Análise ergonômica do trabalho (AET): o que é, para que serve e como fazer

Por Dr. José Aldair Morsch, 24 de outubro de 2022
Análise ergonômica do trabalho

Já ouviu falar em análise ergonômica do trabalho?

Mais que um simples documento, a AET é um instrumento de promoção da segurança e saúde do trabalho.

Isso porque ela contempla a avaliação das condições laborais, considerando seus aspectos psicofisiológicos para mitigar riscos ergonômicos e, por consequência, reduzir lesões e doenças ocupacionais.

Falo mais sobre o tema ao longo deste artigo, incluindo detalhes para fazer uma AET de qualidade.

Esse e outros arquivos de SST podem ser emitidos e assinados via telemedicina.

O que é análise ergonômica do trabalho (AET)?

Análise ergonômica do trabalho é um estudo que visa adequar as condições de trabalho às limitações e capacidades dos colaboradores.

Elaborada com base em boas práticas de ergonomia no trabalho, a AET deve ser registrada num relatório com diferentes partes, como mostro em detalhes nos próximos tópicos.

Por enquanto, vale ressaltar que o documento está previsto na Norma Regulamentadora 17 do Ministério do Trabalho e Emprego, que afirma o seguinte:

“As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário dos postos de trabalho, ao trabalho com máquinas, equipamentos e ferramentas manuais, às condições de conforto no ambiente de trabalho e à própria organização do trabalho”.

Para contemplar esses aspectos, a NR-17 determina que todas as empresas realizem a avaliação ergonômica preliminar.

Como o nome sugere, essa é uma avaliação preliminar, que deve ser aprofundada para a atualização dos riscos ocupacionais identificados e das medidas de prevenção.

É aí que entra a AET, como um tipo de extensão do estudo ergonômico preliminar no ambiente laboral.

Para que serve a análise ergonômica do trabalho?

Talvez a finalidade mais evidente da AET seja a obediência à legislação vigente, mas ela vai além, servindo como instrumento de promoção da saúde ocupacional.

Ao analisar as características particulares dos funcionários, é possível fazer adequações que previnem lesões, acidentes e ainda elevam a produtividade.

Um exemplo está na adaptação do mobiliário para evitar dores nas costas, pescoço, mãos e braços, facilitando a realização das tarefas com maior destreza.

No longo prazo, as medidas ergonômicas poderão prevenir as LER/DORT e impactos como afastamentos, absenteísmo, multas e processos trabalhistas.

Já a redução do ritmo de trabalho contribui para proteger a saúde mental do empregado, diminuindo o estresse e, por vezes, quadros de ansiedade e burnout.

Quem pode fazer a análise ergonômica do trabalho?

As normas regulamentadoras não determinam que tipo de profissional pode se responsabilizar pela AET.

Contudo, a NR-17 esclarece, no item 17.3.1.1, que:

“A avaliação ergonômica preliminar das situações de trabalho pode ser realizada por meio de abordagens qualitativas, semiquantitativas, quantitativas ou combinação dessas, dependendo do risco e dos requisitos legais, a fim de identificar os perigos e produzir informações para o planejamento das medidas de prevenção necessárias”.

O relatório também deve constar no plano de ação do PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos), o que pede que seja elaborado por profissionais com conhecimentos sobre ergonomia.

No entanto, como a profissão ergonomista não é regulamentada no Brasil, profissionais graduados em diferentes cursos podem seguir essa carreira por meio de cursos de especialização.

Fisioterapeutas do trabalho, médicos do trabalho e engenheiros de segurança estão entre as categorias aptas a buscar especialização em ergonomia.

Essa questão ficou mais clara em 2016, quando a Secretaria de Inspeção do Trabalho expediu a Nota Técnica nº 287, que diz:

“Embora já existam associações no Brasil que certifiquem ergonomistas e cursos de pós-graduação em Ergonomia, não existe qualquer dispositivo legal que imponha algum tipo de qualificação específica a este ponto, de forma que o profissional deve garantir que possua os conhecimentos específicos para a realização da atividade. Frise-se que, enquanto laudo, a AET pode, inclusive, gerar a responsabilização do profissional elaborador, em caso de imperícia ou inabilidade, com eventuais repercussões negativas no ambiente de trabalho”.

Como fazer a análise ergonômica do trabalho?

Acompanhe agora os cinco principais passos para elaborar a AET, tomando como referência a própria NR-17.

1. Análise da demanda e perfil dos colaboradores

Como mencionei antes, a primeira etapa se refere à análise preliminar, a fim de tomar ciência sobre a natureza do trabalho desenvolvido pela empresa, porte e grau de risco.

Também se deve traçar o perfil dos funcionários a partir de sua idade, tarefas, histórico de saúde, etc.

2. Avaliação de fatores organizacionais

Os tipos de tarefas, clima organizacional, ritmo das atividades, turnos e necessidade de esforço físico estão entre os quesitos avaliados nessa etapa.

3. Escolha e detalhamento de métodos de análise dos riscos 

Em seguida, vem a fase de identificação e análise de riscos, a exemplo de:

  • Esforço físico e levantamento de peso
  • Postura inadequada
  • Conforto térmico
  • Luminância
  • Ruído
  • Monotonia e repetitividade
  • Imposição de rotina intensa
  • Jornada de trabalho prolongada
  • Estresse
  • Trabalho noturno.

É preciso descrever as técnicas e ferramentas empregadas para avaliar

4. Recomendações para as situações de trabalho analisadas

Com o resultado das avaliações qualitativas e/ou quantitativas em mãos, é hora de sugerir as adequações que devem ser realizadas para melhorar as condições laborais.

Rodízio de funções e substituição de tecnologias obsoletas são ideias que ajudam a proteger a saúde dos trabalhadores.

5. Monitoramento e readequação das intervenções realizadas

O ideal é que a AET seja revista periodicamente, sempre que houver mudanças significativas como a expansão do negócio.

Como esse relatório faz parte do PGR, vale aproveitar as revisões do Programa para revisitar a AET e, se necessário, fazer novas adequações.

Análise ergonômica ocupacional

A AET é uma avaliação preliminar, que deve ser aprofundada para a atualização dos riscos ocupacionais

Análise ergonômica do trabalho e telemedicina

Tanto a AET quanto outros laudos ocupacionais devem ser armazenados em local seguro, ficando à disposição para consultas pela empresa, trabalhadores e órgãos governamentais.

Eles ainda precisam ser assinados por ergonomistas, a fim de garantir a eficácia das ações de SST propostas.

A boa notícia é que a telemedicina oferece soluções inteligentes para as demandas de médicos do trabalho e profissionais do SESMT.

Sistemas modernos como o da Telemedicina Morsch permitem a elaboração, arquivamento e assinatura digital dos documentos de saúde ocupacional de um jeito simples.

Os laudos ficam salvos na nuvem (internet), sob a guarda de mecanismos como senhas e critptografia.

Basta acessar a plataforma e utilizar os serviços para:

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Conclusão

Ao final deste artigo, você conhece as principais etapas e finalidade da análise ergonômica do trabalho.

Esse relatório é essencial para compor documentos como o PGR e o PCMSO, que podem ser assinados online via telemedicina.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin