O que é e como é feita a Ressonância cardíaca? Quando não fazer?

Por Dr. José Aldair Morsch, 3 de dezembro de 2018
Ressonância do coração - o que é, como é feita, indicações e resultados

A ressonância do coração é um dos exames mais completos de avaliação cardiológica.

Através dele, médicos cardiologistas encontram suporte para o diagnóstico de uma série de doenças complexas.

Suas indicações vão de arritmias a tumores, o que o torna bastante abrangente.

Isso já dá uma ideia sobre a quantidade de informações que cercam o exame.

Assim, conhecer detalhes sobre a ressonância magnética cardíaca é do interesse de todos, incluindo aí pacientes, médicos e demais profissionais da saúde.

Neste artigo, você vai ter um guia completo sobre o assunto.

Vou começar explicando o que é ressonância magnética do coração. Na sequência, falar sobre a sua importância, principais indicações, preparo para realização e outros pontos que merecem atenção.

Também abordarei os resultados do exame e sua análise e interpretação, tarefa essa que tem ganhado em qualidade com o avanço da tecnologia.

Se o tema interessa, não deixe de acompanhar até o final.

Boa leitura!

O que é ressonância magnética do coração ou ressonância cardíaca?

Ressonância do coração é um exame de diagnóstico por imagem que usa um campo magnético para mostrar a região cardíaca de forma clara e precisa.

O teste é seguro, não invasivo e indolor. Ele é capaz de registrar imagens anatômicas e do funcionamento do coração sob diversos ângulos.

Atualmente, a técnica da ressonância magnética cardíaca, ou RMC, é considerada a mais moderna entre os exames de imagem, pois envolve registros tridimensionais do coração.

A partir dela, são coletadas informações sobre o volume, câmaras cardíacas (átrios e ventrículos), válvulas cardíacas e superfície do órgão.

O procedimento torna possível visualizar detalhes sobre a atividade do músculo cardíaco e o fluxo sanguíneo na área.

A importância da RMC

Como gera imagens de alta definição, a RMC tem grande importância para o diagnóstico de doenças cardíacas complexas, como as anomalias congênitas, que são aquelas presentes desde o nascimento.

Também é útil na identificação de tumores e alterações nos vasos sanguíneos que irrigam o coração, a exemplo da isquemia, caracterizada por bloqueio que reduz o fluxo sanguíneo para o coração.

Graças à evolução e precisão das técnicas de ressonância magnética, a RMC se tornou aliada também na detecção e acompanhamento da doença arterial coronariana (DAC).

Essa é uma das patologias cardiovasculares mais comuns, e está entre as principais causas de isquemia miocárdica, que é a redução do fluxo sanguíneo em locais nobres do coração, condição que pode levar ao infarto.

Principais indicações para a ressonância do coração

Ressonância cardíaca

Quando deve ser feita uma RM do coração?

A ressonância do coração pode ser indicada para investigar uma suspeita clínica, ou analisar anomalias encontradas em exames anteriores.

Além de doenças congênitas, o exame costuma ser recomendado nos seguintes casos:

  • Pesquisa de isquemia miocárdica
  • Avaliação pós-infarto, utilizando contraste para verificar a área do coração afetada por fibrose (degeneração do tecido do órgão)
  • Cardiomiopatias – doenças que levam à ampliação e inflamação do miocárdio, e podem culminar em insuficiência cardíaca
  • Arritmias, que são alterações na frequência cardíaca do coração
  • Tumores, sejam eles benignos ou malignos (cancerosos)
  • Trombos – coágulos que obstruem a circulação do sangue
  • Colagenoses – patologias que causam inflamação e degeneração no tecido conjuntivo, chamados vulgarmente de reumatismos
  • Aneurismas – áreas dilatadas e enfraquecidas em um vaso sanguíneo
  • Doenças nas válvulas do coração.

Diferença entre ressonância cardíaca (RMC) e tomografia cardíaca (TCC)

RM cardíaca e TC

RM cardíaca ou Tomografia cardíaca?

Ressonância magnética e tomografia são dois exames que podem registrar imagens da região cardíaca, mas com características bem diferentes.

E isso começa pela realização.

Enquanto a ressonância usa um campo magnético para captar imagens, a tomografia utiliza radiação ionizante e um tubo que gira em torno do paciente.

Interessante observar que a radiação ionizante está relacionada com o desenvolvimento de diversos tipos de câncer, não sendo recomendada para mulheres grávidas.

Quem tem claustrofobia (medo de locais fechados) precisa receber sedação leve para realizar a RMC, pois precisará ficar dentro do aparelho de ressonância.

Já a TCC não apresenta essa complicação, pois é bem mais rápida.

Outra diferença fundamental diz respeito às imagens registradas.

Na tomografia, são captados cortes transversais, limitados a um único plano.

Nesse aspecto, a ressonância leva vantagem por ser mais completa. Ela mostra a área cardíaca de vários planos diferentes, sem limitações.

A RMC também tem benefícios quando é necessário o uso de meios de contraste – substâncias que realçam algumas partes do corpo.

Isso porque o contraste usado na ressonância (gadolínio) raramente provoca reações adversas.

Já o contraste iodado, usado na tomografia cardíaca, pode causar reações leves, moderadas ou graves, principalmente em pessoas alérgicas ao iodo.

Alergias, falta de ar, insuficiência renal e até parada cardíaca são exemplos de complicações provocadas por contraste iodado.

Preparo para o exame de ressonância magnética do coração

A ressonância do coração sem contraste ou estresse induzido não exige nenhum tipo de preparo.

Só é preciso ter o cuidado de retirar qualquer objeto metálico antes de entrar na sala com o aparelho. Isso inclui brincos, pulseiras e relógios.

Já se for necessário utilizar contraste, normalmente, o paciente precisa estar em jejum de 5 horas.

Para a realização da RMC com estresse induzido, é necessário suspender a ingestão de cafeína e alimentos energéticos, como chocolates, nas 24 horas anteriores ao exame.

Caso tome alguma medicação, ela só deve ser suspensa sob orientação médica.

Como é feita a ressonância do coração?

Antes de entrar na sala onde se encontra o aparelho de ressonância, o paciente retira os objetos metálicos que esteja usando.

Crianças pequenas e pessoas claustrofóbicas recebem uma leve sedação, evitando que se movimentem durante o exame.

Em seguida, o paciente deita de barriga para cima na maca, que desliza para dentro do aparelho, onde há um tubo que faz a captação das imagens.

Dependendo da recomendação médica, a RMC pode durar de 20 minutos a mais de uma hora.

O paciente precisa ficar estático durante esse tempo, pois qualquer movimentação pode comprometer a qualidade dos registros.

No diagnóstico de isquemia, é realizada ressonância magnética com estresse induzido.

Em geral, o paciente recebe uma medicação específica, chamada dipiridamol, antes de o teste começar.

Ele faz aumentar o batimento cardíaco e consequentemente a demanda por oxigênio, como acontece quando há estresse físico (na realização de exercícios, por exemplo).

Quando há isquemia, o órgão tem dificuldades para prover o oxigênio suficiente durante o período de estresse.

Contraste na ressonância magnética do coração

Como expliquei há alguns tópicos, o contraste serve para evidenciar determinadas áreas do coração.

A substância utilizada em exames de ressonância é o gadolínio, que auxilia na diferenciação entre as partes do músculo cardíaco.

Os trechos por onde o contraste passa aparecem com maior nitidez nas imagens, em tons mais claros.

O uso de contraste tornou possível observar, por exemplo, o fluxo sanguíneo das veias e artérias que irrigam o coração.

Assim, fica mais fácil identificar bloqueios, isquemias e anormalidades.

Outro uso comum da ressonância cardíaca contrastada se dá na avaliação de pacientes que sofreram infarto do miocárdio, através da técnica de realce tardio.

De forma resumida, o exame mostra o quanto o órgão foi comprometido pela interrupção da irrigação sanguínea e, por consequência, da nutrição e oxigenação, provocadas pelo infarto.

Nesse caso, o paciente recebe o gadolínio por via intravenosa, e a substância chega até a região cardíaca.

Nas imagens registradas pela técnica do realce tardio, as partes afetadas pelo infarto aparecem mais claras que as demais.

Isso acontece porque o gadolínio não consegue penetrar as membranas das células sadias e, portanto, essas células ficam mais escuras nas imagens.

As áreas prejudicadas pelo infarto sofrem um rompimento na membrana das células, permitindo que o contraste circule e evidencie o tecido necrosado, que aparece mais claro nas imagens da RMC.

Com todas essas informações, o médico responsável pelo acompanhamento do paciente pode optar por tratamentos mais assertivos.

Contraindicações para o exame RM cardíaca

Aparelho de RM cardíaca

Quando não devemos realizar uma RM cardíaca?

Caso o paciente tenha implantes eletrônicos, como marca-passo no coração ou no cérebro, o exame está contraindicado.

O teste também não é recomendado para pessoas que tenham próteses, como stents vasculares, parafusos, placas, válvulas cerebrais, cardíacas ou algumas próteses penianas.

Outra contraindicação se aplica a pacientes com insuficiência renal, já que eles podem sofrer complicações por causa do contraste com gadolínio.

Como já destacado, pessoas claustrofóbicas e crianças pequenas podem ter dificuldades para ficar paradas durante a RMC e, nesses casos, se aplica uma sedação leve que costuma funcionar bem.

Resultados para a ressonância do coração

Por ser um exame mais sensível que os demais, a ressonância do coração raramente apresenta resultados normais.

O que acontece é que ela costuma ser indicada para confirmar ou aprofundar os conhecimentos sobre patologias na região cardíaca em pacientes doentes.

De qualquer forma, resultados normais indicam que coração, veias e artérias estão saudáveis, sem anormalidades aparentes.

Uma das vantagens da ressonância do coração é um bom prognóstico.

Em outras palavras, uma RMC sem alterações mostra que o risco de doenças cardiovasculares em um futuro próximo é pequeno.

Segundo diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o exame é eficiente no diagnóstico de massas na região cardíaca, como tumores.

Trombos nos ventrículos, estenose aórtica e inflamações no pericárdio (membrana que reveste o músculo cardíaco) também aparecem nas imagens da ressonância cardíaca.

Estenose aórtica é o estreitamento da válvula aórtica, responsável pela passagem do sangue do ventrículo esquerdo para a artéria aorta e o restante do corpo.

Com o tempo, essa condição pode levar à insuficiência cardíaca, quando o coração não consegue bombear o sangue necessário para a nutrição e oxigenação das células do corpo.

Quanto custa um exame de ressonância magnética do coração?

O preço de uma ressonância magnética cardíaca varia de acordo com a clínica ou hospital em que é realizada, além da região do país e recomendação médica.

Em média, uma RMC simples pode custar entre R$ 800 e R$ 1300.

Qual profissional é habilitado para realizar a RMC?

Assim como outros exames de diagnóstico por imagem, a ressonância do coração pode ser realizada por um técnico em radiologia, desde que treinado para conduzir o teste.

No entanto, o exame costuma ser acompanhado por um médico, que pode visualizar os registros em tempo real, por meio da estação de aquisição de imagens.

Nessa estação, as imagens transmitidas pelo equipamento de ressonância magnética aparecem na tela de um computador.

Qual profissional é habilitado para laudar a RMC?

No Brasil, o órgão que regula a emissão de laudos médicos é o Conselho Federal de Medicina (CFM).

Segundo a entidade, somente médicos especialistas podem produzir e assinar esses documentos, sejam eles físicos ou elaborados à distância.

No caso da RMC, o especialista deve ter conhecimentos em cardiologia e radiologia para laudar o exame.

Outra possibilidade é a construção do laudo por dois especialistas: um radiologista e um cardiologista.

Nesse caso, ambos serão responsáveis pelo diagnóstico do paciente.

Telemedicina como solução para laudos a distância da Ressonância Cardíaca

Telediagnóstico em RM

A Telemedicina lauda RM

Se, por um lado, a exigência de especialistas garante a qualidade e segurança dos laudos, por outro, ela acaba sendo um obstáculo para o acesso ao exame.

Essa dificuldade está presente, em especial, nas regiões mais remotas, como pequenas cidades no interior do país.

Nesses locais, nem sempre o médico especialista está presente.

O custo de contratação de bons profissionais também é um entrave para clínicas que desejam oferecer a RMC.

Por tudo isso, uma boa opção é a parceria com empresas de telemedicina, que possibilita obter laudos à distância.

O processo é simples, seguro e de alta qualidade.

Com supervisão médica, o técnico em radiologia realiza a ressonância do coração por meio de um equipamento digital.

Nesse momento, os registros são enviados automaticamente a um software específico, que permite o compartilhamento das imagens via plataforma de telemedicina.

Em seguida, os especialistas recebem os registros e informações do paciente, assim como a suspeita clínica – tudo através da plataforma, que é acessada com login e senha.

Eles avaliam as imagens e registram sua análise no laudo médico, assinado digitalmente.

O documento é disponibilizado e pode ser visto por profissionais de saúde e até pelo paciente.

Com o auxílio da tecnologia, portanto, não apenas a unidade de saúde pode oferecer o exame, como garante a qualidade do diagnóstico.

Conclusão

Neste artigo, você conferiu informações sobre as características da ressonância magnética do coração.

Esse é um procedimento complexo, que deve ser laudado por especialistas capacitados em cardiologia e radiologia.

Se na sua clínica ou hospital a RMC ainda não é oferecida, conte com a tecnologia para ampliar a oferta.

Permita que a Telemedicina Morsch auxilie na emissão de laudos confiáveis, com agilidade e segurança.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin