Conheça as principais causas, sintomas e tratamentos de encefalite

Por Dr. José Aldair Morsch, 30 de março de 2021
Encefalite conheça as principais causas, sintomas e tratamentos

A encefalite ainda é uma condição pouco conhecida entre as pessoas. No entanto, exige muita atenção por conta dos seus riscos e gravidade.

Geralmente, ela é gerada por infecções de vírus ou bactérias, o que faz com que sua incidência seja relativamente comum em comparação com outras doenças tão severas quanto ela.

Se não tratada adequadamente, ela é capaz de gerar lesões cerebrais e levar até a morte. Por isso, é fundamental ficar atento aos seus sintomas, fatores de risco e meios de tratamento.

Para elucidar melhor o tema e orientar os pacientes, preparei este artigo com informações completas sobre o assunto.

O que é encefalite?

A encefalite pode ser caracterizada como um tipo de infecção aguda do cérebro, provocada na maioria das vezes como complicação de patologias infecciosas.

Ela pode ser obtida por meio de quadros:

  • Virais;
  • Bacterianos;
  • Parasitários e protozoários, que vão desde doenças como sífilis e raiva, até toxoplasmose e malária.

Esses invasores provocam inflamações no cérebro, fazendo com que o tecido cerebral fique inchado e eventualmente destrua células nervosas. Dessa forma, provoca sangramentos e entre outros danos cerebrais.

As inflamações podem ser gerais e afetar todo o sistema nervoso ou ser focais, comprometendo apenas uma região específica. Normalmente, o termo encefalite se refere aos primeiros casos.

Inclusive, as inflamações do cérebro podem atingir as meninges, provocando meningoencefalite, ou mesmo se estender até a medula espinhal, gerando quadros de encefalomielite.

As encefalites normalmente são raras, e podem se agravar quando o cérebro fica inchado ao ponto de comprimir-se no crânio, que pode até ser fatal.

Abaixo, me aprofundarei melhor em:

  • Seus tipos;
  • Suas causas;
  • Fatores de risco;
  • Sintomas;
  • Meios de diagnóstico;
  • Evolução;
  • Tratamentos;
  • Prevenção.

Quais são os tipos existentes de encefalite?

A encefalite pode ser dividida em dois tipos básicos: o primário e o secundário.

No caso da encefalite primária, ela ocorre quando o vírus, bactéria ou outro agente invasor atinge diretamente o cérebro.

Já a encefalite secundária normalmente acomete o paciente de duas a três semanas depois da infecção inicial.

Veja quais são os fatores de risco da encefalite?

Antes de compreender quais são os sintomas característicos de cada situação, primeiro abordarei suas causas e principais fatores de risco.

Quais são as principais causas da doença?

Por mais que seja de conhecimento geral que a encefalite é provocada por infecções, as causas exatas da patologia ainda são desconhecidas.

Inclusive, além dos quadros gerados por vírus, bactérias, parasitas e fungos, ela também pode ser gerada por condições inflamatórias não infecciosas.

Diversos tipos de vírus podem desencadear a encefalite, e a exposição a esses agentes pode ocorrer de diversas formas.

As principais delas incluem a inspiração de gotículas respiratórias de um indivíduo infectado, através de picadas de mosquitos, carrapatos ou outros insetos transmissores, no consumo de alimentos ou bebidas contaminadas e até no contato direto com a pele.  

O vírus da herpes simples é o principal causador de casos graves de encefalite em todas as faixas etárias, o que inclui os recém-nascidos.

Porém, diversos agentes virais podem provocar a doença, e muitos deles podem ser prevenidos através da vacinação. São eles:

  • Poliomielite;
  • Caxumba;
  • Rubéola;
  • Sarampo;
  • Varicela;
  • Adenovírus;
  • Citomegalovírus;
  • Coxsackievírus;
  • Echovírus;
  • Entre muitos outros.

Além das infecções por vírus, a encefalite ainda pode ser provocada por outras causas, como:

  • Doenças autoimunes;
  • Reações alérgicas a vacinas;
  • Bactérias como sífilis, tuberculose ou Lyme;
  • Efeitos colaterais de tratamentos do câncer;
  • Parasitas como cisticercose, nematóides e toxoplasmose, especialmente em pacientes com AIDS ou com outras patologias que enfraquecem o sistema imune.

Quais os fatores de risco da encefalite?

Quais são os tipos existentes de encefalite?

Vale lembrar que qualquer perfil de pessoa pode desenvolver quadros de encefalite.

Contudo, alguns fatores podem aumentar significativamente os riscos da patologia. Os principais deles são:

Determinadas épocas do ano

Grande parte das encefalites são geradas por vírus e outros agentes infecciosos.

Vale lembrar que a maioria das infecções virais são favorecidas nas estações mais frias do ano, especialmente em regiões com temperaturas mais baixas.

Portanto, pessoas expostas a essas condições têm mais chances de contrair esses invasores e consequentemente sofrer com a encefalite.

Localização geográfica

Como mencionei acima, localizações mais frias são mais sujeitas à incidência de infecções virais, logos também são marcadas por casos de encefalite mais recorrentes.

Contudo, outros fatores geográficos também são relevantes, especialmente, se levarmos em consideração a manifestação de outros agentes infecciosos.

Por exemplo, locais sem saneamento básico estão mais expostos a bactérias, parasitas e protozoários.

Além disso, muitos vírus são transmitidos por mosquitos ou carrapatos, que são mais recorrentes em determinadas regiões.

Faixas etárias específicas

Como ocorre em boa parte das doenças, certas faixas etárias estão mais sujeitas a encefalite do que outras.

No caso específico dessa patologia, ela é mais frequente e até mais grave em crianças e em adultos mais velhos.

Isso é válido principalmente para as encefalites virais.

Contudo, há uma exceção: quando a doença é gerada pelo vírus herpes simplex, é comum que ela atinja pessoas entre os 20 e os 40 anos de idade.

Resistência imunológica baixa

Todos os pacientes com baixa atividade imunológica estão mais sujeitos ao desenvolvimento das encefalites. Sendo assim, é mais comum que ela acometa:

  • Portadores de HIV;
  • Usuários de medicamentos imunossupressores;
  • Pacientes acometidos por patologias autoimunes;
  • Entre outras doenças que afetam o funcionamento do sistema imunológico.

Quais são os sintomas mais comuns de encefalite?

Os sintomas da encefalite podem variar conforme a patologia vai avançando no organismo do paciente.

Inicialmente, eles se manifestam apenas como consequência da ação do agente infeccioso, como gastroenterite e resfriado.

Outros sinais nessa fase inicial podem incluir manifestações de febre, dores de cabeça e vômitos.

Com o passar do tempo, esses sintomas vão evoluindo, enquanto a encefalite gera lesões cerebrais capazes de provocar quadros mais graves, que incluem:

  • Confusão mental;
  • Agitação;
  • Fraqueza ou até paralisia muscular;
  • Desmaios;
  • Convulsões;
  • Rigidez das costas e do pescoço;
  • Perda de memória;
  • Sensibilidade exacerbada à luz.

Também é comum que os sintomas da encefalite viral não sejam próprios da infecção do vírus que a causa.

Nessas situações, é comum que o quadro seja confundido com outras patologias, como resfriados ou mesmo meningite.

Por conta disso, sempre que algum sinal da doença for detectado, é imprescindível procurar um médico para obter o devido diagnóstico.

Abaixo, explicarei como os especialistas atuam para determinar o diagnóstico da encefalite.

Como o médico consegue diagnosticar esse problema?

Diagnóstico da encefalite

Para começar o processo de diagnóstico da encefalite, o médico deve avaliar o histórico clínico do paciente e realizar um teste físico.

A partir disso, um exame neurológico pode ser solicitado, e normalmente indicará condições como sonolência e confusão mental.

Além disso, também é importante observar se o pescoço está rígido, pois isso pode apontar irritação das meninges.

Normalmente, as avaliações são complementadas por um exame do fluido cerebrospinal, conhecido como líquor.

Ele é obtido através de uma punção lombar. Contudo, ele só deve ser realizado depois que a possibilidade de pressão liquórica elevada ser descartada.

A punção serve para apontar a quantidade de proteínas e de células brancas no fluído, que normalmente são elevadas na encefalite.

Em grande parte dos casos, porém, os resultados podem apresentar um quadro normal. Por isso, também é recomendada que seja feita uma ressonância magnética, que permite uma avaliação mais precisa.

Inclusive, outros testes podem ser feitos para complementar o diagnóstico, como:

  • Tomografia computadorizada;
  • Eletroencefalograma com mapeamento cerebral;
  • Coleta de urina, sangue e do fluido cerebrospinal;
  • Exames sorológicos.

De que maneira o quadro de encefalite evolui?

Em todas as situações, a encefalite é considerada uma patologia grave.

Contudo, na maior parte dos casos, ela é passível de cura, com ou sem sequelas (a depender de cada paciente e cada quadro clínico).

No caso das pessoas com sistema imunológico deprimido ou com idade avançada, as chances de a encefalite ser fatal são maiores.

Vale destacar também que, quando gerada por herpes, ela é mais perigosa, pois pode causar uma morte rápida caso não seja diagnosticada precocemente e tratada a tempo.

Qual é o tratamento mais indicado para os pacientes?

Durante o tratamento da encefalite, o principal objetivo é auxiliar o organismo no combate da infecção e, consequentemente, no alívio dos sintomas.

Por isso, além dos medicamentos e recomendações gerais do médico, também é importante alimentar-se de maneira equilibrada, repousar e ingerir líquidos para que a patologia se cure.

Na intervenção medicamentosa, a finalidade é combater os sintomas. Por isso, as opções mais utilizadas são:

  • Corticoides para combater a inflamação do cérebro e diminuir a manifestação dos sintomas. O mais comum é a Dexametasona;
  • Dipirona ou Paracetamol, que servem para aliviar as dores de cabeça e reduzir a incidência de febre;
  • Anticonvulsivantes para evitar possíveis convulsões. Eles incluem remédios como a Fenitoína e a Carbamazepina.

Quando a infecção é gerada pelo citomegalovírus ou herpes, alguns antivirais específicos podem ser receitados, como Foscarnet ou Aciclovir.

Isso porque, sua composição ajuda a expulsar os vírus mais rapidamente, evitando assim o surgimento de lesões cerebrais mais graves.

Além disso, o protocolo para os casos mais graves é diferente, já que eles podem gerar perda de consciência e até comprometer a capacidade de respiração.

Nessas situações, o paciente deve ficar internado em um hospital, para receber suporte respiratório, medicamentos na veia, entre outras intervenções necessárias.

Como é possível prevenir a encefalite?

Por ser causada por vírus, bactérias, entre outras infecções, a encefalite muitas vezes pode ser contagiosa.

Frente a isso, é importante que pessoas de todas as faixas etárias evitem contato direto com pacientes acometidos pela doença, sejam adultos, crianças ou idosos.

Ainda em relação aos agentes virais, atualmente muitas vacinas estão disponíveis para combatê-los. Por isso, é importante manter a carteira de vacinação em dia. As mais importantes nesse sentido são as vacinas para sarampo e herpes zoster.

Já no caso dos mosquitos que tenham picadas capazes de transmitir algum vírus, é fundamental ficar atento aos meios de controle e prevenção difundidos na sua comunidade para que sua reprodução seja controlada.

Inclusive, repelentes podem ser úteis nesses casos. Contudo, ainda mais importante é evitar fontes de água parada, como calhas, latas, poças e pneus.

A Telemedicina como recurso de monitoramento

Como você conferiu até aqui, a encefalite exige um diagnóstico preciso e um acompanhamento constante de suas diferentes fases de manifestação.

Além disso, é importante que os pacientes acometidos mantenham-se em isolamento e em contínuo processo de observação, para que o quadro não avance e nenhum sintoma gere lesões cerebrais mais graves (ou até fatais).

A Telemedicina na neurologia pode ser um recurso imprescindível para essas situações, uma vez que permite:

  • Consultas remotas para a avaliação dos pacientes;
  • Diagnósticos com laudos mais rápidos e viáveis;
  • Uma frequência maior de consultas entre os médicos e pacientes.

Mais que permitir atendimentos à distância, a medicina remota possibilita ainda uma maior interação entre especialistas (importante para ter mais assertividade no diagnóstico e nos tratamentos) e o uso de tecnologias de ponta para intervenções com maiores chances de sucesso.

Vale mencionar que esse tipo de recurso é ainda mais valioso em tempos de pandemia, como é o caso da COVID-19.

Isso porque, a Telemedicina garante que os pacientes sejam devidamente assistidos, sem que isso signifique um aumento na carga das unidades presenciais de saúde ou mesmo nas chances de infecção pelo novo coronavírus.

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Conclusão

Por mais que não tenha causas bem definidas, sabe-se que a encefalite é gerada como consequência de infecções por vírus, bactérias, parasitas ou protozoários. Sendo assim, seus meios de prevenção estão diretamente ligados às formas de evitar esses agentes infecciosos.

Por sua vez, os sintomas podem começar com simples resfriados, febre e dores de cabeça, evoluindo para confusão mental, desmaios, convulsões, entre outras complicações cerebrais mais severas durante seu agravamento.

Se não tratada adequadamente, a encefalite pode gerar sérias lesões no cérebro e até ser fatal, por isso é fundamental garantir seu correto diagnóstico, além de acompanhamento médico contínuo.  Por conta desses fatores, e também por exigir o isolamento dos pacientes, o tratamento pode ser muito beneficiado pelas ferramentas remotas de Telemedicina.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin