Causas, consequências e possíveis soluções da superlotação nos hospitais
A superlotação nos hospitais é um drama no país.
Ao procurar atendimento, brasileiros de todas as regiões se deparam com filas, espera de horas e falta de estrutura para os cuidados em saúde.
Uma das cenas mais emblemáticas é a de falta de leitos, mostrando a situação caótica dos estabelecimentos que acomodam pacientes em corredores.
Esse quadro tem se agravado nos últimos anos, quando mais vagas de internação deixaram de existir.
Estudo realizado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) alertou que o país perdeu 40 mil leitos hospitalares na última década.
Mas o problema não é provocado apenas pelo número reduzido de leitos nos hospitais.
Há outros fatores que fazem unidades de saúde operar acima de sua capacidade, levando ao atraso no diagnóstico e aumentando os riscos para pacientes, acompanhantes e funcionários.
Falarei mais sobre eles ao longo deste artigo, no qual também destaco soluções organizacionais e tecnológicas para resolver o problema de superlotação nos hospitais, como a telemedicina.
Ficou interessado? Então, acompanhe o texto até o final.
O que caracteriza a superlotação nos hospitais?
Conforme o American College of Emergency Physicians (ACEP), a superlotação é caracterizada por uma situação em que a necessidade identificada de serviços de emergência supera os recursos disponíveis na unidade de saúde.
Essa situação ocorre nos prontos-socorros dos hospitais quando seus profissionais e leitos são insuficientes para atender o número de pacientes, o que provoca um prazo de espera acima da média e do limite aceitável.
Outras definições apontam para prontos-socorros onde todos os leitos estão ocupados mais de seis horas em um mesmo dia, ou quando pacientes precisam ser atendidos nos corredores.
Constatar a superlotação com base na condição do pronto-socorro faz sentido, uma vez que esse setor costuma ser a porta de entrada para os demais.
Causas da superlotação nos hospitais
Um levantamento divulgado pelo Tribunal de Contas da União concluiu que 64% dos 116 hospitais visitados estavam frequentemente superlotados, enquanto outros 36% operavam acima de sua capacidade em algumas ocasiões.
Falhas na gestão, falta de triagem dos pacientes e de infraestrutura estão entre as principais causas desse cenário.
A seguir, detalho esses e outros fatores que levam à superlotação nos hospitais e prontos-socorros.
Falta de equipamentos
Comentei, acima, sobre a constante redução no número de leitos em hospitais brasileiros, o que resulta na acomodação de pacientes em locais inapropriados, como os corredores.
No entanto, também há locais com leitos disponíveis, mas que não os aproveitam pela falta de equipamentos.
O estudo do TCU apontou que 77% dos estabelecimentos auditados mantinha leitos desativados por não possuírem monitores, ventiladores pulmonares e outros equipamentos hospitalares básicos para o atendimento a pacientes internados.
Falta de pessoal qualificado
Outro motivo para manter leitos desativados é a carência de profissionais de saúde.
O estudo publicado pelo Tribunal de Contas da União constatou que faltam médicos e enfermeiros em 80% dos hospitais avaliados, e metade deles mantém leitos fechados por não contar com mão de obra suficiente.
Além do impacto nos leitos disponíveis para internação, a falta de pessoal leva à sobrecarga dos funcionários, aumento no tempo de espera por atendimento e redução na qualidade dos cuidados prestados.
Essa última acontece, em parte, porque os profissionais não dispõem de tempo suficiente para se dedicar a cada paciente.
Má distribuição de médicos no país
Embora a quantidade de médicos aumente a cada ano, existe grande desigualdade na sua distribuição geográfica pelo país.
De acordo com a pesquisa Demografia Médica 2018, produzida pelo Conselho Federal de Medicina, a Região Sudeste conta com 2,81 médicos para cada grupo de mil habitantes, enquanto a Região Norte tem apenas 1,16.
A situação fica ainda mais complicada quando analisamos as diferenças entre capitais e cidades do interior.
Apesar de serem habitadas por menos de um quarto da população, as capitais concentram mais da metade da mão de obra médica, em uma razão de 5,07 médicos por mil habitantes.
Municípios do interior, por sua vez, dispõem de somente 1,28.
Baixa remuneração dos profissionais
O aumento na demanda por cuidados de saúde, utilização de novas tecnologias e sobrecarga devido à falta de profissionais eleva as exigências para aqueles que atuam em hospitais.
No entanto, a realização de inúmeras tarefas simultaneamente não implica no aumento da remuneração desses colaboradores.
Somados à grande responsabilidade e pressão própria da atividade, especialmente para quem trabalha no pronto-socorro, os salários baixos culminam em funcionários desmotivados e pouco produtivos, além da diminuição de profissionais dispostos a trabalhar em unidades hospitalares.
Falta de leitos para internação
Mencionei, nos tópicos acima, a redução do número de leitos disponíveis, com maior impacto para quem depende do Sistema Único de Saúde.
Segundo levantamento da Confederação Nacional dos Municípios, estabelecimentos da rede pública perderam mais de 23 mil leitos nos últimos anos.
Falta de recursos humanos e materiais, além de problemas de gestão justificam a defasagem.
Aumento do tempo de permanência no Serviço de Emergência Hospitalar
Com uma quantidade reduzida de recursos, algumas unidades de saúde não conseguem realizar a triagem de pacientes e, assim, têm problemas para definir os atendimentos prioritários.
Esse é um dos fatores que provocam o aumento no tempo de espera pelo primeiro atendimento, além de elevar o risco de agravo às condições de saúde dos pacientes.
Quando a equipe está sobrecarregada ou durante ocasiões com grande demanda, como em acidentes com múltiplas vítimas, também há impactos na fila de espera, além do período de internação e tratamento.
Aumento de expectativa de vida da população
Projeções do IBGE mostram que a população com 65 anos ou mais vai saltar de 19,6 milhões (10% do total), em 2010, para 66,5 milhões de pessoas em 2050 (29,3% do total da população).
Ou seja, teremos três vezes mais idosos nas próximas décadas.
Esse crescimento já tem levado a mudanças nas principais causas de morte e adoecimento no país, que evidenciam cada vez mais patologias cardiovasculares e crônicas, exigindo acompanhamento diferenciado.
O ideal é que a atenção básica foque na prevenção de males crônicos e alívio de sintomas, melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
Superlotação em hospitais no Brasil
Além das causas acima, o Brasil sofre com deficiências na assistência primária.
Diante da dificuldade na marcação de consultas eletivas, muitos cidadãos acabam se dirigindo aos prontos-socorros de grandes hospitais, pois sabem que ali haverá médicos de plantão.
O problema é que esse raciocínio agrava a superlotação dos hospitais, além de expor pacientes com doenças de menor gravidade a riscos de infecção e contaminação.
A fim de reverter esse quadro, o Ministério da Saúde vem investindo em estabelecimentos para cuidados de baixa complexidade, como postos de saúde e unidades básicas de saúde (UBS).
Outra estratégia para combater a superlotação é o projeto Lean nas Emergências, que integra o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS) na promoção de hospitais mais eficientes.
Com base na metodologia Lean, o projeto elege e foca em atividades prioritárias, eliminando desperdício de tempo e recursos e agilizando o atendimento nas emergências.
O Lean nas Emergências foi iniciado em modo piloto em seis hospitais, de agosto a dezembro de 2017, e culminou em resultados animadores.
No Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira, em Goiás, por exemplo, foi registrada melhora de 44% em um dos principais indicadores usados para medir a superlotação.
É o NEDOCS (traduzido do inglês, Escala de Superlotação do Departamento Nacional de Emergência).
O indicador contabiliza o tempo de espera, passagem de pacientes pelo pronto-socorro, tempo de tratamento no hospital, entre outros dados.
Consequências da superlotação nos hospitais
A superlotação de hospitais gera uma série de consequências para pacientes, equipes de saúde, gestores e toda a sociedade.
A seguir, observe alguns desses impactos:
- Aumento no tempo de espera pelo primeiro atendimento
- Agravo à saúde de pacientes na fila de espera
- Queda na qualidade do atendimento
- Sobrecarga de profissionais de saúde
- Escassez de recursos materiais e financeiros
- Equipes de saúde exaustas e desmotivadas
- Aumento na quantidade de situações de crise e no tempo dedicado para solucioná-las.
Como resolver a superlotação dos hospitais
Solucionar a superlotação é uma tarefa complexa, que deve começar com um mapeamento das principais causas pelos gestores do hospital e do pronto-socorro.
Identificar os setores impactados pela sobrecarga de trabalho é fundamental, pois são eles que devem passar pelas maiores mudanças.
Junto ao planejamento, é interessante estabelecer indicadores para possibilitar a medição de resultados.
Abaixo, confira algumas ideias que podem ser aplicadas na maioria das unidades de saúde para enfrentar a superlotação.
Laudo a distância de exames médicos
Quando um estabelecimento opera com recursos humanos insuficientes, é necessário aliviar a carga de trabalho dos profissionais in loco.
Uma forma inteligente de fazer isso é contratar um serviço de laudos médicos a distância.
Determinações do CFM e Ministério da Saúde exigem que apenas médicos especialistas produzam o laudo de exames de diagnóstico.
No entanto, técnicos em enfermagem e radiologia treinados podem conduzir esses testes, compartilhar os registros via plataforma online e delegar sua interpretação aos especialistas da empresa de telemedicina.
Assim, os especialistas do hospital ganham tempo para se dedicar a tarefas de gestão, triagem e a um atendimento humanizado.
Expansão do número de leitos
Sabemos que a redução no número de leitos é um dos principais problemas da superlotação.
Por isso, uma saída é investir na expansão de leitos hospitalares disponíveis, o que pode ser viabilizado através de parcerias, otimização do trabalho dos profissionais de saúde e formas alternativas de aquisição de equipamentos médicos.
Uma delas é o aluguel em comodato, disponibilizado por algumas empresas de telemedicina para clientes que contratem uma quantidade mensal de laudos a distância.
Eles ganham o direito de utilizar aparelhos modernos para exames de diagnóstico, sem nenhum custo adicional.
Utilização de prontuário eletrônico
O prontuário eletrônico do paciente (PEP) é uma ferramenta extremamente útil na administração de unidades de saúde, especialmente aquelas que recebem muitos pacientes.
Afinal, digitalizar as informações do paciente ajuda a organizá-las melhor, além de permitir pesquisas rápidas e o cruzamento de dados.
O prontuário eletrônico também elimina a necessidade de uma sala para arquivar papel e pode ser integrado com outros sistemas, otimizando a rotina de gestores e profissionais de saúde.
Avaliar e redefinir o fluxo do paciente
Qual o caminho percorrido pelo paciente dentro do hospital? Qual a jornada do paciente?
Dependendo da situação, repensar essa trajetória pode gerar impactos positivos, diminuindo o tempo de espera, tratamento e alta.
No pronto-socorro, uma boa ideia é começar estabelecendo um sistema de triagem, para que seja possível classificar os casos de maior risco e dar prioridade a eles.
Constituir equipes de alto desempenho clínico
Além de reduzir a sobrecarga, é importante contar com gestores e profissionais capacitados para oferecer um atendimento ágil, sem deixar de lado a qualidade.
Nesse sentido, as equipes de saúde devem ser treinadas periodicamente, tanto sobre assuntos específicos de sua área de atuação quanto em técnicas para otimizar a prestação de cuidados.
Definir as tarefas de cada um e realizar um planejamento integrado também são ações que podem auxiliar na construção de equipes de alto desempenho.
Como a Telemedicina Morsch pode auxiliar hospitais no problema da superlotação
Como destaquei antes, contar com laudos a distância diminui a sobrecarga de trabalho dos especialistas em hospitais.
Outra vantagem da telemedicina está na ampliação da quantidade de exames realizados, pois não será necessário dispor de todo um time de especialistas para interpretá-los.
Basta deixar essa tarefa para os especialistas da empresa de telemedicina.
Com a Morsch, sua equipe terá todo o suporte para treinar técnicos em radiologia e enfermagem, resultando na condução dos exames de diagnóstico com qualidade e eficácia.
O treinamento é realizado online, e fica disponível 24 horas por dia na plataforma de telemedicina.
Caso não disponha de equipamentos digitais, você pode contratar o aluguel em comodato, e utilizá-los enquanto durar a parceria com a Morsch.
Conclusão
Neste artigo, apresentei razões, impactos e ideias para resolver a superlotação nos hospitais.
Uma das estratégias disponíveis é a telemedicina, que permite o compartilhamento de informações e a emissão de laudos médicos a distância.
Com a Morsch, pedidos urgentes ficam prontos em tempo real e os demais são disponibilizados em até 30 minutos, acabando com a espera por resultados de exames.
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Referências Bibliográficas
Brasil: uma visão geográfica e ambiental no início do século XXI – IBGE.
AZAMBUJA, Carlos Roberto Carvalho. Importância das medidas de gestão no controle da superlotação hospitalar. 2014.
BITTENCOURT, José Roberto; HORTALE, Virginia Alonso. Intervenções para solucionar a superlotação nos serviços de emergência hospitalar: uma revisão sistemática. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 25(7):1439-1454, jul, 2009.
Pesquisa Demografia Médica 2018 – Conselho Federal de Medicina. Março 2018.