EPI hospitalar: importância, orientações para o descarte e mais informações

Por Dr. José Aldair Morsch, 17 de agosto de 2023
EPI hospitalar

O EPI hospitalar é indispensável na prevenção de contaminações e infecções.

Isso porque ele cria uma barreira aos riscos ocupacionais presentes no hospital ou clínica.

Utilizando itens como máscara e luvas de proteção corretamente, os profissionais de saúde preservam seu bem-estar e integridade e, por consequência, ajudam a proteger pacientes do contágio por patógenos que poderiam agravar sua condição clínica.

Neste texto, trago detalhes sobre os principais EPIs utilizados em ambiente hospitalar, sua importância e como fazer o descarte adequadamente.

Ao final, explico o papel de inovações que contribuem com a saúde do trabalhador, incluindo a telemedicina.

O que é EPI hospitalar?

EPI hospitalar é o equipamento de proteção individual destinado ao uso nesse ambiente laboral.

Avental, luvas, calçado de segurança e máscara facial são exemplos de EPI empregados em hospitais, clínicas médicas e outros estabelecimentos de saúde.

Dedicada a diferentes tipos de EPI, a Norma Regulamentadora 06 do Ministério do Trabalho traz a seguinte definição:

“Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora – NR, considera-se Equipamento de Proteção Individual – EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”.

Os EPIs são validados pelo CA (Certificado de Aprovação), que é um selo concedido pelo Ministério do Trabalho.

Vale frisar que, apesar de sua relevância, o EPI é empregado quando as demais soluções de proteção coletiva são insuficientes para evitar acidentes e doenças ocupacionais.

Afinal, o investimento em medidas coletivas tem maior eficácia, dispensando a necessidade de treinamento e aquisição de itens adaptados para cada colaborador.

Qual a importância do uso de EPI no ambiente hospitalar?

Como adiantei na introdução do texto, o EPI oferece uma barreira de proteção contra riscos biológicos e outros patógenos.

Isso é essencial para a segurança do trabalho no hospital, local composto por elementos físicos e sociais que interagem para formar a estrutura da unidade de saúde.

Devido à busca por promoção da saúde, prevenção e recuperação dos pacientes, o ambiente hospitalar possui características que reforçam a exposição ocupacional a diversos riscos.

  • Riscos biológicos: feridas expostas, uso de instrumentos perfurocortantes e contato das mãos com olhos e boca estão entre as fontes de contaminação por vírus, bactérias, parasitas e fungos. Daí a necessidade de monitorar e controlar os agentes biológicos no ambiente hospitalar
  • Riscos químicos: medicações, produtos empregados na manutenção e limpeza podem conter substâncias capazes de penetrar no organismo por contato com a pele, via respiratória ou ingestão, na forma de névoas, neblinas, poeiras, fumaça, gases e vapores
  • Riscos físicos: diferentes energias que impactem no bem-estar e integridade dos funcionários, a exemplo de calor, frio, ruído, radiações ionizantes e não ionizantes
  • Riscos mecânicos: máquinas com defeito, instalações inseguras e outras condições que elevam as chances de ocorrerem acidentes de trabalho
  • Riscos ergonômicos: aqueles que surgem da relação entre o homem e seu trabalho, como estresse ocupacional, trabalho noturno, atividades repetitivas e rotina intensa.

O equipamento de proteção individual é particularmente eficiente diante dos chamados riscos ambientais (químicos, físicos e biológicos) e dos riscos de acidentes ou mecânicos.

Quais são os EPIs utilizados no ambiente hospitalar?

A seleção dos tipos de EPI hospitalar deve considerar os riscos ocupacionais e as atividades exercidas pelos empregados.

Ou seja, a equipe médica não fará uso dos mesmos itens do pessoal da limpeza, por exemplo.

Expandido esse raciocínio, o mesmo médico poderá alterar os equipamentos de proteção individual de acordo com a tarefa realizada.

Portanto, os colaboradores devem utilizar os EPIs descritos no PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) e outras iniciativas de medicina e segurança do trabalho.

Esses documentos são personalizados e elaborados conforme a realidade local, a fim de atender às necessidades do estabelecimento de saúde.

A seguir, apresento os equipamentos mais comuns para quem atua em ambiente hospitalar.

Luva de proteção

Luvas cirúrgicas são exemplos clássicos de EPIs usados pela equipe médica para a condução de procedimentos invasivos, evitando o contato direto com fluidos corporais e outros materiais possivelmente contaminados.

Esses acessórios também podem proteger contra agentes abrasivos e escoriantes, agentes cortantes e perfurocortantes, choques elétricos, agentes térmicos, agentes químicos, vibrações, umidade e radiações ionizantes.

Máscara facial

Valioso item de proteção respiratória, a máscara previne a entrada de patógenos através da inspiração.

Sua modalidade é escolhida de acordo com os riscos presentes no ambiente laboral, podendo ser:

  • Peça semifacial filtrante do tipo PFF1, PFF2 (N 95) ou PFF3
  • Peças com filtros para material particulado tipo P1, P2 ou P3
  • Respiradores purificadores de ar motorizados
  • Respiradores de adução de ar tipo linha de ar comprimido
  • Máscara autônoma.

Porém, a máscara não é o único item de proteção facial, como explico a seguir.

Itens de proteção facial

Se houver o perigo de respingo de materiais, ou mesmo contaminação através do ar, é indicado o protetor facial de acrílico.

Ele recobre toda a face do trabalhador, incluindo as laterais, devendo ser adaptado.

Algumas funções ainda se beneficiam dos óculos de proteção, que previnem o contato direto com partículas, luminosidade, radiação ultravioleta ou infravermelha.

equipamento de proteção individual hospitalar

Avental, luvas, calçado de segurança e máscara facial são exemplos de EPI empregados em hospitais

Avental

Secreções e outros materiais biológicos ficam impedidos de infectar as roupas e chegar à pele dos colaboradores que usam avental.

Centro cirúrgico, enfermaria e laboratório são alguns setores hospitalares onde esse EPI é útil.

Calçado de segurança

Sapatos fechados e antiderrapantes, feitos de material impermeável são usados por quem atua em ambiente hospitalar.

Isso porque estamos falando de locais com alta quantidade de material infectante, umidade e outros fatores que facilitam contaminações e quedas.

Capacitação para o uso de EPI hospitalar

Segundo a legislação trabalhista, o empregador deve fornecer os equipamentos de proteção individual de maneira gratuita aos funcionários.

No entanto, não basta disponibilizar os itens.

É preciso capacitar a força de trabalho para que faça uso adequado deles, potencializando seu efeito protetor.

Como afirma o item 6.7.2.1 da já citada NR-06,

“A organização deve realizar treinamento acerca do EPI a ser fornecido, quando as características do EPI requeiram, observada a atividade realizada e as exigências estabelecidas em normas regulamentadoras e nos dispositivos legais”.

Um exemplo está na concessão de máscara facial sem treinamento.

Caso alguns colaboradores com barba, por exemplo, simplesmente coloquem a peça, os pelos vão prejudicar a vedação – fundamental para o efeito protetor da máscara.

Daí a necessidade de elaborar e realizar um Programa de Proteção Respiratória (PPR) eficiente, levando conscientização para que os colaboradores entendam como funcionam os respiradores.

Outro exemplo que reforça a importância da capacitação é o uso de luvas sem proteção contra perfurocortantes no manejo de bisturis e agulhas.

Ainda que esteja vestindo outro tipo de luvas de proteção, o trabalhador corre o risco de se contaminar caso o EPI seja perfurado.

Além de compreender a função dos EPIs, a capacitação possibilita a disseminação de boas práticas antes e depois do uso, evitando problemas como colocação dos EPIs sem higienizar as mãos antes – o que pode resultar na contaminação dos próprios itens.

O que diz a Anvisa sobre o uso de EPI hospitalar?

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária divulga materiais de interesse sobre a SST em hospitais.

Um deles é o Manual de Segurança Hospitalar, que traz recomendações sobre o reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ocupacionais.

O material traz definições para:

  • Reconhecer (riscos): significa identificar, caracterizar, saber apontar qual dos agentes de risco de dano à saúde estão presentes no ambiente de trabalho
  • Avaliar (riscos): é saber quantificar e verificar, de acordo com determinadas técnicas, a magnitude do risco – se é maior ou menor, se é grande ou pequeno, comparado com determinados padrões
  • Controlar (riscos): é adotar medidas técnicas, administrativas, preventivas ou corretivas de diversas naturezas, que tendem a eliminar ou atenuar os riscos existentes no ambiente de trabalho.

Mencionei acima que o uso de EPIs faz parte da estratégia de controle de riscos, colaborando com medidas de proteção coletiva.

Os itens são empregados diante de agentes químicos, máquinas e agentes físicos como o ruído, que pode ser atenuado por protetores auditivos.

A Anvisa ainda publica as normas referentes ao manejo após o uso e descarte dos EPIs, que correspondem a lixo hospitalar.

EPI em hospital

O EPI oferece uma barreira de proteção contra riscos biológicos e outros patógenos

Como fazer o descarte de EPI hospitalar?

As principais regras para o correto descarte estão na Resolução RDC 33/03, que dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.

Segundo o documento, cada estabelecimento de saúde deve elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), viabilizando o manejo adequado.

Essa tarefa começa com a segregação, que consiste na separação do resíduo no momento e local de sua geração, de acordo com as características físicas, químicas, biológicas, a sua espécie, estado físico e classificação.

Ao final desse processo, os resíduos são separados em:

  • Grupo A (potencialmente infectantes): possuem agentes biológicos que apresentam risco de infecção, como bolsas de sangue contaminado
  • Grupo B (químicos): contêm substâncias químicas capazes de causar risco à saúde ou ao meio ambiente, a exemplo de medicamentos para tratamento de câncer e compostos para revelação de filmes de raio X analógico
  • Grupo C (rejeitos radioativos) – materiais com radioatividade em carga acima do padrão e que não possam ser reutilizados, como exames de medicina nuclear
  • Grupo D (resíduos comuns) – qualquer lixo que não tenha sido contaminado ou possa provocar acidentes, como gesso, luvas, gaze
  • Grupo E (perfurocortantes) – objetos capazes de furar ou cortar, como lâminas, bisturis, agulhas e ampolas de vidro.

Após a segregação, os resíduos podem passar por acondicionamento, identificação, transporte interno, armazenamento temporário, tratamento, armazenamento externo e coleta e transporte externos antes de seguirem para a destinação final.

A deposição dos resíduos no solo deve ser feita em local devidamente preparado, respeitando critérios técnicos de construção e operação, e licenciamento em órgão ambiental competente.

Como escolher um fornecedor de EPI hospitalar?

Assim como os próprios EPIs, a escolha de um fornecedor deve partir das necessidades do hospital.

Portanto, verifique o PGR, PPR, PCA e outros programas prevencionistas para identificar quais itens devem ser adquiridos.

Uma vez que conheça os equipamentos, estabeleça o orçamento disponível e avance para uma pesquisa de mercado.

Selecione os fornecedores que atendam às necessidades iniciais e consulte sua reputação, conversando com clientes antigos, se for possível.

Dê uma olhada também no Google e em sites como o Reclame Aqui para dar preferência a empresas confiáveis e entre em contato com elas.

Na hora de escolher os produtos, tenha em mente que eles precisam estar com CA ativo, o que garante que possuem desempenho satisfatório, comprovado por testes laboratoriais.

Outra dica é pedir orientação ao fornecedor ou distribuidor de EPI para fazer uma compra com bom custo-benefício e receber auxílio para capacitar os colaboradores.

Inovações em EPIs hospitalares

Novidades em tecnologia na saúde também alcançam os EPIs hospitalares.

Algumas foram apresentadas na 27ª Feira Hospitalar, realizada em São Paulo/SP.

Durante o evento, os visitantes conheceram a luva de proteção Nitrilo SONIC, confeccionada em nitrilo e com pó bioabsorvível, ideal para pessoas alérgicas ao látex.

Outra novidade demonstrada foi a máscara facial com tripla camada de proteção Meiwa Care, que possui Eficiência de Filtração Bacteriológica de 99,9%.

No campo das vestimentas, vale mencionar um traje de proteção antimicrobiano que vem sendo desenvolvido pela startup EPI Saúde, com o apoio da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica, da Agência de Inovação Inova da Unicamp.

Telemedicina na segurança do trabalho em clínicas e hospitais

E por falar em inovações, o seu hospital pode otimizar a organização dos arquivos usando uma plataforma de telemedicina.

Esse é um software hospedado na nuvem, um local seguro de armazenamento na internet, acessível a partir de qualquer dispositivo conectado à rede.

Dentro da plataforma, dá para criar, guardar, compartilhar e assinar online documentos de saúde ocupacional.

Em vez de esperar pelo médico do trabalho ou engenheiro de segurança para finalizar o laudo ocupacional, basta enviá-lo via sistema Morsch e aguardar pela inserção da assinatura digital.

O serviço está disponível para:

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Conclusão

Neste artigo, discorri sobre a importância, principais tipos e como escolher um bom fornecedor para EPI hospitalar.

Esses itens são fundamentais para complementar a proteção aos colaboradores, evitando o contato direto com patógenos.

Se gostou do texto, veja mais conteúdos sobre medicina ocupacional que publico aqui no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin