Risco biológico: o que é, exemplos, classes de risco e como prevenir

Por Dr. José Aldair Morsch, 4 de junho de 2024
Riscos biológicos

O risco biológico costuma estar presente em hospitais, laboratórios e outros estabelecimentos de saúde.

Nesses locais, o trabalhador pode estar exposto à contaminação por microrganismos capazes de provocar doenças.

E isso pede a adoção de medidas de SST e de biossegurança.

Neste artigo, explico o que são, como são classificados e quais as principais ações para prevenir riscos biológicos.

Acompanhe até o fim para conhecer ainda serviços de telemedicina ocupacional que otimizam a rotina dos profissionais do SESMT.

O que é risco biológico?

Risco biológico é aquele que resulta do contato ou manipulação de microrganismos patógenos.

Uma definição mais específica – e em linguagem técnica – pode ser encontrada na publicação “Classificação de risco dos agentes biológicos”.

Ela define risco biológico da seguinte maneira:

“É a probabilidade de ocorrência de efeitos adversos à saúde humana, animal, vegetal e ao ambiente em decorrência da manipulação de agentes, materiais biológicos infectados ou toxinas”.

Já os agentes biológicos são organismos ou moléculas com potencial ação biológica infecciosa sobre o homem, animais, plantas ou o meio ambiente em geral, incluindo microrganismos geneticamente modificados ou não, culturas de células, parasitas, toxinas e príons.

Diferença entre riscos físicos, químicos e biológicos

Muitas vezes, os riscos físicos, químicos e biológicos são citados em conjunto.

Existe uma razão para isso, pois todos eles são riscos ambientais, ou seja, provenientes das características, materiais, processos e técnicas empregados no ambiente laboral.

Contudo, há diferenças em sua natureza.

Os riscos físicos surgem a partir da exposição a diferentes formas de energia, a exemplo do ruído ocupacional, calor, umidade, radiações ionizantes e não ionizantes.

Riscos químicos, por sua vez, têm origem no contato e manipulação de produtos químicos, que podem ser neblinas, poeiras, fumos, névoas, gases e vapores contendo amianto, benzeno, sílica e outras substâncias.

Ao passo que os riscos biológicos decorrem da exposição ocupacional a microrganismos que causam patologias.

Exemplos de risco biológico no trabalho

Diversos agentes de risco biológico podem ser encontrados nos locais de trabalho.

A seguir, elenco alguns deles:

  • Vírus: coronavírus, HIV, vírus da febre amarela
  • Bactérias: Clostridium tetani, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus
  • Fungos: Candida albicans, Blastomyces dermatiolis, Histoplasma
  • Protozoários: Entamoeba histolytica, Giardia lamblia, P. malariae
  • Entidades acelulares: príons, RNA ou DNA e partículas virais (VPLs).

Saiba mais sobre a classificação dos riscos biológicos a seguir.

Como se classificam os riscos biológicos?

As diferentes classes de risco biológico constam nas principais legislações sobre o tema, como a norma regulamentadora 32 (NR-32), que aborda a Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde.

E a Portaria 2.349/2017, que aprovou a Classificação de Risco dos Agentes Biológicos elaborada em 2017, pela Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS), do Ministério da Saúde, definindo as seguintes classes.

Classe de risco 1

Reúne os agentes com baixo risco individual para o trabalhador e para a coletividade, e com baixa probabilidade de causar doença ao ser humano.

Lactobacillus spp. e Bacillus subtilis são alguns exemplos dessa classificação, que contempla microrganismos que não costumam causar doenças em humanos ou animais adultos sadios.

Classe de risco 2

Apresenta risco individual moderado para o trabalhador e baixa probabilidade de disseminação para a coletividade.

Schistosoma mansoni, vírus da rubéola e demais agentes com risco 2 podem causar doenças ao ser humano, mas existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento para essas patologias.

Classe de risco 3

Corresponde a risco individual elevado para o trabalhador, com probabilidade de disseminação para a coletividade.

Inclui Bacillus anthracis, HIV e outros agentes capazes de causar doenças e infecções graves ao ser humano, para as quais nem sempre existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento.

Classe de risco 4

Representa risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade elevada de disseminação para a coletividade.

Engloba os vírus ebola, da varíola e outros com grande poder de transmissibilidade de um indivíduo a outro.

Eles têm o potencial de causar doenças graves ao ser humano, para as quais não existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento.

Perigo biológico

Diversos agentes de risco biológico podem ser encontrados nos locais de trabalho

Como prevenir riscos biológicos no trabalho?

A prevenção começa com a estratégia de Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), que permite a antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ocupacionais – incluindo os biológicos.

Basicamente, ela inclui um inventário de riscos e plano de ação, formalizados através do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), que substituiu o antigo Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA).

Além dessa estratégia, é importante realizar ações de biossegurança, como lista este artigo da Fiocruz:

  • Garantir o conhecimento da Legislação Brasileira de Biossegurança e dos riscos presentes no ambiente laboral pelo manipulador
  • Oferecer treinamento e informação aos trabalhadores, principalmente no que se refere à maneira como essa contaminação por agentes biológicos pode ocorrer, o que implica no conhecimento amplo do microrganismo ou vetor com o qual se trabalha
  • Respeitar as regras de saúde e segurança do trabalho, a exemplo da sinalização de segurança
  • Adotar medidas e equipamentos de proteção coletiva (EPCs) como lava-olhos e kits de primeiros socorros
  • Promover o uso de equipamentos de proteção individual (EPI) como avental, luvas descartáveis, máscara e óculos de proteção
  • Realizar a autoclavagem de material biológico patogênico, antes de eliminá-lo no lixo comum
  • Utilizar desinfetante apropriado para inativação de um agente específico.

Você também pode usar a tecnologia a seu favor, como explico no próximo tópico.

Como emitir laudo do PPRA com a telemedicina?

Sistemas modernos como a Telemedicina Morsch disponibilizam a emissão e assinatura do PPRA online, conectando o SESMT local a especialistas como engenheiros de segurança e médicos do trabalho.

Basta usar um computador, tablet ou smartphone para acessar nosso software em nuvem, inserindo login e senha.

Dentro desse ambiente virtual, você poderá armazenar, compilar, compartilhar e produzir o PPRA (ou PGR) em poucos cliques.

E, em seguida, encaminhar o documento para ser assinado digitalmente.

Essa solução também contempla outros arquivos de medicina e segurança do trabalho, englobando:

Leve essa inovação para sua empresa clicando aqui!

Conclusão

Espero ter ajudado a expandir seus conhecimentos sobre risco biológico.

Esse é um tema complexo, mas que deve ser considerado para evitar doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, preservando a saúde e integridade dos colaboradores.

Se achou o conteúdo interessante, leia mais artigos sobre medicina ocupacional que publico aqui no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin