Risco químico: o que é, exemplos, como identificar e dicas de prevenção

Por Dr. José Aldair Morsch, 26 de fevereiro de 2024
Risco químico

Diferentes tipos de risco químico podem estar presentes nos ambientes de trabalho.

Seja em estado sólido, líquido ou gasoso, essas substâncias são capazes de provocar acidentes e doenças ocupacionais, principalmente quando não há um controle efetivo.

Daí a importância de identificar, avaliar e implementar medidas de segurança e saúde e do trabalho que eliminem ou pelo menos diminuam a exposição a essas ameaças.

Trago algumas sugestões neste artigo, além de exemplos de riscos químicos e como impulsionar as ações de SST usando a telemedicina ocupacional.

Vamos em frente?

O que é risco químico?

Risco químico é aquele proveniente da exposição ocupacional a agentes químicos capazes de penetrar o organismo por via respiratória, dérmica ou por ingestão.

Conforme define este material da Fiocruz:

“É o perigo a que determinado indivíduo está exposto ao manipular produtos químicos que podem causar-lhe danos físicos ou prejudicar-lhe a saúde. Os danos físicos relacionados à exposição química incluem desde irritação na pele e olhos, passando por queimaduras leves, indo até aqueles de maior severidade, causados por incêndio ou explosão”.

Lesões e doenças causadas pela exposição a um agente químico podem resultar tanto do contato rápido quanto de longa duração.

A manipulação de um produto corrosivo pode ocasionar rapidamente um ferimento na pele, enquanto a inalação de poeiras minerais pode desencadear patologias crônicas do sistema respiratório, nervoso, digestivo, entre outros.

Diferenças entre risco químico, físico e biológico

Riscos químicos, físicos e biológicos formam a categoria dos riscos ambientais, que são aqueles originados do ambiente laboral.

Todos eles são capazes de provocar danos à saúde, em função de sua natureza, concentração, intensidade ou tempo de exposição.

Contudo, cada um se refere a diferentes tipos de agentes de risco ocupacional.

Os agentes químicos estão presentes em produtos químicos utilizados ou resultantes dos processos de trabalho.

Por sua vez, os agentes físicos correspondem a diferentes formas de energia presentes na rotina das empresas, a exemplo do ruído, pressão, vibração e radiações.

E os agentes biológicos são microrganismos patógenos encontrados em certos locais, incluindo vírus, bactérias, protozoários e fungos.

Exemplos de riscos químicos no trabalho

Os riscos químicos podem estar presentes no ambiente sob a forma de poeiras, fumos, gases, neblinas, névoas ou vapores.

Um dos mais conhecidos é o amianto ou asbesto, que já foi largamente empregado para a fabricação de telhas, caixas d’água e tubulações, bem como para isolamento acústico e térmico.

Trabalhadores atuantes na mineração, moagem e ensacamento de asbesto, fabricação de produtos de cimento-amianto, entre outras atividades ficam sujeitos à inalação da fibra de amianto, que é reconhecidamente cancerígena.

A exposição a esse agente químico pode causar asbestose, câncer de pulmão e um tipo de tumor raro e agressivo que afeta a membrana que reveste os pulmões, chamado mesotelioma.

Outros agentes químicos comuns nos ambientes de trabalho são:

  • Benzeno
  • Sílica
  • Hidrogênio
  • Dióxido de carbono
  • Mercúrio
  • Níquel
  • Urânio.
  • Aldeídos
  • Propano
  • Acetona.

A seguir, falo sobre a legislação aplicada ao enfrentamento dos riscos químicos.

Perigo químico

Risco químico é aquele proveniente da exposição ocupacional a agentes químicos

O que diz a NR-32 sobre riscos químicos?

A Norma Regulamentadora 32 (Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde) aborda diversas medidas de identificação e mitigação dos riscos ambientais, inclusive aqueles ocasionados por agentes químicos.

Um dos destaques está no item 32.3, que determina a correta identificação de produtos químicos, afirmando que:

“Todo recipiente contendo produto químico manipulado ou fracionado deve ser identificado, de forma legível, por etiqueta com o nome do produto, composição química, sua concentração, data de envase e de validade, e nome do responsável pela manipulação ou fracionamento”.

A legislação também estabelece que todos os produtos químicos que impliquem risco à saúde do trabalhador devem ter uma ficha descritiva.

Identificação de risco químico: cor e símbolo

Riscos químicos são marcados em vermelho em instrumentos de classificação dos riscos ocupacionais, como mapas.

Existem ainda outras regras, descritas em documentos como a NR-26, que trata da sinalização de segurança.

A norma define que a rotulagem de produtos químicos deve atender aos critérios estabelecidos pelo Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos – GHS, da Organização das Nações Unidas.

Ou seja, sua embalagem deve conter os seguintes elementos:

  • Identificação e composição do produto químico
  • Pictograma(s) de perigo: símbolo preto com uma borda vermelha. Produtos tóxicos são ilustrados com uma caveira, enquanto os inflamáveis levam uma chama
  • Palavra de advertência: alerta de “perigo” ou “atenção”
  • Frase(s) de perigo: descrição do efeito danoso do produto
  • Frase(s) de precaução: orientações para evitar ocorrências
  • Informações suplementares.

Veja na sequência quais ações preventivas implementar na empresa.

Como prevenir os riscos químicos com a segurança do trabalho?

As medidas de prevenção devem fazer parte do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), detalhado no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) e Programa de Proteção Respiratória (PPR).

O ideal é estabelecer as ações considerando a hierarquia do controle de riscos ocupacionais, que começa com a eliminação da fonte de risco.

Depois, vem a substituição do produto por um menos perigoso, seguida por soluções de engenharia, como o enclausuramento ou exaustão de produtos químicos.

Se essas medidas não forem viáveis ou suficientes, deve-se adotar ações de proteção coletiva, a exemplo da ventilação natural para que a concentração do agente fique abaixo do limite de tolerância.

Por fim, ainda dá para complementar a prevenção com equipamentos de proteção individual (EPI), a exemplo de máscara facial, avental, óculos e luvas de proteção.

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Outra ação preventiva é o monitoramento da saúde dos colaboradores através do exame ocupacional, incluindo exames complementares do PCMSO.

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Conclusão

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E não deixe de conferir outros conteúdos sobre medicina ocupacional que publico aqui no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin