Enfermaria no hospital: como funciona, tipos e melhores práticas
A enfermaria faz parte da hotelaria hospitalar, responsável pelos cuidados com pacientes internados.
Por isso, está presente em toda unidade de saúde que preste essa modalidade de assistência.
No entanto, a rotina pode mudar bastante conforme o tipo de enfermaria, quantidade de doentes e leitos, equipe médica disponível, gravidade das patologias, etc.
Daí a importância da gestão da qualidade dessa área hospitalar.
Ela é fundamental para o sucesso do tratamento pós-cirúrgico, por exemplo.
Neste texto, apresento boas práticas que vão elevar a eficiência das atividades na enfermaria.
Uma boa pedida é investir em tecnologias como o software de telemedicina para agilizar o atendimento, a interpretação de exames e registros no prontuário médico.
O que é a enfermaria no hospital?
Enfermaria é a área que reúne pacientes internados que não necessitam de cuidados intensivos dentro do hospital.
Dependendo do porte e das especialidades atendidas pela unidade de saúde, ela pode ter uma ou mais enfermarias.
Caso o estabelecimento seja hospital e maternidade, por exemplo, é natural que ofereça serviços de ginecologia, obstetrícia e assistência ao recém-nascido.
Também pode contemplar cuidados de clínica geral, pediatria e outras especialidades, sendo que cada uma poderá ter sua própria enfermaria.
Essa amplitude se baseia na origem do termo “enfermaria”, que descreve um local destinado à assistência aos enfermos.
É um conceito que se relaciona com a história dos cuidados em saúde, conforme descreve o livro História e Evolução dos Hospitais:
“A palavra hospital é de raiz latina (Hospitalis) e de origem relativamente recente. Vem de hospes – hóspedes, porque antigamente nessas casas de assistência eram recebidos peregrinos, pobres e enfermos. O termo hospital tem hoje a mesma acepção de nosocomium, de fonte grega, cuja significação é – tratar os doentes – como nosodochium quer dizer – receber os doentes”.
Atualmente, a enfermaria é um lugar onde o doente pode receber cuidados médicos e de enfermagem até sua completa recuperação e alta hospitalar.
Para que serve a enfermaria de um hospital
A enfermaria do hospital serve para monitoramento de doentes que não estejam em estado grave.
O espaço integra o setor de hotelaria hospitalar que, segundo a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), tem por finalidade:
“Proporcionar bem-estar, qualidade e segurança durante a permanência do paciente, com foco no atendimento humanizado dos serviços prestados pelo hospital”.
A recomendação para a internação é feita pela equipe médica e pode ter diferentes razões.
Voltando ao exemplo que comentei acima, a enfermaria de uma maternidade tem como função garantir a assistência durante os primeiros dias de puerpério.
Afinal, a mulher pode sofrer diversas complicações logo depois do parto, o que pede uma atenção especial para evitar agravos.
Ao permanecer internada, a paciente terá assistência em tempo integral durante um período de maior risco para a sua saúde.
Nesses casos, a paciente não se encontra enferma, contudo, necessita de cuidados especiais que são prestados na enfermaria.
No entanto, a enfermaria ligada ao pronto-socorro, clínica geral ou outras especialidades serve para acolher pessoas que estejam em tratamento.
Ou aguardando pelo diagnóstico de uma doença.
Nesses cenários, é comum que o paciente apresente sintomas ou um quadro suspeito de patologias graves.
Por isso, é essencial prevenir crises e outros agravos, garantindo um atendimento imediato.
Como funciona uma enfermaria
A enfermaria faz parte da linha de assistência ao doente, fornecendo cuidados básicos e de saúde para dar seguimento às terapias prescritas.
Além de permitir o monitoramento de pessoas em momentos delicados, como gestantes e indivíduos que aguardam pelo diagnóstico.
Geralmente, a enfermaria serve como etapa final da jornada do paciente dentro do hospital.
Essa trajetória tende a começar com uma consulta ou atendimento e pronto-socorro, avançando para a identificação, confirmação de doença e tratamento cirúrgico.
Ou outra abordagem que necessite ser conduzida por profissionais de saúde, como a administração de medicamentos por via endovenosa.
Listo a seguir algumas rotinas comuns dentro de uma enfermaria hospitalar:
- Visitas médicas para avaliação diária da condição clínica do paciente, incluindo anamnese e exame físico
- Conferência dos sinais vitais
- Ministração de medicamentos por via oral ou parenteral
- Nutrição oral ou parenteral
- Mudanças no posicionamento de pessoas acamadas
- Atividades de higienização, como banhos e troca de fraldas
- Exercícios de fisioterapia ou preventivos
- Testes complementares, quando houver indicação médica
- Elaboração de relatórios de internação
- Atualização do prontuário do paciente sempre que necessário.
Diferença entre UTI e enfermaria
As principais diferenças estão nos aparatos e quantidade de profissionais disponíveis para atendimento aos doentes.
Para explicar melhor, vou tomar como referência a definição de UTI da Resolução 2.271/20 do governo federal:
“Trata-se de ambiente hospitalar com sistema organizado para oferecer suporte vital de alta complexidade, com múltiplas modalidades de monitorização e suporte orgânico avançados para manter a vida durante condições clínicas de gravidade extrema e risco de morte por insuficiência orgânica. Essa assistência é prestada de forma contínua, 24 horas por dia, por equipe multidisciplinar especializada”.
Devido ao atendimento a pacientes em estado crítico, a Unidade de Terapia Intensiva conta com acompanhamento médico contínuo, além de aparelhos para:
- Monitorização e suporte hemodinâmico
- Assistência respiratória
- Terapia de substituição renal
- Infusão intravenosa contínua.
Já os pacientes internados na enfermaria não precisam de aparelhos para monitorar os sinais vitais continuamente.
É por isso que os leitos da enfermaria hospitalar possuem poucos dispositivos, podendo contar com suporte para a administração de medicamentos, por exemplo.
A equipe que trabalha na enfermaria também é menor quando comparada à UTI, pois os doentes não se encontram em estado grave.
Caso haja complicações, eles são transferidos para a UTI.
Assim como aqueles que estão na UTI e apresentam melhora significativa podem ser encaminhados à enfermaria.
Tipos de enfermaria
Nos primórdios da história dos hospitais, esses locais eram formados por grandes salas com leitos para os doentes.
Essas foram as primeiras enfermarias, que atendiam a diferentes casos de patologias de forma simultânea e até conjunta.
Contudo, logo os profissionais de saúde notaram que havia vantagens na divisão dos cuidados aos pacientes.
Começando pelo isolamento de pessoas com doenças contagiosas, a fim de evitar que outros indivíduos fossem infectados e sofressem agravos à saúde.
O surgimento de grandes unidades hospitalares reforçou essa tendência de separação entre os enfermos.
Fazia sentido, por exemplo, organizar as enfermarias por especialidade e outros pontos em comum, com o objetivo de otimizar o trabalho de médicos, profissionais de enfermagem, nutrição e fisioterapia.
Hoje em dia, novos estabelecimentos consideram a agilidade dos serviços prestados entre os critérios relevantes na divisão entre as pessoas internadas nas enfermarias.
Nesse contexto, a enfermaria cirúrgica pode ficar próxima às salas de exames radiológicos, facilitando a realização dos testes pré-operatórios, por exemplo.
Seguindo essa lógica, o hospital pode ter vários tipos de enfermaria.
Listo alguns deles abaixo:
- Enfermaria clínica geral
- Enfermaria cirúrgica
- Enfermaria oncológica
- Enfermaria ortopédica
- Enfermaria pediátrica
- Enfermaria perinatal
- Enfermaria de obstetrícia
- Enfermaria de infectologia
- Enfermaria de reumatologia
- Enfermaria de cardiologia
- Enfermaria de neurologia
- Enfermaria de psiquiatria.
Melhores práticas para enfermaria em hospital
A gestão da enfermaria é uma tarefa desafiadora, que requer eficácia na comunicação com outros setores.
Em especial, com a UTI e as especialidades responsáveis pelo encaminhamento de pacientes.
É possível romper barreiras utilizando algumas estratégias simples, que comento a seguir.
Evite a superlotação do hospital
Cenários em que há falta de leitos, sobrecarga na UTI e pronto-socorro, tendem a comprometer a assistência na enfermaria.
Principalmente porque, nessas situações, pacientes em estado grave precisam ser realocados para esses espaços, que não possuem a estrutura necessária para cuidados intensivos.
Claro que haverá contextos de catástrofes ou acidentes com feridos em massa, nos quais será impossível evitar a superlotação hospitalar.
E vão exigir uma adaptação dos leitos da enfermaria para melhorar a qualidade da assistência e salvar vidas.
No entanto, é preciso cuidar da gestão para evitar que essa situação se torne crônica.
Escrevi outro artigo com dicas para combater a superlotação, que você confere aqui.
Garanta a organização dos recursos
O controle de insumos é fundamental, contudo, também estou falando dos recursos humanos.
É essencial montar escalas possíveis de cumprir e se certificar de que os pacientes estão bem amparados.
Assim, dá para prevenir quadros graves decorrentes de complicações como escaras por falta de movimentação do doente acamado, por exemplo.
Além de providenciar socorro imediato para emergências.
Otimize as visitas médicas
O exame dos pacientes na enfermaria pode ser mais rápido e preciso se o médico identificar logo os casos urgentes.
Portanto, não faz sentido ler todos os prontuários antes de conferir o estado clínico de cada um.
Oriente a equipe médica para que seja feita uma avaliação rápida assim que se inicia o plantão do médico, a fim de que ele observe alterações importantes nos doentes.
Dessa forma, poderá prestar assistência àqueles que tiverem agravos à saúde primeiro.
Depois, conferir os prontuários com calma e conversar com os demais.
Atenção à limpeza e desinfecção
Assim como as escalas dos profissionais de saúde, as do time de limpeza devem estar em dia para evitar contaminações e prevenir complicações de saúde caso um doente seja infectado.
A limpeza é importante não apenas para a segurança dos pacientes, mas também para os profissionais que circulam pela enfermaria e ficam expostos aos contaminantes.
Eles devem zelar pela desinfecção de equipamentos e insumos utilizados nos procedimentos médicos.
Mantenha uma rotina de manutenção
Aqui vai mais uma dica útil para qualificar a assistência na enfermaria.
Os equipamentos utilizados precisam passar por manutenção periódica, a fim de evitar problemas em seu funcionamento.
Conte com o suporte da tecnologia
Da organização de arquivos e prontuários ao suporte diagnóstico, a tecnologia é uma forte aliada para o bom funcionamento da enfermaria.
Experimente o auxílio de softwares médicos para controlar o estoque, manutenção e escalas, além de diminuir a espera por resultados de exames com a telemedicina.
Falo mais dessa oportunidade nos próximos tópicos.
A enfermaria no plano de saúde
Na dinâmica da saúde suplementar, a palavra enfermaria descreve um tipo de acomodação.
A acomodação está disponível apenas para as modalidades de plano de saúde que incluem internação.
Nesses casos, a nomenclatura do convênio médico corresponde a:
- Hospitalar sem obstetrícia: plano que cobre cirurgias e internações, exceto o parto
- Hospitalar com obstetrícia: contempla as operações, internação e qualquer tipo de parto, além de dar assistência durante os primeiros 30 dias de vida do recém-nascido
- Ambulatorial + Hospitalar sem obstetrícia: combina cirurgias, internações e procedimentos ambulatoriais
- Ambulatorial + Hospitalar com obstetrícia: é composto por cirurgias, internações, procedimentos ambulatoriais, parto e atendimento ao recém-nascido
- Referência: é o plano de saúde modelo de cada operadora. Engloba assistência ambulatorial, hospitalar e obstétrica, com internação em enfermaria.
Diferença entre enfermaria e apartamento
As duas alternativas para internação coberta pelo plano de saúde são enfermaria e apartamento.
A enfermaria é um quarto coletivo com banheiro, geralmente compartilhado por três pacientes.
Por isso, o horário de visitas costuma ser restrito, a fim de que todos possam receber seus entes queridos.
Já o apartamento é um quarto individual com banheiro exclusivo e horário de visitas estendido.
Como é de se imaginar, escolher a acomodação em enfermaria exige uma mensalidade mais baixa que no apartamento, que oferece maior privacidade.
Telemedicina como solução para hospitais
Criada para conectar profissionais de saúde e pacientes, a telemedicina qualifica a gestão hospitalar como um todo.
O uso de plataformas modernas como a Morsch agrega uma série de benefícios para a administração e a equipe médica através de serviços como:
- Prontuário digital: um sistema que automatiza a atualização de informações e é facilmente acessível por pessoas autorizadas, pois fica hospedado na nuvem (internet)
- Laudo online: diminui a sobrecarga dos especialistas, delegando a interpretação de testes de diagnóstico a nosso time médico. Basta compartilhar os registros de exames para receber laudos assinados digitalmente com rapidez
- Comodato de equipamentos médicos: ao adquirir pacotes de laudos digitais, seu negócio pode solicitar o aluguel em comodato e utilizar aparelhos digitais sem custo adicional, enquanto durar a parceria
- Telemedicina para planos de saúde: disponibilize profissionais das especialidades que desejar através da nossa solução White Label customizável.
Conclusão
Ao final deste artigo, tenho certeza que você compreende melhor a importância da enfermaria no hospital e como fazer uma gestão eficiente.
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