueles que também podem atender por convênios ou pelo SUS, mas que possuem mais espaço na agenda para os particulares.

Porque investir no mercado de saúde do Brasil?

Porque investir no mercado de saúde do Brasil?

Porque investir no mercado de saúde do Brasil?

Com 208 milhões de habitantes, o Brasil alcançou em 2018 um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 6,8 trilhões.

Mesmo passando por um momento de incertezas, até o terceiro trimestre de 2018, 64% do PIB era representado pelo consumo dos brasileiros.

Segundo dados do IBGE, em 2060 um quarto da população brasileira deverá ter mais que 65 anos. Isso representa 25,5% da população, enquanto que, em 2018, essa proporção é de 9,2%.

Nesse cenário, percebe-se que o Brasil possui um mercado doméstico em bens de serviço crescente e especialmente promissor no setor da saúde.

Mas o que torna esse mercado atrativo para investimentos?

A resposta está especialmente nos prognósticos de crescimento para os próximos anos.

Alguns fatores que apontam esse desenvolvimento são:

  • Investimento em tecnologias e equipamentos
  • Parceria entre os setores público e privado, que atrairão investimentos, buscando aumentar a eficiência do sistema público
  • Expansão dos planos privados de saúde
  • Grande número de fusões e aquisições, impulsionados pela enorme fragmentação do setor e pelo ambiente regulatório
  • Abertura do mercado de saúde para o capital estrangeiro
  • Aumento da produção local de medicamentos.

Expectativa para o mercado de saúde brasileiro

Dados divulgados pelo IBGE no final de 2017 mostram que os gastos com bens e serviços de saúde no Brasil cresceu e atingiu o patamar de R$ 546 bilhões, o que equivale a 9,1% do PIB nacional.

Deste total, 3,9% representam despesas de consumo do governo e 5,2% os gastos de famílias e instituições sem fins lucrativos.

Além disso, análises da ReportBuyers mostram que os gastos gerais com assistência médica tendem a aumentar cerca de 5,8% entre 2018 e 2020.

Um bom indicador é o Boletim Focus do Banco Central, divulgado em fevereiro de 2019.

Nele, a instituição prevê um crescimento de 2,5% do PIB para 2019.

Já no setor da Saúde Suplementar, o presidente da Confederação das Seguradoras (CNseg), Marcio Coriolano, estima que o crescimento de arrecadação fique entre 6,3% e 8,4%.

Uma tendência que tem trazido boas expectativas para o mercado são as HealthTechs.

Essas empresas oferecem soluções de tecnologia à área da saúde e já representam 8,24% do setor de startups do Brasil.

E serão as tecnologias as principais responsáveis pelos avanços no campo da medicina.

Para 2019, a tendência é que a Inteligência Artificial, a Internet das Coisas e as soluções na nuvem ganhem ainda mais destaque.

Entidades de regulação do mercado de saúde

Legislação na telemedicina

Entidades de regulação do mercado de saúde

O mercado de saúde brasileiro é altamente regulamentado.

Duas são as entidades na linha de frente, tendo como objetivo garantir maior efetividade das ações de saúde, a qualidade dos serviços prestados e a proteção da população.

Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)

Vinculada ao Ministério da Saúde, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é a agência reguladora dos planos de saúde no Brasil.

Ela tem como função principal promover a defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, regulando e fiscalizando as operadoras de planos de saúde, as seguradoras especializadas em saúde e as administradoras de benefícios.

Além disso, a ANS fiscaliza as relações entre prestadores e consumidores e também contribui para o desenvolvimento de ações de saúde no país.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi criada em 1999 como uma autarquia e também está vinculada ao Ministério da Saúde.

Seu objetivo é promover a proteção da saúde da população por meio do controle sanitário de produção e consumo de produtos e serviços nacionais e importados.

Ela realiza a vigilância sanitária de ambientes, processos, insumos e tecnologias, além do controle de portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados.

Segmentos do mercado de saúde

Distribuído entre agentes privados e públicos, o mercado de saúde possui diversos segmentos.

São eles:

Planos e Seguros de saúde

Em 2018, o setor de planos e seguros de saúde terminou o ano com 47,37 milhões de beneficiários e 747 operadoras ativas.

Segundo dados do IESS, nos últimos quatro anos, o segmento teve um crescimento de 21,4% nos planos de assistência médica.

Porém, perdeu três milhões de beneficiários nos planos médico-hospitalares, o que representou uma queda de 6%.

No Brasil, a expansão dos planos de saúde está extremamente ligada a contratos coletivos.

Ou seja, o plano de saúde privado é um dos benefícios mais valorizados por funcionários.

Ao todo, 67% dos planos de saúde médico-hospitalares são vinculados à planos coletivos empresariais.

Cooperativa médica e cooperativa odontológica

Constituída para prestar serviços aos associados, as cooperativas são regulamentadas pela Constituição Federal e pela Lei do Cooperativismo (Lei 5.764/1971).

Trata-se de uma sociedade de pessoas, sem fins lucrativos, que se une voluntariamente em uma sociedade coletiva e de interesse comum.

As cooperativas são operadoras que podem comercializar planos para pessoas físicas ou jurídicas, constituir uma rede de serviços própria ou contratar terceiros.

Nesse tipo de relação, os cooperados podem participar da gestão e não existe vínculo empregatício entre a cooperativa e seus associados ou tomadores de serviços.

No caso de cooperativas médicas, são formadas por médicos cooperados, responsáveis pelo atendimento aos usuários em hospitais, consultórios, clínicas ou laboratórios.

Geralmente, elas operam por meio do pagamento de mensalidades ou custo operacional de despesas por atendimentos realizados.

Quando contratadas por pessoas jurídicas, costumam cobrar uma taxa de administração.

Hospitais, clínicas e consultórios

Segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), há 273.958 estabelecimentos de saúde no país.

Entre eles, 69% são empresas privadas, sendo que 49% referem-se a consultórios.

Os consultórios e clínicas são espaços que podem ser públicos ou privados, focados em apenas uma especialização ou realizarem uma complementaridade de serviços, por meio de parcerias.

Já o hospital, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é um organizador de caráter médico-social, que deve garantir assistência médica, tanto curativa quanto preventiva para a população, além de ser um centro de medicina e pesquisa.

Ele também é um espaço de prevenção e controle de doenças, de desenvolvimento de pesquisas e de ensino de medicina.

Os hospitais podem ser universitários (2,8% dos hospitais no país), gerais (quando atendem várias especialidades) ou especializados.

Indústria farmacêutica

O Brasil é o sexto maior mercado farmacêutico do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e França.

Quem diz isso é a pesquisa realizada pela empresa IQVIA.

Com vendas estimadas em US$ 33,1 bilhões em 2017, a indústria farmacêutica tem experimentado constante crescimento.

Segundo a pesquisa, a expectativa é de que as vendas no Brasil continuem a crescer entre 5% e 8% anualmente de 2018 a 2022.

Um dos destaques são os medicamentos contra o câncer e os imunossupressores. Já os projetos de pesquisa e o desenvolvimento de fármacos devem ser os responsáveis por um crescimento de 50% nas vendas em 2022.

Somente em 2017, o mercado de genéricos teve um crescimento de 11,73% e um aumento de 15,7%, de acordo com o Sindusfarma. Isso fez com que esses medicamentos atingissem 32% de participação do mercado farmacêutico.

A indústria de medicamentos brasileira é composta por 241 laboratórios farmacêuticos, sendo que 40% possuem capital de origem estrangeira e 60% de origem nacional.

Laboratórios

Os laboratórios privados representam um importante nicho do mercado de saúde brasileiro.

Segundo dados da PricewaterhouseCoopers (PWC), esse segmento possui receitas globais estimadas em US$20,2 bilhões por ano.

Com serviços solicitados apenas por profissionais da área da saúde, o mercado brasileiro de laboratórios é constituído por um grande número de empresas de origem familiar e de pequeno porte.

Mas, com a chegada dos grandes grupos, o setor tem se tornado cada dia mais competitivo, principalmente com a abertura do mercado de saúde para investimentos estrangeiros.

Equipamentos e Tecnologia

A área de saúde e os desenvolvimentos tecnológicos têm andado de mão dadas.

Atualmente, inúmeras tecnologias têm sido criadas na área devido à grande demanda e carência no setor de atenção básica e às limitações de recursos.

Nesse sentido, as HealthTechs têm se destacado.

Aplicações que incluem desde soluções de atendimento automatizado, até sistemas de auxílio a diagnóstico por inteligência artificial são alguns dos destaques do segmento.

Recursos como telemedicina, testes genéticos e diagnósticos por videoconferência já fazem parte da rotina de muitas empresas do mercado de saúde.

Além disso, novos aplicativos e soluções têm sido desenvolvidos para melhorar a sustentabilidade do sistema e a produtividade.

Telemedicina Morsch como parceira no mercado de saúde do Brasil

Como vimos ao longo do artigo, a tecnologia tem ganhado destaque no mercado de saúde brasileiro.

Nesse sentido, a Telemedicina Morsch está por dentro das tendências, atuando como parceira no mercado de saúde ao ofertar serviços com tecnologia agregada e que visam qualificar as atividades rotineiras, aumentar a velocidade de realização do trabalho e diminuir a possibilidade de falhas humanas.

Os serviços de telemedicina podem reduzir o tempo de espera de resultados, através da emissão de laudos à distância, que permite rapidez na entrega dos exames.

Já o aluguel em comodato é uma solução na qual o cliente utiliza dispositivos modernos ao contratar um pacote de laudos, sem pagar nada mais por isso.

Dessa forma, não é preciso investir alto na aquisição de equipamentos digitais e na contratação de médicos especialistas.

É um benefício que viabiliza o aumento de portfólio de serviços para clínicas médicas, impactando ainda na redução de custos.

Conclusão

Neste artigo, você conferiu como funciona o mercado de saúde no país, descobriu sobre o setor público, o privado e todos os seus segmentos.

Também pôde entender um pouco mais sobre como se dá a regulamentação do setor e o que esperar para os próximos anos.

Dentre os segmentos de saúde, é possível perceber um crescimento, apesar do cenário de instabilidade econômica dos últimos anos. As expectativas são boas e as oportunidades de investimento também.

Então, não deixe de aproveitar o momento para conhecer um pouco mais sobre as soluções que a Telemedicina Morsch pode oferecer.

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Referências bibliográficas

LARA, Natália. O Setor de Saúde na Perspectiva Macroeconômica – Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) – Período 2010 a 2015.

O momento da startup brasileira e o futuro do ecossistema de inovação – Abstartups e Accenture. 2017.

Saúde: um mercado cada vez mais voltado à terceira idade – Sebrae Mercados. 2015.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin