Quais são os sintomas da Síndrome de Burnout e como tratar?

Por Dr. José Aldair Morsch, 19 de março de 2021
Síndrome de Burnout: quais são os sintomas e como tratar a doença?

A Síndrome de Burnout é uma doença cada vez mais comum no mercado de trabalho moderno, que pode trazer sérias consequências à vida pessoal e profissional das pessoas.

Para que ela seja evitada ou devidamente tratada, algumas questões exigem atenção especial, como seus sintomas, características e principais impactos.

Trata-se de uma questão complexa e repleta de peculiaridades, mas que não pode ser ignorada. Visto que, tem influência direta sobre a rotina e a qualidade de vida nas empresas.

Para que você se familiarize com o tema e saiba como lidar com as suas principais questões, preparei este artigo com informações completas para médicos e pacientes.

O que é Síndrome de Burnout?

A Síndrome de Burnout é uma das mais sérias doenças ocupacionais, e trata-se de condição mental ligada ao esgotamento profissional.

Ela pode ser caracterizada como um estado crônico e extremo de estresse, gerado normalmente pelo excesso ou pela sobrecarga de trabalho.

Trata-se de uma doença em que o indivíduo gasta totalmente as suas energias emocionais e físicas.

Não por acaso, a rotina excessivamente desgastante é associada ao termo “burnout”, que em inglês significa queimar algo até seu fim.  

Qual é a diferença entre Síndrome de Burnout, Depressão e Estresse?

Por se tratar de uma patologia mental, a Síndrome de Burnout tem sintomas parecidos com os da depressão, sendo muitas vezes confundida com ela.

Em geral, o estresse é uma resposta do corpo aos sentimentos de um indivíduo, que se manifesta física e psicologicamente quando alguém está sob muita pressão.

Ou seja, alguém sobrecarregado pode ficar excessivamente estressado, mas isso não quer dizer necessariamente que a pessoa está com a síndrome.

Isso porque, o estresse pode surgir, por exemplo, quando alguém precisa cumprir determinada meta na semana, mas a mente tende a relaxar e voltar ao seu ritmo comum quando essa carga extra chega ao fim.

Já no caso do Burnout, o profissional permanece estressado e com a sensação de sobrecarga constantemente, mesmo nos momentos em que não seria preciso manter a mente tão ativa.

Normalmente, o gatilho desse estado mental sempre vem do trabalho, e é acompanhado pelo cansaço excessivo e pela sensação de culpa.

Nesse ponto, a Síndrome de Burnout também se diferencia da depressão, já que nela, a infelicidade e os sentimentos negativos são associados a todas as questões da vida, e não apenas a um segmento dela, como é o caso do trabalho.

Quais são as profissões mais impactadas pela doença?

O termo Workaholic tem se popularizado muito nos últimos anos, e diz respeito às pessoas que se dizem viciadas no próprio trabalho.

Normalmente, são esses indivíduos que mais sofrem com a Síndrome de Burnout e outros problemas ligados à saúde corporativa, justamente pela carga de atividades que tomam para si e pela importância extrema que dão para elas.

Contudo, algumas profissões estão mais sujeitas ao problema do que outras, por conta das características e da pressão inerentes a elas. Confira alguns exemplos:

  • Executivos em geral;
  • Profissionais da saúde, como enfermeiros e médicos;
  • Atendentes de telemarketing;
  • Bombeiros e policiais;
  • Jornalistas;
  • Oficiais de Justiça e carcereiros;
  • Bancários;
  • Professores;
  • Assistentes sociais;
  • Psicólogos;
  • Advogados;
  • Entre outros.

Nessas funções, e em outras semelhantes, os esforços são muito exigidos dos profissionais. Por consequência, acabam se esquecendo dos seus momentos de relaxamento e descontração.

Ou seja, a mente desses indivíduos está em estado constante de alerta, fazendo com que os mesmos se sintam exaustos com o passar do tempo.

Não só a cobrança de si, como a dos chefes e superiores, acabam criando impactos negativos na vida profissional, que logo passam para a esfera pessoal.

Também é válido mencionar o caso das mulheres, que na sua maioria acabam assumindo uma jornada dupla: a do próprio emprego junto com as responsabilidades de mãe, do lar, dos estudos. Além de entre outras que são acumuladas por falta de apoio do parceiro ou dos familiares.

Quais são as causas e sintomas da Síndrome de Burnout?

A Síndrome de Burnout pode ser ocasionada tanto por tarefas excessivas e exaustivas, quanto por relações e cobranças abusivas.

Assim, entre suas causas mais recorrentes, destacam-se:

  • Carga elevada de trabalho;
  • Pressão constante e excessiva;
  • Jornadas muito longas de trabalho;
  • Conflito com colegas ou líderes;
  • Poucos momentos de repouso e descontração;
  • Morar longe e demorar muito para chegar no trabalho;
  • Falta de condições laborais adequadas às funções;
  • Excesso de cobranças e responsabilidades;
  • Contato constante e exaustivo com o público.

Todos esses fatores podem acometer simultaneamente os profissionais, mas eles também podem desencadear sozinhos a Síndrome de Burnout.

A Síndrome de Burnout pode ser ocasionada tanto por tarefas excessivas e exaustivas, quanto por relações e cobranças abusivas.

A intensidade dos casos, ligada às características individuais de cada profissional, podem desencadear uma série de sintomas físicos e emocionais.

O sinal físico mais comum é a exaustão, que não passa mesmo que a pessoa durma e descanse por horas. Além dele, também é comum que ocorram:

  • Dores de cabeça;
  • Excesso de transpiração;
  • Pressão alta;
  • Dores musculares;
  • Dificuldades na respiração;
  • Alergias na pele;
  • Cansaço excessivo;
  • Enxaquecas;
  • Disfunções gastrointestinais;
  • Fadiga constante;
  • Mudanças nos batimentos cardíacos.

No caso dos sintomas emocionais, como citado anteriormente, o mais comum é o estado recorrente de alerta e de depressão. Além deles, também ocorrem:

  • Ansiedade;
  • Desânimo recorrente e acentuado;
  • Dificuldade ou falta de prazer nas demais atividades da vida;
  • Irritabilidade excessiva;
  • Problemas de raciocínio;
  • Mudanças na frequência e na qualidade do sono;
  • Falta de motivação;
  • Sentimento de inferioridade ou incapacidade;
  • Perda de criatividade;
  • Preocupação constante e exacerbada.

Como identificar e prevenir a Síndrome de Burnout?

Além dos sintomas mencionados acima, alguns cuidados também devem ser observados para que seja possível detectar a Síndrome de Burnout.

Isso porque, trata-se de uma condição que muitas vezes é confundida com outros problemas psicológicos e emocionais, já que os sintomas são parecidos com os de outras doenças ligadas à mente.

Sendo assim, além de ficar atento aos detalhes, é imprescindível contar com o apoio de um especialista na área para obter o diagnóstico.  

Somente um psicólogo ou um psiquiatra saberá determinar exatamente quais são as condições do paciente e determinar o tratamento mais adequado.

Além dos sintomas mencionados acima, alguns cuidados também devem ser observados para que seja possível detectar a Síndrome de Burnout.

Dessa forma, sempre que algum sintoma for percebido, é fundamental buscar apoio profissional.

Além disso, alguns cuidados e atitudes são importantes para prevenir a Síndrome de Burnout. Trata-se de práticas prazerosas e relativamente simples, que incluem:

Alimentação balanceada

Com uma boa alimentação, é possível ingerir todas as vitaminas e nutrientes necessários para um corpo e para uma mente saudável.

Assim, ela ajuda a recompor as energias necessárias para o trabalho e a manter um organismo mais ativo, disposto para os desafios do dia a dia.

Inclusive, esse cuidado ajuda na regulação do sistema gastrointestinal, que é muito afetado pelo estresse excessivo.

Prática de exercícios

Assim como uma alimentação equilibrada, a prática de exercícios ajuda a manter o corpo mais saudável e a eliminar a ansiedade da rotina.

Vale mencionar que os sintomas da Síndrome de Burnout incluem tensões musculares, que provocam dores e limitações que só agravam os problemas.

Com práticas físicas, os músculos são liberados, a disposição é aumentada e uma rotina mais positiva é garantida.

A movimentação também ajuda a liberar endorfinas e serotonina, que são hormônios diretamente ligados à felicidade e à redução do estresse.

Redução das cobranças

Reduzir as cobranças pode ser difícil quando elas vêm dos líderes da empresa, mas é preciso manter uma relação de transparência para que elas sejam reguladas sempre que problemas forem percebidos.

Além disso, muitas vezes é o próprio indivíduo que cobra de si, buscando por um sentimento inalcançável de perfeição.

Dessa maneira, o primeiro passo é aceitar que você pode errar e que isso é normal. Lembre-se de que as limitações são próprias do ser humano e que aceitá-las é fundamental para uma relação saudável com o trabalho.

Momentos de relaxamento

Jamais deixe que o trabalho ocupe sua vida pessoal e que os momentos de descanso deem lugar às horas extras de trabalho.

Relaxar o corpo e a mente é indispensável para recuperar as energias e restabelecer a mente.

Assim, organize sua rotina para parar e descansar periodicamente, aproveitando seus momentos de lazer ou contemplação. Com isso, é possível prevenir e até tratar o Burnout.

Férias e folgas

No mesmo sentido de reduzir suas cobranças e de garantir momentos de relaxamento, procure não abrir mão e nem adiar suas férias.

As folgas e os dias de descanso servem justamente para que o trabalho não se torne um problema na vida das pessoas.

Desligar-se da rotina para relaxar, ler um livro, assistir filmes ou passear com a família é fundamental para uma vida saudável.

Muitas pessoas manifestam sentimento de culpa quando recebem merecidos dias livres, e isso pode ser um sintoma ou fator direto da Síndrome de Burnout.

Relacionamentos positivos

A convivência com outras pessoas é inerente a qualquer rotina profissional, e ela também precisa ser a mais saudável possível.

Seja com os colegas ou com as lideranças, é preciso sempre prezar pela cooperação, cordialidade e gentileza.

Todas essas características garantem dias mais leves e produtivos, capazes de reduzir a carga negativa associada ao ambiente laboral.

Preze pelos bons relacionamentos na empresa, e manifeste-se sempre que perceber problemas ligados a esses fatores.

Como lidar com profissionais que sofrem da Síndrome de Burnout?

Qualquer pessoa que precisa lidar com alguém com Síndrome de Burnout precisa ter cautela e adotar alguns cuidados especiais.

Em primeiro lugar, é preciso demonstrar ajuda, oferecer apoio e estar próximo para o que for preciso.

Nesse sentido, é muito importante não desmerecer o sofrimento de quem está passando pela situação e não impor nenhuma solução “à força”.

O entendimento é a chave para a superação, e deve estar presente mesmo quando o devido tratamento médico está em curso.

Da mesma maneira, é preciso incentivar o autocuidado, evitar falar sobre o trabalho quando não for preciso e procurar tratar sobre assuntos mais leves.

Todas essas atitudes são de extrema importância para o combate da Síndrome de Burnout, mas elas jamais substituirão o tratamento adequado.

Como é feito o tratamento dessa síndrome?

Basicamente, o tratamento do Burnout envolve:

  • Práticas de psicoterapia;
  • Uso de medicamentos antidepressivos;
  • Ou até mesmo intervenções de neuropsiquiatria.

Além disso, as medidas preventivas mencionadas anteriormente também servem para o combate da síndrome.

Isso inclui a prática de atividades físicas, uma alimentação equilibrada, exercícios de relaxamento, entre outros cuidados semelhantes.

Ou seja, tão importante quanto o tratamento em si, é a mudança no estilo de vida do indivíduo e o controle de seus sintomas.

Principais dúvidas sobre o assunto

A Síndrome de Burnout pode trazer alguns dilemas às pessoas que sofrem com ela. Afinal, trata-se de uma situação complexa e que tem impactos diretos sobre a vida profissional. Assim, é comum que muitos tenham dúvidas sobre como lidar com ela.

Confira algumas respostas importantes sobre as questões mais recorrentes sobre o tema:

A Síndrome de Burnout garante direito à licença?

De acordo com a legislação vigente, portadores da Síndrome de Burnout têm direito à licença médica. Inclusive, em casos graves, ela pode até gerar aposentadoria por invalidez.

E o receio de sofrer retaliações da empresa ao relatar o problema?

Apesar de ser uma importante questão de segurança do trabalho, o mais indicado é procurar atendimento psicoterápico e médico antes de relatar o problema ao RH, pois isso evita qualquer tipo de relativização ou retaliação por parte de empresas pouco conscientes.  

É importante informar o medo de sofrer punições ao profissional de saúde, que poderá conduzir o caso para que o paciente não seja prejudicado e providenciará toda a comprovação clínica sobre o caso.

Qual tipo de profissional procurar para resolver o problema?

Os profissionais indicados para começar a busca pelo diagnóstico da Síndrome de Burnout são aqueles ligados à medicina do trabalho.

Contudo, os mais recomendados para o tratamento são os psicoterapeutas ou os psiquiatras, já que são eles que podem receitar os devidos atendimentos psicológicos ou eventuais medicamentos antidepressivos.

O SUS cobre esse tipo de atendimento?

Os tratamentos de transtornos mentais como o Burnout são oferecidos de forma gratuita e integral pelo SUS. Basta procurar uma UBS, receber o primeiro atendimento e ser encaminhado a um centro especializado para dar seguimento aos procedimentos.

Como perceber que alguém está com Síndrome de Burnout

O apoio de amigos, familiares ou colegas de trabalho é imprescindível para o tratamento da Síndrome de Burnout. Inclusive, muitas vezes são essas pessoas que chamam a atenção para o indivíduo sobre a necessidade de tratamento.

Além dos sintomas relatados no artigo, o profissional que sofre com o problema tende a usar mais estimulantes (como café ou energéticos) e a abusar de certas drogas para relaxar, como o álcool ou o cigarro.

Cabe às pessoas próximas observar as mudanças no comportamento e agir sempre que perceberem que há algo de errado.

Sobre a Telemedicina Morsch

Como perceber que alguém está com Síndrome de Burnout

É indiscutível que a Síndrome de Burnout exige acompanhamento médico especializado e constante para o devido tratamento dos pacientes.

Como em qualquer segmento da saúde, as áreas psicológicas e psiquiátricas estão passando por evoluções importantes, impulsionadas principalmente pela tecnologia.

Nesse sentido, a Telemedicina é um dos recursos que mais ganham destaque em todo o mundo.

Através da telepsiquiatria, é possível ter acesso amplo a especialistas, mais facilidades para os tratamentos psiquiátricos e uma maior viabilidade a todos os envolvidos na cadeia de atendimentos.

A Telemedicina Morsch é referência nacional na área, e oferece o que há de melhor em:

  • Teleconsultas;
  • Telemonitoramentos;
  • Prontuários eletrônicos em nuvem;
  • Telediagnósticos com laudos à distância;
  • Entre outros recursos imprescindíveis para indivíduos que sofrem com a síndrome ou com outras patologias diversas.

Se você quer saber mais sobre nossos serviços, e sobre as possibilidades da Telemedicina para médicos e pacientes, clique aqui e informe-se em nosso site!

Conclusão

A Síndrome de Burnout é uma doença associada às cobranças e à carga excessiva de trabalho, que pode trazer sérias consequências para a saúde física e mental dos profissionais.

Por meio da manutenção de uma rotina saudável, é possível minimizar os seus riscos e até tratar os seus sintomas, mas os cuidados devem sempre estar associados aos devidos tratamentos médicos.

Nesse sentido, a Telemedicina pode ser uma importante aliada, pois garante uma atenção mais recorrente, acessível e especializada para os indivíduos acometidos, além de melhores condições de intervenção aos profissionais de saúde responsáveis.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin