Tudo o que você precisa saber sobre a saúde da mulher
A atenção à saúde da mulher é um tema de suma relevância, que todos os anos ocupa o centro das discussões com a chegada do Outubro Rosa.
Mesmo que o câncer de mama seja o foco deste mês de conscientização, também é fundamental voltarmos as atenções às demais questões que impactam a população feminina.
Para você ter ideia, quase 70% de todas as pessoas que utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS) são mulheres, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE.
Isso reforça como o bem-estar, a qualidade de vida e a segurança delas merecem atenção, sendo fatores prioritários na rotina dos profissionais de saúde e das próprias pacientes.
A fim de reforçar os pontos de maior importância sobre o tema, preparei este artigo completo voltado aos cuidados com a saúde da mulher. Acompanhe.
Como é a saúde da mulher no Brasil?
Até as primeiras décadas do século XX, a saúde da mulher no Brasil era voltada apenas a questões como partos e gestação.
Desde então, as primeiras políticas nacionais da área começaram a surgir. Elas incluíam ações voltadas para o planejamento familiar e o combate à desnutrição nos anos 1950.
Em 1983 foi criado o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM).
Apesar do protagonismo nas políticas de saúde, as mulheres ainda eram vistas apenas como mães, gestantes ou esposas. Isso porque, a assistência prestada era majoritariamente materno-infantil.
Foi só em 2004, com a Política Nacional de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PNAISM), que as pacientes tiveram atenção completa às suas necessidades, e não só na gravidez.
Em primeiro lugar, as políticas do PAISM, consideradas ultrapassadas, foram revistas, dando assim novas perspectivas à atenção obstétrica humanizada e ao planejamento familiar, por exemplo.
Além disso, novos aspectos importantíssimos passaram a fazer parte da rede de assistência. Por exemplo, a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, de patologias como o câncer de mama e do colo uterino, climatério, aborto, mudanças na adolescência, e assim por diante.
Inclusive, grupos antes negligenciados começaram a ser incluídos, como mulheres negras, indígenas, trabalhadoras rurais, lésbicas, presidiárias, profissionais do sexo, entre outras.
Com o passar dos anos, o avanço das políticas relacionadas à saúde da mulher se desdobraram em outros programas específicos, que hoje são inúmeros.
Apesar disso, o cenário atual ainda está longe do ideal. Contudo, certamente há mais consciência e humanização em relação às necessidades das pacientes do sexo feminino.
Nesse sentido, continue acompanhando o conteúdo para saber quais são os cuidados e padrões assistenciais que mais merecem foco e atenção na área.
Principais cuidados com a saúde da mulher
- Realização periódica de exames preventivos, principalmente contra o câncer de colo de útero a partir dos 25 anos de idade e contra o câncer de mama depois dos 50 anos;
- Priorização da saúde mental, para evitar transtornos psicológicos (que explico melhor no item sobre burnout) e até para combater situações de vulnerabilidade (como possíveis pressões, negligências e até abusos);
- Métodos contraceptivos, que podem ser diversos (DIU, pílula, camisinha, etc.) e demandam plena conscientização para evitar gestações indesejadas sem comprometer o bem-estar e a saúde;
- Consultas ginecológicas, voltadas à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, aos próprios métodos contraceptivos citados acima, aos cuidados próprios do sistema reprodutor feminino, à conscientização sobre abusos na juventude, entre outros aspectos igualmente importantes;
- Assistência gestacional, com cuidados ligados às mudanças no organismo da mulher e à segurança do bebê durante a gravidez, por meio de uma assistência plena e humanizada;
- Atenção à menopausa, que pode gerar alterações hormonais significativas, que devem ser assistidas para não afetar a qualidade de vida (fator que também me aprofundo neste artigo, no item sobre mudanças na saúde da mulher);
- Estilo saudável de vida, que inclui a prática regular de exercícios, uma boa conduta nutricional, o autocuidado, prevenção de doenças, saúde mental, entre outros aspectos decisivos (que também são cuidados importantes para os homens, mas podem fazer ainda mais diferença diante das particularidades ligadas à saúde da mulher).
Além dos cuidados citados, muitos outros podem ser decisivos. Saiba mais sobre os pontos de maior atenção ao longo dos próximos itens.
O que muda na saúde da mulher?
A saúde da mulher pode passar por mudanças significativas em diferentes fases da vida. Isso ocorre em fases como a puberdade, a gestação e a menopausa. Confira as particularidades de cada situação e porque elas merecem foco especial:
Puberdade
Nesta fase, que pode ocorrer dos 8 aos 13 anos de idade, alguns hormônios começam a circular pelo organismo. É quando ocorre a transição para a fase adulta.
Além do popular “estirão” de crescimento, também há o início da regulação do ciclo menstrual. Além disso, ocorre o aparecimento das mamas e o crescimento de pelos, por exemplo.
Trata-se de uma etapa de maturidade e crescimento hormonal. O destaque é para a produção de progesterona, LH, estrógeno e FSH.
As alterações geradas demandam conscientização e acompanhamento. A finalidade é que as pacientes saibam como lidar com elas e não as enxerguem como algo negativo.
Gestação
A saúde da mulher na gestação também demanda inúmeros cuidados. As modificações são inúmeras, e devem ter assistência contínua para que tudo ocorra de forma positiva e segura.
Os cuidados variam de acordo com cada trimestre de gravidez. Dessa forma, há o foco na qualidade de vida da mãe e na garantia das melhores condições possíveis ao bebê.
Enquanto no primeiro trimestre ocorre o estado catabólico, por exemplo, no segundo há um maior crescimento da barriga e no terceiro há as alterações do preparo para a amamentação.
Menopausa
Na fase de encerramento do ciclo de fertilidade, há uma queda significativa de hormônios. Isso geralmente ocorre dos 45 aos 55 anos de idade.
Mesmo que as alterações variem entre as mulheres, ocorrem situações como ondas de calor, ressecamento da pele, oscilações de humor, insônia, diminuição de libido, ganho de peso, etc.
Se esses fatores influenciarem muito a qualidade de vida da paciente, é possível recorrer a alternativas como a reposição hormonal.
Contudo, a abordagem deve ser individualizada, humanizada e totalmente voltada aos benefícios específicos que pode proporcionar à paciente.
O anticoncepcional na saúde da mulher
Nesse sentido, o método mais utilizado para evitar a gravidez indesejada é o anticoncepcional.
Em geral, há o consumo do produto por aquelas que não querem engravidar em certa fase da vida .
Além disso, a pílula pode ser indicada para algumas condições específicas da saúde da mulher. Isso inclui doenças como a síndrome do ovário policístico e hormônios desregulados.
Vale citar que alguns anticoncepcionais podem gerar problemas sérios. Normalmente, eles associam-se a doenças cardíacas ou trombose.
Por isso, seu uso deve sempre ser indicado e acompanhado por um médico. Quando há critério e controle na escolha do medicamento, seus efeitos colaterais são menores e passageiros.
Nesses casos, até a fase de adaptação, podem ocorrer mudanças de humor, ganho de peso, aumento na sensibilidade, retenção de líquidos, diminuição da libido, surgimento de espinhas, redução dos sintomas da TPM, entre outras relacionadas.
A relação entre saúde da mulher e burnout
Infelizmente, a saúde da mulher está mais sujeita a transtornos de ordem psicológica como o burnout.
Isso porque, apesar dos avanços e das conquistas, ainda há uma visão ultrapassada em relação ao papel feminino na nossa sociedade.
Por mais que as mulheres tenham ganhado independência e assumido seu lugar no mercado de trabalho, muitas ainda estão sujeitas às “jornadas duplas”.
Ou seja, depois de cumprir sua rotina profissional, há ainda a cobrança para que realizem as tarefas domésticas, cuidar da família e dos filhos.
O acúmulo de funções leva a um processo de esgotamento físico e mental, que resulta no burnout.
Somado ao cansaço excessivo, podem ocorrer sintomas como dores, dificuldades de concentração, mudanças no apetite e no humor, enxaquecas, depressão, entre outros.
Somadas, essas consequências prejudicam progressivamente a saúde da mulher e podem gerar problemas sérios.
Quando isso ocorre, é fundamental mudar os hábitos cotidianos e buscar por tratamento psicológico e psiquiátrico.
Entretanto, indica-se que se evite certos padrões que levem ao burnout. Por isso, é importante aprender a dizer “não”, dividir as responsabilidades da casa, tirar mais tempo para seus hobbies e lazer, tratar e reduzir o estresse, entre outros cuidados relacionados.
Os riscos de trombose para a saúde da mulher
Outro tema relacionado à saúde da mulher é a trombose. Pessoas do sexo feminino estão mais expostas aos seus fatores de risco, que incluem o uso de anticoncepcional e a gravidez.
As chances de que o quadro ocorra são ainda maiores em certos casos. Por exemplo, se houver sobrepeso, sedentarismo, tabagismo ou varizes.
Trata-se de um coágulo em uma veia, normalmente nas pernas. Ele atrapalha a circulação e pode gerar dores, inchaço e certas complicações.
Além disso, se o coágulo movimentar-se, pode ocorrer embolia. Nessas situações, há inclusive risco de morte.
Por ser considerada uma condição de alto risco para a saúde da mulher, capaz de afetar outras áreas do organismo, é fundamental adotar medidas preventivas.
As principais delas incluem a manutenção de um peso saudável, a prática de exercícios, a não permanência em uma mesma posição por muito tempo e a eliminação de hábitos relacionados ao cigarro e ao excesso de álcool.
Além disso, o acompanhamento médico contínuo é fundamental. Quando há assistência especializada na saúde da mulher, é possível saber se há maiores riscos de trombose.
Aquelas com predisposição podem ser submetidas a algumas orientações. Elas incluem o uso de medicamentos específicos, meias de compressão, entre outras alternativas individualizadas.
Como cuidar da saúde da mulher?
Como você pôde ver ao longo deste artigo, a saúde da mulher envolve diversas questões e demanda uma assistência plena. Afinal, o organismo feminino tem particularidades importantes..
Nesse sentido, o próprio papel das mulheres na sociedade é decisivo. Isso porque, suas decisões, responsabilidades e cobranças influenciam a manutenção de uma vida saudável.
Portanto, muito além do câncer de mama, da própria mamografia e de outras questões relacionadas ao Outubro Rosa, a saúde da mulher é algo a ser priorizado constantemente.
Isso vai desde as orientações em suas primeiras fases da vida, até o acompanhamento psicológico, o apoio gestacional, a prevenção geral de doenças, atenção às alterações hormonais, processos de conscientização, entre inúmeros outros aspectos.
Portanto, é papel dos profissionais de saúde e das redes de assistência atuar de maneira humanizada, contínua e proativa junto às pacientes.
Isso não inclui apenas os médicos, mas também enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, educadores físicos, entre muitos outros agentes promotores de saúde.
A saúde da mulher só pode ser garantida com assistência de qualidade, informação, cuidado e pleno acompanhamento. Juntos, esses fatores representam o foco de qualquer profissional que atende ao público feminino.
A prevenção é o caminho para a saúde da mulher
Manter a saúde da mulher é, acima de tudo, estar em dia com a prevenção. Isso porque, existe uma série de doenças próprias do sexo feminino, e seu combate é de suma importância.
Nesse sentido, mais que manter um estilo de vida saudável, as mulheres devem ficar atentas ao diagnóstico precoce desses males, que tem fundamental importância para um tratamento bem-sucedido.
Voltado à questão do Outubro Rosa, há o autoexame para a identificação de nódulos, além do próprio laudo de mamografia periódico.
Entretanto, muitas outras condições merecem atenção. Apesar de também atingirem homens, elas são mais frequentes nas mulheres.
Os exemplos incluem o câncer de colo de útero, cistite, cisto de mama, ovário policístico, osteoporose, corrimentos atípicos, mioma uterino, HPV, entre outros.
Mais uma vez, reforço como é importante para toda paciente manter um acompanhamento contínuo com seu médico de confiança.
Conclusão
A saúde da mulher jamais deve ser negligenciada pelas redes de assistência. Isso se torna ainda mais importante se considerarmos todos os aspectos que as envolvem.
Seja na prevenção de doenças, na conscientização sobre seu corpo, no combate a certas questões sociais, entre outros aspectos semelhantes, trata-se de um compromisso de toda a sociedade preservar a saúde, a segurança e a qualidade de vida delas.
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