Saúde corporativa: o que é, qual a importância e como implementar

Por Dr. José Aldair Morsch, 13 de janeiro de 2025
Saúde corporativa

A saúde corporativa rende desafios e oportunidades.

Ela se aplica a todas as empresas que têm funcionários e, por essa razão, existe o compromisso de zelar pelo seu bem-estar desde os exames admissionais.

Por um lado, é desafiador investir em saúde sem comprometer o orçamento.

Segundo estimativas de especialistas, essa despesa responde por uma média de 14% da folha de pagamento das empresas, podendo chegar a 20%.

Por outro, oportuniza a clínicas de medicina ocupacional a oferta de um serviço voltado a processos mais seguros, em respeito à legislação vigente e estabelecendo condições de trabalho que sirvam de motivação para o melhor desempenho das equipes.

Quem privilegia a visão da oportunidade pode se beneficiar, inclusive do ponto de vista financeiro.

É que a tecnologia na saúde evoluiu para permitir a redução de custos na oferta de serviços de medicina corporativa.

A partir da telemedicina, por exemplo, é possível laudar exames sem a exigência de contar com especialistas no local do procedimento.

Isso representa não só economia para as clínicas, como também as torna mais competitivas em um mercado permanentemente em alta.

Se você quer saber mais sobre saúde corporativa e as oportunidades de agregar qualidade e economia aos exames ocupacionais, acompanhe este artigo até o final.

O que é saúde corporativa?

Saúde corporativa é um conjunto de práticas que visam prevenir doenças, garantir o bem-estar dos colaboradores e, dessa forma, contribuir para o seu melhor desempenho laboral.

Ela também pode ser entendida como um programa e, dessa forma, ter ações sistêmicas.

Do início ao fim da relação de um trabalhador com a empresa, várias são as medidas que devem ser adotadas para assegurar a sua integridade física e emocional, além da qualidade de vida no trabalho.

Elas compreendem tanto as ações de saúde e segurança no trabalho (SST) quanto outras iniciativas mais amplas de promoção da saúde, a exemplo da oferta de um convênio médico.

Do exame admissional ao demissional, passando pelas avaliações periódicas e iniciativas internas de prevenção a doenças, o foco está sempre em garantir que o funcionário tenha as condições ideais de saúde para o desenvolvimento de suas atividades.

Como destacado no início do artigo, esse é um investimento fundamental na equipe, mas que não sai barato.

Cabe lembrar, contudo, que investir em saúde corporativa é uma exigência legal – práticas de SST estão previstas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a Lei 6.514/1977, e em normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho.

Qual a importância da saúde corporativa?

Adotar medidas de saúde corporativa proporciona uma série de vantagens para empresas, funcionários e toda a sociedade.

Afinal, elas favorecem o bem-estar físico e mental, tornando os empregados mais engajados e felizes, o que se reflete não apenas no trabalho, como também na vida pessoal.

Saiba mais sobre os resultados gerados ao investir em saúde corporativa:

Obediência à legislação

A CLT determina a implementação de medidas de medicina e segurança e do trabalho, inclusive em caráter preventivo.

Em seu Art . 168, a legislação afirma que: “Será obrigatório o exame médico do empregado, por conta do empregador.”

Essa exigência é complementada por regras presentes, por exemplo, na Norma Regulamentadora 07 (NR-07), que estabelece o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).

Composto por ações de vigilância ativa e passiva da saúde, o PCMSO foi criado para a prevenção de acidentes, doenças ocupacionais e, também, patologias não relacionadas ao trabalho.

Promoção de hábitos saudáveis

Uma estratégia robusta de saúde corporativa vai além da obrigação legal, viabilizando a educação em saúde.

Bem informados, os empregados tendem a adotar hábitos saudáveis que auxiliam na prevenção de agravos e controle de doenças crônicas.

Com funcionários saudáveis, a tendência é de aumento na produtividade e, por consequência, na lucratividade do negócio. 

Redução de absenteísmo e afastamentos

Consultas, exames e tratamentos estão entre as principais causas do absenteísmo e afastamento do trabalho.

Muitas vezes, esses quadros decorrem de complicações que poderiam ter sido evitadas a partir de uma rotina de medicina preventiva.

Uma crise de asma incapacitante, por exemplo, pode ser prevenida seguindo a prescrição médica.

Ela geralmente orienta o uso de um medicamento de controle e outro de resgate, junto a medidas que reduzem o contato com alérgenos.

Saúde no trabalho

O foco é garantir que o funcionário tenha as condições ideais de saúde para o desenvolvimento de suas atividades

Diminuição das despesas com saúde

Iniciativas contínuas como o PCMSO permitem até mesmo enxugar despesas com o plano de saúde empresarial.

Isso porque o uso racional do plano, focando em prevenção, reduz os eventos mais graves e procedimentos de alta complexidade, que custam caro.

Assim, há queda na sinistralidade, diminuindo o valor do reajuste no próximo ano.

Melhora da imagem institucional

Outro benefício evidente é a construção de uma reputação positiva para a empresa, que mostra a valorização do bem-estar de seus funcionários.

Nesse cenário, a imagem institucional começa a ganhar prestígio entre os próprios trabalhadores, que se sentem importantes, e seus familiares.

Atração e retenção de talentos

Partindo de uma imagem institucional positiva, fica mais fácil contratar e manter funcionários de alta performance na empresa.

O fato de oferecer um plano de saúde e outros benefícios corporativos voltados ao bem-estar já é uma vitrine para atrair essas pessoas, que também as leva a pensar duas vezes antes de pedir demissão.

8 práticas de saúde corporativa para implementar nas empresas

Neste tópico, você vai conhecer as principais medidas para apoiar a saúde física e mental dos trabalhadores.

Acompanhe:

1. Exames ocupacionais na saúde corporativa

Existem diferentes tipos de exames ocupacionais que integram o PCMSO.

Vamos a eles:

  • Exame admissional: procedimento realizado após a contratação, investiga as condições de saúde do novo funcionário, levando em conta aspectos relativos ao cargo que ele irá ocupar
  • Exame demissional: avaliação médica que investiga se a saúde do trabalhador sofreu algum prejuízo causado pela atividade profissional exercida na empresa. Em caso positivo, existe uma responsabilidade indenizatória para a contratante
  • Exame periódico: é realizado eventualmente para verificar as condições de saúde do trabalhador. Sua frequência é determinada pelo PCMSO
  • Exame de retorno ao trabalho: quando o colaborador esteve afastado por mais de 30 dias, o procedimento é utilizado para reavaliar suas condições de saúde. A aptidão do empregado é descrita no atestado de retorno ao trabalho
  • Exame de nova função: sempre que o colaborador muda de função ou departamento dentro da empresa, um novo exame médico deve ser realizado, a fim de constatar mudanças em relação ao ambiente, atividades e riscos ocupacionais a que estará exposto.

Saiba mais sobre os exames complementares do PCMSO.

2. Ambulatório nas empresas

Do ponto de vista legal, um ambulatório só é exigido pela NR-18 para empresas do setor de construção civil com pelo menos 50 trabalhadores.

No entanto, a sua instalação pode ser recomendada pela equipe do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) após avaliação sobre os riscos aos quais os funcionários estão sujeitos no ambiente de trabalho.

Se for o caso, é preciso preparar um orçamento volumoso para o investimento, já que um ambulatório exige a contratação de profissionais e a aquisição de equipamentos diversos, além de medicamentos e outros artigos hospitalares.

3. Programas de prevenção da saúde

Integram as iniciativas de saúde corporativa uma série de programas com foco na prevenção.

Entre eles, os principais são:

  • Tabagismo: um funcionário fumante pode custar cerca de R$ 20 mil extras ao ano, segundo estudo da Universidade de Ohio. A estimativa inclui perdas por produtividade. Um programa de combate ao tabagismo, portanto, conscientiza sobre os malefícios do cigarro e contribui com o projeto para parar de fumar
  • Obesidade: a obesidade é um problema de saúde pública, cujas repercussões incutem sobre o desempenho profissional. Empresas podem promover palestras sobre alimentação saudável, parcerias com academias para oferecer planos especiais e até disponibilizar algumas modalidades, como ioga e ginástica laboral
  • Vacinação: vacinas ajudam a prevenir doenças relacionadas ao trabalho e que interferem na produtividade. Segundo pesquisa publicada no Journal of The American Medical Association (JAMA), campanhas de vacinação focadas nos vírus circulantes podem reduzir em 32% as faltas ao trabalho
  • Saúde mental: a promoção da saúde mental no trabalho é uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre as ameaças a combater, estão estresse ocupacional, depressão no trabalho, ansiedade, assédio moral e bullying.

Conheça as melhores práticas relacionadas à saúde emocional no trabalho.

4. Análise ergonômica

A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) não é um programa, mas um parecer que traz as considerações de um especialista sobre os riscos ergonômicos presentes na rotina dos colaboradores, em seus postos de trabalho ou nos equipamentos que operam.

A realização da AET atende ao disposto na NR-17, mas pode ser realizada por qualquer empresa como parte de um programa de prevenção a doenças ocupacionais.

Lesões causadas por esforços repetitivos (LER/DORT) são um dos focos desse tipo de iniciativa.

5. Ginástica laboral na saúde corporativa

Um programa de ginástica laboral estabelece uma série de exercícios físicos realizados no local de trabalho e em horário de expediente.

Trata-se de uma iniciativa válida para empresas de qualquer porte

As razões para a sua promoção são tanto de ordem física quanto emocional, já que a atividade física oferece benefícios comprovados contra o estresse e ansiedade.

Ao mesmo tempo em que contribui na prevenção de doenças e lesões ocupacionais, especialmente do ponto de vista ergonômico.

6. SIPAT

Integrando as responsabilidades da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Assédio), a Semana Interna de Prevenção a Acidentes de Trabalho (SIPAT) deve ser realizada anualmente.

O evento oportuniza a disseminação de boas práticas de saúde entre os empregados, podendo oferecer palestras, seminários, premiações e outras medidas de conscientização.

7. Controle de doenças crônicas

Além das atividades preventivas, é importante mapear o perfil dos empregados, identificando as doenças mais comuns para que sejam monitoradas.

Nesse contexto, vale dar atenção especial às patologias crônicas, reforçando as ações de controle para evitar complicações de saúde.

Por exemplo, disponibilizando aparelhos para medir a pressão arterial, se houver funcionários com hipertensão

Ou para medir o nível de glicemia, se houver pessoas com diabetes.

8. Suporte psicológico

Outra boa ideia é fornecer suporte psicológico aos funcionários, por meio de rodas de conversa, consulta com psicólogo, etc.

Dessa forma, ficará mais simples gerenciar o estresse, diminuindo o risco de desenvolvimento de doenças mentais.

Como desenvolver um programa de saúde corporativa?

Um programa de saúde corporativa eficiente deve ser personalizado, considerando as particularidades de cada empresa.

No entanto, há algumas etapas básicas que se aplicam a diferentes negócios, e você pode começar a estruturar sua iniciativa por elas:

  • Reúna uma equipe multiprofissional: comece selecionando profissionais qualificados, que entendam de saúde ocupacional e campos correlatos para se responsabilizar pelo programa. Inclua também as lideranças
  • Colete dados dos empregados: tanto os dados de SST quanto outras informações de saúde devem pautar as medidas de saúde corporativa. Portanto, consulte os profissionais do SESMT, CIPA e ouça seus funcionários para mapear o perfil deles
  • Planeje medidas personalizadas: com base no mapeamento, verifique quais as principais doenças, necessidades e interesses dos colaboradores. Priorize ações que atendam a essas demandas
  • Divulgue as ações: de nada adianta montar um programa voltado à saúde no trabalho se os funcionários não souberem que ele existe ou como participar. Então, invista em comunicação, divulgando as iniciativas em murais, intranet, e-mails e demais veículos internos da empresa.

A seguir, entenda como a telemedicina ajuda você nos desafios de saúde corporativa.

A Telemedicina Morsch atua no telediagnóstico e PEP para as clínicas

Iniciativas contínuas como o PCMSO permitem até mesmo enxugar despesas com o plano de saúde empresarial

Como a telemedicina ajuda a promover a saúde corporativa?

A telemedicina ocupacional disponibiliza soluções de suporte à SST, otimizando a interpretação dos exames complementares do PCMSO.

Basta compartilhar os resultados dos procedimentos via plataforma de telemedicina para que sejam avaliados por especialistas, que compõem laudos online liberados em minutos no sistema.

Softwares completos como a Telemedicina Morsch oferecem serviços agregados como a teleconsulta e a assinatura digital para laudos de SST, acabando com a espera para finalizar os documentos.

Eles são acessados a distância pelo médico do trabalho ou engenheiro de segurança e assinados com toda a praticidade.

A solução permite criar, armazenar, assinar e compartilhar seus:

Solicite agora um orçamento sem compromisso!

Conclusão

Boas práticas de saúde corporativa são fundamentais para promover o bem-estar da força de trabalho, diminuindo agravos e queda na produtividade.

Gostou de se aprofundar no tema? Então, compartilhe este conteúdo com sua rede!

Siga acompanhando as novidades de medicina ocupacional através dos artigos que publico aqui no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin