O que fazer após receber o diagnóstico com cisto pilonidal?

Por Dr. José Aldair Morsch, 23 de março de 2021
Cisto pilonidal: o que fazer após receber o diagnóstico médico?

O cisto pilonidal, também chamado de doença pilonidal, consiste em um processo inflamatório crônico que acomode a região interglútea entre as nádegas.

Trata-se do tipo mais comum de cisto dermoide, que também pode aparecer em outras regiões do corpo, como:

  • Nariz;
  • Pescoço;
  • Olhos;
  • E ao redor das orelhas.

Os homens são mais acometidos do que as mulheres, sendo que aqueles com maior quantidade de pêlos costumam sofrer com o problema mais frequentemente.

Para elucidar melhor como o cisto pilonidal ocorre, quais seus sintomas e possíveis tratamentos, preparei este artigo com informações completas sobre o tema.

O que é cisto pilonidal?

O cisto pilonidal, conforme mencionei na introdução, é uma inflamação crônica que atinge a região que fica entre as nádegas.

Ele pode provocar uma série de manifestações, que vão desde abcessos, até fístulas, necrose e túneis debaixo da pele.

Caso não seja tratada adequadamente, a patologia não passa sozinha pelo processo de cicatrização.

Apesar de ser mais recorrente entre os homens, o cisto pilonidal também atinge as mulheres.

Sua incidência é mais comum entre os 17 e os 30 anos de idade, mas também é normal que pacientes acima de 35 e 40 anos sofram com o problema.

A origem da doença pilonidal ainda não é bem conhecida, mas sabe-se que é associada ao aparecimento de pelos que penetram a parte de baixo da pele entre as nádegas, na área próxima ao cóccix e ao sacro.

Normalmente, é o médico coloproctologista (especialista em condições do reto, intestino e ânus) que lida com a patologia.

Inclusive, o cisto pilonidal muitas vezes é confundindo com outras doenças da área, como a fístula anal.

Por isso, é muito importante se ater aos sintomas e ao devido diagnóstico da condição, para que o tratamento mais adequado seja garantido.

Quais são as principais causas e fatores de risco do cisto pilonidal?

Inicialmente, os pesquisadores e profissionais da saúde acreditavam que o cisto pilonidal era uma doença congênita, gerada por dobras nos tecidos embrionários que permaneciam abaixo da pele.

Isso porque, é essa a manifestação que ocorre nos outros tipos de cistos dermóides, que são aqueles presentes desde o nascimento.  

Contudo, atualmente a doença pilonidal é tratada como uma condição adquirida, que pode inclusive reaparecer após o tratamento.

Como destaquei acima, as causas exatas do problema são desconhecidas, mas existem teorias bem aceitas sobre a questão na comunidade médica.

A principal delas é que se trata de uma lesão gerada por pêlos soltos, que por conta do atrito, do calor ou da pressão, acabam atravessando a pele e se alojando na camada subcutânea.

Uma vez que o corpo estranho está presente debaixo da pele, e não tem ligação com os folículos pilosos, onde nascem os pelos, ele gera uma inflamação, responsável pela formação de cistos.

Há ainda a teoria de que o cisto pilonidal seja gerado por mudanças hormonais e alterações nas glândulas sebáceas.

Associadas a outros quadros adversos, essas condições permitem a manifestação de foliculite, que se caracteriza como uma inflamação e uma infecção do folículo piloso, que se rompe debaixo da pele e forma um abscesso doloroso.

A bactéria que normalmente provoca esse tipo de infecção é a Staphylococcus aureus, que habita a pele das pessoas também em condições normais.

Por fim, há a hipótese de que a origem do cisto pilonidal seja nos pelos encravados.

Basicamente, eles são fios que se curvam e penetram novamente o folículo piloso, continuando a crescer ali mesmo por não conseguir atravessar a pele novamente.

Fatores de risco do cisto pilonidal

Com base nas teorias para o surgimento do cisto pilonidal e na observação do histórico dos pacientes com esse tipo de manifestação, alguns fatores de risco foram definidos para a doença. São eles:

  • Ficar muito tempo sentado, seja na prática de esportes (como montaria e ciclismo) ou mesmo por exigência profissional;
  • Pelos grossos, excessivos e encaracolados na região do cóccix;
  • Sedentarismo e obesidade;
  • Microtraumas de repetição;
  • Falta de higiene;
  • Uso de roupas muito justas.

Saiba como identificar os sintomas desse tipo de cisto

O cisto pilonidal geralmente começa pequeno e sem indícios de infecção.

Dessa maneira, muitas vezes ele é assintomático e apresenta apenas um pequeno orifício, que expele um líquido turvo e de mau odor.

Como é feito o diagnóstico de um cisto pilonidal?

Porém, quando a doença avança para a fase aguda, alguns sintomas começam a aparecer, como a formação de um nódulo na região superior entre as nádegas.

Nessa fase, os sinais são típicos de um processo infeccioso e inflamatório.

Além disso, quando o cisto pilonidal progride, outros problemas começam a aparecer, como fístulas que drenam o pus.

Confira mais detalhes sobre cada fase da patologia:

Fase aguda

Na fase aguda, inicialmente um abcesso surge, e normalmente os médicos indicam uma incisão e drenagem para esvaziá-lo.

Nessa etapa, os sintomas podem incluir:

  • Dores;
  • Rubor;
  • Calor;
  • Edema;
  • Além da própria secreção purulenta.

Depois do procedimento de retirada, é comum que o problema não reapareça e que o cisto acabe cicatrizando.

Para evitar a reincidência, é recomendado que o paciente retire os pelos da região durante alguns meses e prossiga com o acompanhamento médico.

Fase crônica

Quando o cisto pilonidal atinge sua fase crônica, os orifícios com secreções persistem. Assim, a intervenção cirúrgica também é muito recomendada.

Trata-se de uma fase muito marcada por sinais de inflamação crônica, dor e vermelhidão.

Enquanto a infecção progride, surgem novos orifícios, que por sua vez geram fístulas que auxiliam na drenagem do pus.

De acordo com o tamanho do orifício, é até possível visualizar os pelos dentro do cisto e intervir para a sua retirada.

Os sintomas mais comuns incluem náuseas, febre e cansaço extremo, devido ao quadro inflamatório e infeccioso.

Como é feito o diagnóstico de um cisto pilonidal?

O diagnóstico para o cisto pilonidal é feito por meio de uma análise clínica feita pelo médico.

Além das queixas do paciente, o especialista deve considerar seu histórico e solicitar um exame de toda a região acometida.

Vale destacar que não existem procedimentos de imagem e de laboratório específicos para a confirmação de abscessos pilonidais e de cistos.

Inclusive, também é comum o pedido de um hemograma para verificar a taxa de leucócitos.

Por mais que esse aumento possa ser associado a diferentes causas, ele ajuda na confirmação do quadro avaliado.

Como acontece o tratamento desse quadro?

O tratamento do cisto pilonidal pode variar de acordo com a fase de evolução da doença.

Na etapa de abcesso, a drenagem é indispensável, e pode ser feita no próprio consultório com anestesia local ou ainda no centro cirúrgico, com raquianestesia ou peridural com sedação.

Depois da evolução clínica, que pode ser apoiada pelo uso de antibióticos, geralmente uma fístula surge, com saída de uma quantidade pequena e frequente de secreção.

Após a redução dos processos infecciosos e inflamatórios, o tratamento definitivo pode ser recomendado. Ele consiste na excisão cirúrgica da pele e do tecido subcutâneo da região afetada.

Como acontece o tratamento desse quadro?

Trata-se de uma cirurgia eletiva, também com raquianestesia ou peridural com sedação, que dura em torno de 20 minutos.

Depois dela, o paciente deve ficar internado por algumas horas ou durante um dia.

Para que a recuperação tenha menos complicações, é comum que a ferida seja mantida sem pontos, para que cicatrize “aberta” e sozinha.

Porém, nesses casos, a recuperação pode levar de 6 a 8 semanas, e exige que o paciente faça curativos diários, duas vezes ao dia.

Há ainda a possibilidade de fechamento da ferida para uma cicatrização mais rápida, mas ela apresenta mais riscos de infecção e deiscência.

Vale mencionar que também existe a possibilidade de tratamento sem cirurgia, mas ele não é tão eficiente.

O procedimento é baseado em injeções na fístula de Fenol a 80%, que gera esclerose do folículo piloso e da fístula.

A técnica é aplicada em consultório, sem o apoio de anestesia e depende da repetição de algumas sessões para atingir o efeito adequado.

Enquanto a cirurgia apresenta 10% de chance de recidiva, a técnica de injeção tem um índice de cerca de 30% de reincidência do cisto pilonidal.

Quais recomendações precisam ser dadas ao paciente?

Para que o surgimento do cisto pilonidal não seja favorecido, alguns cuidados são fundamentais entre os pacientes.

Inclusive, essas medidas devem ser recomendadas às pessoas que já sofrem com a doença, para que ela não se agrave.

Nessas situações, entre as recomendações que os médicos devem passar para os pacientes, destacam-se:

  • Não permanecer muitas horas sentado, procurando levantar e caminhar periodicamente a cada duas horas;
  • Manter a região livre de suor, umidade e garantir que ela esteja sempre limpa;
  • Evitar a obesidade, mantendo o peso recomendado para a estatura e idade;
  • Se possível, não usar roupas íntimas feitas de tecido sintético;
  • Depilar a região frequentemente, principalmente se os pelos forem encaracolados e mais espessos.

Vale lembrar que, caso os devidos cuidados não sejam adotados, o cisto pilonidal pode evoluir para formas crônicas.

Quando não tratadas, embora raras, essas condições podem gerar complicações ligadas ao carcinoma de células escamosas, que se caracteriza como um tipo de câncer de pele.

A importância do acompanhamento via Telemedicina

Monitorar as diferentes etapas de evolução do cisto pilonidal, direcionar os devidos tratamentos e orientações, bem como encaminhar um diagnóstico ágil aos pacientes são alguns dos cuidados inerentes aos médicos.

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Monitoração das etapas de evolução do cisto pilonidal

Muitas são as possibilidades da Telemedicina, e todas elas podem atuar em conjunto para que as experiências em saúde se tornem mais otimizadas, humanizadas e eficientes em todas as suas frentes.

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Conclusão

O cisto pilonidal é uma doença inflamatória crônica que atinge a região subcutânea que fica entre as nádegas. Suas causas ainda não são bem definidas, mas acredita-se que ela é gerada pelo encravamento de pêlos debaixo da pele ou pela inflamação de folículos pilosos.

Já os sintomas podem variar de acordo com cada etapa da patologia, sendo que a fase aguda é marcada pelo surgimento de dores, rubor, edema e secreções, enquanto a manifestação crônica inclui náuseas, febre, entre outras condições próprias de quadros infecciosos e inflamatórios.

Normalmente, a doença é inicialmente tratada com drenagem, mas pode demandar intervenções cirúrgicas. Contudo, alguns cuidados podem evitar seu surgimento ou até agravamento, como a manutenção do peso correto, não passar muitas horas sentado, garantir uma boa higienização, depilar-se na área e evitar tecidos sintéticos.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin