Aprenda como elaborar um mapa de risco hospitalar

Por Dr. José Aldair Morsch, 1 de junho de 2020
mapa de risco hospitalar

O mapa de risco hospitalar é uma estratégia que proporciona segurança para a equipe, os pacientes e demais pessoas que frequentam o espaço. Desse modo, será possível desempenhar as funções da melhor forma possível.

Todo estabelecimento clínico deve conhecer as suas obrigações legais, a fim de manter o adequado funcionamento das atividades.

Nesse sentido, o mapa é uma ferramenta contendo a representação gráfica de riscos. Tendo como base o layout da instituição hospitalar, é essencial para manter o ambiente seguro para todos.

Deseja minimizar as chances de acidentes dentro do estabelecimento de saúde? Este artigo vai explicar todos os detalhes sobre o que é e como elaborar um mapa de risco hospitalar. Acompanhe a leitura!

O que é um mapa de risco hospitalar?

O mapa de risco hospitalar é uma representação gráfica em planta baixa que contém círculos de vários tamanhos e cores identificando as áreas onde há mais ameaças.

Em maior ou menor grau, elas podem comprometer a saúde dos indivíduos (profissionais e pacientes) que circulam pelo ambiente.

Desse modo, os funcionários conseguem ter uma percepção mais clara sobre a estrutura do local e os graus de risco em cada ambiente, ou seja, os pontos que apresentam mais perigos e estão mais sujeitos à ocorrência de acidentes.

A partir dessa noção, a equipe pode utilizar medidas preventivas a fim de se precaver contra esses problemas.

Nesse sentido, esse mecanismo é fundamental para garantir a segurança do trabalho em hospitais.

O mapa de risco é um item obrigatório para os estabelecimentos para a prevenção de ameaças e evitar maiores danos à saúde.

As ameaças podem estar relacionadas com a jornada de trabalho excessiva, os turnos ininterruptos, o uso de técnicas inadequadas ou a presença de equipamentos perigosos ou que podem causar danos ao corpo humano, em decorrência da exposição contínua.

Entre eles, os aparelhos utilizados em radiologia, como a Radioterapia, Braquiterapia e Aplicadores Radioisótopos.

Para que serve o mapa de risco hospitalar?

mapa de risco hospitalar

O mapa de risco hospitalar tem como objetivo a identificação dos pontos de vulnerabilidade e as ameaças do local que tem o potencial de causar danos  para a saúde

A criação do mapa de risco hospitalar é obrigatória.

A Norma Regulamentadora nº 5 (NR 5) do Ministério do Trabalho determina que a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), juntamente aos indivíduos expostos aos riscos e o SESMT (Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho), tem o dever de elaborar o documento em empresas, hospitais, clínicas e demais tipos de estabelecimentos.

A finalidade do mapa de risco é fazer a identificação preliminar sobre o ambiente e trazer um diagnóstico completo sobre os pontos de vulnerabilidade e as ameaças do local que tem o potencial de causar danos para a saúde dos funcionários e pacientes.

Além disso, essa ferramenta promove uma maior conscientização dos funcionários, de modo visual, didático e transparente, com relação aos riscos que estão presentes.

A partir daí, há o incentivo para a criação de ações, treinamentos e comportamentos específicos que devem ser colocados em prática para controlar e reduzir essas ameaças.

Benefícios e consequências

Dessa maneira, a equipe (médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, técnicos, entre outros indivíduos) estará mais informada e preparada para lidar com os obstáculos e poderá desempenhar as atividades com mais cautela.

Como consequência desse cuidado, sofrerá menos problemas de saúde.

Assim, o índice de absenteísmo e de licenças também será reduzido. Logo, toda a entidade hospitalar será beneficiada, de uma maneira geral.

Sendo assim, para promover a adequada conscientização de toda a equipe de trabalho, o mapa de risco hospitalar precisa ser exibido em um local público, movimentado e que seja acessível a todos.

Dessa forma, a equipe poderá ter conhecimento integral sobre o conteúdo desse estudo e poderá tomar as devidas cautelas.

Caso a instituição não obedeça a essas normas, será possível a aplicação de penalidades determinadas pelos auditores e fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego.

Quem deve criar o mapa de risco?

O mapa de risco é um documento estratégico que deve ser, necessariamente, elaborado pela CIPA, sob a supervisão e devida orientação do SEMS.

Além disso, há a possibilidade de contratação de empresas terceirizadas contendo uma equipe especializada na área da medicina e segurança do trabalho, a fim de trazer mais eficiência e agilidade para a criação dessa ferramenta.

Como interpretar o mapa de risco?

O mapa de risco apresenta círculos de várias cores (verde, vermelha, marrom, amarela e azul) e tamanhos (grande, médio e pequeno).

Sendo assim, o tamanho do círculo traz a identificação da dimensão do grau de risco presente no hospital. Ele pode ser dividido em três níveis ou intensidades: leve, moderado ou elevado.

De fato, os círculos tornam a visualização do mapa mais clara, precisa e de fácil entendimento para todos.

Caso ocorra alguma alteração na estrutura do ambiente, um novo mapa de risco deve ser elaborado.

Por sua vez, a cor dos círculos representa a natureza ou o caráter do risco. Confira, a seguir, os principais exemplos de tonalidades e o tipo de ameaça.

Grupo 1

A cor verde indica a existência de riscos físicos (ruídos com alta intensidade, alta vibração, temperaturas muito baixas ou muito altas, radiação ionizante e não ionizante elevada, pressão anormal e umidade excessiva).

Grupo 2

A cor vermelha indica a existência de riscos químicos (poeira, fumos, neblinas, vapores, gás, pós, névoas e substâncias químicas que correm o risco de ser inaladas pelas pessoas, de um modo geral).

Grupo 3

A cor marrom indica a existência de riscos biológicos (vírus, bactérias, fungos, parasitas, protozoários, bacilos e todo tipo de microrganismo que tem o potencial de trazer danos sérios à saúde).

Grupo 4

A cor amarela está relacionada com o modo de desenvolvimento das atividades. Sendo assim, ela indica a existência de riscos ergonômicos que causam estresse mental e físico por meio esforço intenso ou inadequado:

  • má postura;
  • esforço excessivo;
  • levantamento e transporte manual de peso;
  • controle rígido de produtividade;
  • imposição de ritmos excessivos;
  • trabalho em turno e noturno;
  • jornadas de trabalho prolongadas;
  • monotonia e repetitividade;
  • repetição de tarefas sem a devida pausa etc.

Grupo 5

A cor azul indica a existência de riscos de acidentes naturais em decorrência de estruturas inadequadas defeituosas, antigas e perigosas:

  • incêndios;
  • explosões;
  • choques;
  • inundações;
  • quedas;
  • animais peçonhentos;
  • falta de equipamento de proteção individual (EPI);
  • instalação elétrica defeituosa;
  • iluminação inadequada;
  • estoque e armazenamento inadequado etc.

Quais empresas precisam efetuar o mapa de risco?

mapa de risco hospitalar

Qualquer instituição que ofereça riscos devido a suas atividades precisa criar um mapa de mapa de risco

Toda instituição que oferecer riscos decorrentes das suas atividades cotidianas tem a obrigação de criar o mapa de risco, sendo indiferente o ramo de atuação, o porte e a quantidade de colaboradores.

Caso seja verificada a inexistência do mapa de risco, a empresa pode ser penalizada com a aplicação de multa.

Essa determinação quanto a qualquer regra que não seja devidamente observada pela empresa está presente na NR 17.

Os valores variam. Uma empresa que conta com 500 funcionários pode ser condenada ao pagamento de R$3.500,00, por exemplo.

Como o mapa de risco pode beneficiar a sua clínica?

O mapa de risco tem o potencial de reduzir o índice de acidentes de trabalho que ocorrem dentro do hospital ou clínica.

Afinal, a identificação, o mapeamento e o controle das ameaças promove uma maior conscientização de toda a equipe.

Assim, os funcionários estarão mais bem preparados para lidar com os problemas.

Isso garante a efetivação de um ambiente de trabalho sadio, estimulando um clima de segurança, tranquilidade, motivação e produtividade.

Além disso, o hospital ou a clínica ganha uma imagem mais positiva perante o mercado e o público, de uma maneira geral.

Afinal, a criação do mapa de riscos é uma forma de demonstrar que a instituição médica se preocupa com a saúde e o bem-estar físico e mental dos funcionários e pacientes.

Desse modo, a reputação do estabelecimento fica fortalecida. Como consequência, poderá haver um aumento da procura por pacientes interessados em realizar tratamento no local.

Como elaborar o mapa de risco hospitalar?

A Portaria Federal nº 25/ 1994 determina as fases na elaboração do mapa de risco hospitalar. Antes de tudo, é obtida a planta do local contendo os detalhes sobre a área do hospital ou da clínica.

Após, são analisados os dados estatísticos com o objetivo de detectar as ameaças, o grau dos riscos e as prioridades.

Depois desse estudo, o layout será acrescido de círculos coloridos e legendas.

Confira, a seguir, as principais etapas que compõem a formação do mapa de risco hospitalar.

Análise sobre o ambiente hospitalar

O primeiro passo é conhecer a estrutura do hospital e toda a rotina de trabalho. Para isso, é importante verificar os ambientes.

Isso inclui as salas de atendimento, de exames e salas de cirurgia, os leitos onde ficam os pacientes, as máquinas e equipamentos utilizados durante consultas e exames, o espaço onde ficam armazenados os insumos (medicamentos e vestimentas, por exemplo), a existência do protocolo de risco cirúrgico etc.

Além disso, essa fase envolve a coleta de informações importantes sobre os trabalhadores que compõem a equipe hospitalar:

  • quantidade;
  • idade e gênero;
  • formação acadêmica;
  • especializações;
  • jornada de trabalho;
  • atividades exercidas;
  • capacitação e treinamento de segurança, entre outros elementos.

Classificação dos riscos ocupacionais

Após a análise da estrutura, é feita a identificação dos riscos existentes no ambiente hospitalar.

Para isso, a equipe responsável por elaborar o laudo deve levar em consideração a classificação de segurança do trabalho estipulada na Portaria nº 25/ 1994.

Como já vimos, os riscos são divididos em cinco categorias, de acordo com a natureza dessas ameaças: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes.

A partir dessa etapa, já é possível ter uma noção mais clara e ampliada sobre a situação do hospital (locais específicos onde há um maior número e mais intensidade de ameaças).

Assim, fica mais fácil evitar os problemas.

Medidas preventivas

Depois que a equipe identificou e mapeou as áreas contendo os riscos, parte-se para a próxima fase, que é a elaboração das medidas preventivas consideradas mais efetivas e bem sucedidas para o sucesso da estratégia.

Conheça, a seguir, as ações que estão previstas na Portaria:

  • medidas de proteção coletiva;
  • medidas de organização do trabalho;
  • medidas de proteção individual;
  • medidas de higiene e conforto, como banheiro, bebedouro, refeitório, área de lazer, entre outras.

Identificação dos indicadores de saúde já existentes

A identificação dos indicadores de saúde envolve a coleta e análise sobre todo o quadro clínico e histórico de eventuais casos de doenças decorrentes do ambiente de trabalho inadequado.

Nesse sentido, a equipe encarregada dessa tarefa deve avaliar os seguintes aspectos:

  • reclamações mais comuns entre os colaboradores;
  • tipo de acidente de trabalho que já aconteceu com os funcionários;
  • o diagnóstico de eventuais doenças de caráter ocupacional;
  • análise das causas que levam ao absenteísmo e licenças do trabalho.

Criação da representação gráfica

Após a reunião de todas as informações acima, a equipe já tem condições de elaborar o layout ou o projeto gráfico do mapa de risco.

Para isso, serão utilizados círculos coloridos contendo o código referente ao tipo e grau de risco existente naquele determinado ambiente.

As cores servem para facilitar a identificação do tipo do risco e tornam o procedimento de análise mais simplificado.

Também é uma forma de proporcionar maior acessibilidade.

Além disso, o círculo deve apresentar algumas informações mais específicas, como:

  • quantidade de pessoas que trabalham no local;
  • características do agente que provoca o risco, como físicos, substâncias químicas, agentes biológicos, ergonômicos e riscos de acidentes;
  • intensidade de exposição ao risco, sempre levando em conta a opinião e a concepção dos funcionários, que deve ser representada por tamanhos proporcionalmente diferentes de círculos.

Como deu para perceber, o mapa de risco hospitalar é uma ótima representação que ajuda a indicar o nível de ameaças de determinado ambiente e auxilia na prevenção de acidentes.

Trata-se de uma forma de garantir segurança para os funcionários e pacientes, estimular a produtividade de toda a equipe e melhorar a imagem do estabelecimento perante o mercado.

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Até o próximo conteúdo!

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin