Mapa de risco hospitalar: o que é, para que serve e como elaborar

O mapa de risco hospitalar apresenta as ameaças em diferentes locais de maneira simples, permitindo sua rápida identificação pelos colaboradores.
Nesse cenário, a ferramenta é essencial para a saúde e segurança do trabalho em estabelecimentos de saúde.
Serve para informar e incentivar o reforço de medidas preventivas conforme o perigo detectado.
Nas próximas linhas, você encontra um panorama completo sobre o que é, como fazer e interpretar o mapa de risco em hospitais.
Leia até o fim para conhecer também soluções de telemedicina ocupacional que otimizam o trabalho dos profissionais do SESMT.

O que é um mapa de risco hospitalar?
O mapa de risco hospitalar é uma representação gráfica em planta baixa dos riscos ocupacionais, que contém círculos de vários tamanhos e cores identificando as áreas onde há mais ameaças.
Em maior ou menor grau, elas podem comprometer a saúde dos indivíduos (profissionais e pacientes) que circulam pelo ambiente.
Desse modo, os funcionários conseguem ter uma percepção mais clara sobre a estrutura do local e os graus de risco em cada ambiente, ou seja, os pontos que apresentam mais perigos e estão mais sujeitos à ocorrência de acidentes de trabalho.
A partir dessa noção, a equipe pode utilizar medidas preventivas a fim de se precaver contra esses problemas.
Nesse sentido, o mapa de risco é fundamental para garantir a segurança do trabalho em hospitais.

A ferramenta é um item obrigatório para os estabelecimentos, para a prevenção de ameaças e danos à saúde.
Os riscos ocupacionais podem estar relacionados com a jornada de trabalho extensa, turnos ininterruptos, uso de técnicas inadequadas ou a presença de equipamentos hospitalares perigosos, que expõem as pessoas à radiação ionizante, por exemplo.
Entre eles, vale citar os aparelhos utilizados em procedimentos de radiologia médica, como radioterapia, braquiterapia e aplicadores de radioisótopos.
Para que serve o mapa de risco hospitalar?
O mapa de risco hospitalar é obrigatório, conforme determina a norma regulamentadora 5 do Ministério do Trabalho.
A NR-05 determina que a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio), juntamente ao SESMT (Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho), deve elaborar o documento para hospitais, clínicas e demais estabelecimentos.
A finalidade do mapa de risco é evidenciar as ameaças presentes e trazer um diagnóstico completo sobre os pontos de vulnerabilidade dos setores do hospital ou clínica, que têm o potencial de causar danos à integridade e saúde dos funcionários e pacientes.
Além disso, a ferramenta promove uma maior conscientização dos funcionários, de modo visual, didático e transparente, com relação aos riscos que estão presentes.
A partir daí, há o incentivo para a criação de ações, treinamentos e comportamentos específicos que devem ser colocados em prática para controlar os riscos.
Benefícios e consequências do mapa de risco hospitalar
Usando o mapa de risco, a equipe médica, da recepção, limpeza e demais departamentos estará mais informada e preparada para lidar com os obstáculos e poderá desempenhar as atividades com maior cautela.
A consequência é a redução ou prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, diminuindo a necessidade de afastamento do trabalho.

O índice de absenteísmo também será reduzido, beneficiando toda a comunidade hospitalar e gestores.
A ferramenta ainda colabora para a segurança do paciente, uma vez que os funcionários estarão adotando boas práticas de SST e o próprio paciente pode tomar ciência dos perigos.
Cabe lembrar que, para promover a adequada conscientização da equipe de trabalho, o mapa de risco hospitalar precisa ser exibido em um local público, movimentado e acessível a todos.
Caso a instituição não obedeça a essas e outras normas, poderá sofrer com a aplicação de penalidades determinadas pelos auditores fiscais do Ministério do Trabalho.
Quais os principais riscos em ambientes hospitalares?
Riscos biológicos e de acidentes (mecânicos) estão entre as principais categorias de ameaças encontradas em estabelecimentos de saúde como os hospitais.
Também não é raro encontrar outros riscos ambientais, a exemplo dos químicos e físicos, bem como perigos relacionados à falta de ergonomia no trabalho.
Portanto, dá para identificar todos os cinco tipos de riscos ocupacionais num hospital, ou seja:
- Riscos biológicos: surgem a partir do contato com microrganismos patógenos por meio de materiais contaminados, vias aéreas, feridas na pele ou mesmo de acidentes com instrumentos perfurocortantes. Vírus, bactérias, protozoários e fungos invadem o organismo, causando doenças como hepatite, covid-19, pneumonia, tuberculose, sinusite fúngica, entre outras
- Riscos físicos: provenientes das diferentes formas de energia no ambiente laboral. Mencionei um deles mais acima: as radiações ionizantes emitidas pelo equipamento de raio-X, aparelho de tomografia, entre outras tecnologias, que também podem gerar ruído ocupacional. Umidade, frio e calor são outros exemplos
- Riscos químicos: decorrentes do contato ou manipulação de produtos químicos, podem adentrar no organismo através da pele ou vias aéreas, provocando efeito tóxico, corrosivo, inflamável, irritante aos olhos ou trato respiratório, cancerígeno ou perigoso para o sistema nervoso. Acetona, hidrogênio e propano são exemplos
- Riscos ergonômicos: surgem da relação entre o homem e seu trabalho, que pode incluir estresse ocupacional, posturas inadequadas, ritmo de trabalho exaustivo, metas inatingíveis, bullying, assédio moral, tarefas repetitivas, etc. Podem desencadear doenças físicas, como LER/DORT (Lesões por Esforços Repetitivos e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) ou doenças psicossociais, a exemplo da depressão no trabalho, transtornos de ansiedade e síndrome de burnout
- Riscos de acidentes: têm origem em condições físicas e tecnológicas inadequadas, capazes de provocar lesões imediatas ou até óbitos. Áreas úmidas sem sinalização de segurança, uso de itens perfurocortantes ou potencialmente contaminados sem luvas de segurança (equipamentos de proteção individual ou EPI hospitalar) e máquinas obsoletas são fontes de risco mecânico.
Entenda na sequência como é a interpretação do mapa de risco em hospitais.

O mapa de risco hospitalar tem como objetivo a identificação dos pontos de vulnerabilidade e as ameaças
Como interpretar o mapa de risco hospitalar?
O mapa de risco apresenta círculos de várias cores (verde, vermelha, marrom, amarela e azul) e tamanhos (grande, médio e pequeno).
Sendo assim, o tamanho do círculo traz a identificação da dimensão do grau de risco presente numa área do hospital.
Ele pode ser dividido em três níveis ou intensidades: leve, moderado ou elevado.
Os círculos tornam a visualização do mapa mais clara, precisa e de fácil entendimento para todos.
Caso ocorra alguma alteração na estrutura do ambiente, um novo mapa de risco deve ser elaborado.
Por sua vez, a cor dos círculos representa a natureza ou o caráter do risco.
Confira, a seguir, os principais exemplos de tonalidades e o tipo de ameaça a que se referem:
Grupo 1 – Verde
A cor verde indica a existência de risco físico (ruídos com alta intensidade, alta vibração, temperaturas muito baixas ou altas, radiação ionizante e não ionizante, pressão anormal e umidade excessiva).
Grupo 2 – Vermelho
A cor vermelha indica a existência de risco químico (poeira, fumos, neblinas, vapores, gás, pós, névoas e substâncias químicas que correm o risco de ser inaladas pelas pessoas).
Grupo 3 – Marrom
A cor marrom indica a existência de risco biológico (vírus, bactérias, fungos, parasitas, protozoários, bacilos e todo tipo de microrganismo que têm o potencial de trazer danos à saúde).
Grupo 4 – Amarelo
A cor amarela está relacionada com o modo de desenvolvimento das atividades. Sendo assim, ela indica a existência de risco ergonômico que pode causar estresse mental e físico por meio esforço intenso ou inadequado:
- Má postura
- Esforço excessivo
- Levantamento e transporte manual de cargas
- Controle rígido de produtividade
- Imposição de ritmos excessivos
- Trabalho em turnos e/ou noturno
- Jornadas de trabalho prolongadas
- Monotonia e repetitividade
- Repetição de tarefas sem as devidas pausas, etc.
Por fim, temos o grupo de cor azul.

Grupo 5 – Azul
A cor azul indica a existência de risco de acidentes em decorrência de estruturas inadequadas defeituosas, antigas e perigosas, a exemplo de:
- Incêndios
- Explosões
- Choque elétrico
- Inundações
- Quedas no trabalho em altura
- Picadas de animais peçonhentos
- Lesões como esmagamentos em atividades de estoque e armazenamento, etc.
Veja no próximo tópico quem está obrigado a elaborar um mapa de risco.
Quais empresas precisam efetuar o mapa de risco?
Qualquer instituição em que haja riscos ocupacionais precisa criar um mapa de mapa de risco, sendo indiferente o ramo de atuação, o porte e a quantidade de empregados.
Diante da inexistência do mapa de risco, a empresa pode ser penalizada com a aplicação de multas e até sanções como o embargo e interdição, em situações graves.
Quem deve criar o mapa de risco hospitalar?
O mapa de risco é um documento estratégico que deve ser, necessariamente, elaborado pela CIPA, sob a supervisão e devida orientação do SESMT.
Além disso, há a possibilidade de contratação de empresas terceirizadas contendo uma equipe especializada em medicina e segurança do trabalho, a fim de trazer mais eficiência e agilidade para a criação dessa ferramenta.

Toda instituição de saúde deve criar um mapa de risco para a proteção de colaboradores e demais pessoas
Como o mapa de risco pode beneficiar a sua clínica?
O mapa de risco tem o potencial de reduzir os acidentes de trabalho que ocorrem dentro do hospital ou clínica.
Afinal, a identificação, classificação de riscos, mapeamento e o controle das ameaças promovem maior conscientização de toda a equipe.
Assim, os funcionários estarão mais bem preparados para lidar com os problemas.
Isso garante a efetivação de um ambiente de trabalho seguro e salubre, estimulando um clima de tranquilidade, motivação e produtividade.
Além do mais, o hospital ou a clínica ganha uma imagem institucional positiva perante o mercado e o público geral.
Afinal, a criação do mapa de riscos é uma forma de demonstrar que a instituição se preocupa com o bem-estar físico e mental dos funcionários e pacientes.
Desse modo, a reputação do estabelecimento fica fortalecida, fortalecendo a estratégia de captação de pacientes.
Como elaborar o mapa de risco hospitalar?
Antes de tudo, é obtida a planta do local mapeado, contendo os detalhes sobre a área do hospital ou da clínica.
Em seguida, é feita uma análise com o objetivo de detectar as ameaças, a intensidade dos riscos e as prioridades em relação a medidas preventivas.
Depois desse estudo, o layout será acrescido de círculos coloridos e legendas.
Confira, a seguir, detalhes das principais etapas que compõem a formação do mapa de risco hospitalar.
Análise sobre o ambiente hospitalar
O primeiro passo é conhecer a estrutura do hospital e a rotina de trabalho. Para isso, é importante estudar os ambientes.
Isso inclui as salas de atendimento, de exames e de cirurgia, os leitos, máquinas e equipamentos utilizados, o espaço onde ficam armazenados os insumos (medicamentos e vestimentas, por exemplo), itens do protocolo de risco cirúrgico, etc.
Além disso, deve-se coletar informações sobre os trabalhadores que compõem a equipe hospitalar.

Por exemplo:
- Quantidade
- Idade e gênero
- Formação acadêmica
- Especializações
- Jornada de trabalho
- Atividades exercidas
- Capacitação e treinamento de segurança, entre outros elementos.
Então, passamos à classificação dos riscos ocupacionais.
Classificação dos riscos ocupacionais
Após a análise da estrutura, é feita a identificação dos riscos existentes no ambiente hospitalar.
Conforme expliquei nos tópicos anteriores, os riscos são divididos em cinco categorias, de acordo com a natureza dessas ameaças.
Ou seja, físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes.
A partir dessa etapa, já é possível ter uma noção mais clara sobre a situação do hospital e os locais onde há maior número e intensidade de ameaças.
Medidas preventivas
Depois que a equipe identificou e mapeou as áreas contendo os riscos, parte-se para a próxima fase, que é a elaboração das medidas preventivas.
Elas devem ser adotadas considerando a ordem de prioridade no controle de riscos, que detalho a seguir:
- Eliminação dos fatores de risco
- Minimização e controle dos fatores de risco, com a adoção de medidas de proteção coletiva – inclusive a instalação de EPC
- Minimização e controle dos fatores de risco, com a adoção de medidas administrativas ou de organização do trabalho
- Adoção de medidas de proteção individual.
Outro ponto importante é a identificação de indicadores de saúde.
Identificação dos indicadores de saúde existentes
A identificação dos indicadores de saúde envolve a coleta e análise sobre todo o quadro clínico e histórico de eventuais ocorrências relacionadas ao trabalho.
Nesse sentido, a equipe encarregada deve avaliar aspectos como:
- Queixas comuns entre os colaboradores
- Tipos de acidente de trabalho mais frequentes
- Diagnóstico de doenças de caráter ocupacional
- Análise das causas do absenteísmo e licenças do trabalho.
Então, passamos ao mapa propriamente dito.
Criação da representação gráfica
Após a reunião de todas as informações acima, a equipe tem condições de elaborar o layout ou o projeto gráfico do mapa de risco.
Para isso, serão utilizados círculos coloridos contendo o código referente ao tipo e grau de risco existente naquele ambiente.
O mapa deve apresentar algumas informações específicas, a exemplo de:
- Quantidade de pessoas que trabalham no local
- Características do agente que provoca o risco
- intensidade de exposição ao risco, que deve ser representada por tamanhos proporcionais dos círculos.
Por fim, vem a etapa de treinamento dos times.
Treinamento e capacitação dos profissionais
A capacitação dos profissionais consiste em instruir a equipe sobre protocolos, normas de segurança e identificação de riscos.
É fundamental, pois promove consciência, habilidades específicas e uma cultura de prevenção.
Para implementá-lo, a instituição deve elaborar programas de formação contínua, com aulas, workshops e simulações práticas, visando padronizar procedimentos e assegurar a compreensão ampla das ameaças que constam no mapa de risco hospitalar.
Além disso, é importante avaliar o progresso dos participantes e manter a atualização constante, garantindo a melhoria contínua da segurança.

Quando revisar e atualizar o mapa de risco hospitalar?
O mapa de risco deve estar sempre atualizado, uma vez que evidencia informações indispensáveis para a proteção dos trabalhadores e de toda a comunidade hospitalar.
Portanto, o ideal é que seja revisado periodicamente, a cada semestre ou ano, a fim de garantir que os dados continuam válidos.
O documento também precisa ser atualizado diante de mudanças como:
- Alterações no layout do local
- Aquisição de novas tecnologias
- Evidências de exposição ocupacional a novos agentes de risco, que devem ser identificados e classificados para que constem no mapa.
Você sabe como a tecnologia é aliada em todos os processos de SST? Explico a seguir.
Conheça outras medidas de saúde e segurança do trabalho
Cabe ao gestor hospitalar mobilizar as equipes do SESMT e CIPA em prol da construção de ambientes laborais que viabilizem o bem-estar de todos.
Para tanto, é necessário implementar iniciativas de SST como o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), que reúne as medidas de Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) nas empresas.
Esse e outros programas devem ser registrados formalmente por meio de documentos específicos, muitos deles assinados por especialistas como o médico do trabalho e engenheiro de segurança.
Mas nem sempre esses profissionais estão presentes durante todo o horário de funcionamento do estabelecimento, o que pode atrasar o envio de informações aos stakeholders e órgãos governamentais.
A boa notícia é que dá para agilizar a finalização dos relatórios usando a assinatura digital disponibilizada pela Telemedicina Morsch.
Basta acessar nosso software em nuvem a partir de qualquer dispositivo conectado à internet para criar, atualizar, armazenar assinar e compartilhar os seguintes documentos:
Solicite já um orçamento sem compromisso aqui!
Conclusão
Neste artigo, você conferiu as principais informações e dicas sobre o mapa de risco hospitalar.
Essa ferramenta oferece dados indispensáveis para a conscientização da comunidade hospitalar a respeito dos riscos presentes em diferentes locais.
Se o conteúdo foi útil para você compartilhe!
E leia mais artigos sobre medicina ocupacional que escrevo aqui no blog.