Tipos de exames que usam radiação na medicina

Por Dr. José Aldair Morsch, 11 de janeiro de 2019
Radiação na Medicina: tipos de radiações, exames e medicina nuclear

O uso da radiação na medicina, embora tenha gerado avanços indiscutíveis, ainda desperta dúvidas.

As principais dizem respeito aos efeitos da radiação ionizante e também sobre como funciona a radiação em um exame de imagem.

Esse é um conhecimento que precisa ser dominado por profissionais de saúde e administradores de clínicas e hospitais.

Afinal, cabe a eles tranquilizar o paciente, enaltecer os benefícios da radiação e mostrar como ela é importante para o seu próprio bem-estar.

Graças ao uso da radiação na medicina, o campo da saúde tem avançado no diagnóstico e tratamento de várias doenças.

Um dos destaques vai para o câncer, que foi, durante muito tempo, uma sentença de morte.

Hoje, pacientes têm acesso a terapias, chances reais de remissão e até cura, muitas vezes contando com o apoio da medicina nuclear.

Se deseja saber mais sobre essa e outras aplicações da radiação na saúde, continue lendo este texto.

Partindo da descoberta dos raios X até o uso de isótopos, vamos compreender quais são os tipos de radiações e a importância desse campo atualmente.

Boa leitura!

Uso da radiação na medicina

Antes de falar sobre radiação médica em si, é interessante entender o conceito mais amplo.

Podemos dizer que radiação é a energia emitida por uma fonte, que se propaga pelo espaço e tem a capacidade de penetrar materiais.

Conforme detalha a Fiocruz, as radiações são ondas eletromagnéticas ou partículas e, portanto, contêm carga elétrica e magnética.

Elas podem ser naturais ou criadas a partir de dispositivos inventados pelo ser humano.

As radiações eletromagnéticas estão presentes no dia a dia da maioria das pessoas.

Luz, ondas de rádio e micro-ondas, raio X e radiação gama são as mais comuns.

Já as radiações alfa, beta, feixes de prótons e elétrons são exemplos de radiações em forma de partículas.

Nas últimas décadas, fontes de radiação passaram a ser temidas por muita gente, devido a grandes acidentes como Chernobyl e a exposição ao Césio 137, em Goiânia.

Essas ocorrências envolveram a liberação de elementos radioativos sem medidas de controle, levando à ampla exposição, deformações e mortes.

Por outro lado, é inegável a contribuição da radiação no diagnóstico e tratamento de doenças.

Assim, entidades como o Instituto Nacional do Câncer (INCA) alertam para o uso controlado das radiações, a fim de promover benefícios à saúde da população exposta.

Os efeitos, benéficos ou não, dependem do tipo de radiação, tempo e intensidade da exposição.

Breve histórico

O uso da radiação na medicina teve início em 1895, com a publicação do artigo “Sobre uma nova espécie de raios”.

Nele, o físico alemão Wilhelm Conrad Roentgen comentou a descoberta do raio X e sua capacidade de produzir fotografias internas do corpo.

A nova técnica marcou o nascimento da radiologia médica, representando um progresso considerável.

Afinal, não era mais necessário realizar cirurgias exploratórias para diagnosticar doenças.

Anos depois, surgiram tecnologias cada vez mais avançadas, dando origem a aparelhos de tomografia, de ressonância magnética e à medicina nuclear.

Princípios básicos da medicina nuclear

Princípios básicos da medicina nuclear

Princípios básicos da medicina nuclear

A medicina nuclear utiliza materiais radioativos para fins diagnósticos e terapêuticos.

Por meio de substâncias contendo baixas quantidades de radiação (radiofármacos), essa especialidade dá suporte à cardiologia, neurologia, hematologia, dentre outras áreas.

Embora as radiografias e a medicina nuclear integrem o mesmo campo (a radiologia), elas partem de princípios distintos.

Enquanto as radiografias focam em características anatômicas, a medicina nuclear se concentra no funcionamento dos órgãos e sistemas.

Uma de suas aplicações mais conhecidas aparece no detalhamento do câncer, determinando o tipo e extensão de tumores.

A partir desses dados, especialistas podem tomar decisões mais assertivas sobre o tratamento e alívio de sintomas.

Além do câncer, doenças como embolia pulmonar, infecções agudas e infarto do miocárdio são diagnosticadas pela medicina nuclear.

Alguns radiofármacos também servem para combater dores nos ossos, hipertireoidismo ou para tratar o câncer na tireoide.

Quais são os tipos de radiações usados pela medicina nuclear?

Há alguns tópicos, citei que as radiações podem ser de diferentes tipos.

Uma das classificações principais divide as radiações em ionizantes e não ionizantes.

As últimas possuem uma quantidade menor de energia, apresentando riscos baixos. É o caso da luz, calor, micro-ondas e das ondas de rádio.

Já as radiações ionizantes têm origem no núcleo dos átomos, contendo alta quantidade de energia.

Elas são capazes de provocar a perda de elétrons, alterando o estado físico dos átomos – em um processo que se chama ionização.

Pilares da radiologia médica, os raios X são exemplos de radiação ionizante.

Os tipos utilizados pela medicina nuclear são as radiações alfa, beta e gama.

Vou trazer detalhes sobre cada um deles agora.

Partícula Beta

Corresponde ao elétron emitido pelo núcleo de um átomo instável.

Elétron é uma das partículas que constituem o átomo, e tem carga elétrica negativa.

As partículas beta têm alta velocidade (cerca de 270.000 km/s), mas sua capacidade de penetração no tecido humano é de aproximadamente 1 cm.

Por isso, elas podem causar danos superficiais à pele, mas não aos órgãos, a menos que sejam ingeridas ou aspiradas.

Partícula Alfa

É formada por duas partículas subatômicas positivas (prótons) e duas neutras (nêutrons).

Possui massa e carga elétrica maiores que as partículas beta, mas atinge uma velocidade menor (cerca de 20.000 km/s).

Portanto, sua capacidade de penetração é baixa – não costuma ultrapassar a camada externa de células mortas acima da pele.

Radiação Gama

Depois de emitir uma partícula alfa ou beta, o núcleo instável de um átomo produz ondas eletromagnéticas que constituem a radiação gama.

Assim como os raios X, os raios gama têm alta velocidade, chegando a 300.000 km/s.

Portanto, apresentam grande poder de penetração em diversos materiais, inclusive no corpo humano.

Benefícios do uso da radiação na medicina

Desde a descoberta das radiações ionizantes, profissionais de saúde podem obter imagens internas do organismo, sem recorrer à cirurgia exploratória.

Essa possibilidade resultou na preservação de inúmeras vidas ao longo dos anos.

Afinal, o risco de uma operação é muito maior que o de testes radiológicos.

Monitoramento e tratamento de doenças de forma não invasiva são outras vantagens do uso da radiação na medicina.

Riscos do uso da radiação na medicina

Riscos do uso da radiação na medicina

Riscos do uso da radiação na medicina

Quando há baixa exposição, praticamente não existem efeitos colaterais graves.

Ocasionalmente, pode haver alergia leve ou vermelhidão na parte exposta aos rádios e partículas.

Isso explica por que, muitas vezes, é benéfico realizar exames e tratamentos com radiação.

O problema é que ela tem efeito cumulativo.

Em outras palavras, após períodos de exposição, a radiação ionizante pode até alterar o DNA das células, aumentando o risco de desenvolver doenças, como o câncer.

Esses perigos levaram instituições como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde a alertar a população em geral.

A OMS elaborou documentos informativos, a fim de reduzir a exposição à radiação, especialmente entre crianças.

Principais exames com uso da radiação na medicina

Principais exames com uso da radiação na medicina

Principais exames com uso da radiação na medicina

A radiografia de uma fratura talvez seja o exemplo mais popular do uso da radiação na medicina.

Mas a radiologia médica é uma das áreas que evolui com maior rapidez e conta, atualmente, com técnicas avançadas.

Poucos anos após a descoberta da radiografia, foi inventado o tomógrafo, seguido pelo aparelho de ressonância magnética.

Mais atual, a medicina nuclear também parte do uso de radiação ionizante.

A seguir, conheça alguns exames comuns nesse campo.

Radiografia de raio X

Utiliza raios X para registrar uma espécie de fotografia interna do corpo.

Uma de suas principais limitações é a captação em somente duas dimensões, mostrando estruturas anatômicas sobrepostas.

De qualquer forma, o teste continua sendo útil para diagnósticos simples, principalmente quando envolvem tecidos mais densos, como os ossos.

Esses tecidos aparecem com maior nitidez nas radiografias, pois absorvem mais radiação.

Partes moles como os órgãos absorvem menos radiação, aparecendo em tons mais escuros nas imagens.

Tomografia computadorizada

Também usa raios X para mostrar partes internas, mas as imagens geradas são transversais.

O aparelho utilizado no teste (tomógrafo) possui um tubo que gira 360º em torno do paciente, colhendo imagens em cortes de uma mesma estrutura anatômica.

Esses registros podem, inclusive, ser sobrepostos para formar imagens em 3D.

Ressonância magnética nuclear

O equipamento utilizado na ressonância magnética usa um campo magnético e ondas de rádio para gerar imagens de alta resolução.

A RM é particularmente eficaz para visualizar partes moles e áreas como articulações.

Outra vantagem é que o exame não usa radiação ionizante, podendo ser realizado em gestantes, sem riscos ao feto.

Cintilografia

Esse é um dos principais exames da medicina nuclear.

Usando substâncias que emitem sinais detectados pela câmara de cintilação, o teste revela pontos afetados por patologias.

Quando é realizado no coração, por exemplo, mostra áreas com isquemia (obstrução no fluxo sanguíneo).

Em pacientes com câncer, a cintilografia aponta metástase ou retorno de células doentes após uma operação.

Mamografia

Também conhecido como radiografia das mamas, o teste usa raios X para monitorar alterações no tecido mamário.

Devido ao baixo custo, simplicidade e disponibilidade, a mamografia é o principal exame de rastreamento do câncer de mama em vários países.

Especialistas recomendam que as mulheres sem histórico da doença realizem uma mamografia anual, a partir dos 40 anos de idade.

Outras aplicações da radiação na medicina

Outras aplicações da radiação na medicina

Outras aplicações da radiação na medicina

A radiação tem aplicações terapêuticas, especialmente na área de medicina nuclear.

Em tópicos anteriores, comentei que alguns radiofármacos ajudam no tratamento de patologias e alívio de sintomas.

O iodo-131, por exemplo, se acumula na tireoide e emite radiações gama, destruindo células cancerígenas enfraquecidas.

Já o samário-153 combate o câncer nos ossos, além de atuar como analgésico, reduzindo dores provocadas por metástases.

Radiofármacos e radiotraçadores

Os medicamentos utilizados em medicina nuclear são denominados radiofármacos.

Esses compostos são formados por moléculas ligadas a radioisótopos – elementos com o mesmo número de partículas positivas (prótons), dos quais ao menos um é radioativo.

Radioisótopos artificiais também são chamados radiotraçadores.

Eles podem se transportar pelo organismo, chegando a determinados tecidos e emitindo radiação gama nesses locais.

Em alguns casos, a radiação é usada para destruir células cancerosas.

Na cintilografia, ela é detectada pela câmara de cintilação e transformada em imagem, diagnosticando patologias.

Tecnécio-99 e gálio-67 são exemplos de radiotraçadores.

Radioterapia

A radioterapia consiste no emprego de radiação ionizante para combater diferentes tipos de câncer, como o de mama, próstata e pulmão.

Esse tratamento pode impedir que as células cancerosas aumentem, ou até destruí-las.

Existem dois tipos de radioterapia.

Na teleterapia ou radioterapia externa, o paciente recebe aplicações diárias de radiação, emitidas por um aparelho que fica afastado.

O segundo tipo, a braquiterapia, corresponde a aproximadamente 20% das indicações médicas, pois é mais agressivo.

Nele, aplicadores são colocados diretamente sobre a região tratada, e a radiação é emitida do aparelho para os aplicadores.

Segurança, monitoração e proteção na exposição da radiação na medicina

Segurança, monitoração e proteção na exposição da radiação na medicina

Segurança, monitoração e proteção na exposição da radiação na medicina

Três fatores são essenciais na proteção à exposição a radiações: tempo, distância e blindagem.

Ou seja, tanto trabalhadores que atuem em radiologia médica quanto a população em geral devem ficar expostos pelo menor tempo possível.

No caso dos trabalhadores, há regras para que se mantenham distantes durante exames que envolvam radiação.

Já a blindagem, que costuma ser feita de chumbo, integra as salas de exames e tratamentos desde o projeto.

O objetivo é restringir a área de exposição, evitando que salas vizinhas ofereçam riscos.

No Brasil, a Norma Regulamentadora 32 do Ministério do Trabalho estabelece medidas de segurança e saúde em Serviços de Saúde.

A legislação exige que as unidades que atuem com radiação tenham um Plano de Proteção Radiológica (PPR), incluindo a monitoração individual de cada funcionário exposto à radiação.

Essa monitoração precisa respeitar os limites determinados pela CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear).

O órgão também estabelece limites aceitáveis para a exposição do público em geral.

Os empregados devem, ainda, ser treinados e usar Equipamentos de Proteção Individual adequados, como avental, óculos, luvas, protetores de tireoide e gônadas.

Telemedicina na emissão de laudos a distância na radiologia

Telemedicina na emissão de laudos a distância na radiologia

Exames que utilizam radiação têm sido a base para o diagnóstico por imagem em todo o mundo.

Eles contemplam desde avaliações simples, realizadas por raio X, até pedidos complexos.

Porém, a distribuição de mão de obra qualificada para laudar esses testes é bastante desigual.

No Brasil, a carência de especialistas implica em custos e grandes deslocamentos para pacientes.

Mas, com o apoio da telemedicina, clínicas em todo o país podem ampliar o portfólio, oferecendo mais exames e resultados de qualidade.

Graças ao serviço de laudos a distância, é possível reduzir gastos com equipes grandes, delegando os resultados aos especialistas da empresa de telemedicina.

Radiografia, mamografia, tomografia e ressonância magnética podem se beneficiar com os laudos online.

Basta que a clínica ou hospital realize os testes com aparelhos digitais.

O treinamento de técnicos em radiologia pode ser feito com materiais disponíveis na própria plataforma de medicina, 24 horas por dia.

Essa é a proposta da Telemedicina Morsch, que ainda disponibiliza alguns equipamentos digitais sem custos no regime de comodato.

Conclusão

 

Neste artigo, mostrei como funciona a radiação na medicina, seus benefícios e riscos.

Quando utilizada junto a medidas de segurança, essa especialidade tem muito mais vantagens que desvantagens.

Com o suporte da telemedicina, qualquer clínica ou hospital pode oferecer exames e laudos radiológicos de forma ágil e confiável.

Deixe que a Telemedicina Morsch auxilie você e sua equipe com o serviço de laudos a distância.

Entre em contato para conhecer planos pensados para sua unidade de saúde.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin