Exame de polissonografia: entenda o que é, para que serve e como funciona
Você sabe como funciona o exame de polissonografia, popularmente chamado de teste do sono?
Esse é um procedimento muito importante dentro da medicina diagnóstica.
Afinal, seu desenvolvimento tornou possível investigar uma série de anormalidades relacionadas ao sono.
Neste artigo, trago um guia completo com informações sobre o preparo para o exame, detalhes sobre a sua realização, como funciona a polissonografia domiciliar e mais.
Você vai saber como a tecnologia e a telemedicina têm ampliado o acesso ao procedimento e auxiliado equipes médicas na interpretação dos seus resultados.
O que é exame de polissonografia?
O exame de polissonografia consiste no monitoramento do paciente durante o sono.
Como o nome sugere, a polissonografia reúne diversos exames, que são feitos ao longo de uma noite de sono.
Assim, é possível verificar a atividade cerebral, cardíaca, muscular, o funcionamento do aparelho respiratório, entre outros parâmetros.
Esse exame oferece uma visão detalhada dos padrões de sono do paciente, permitindo um diagnóstico mais preciso para tratamento adequado.
Realizado em clínicas, hospitais ou mesmo em ambiente domiciliar, ajuda no diagnóstico de distúrbios do sono, como explico a seguir.
Para que serve o exame de polissonografia?
Monitorar o funcionamento do organismo enquanto o paciente dorme pode apoiar o diagnóstico de uma série de distúrbios do sono.
Conforme a Revista Galileu, entre os mais comuns estão a insônia, a apneia obstrutiva do sono e a síndrome das pernas inquietas.
Mais que uma simples dificuldade para pegar no sono, a insônia prejudica a capacidade de manter um sono contínuo durante a noite ou a manhã.
Por sua vez, a apneia obstrutiva do sono é causada pela obstrução da via aérea no nível da garganta, interrompendo a respiração por um período médio de 20 segundos.
Já a síndrome das pernas inquietas é caracterizada pela agitação involuntária dos membros inferiores que, em alguns casos, também afeta os braços.
Essa agitação costuma se intensificar durante a noite, sendo detectada mais facilmente pela polissonografia.
Como funciona o exame? O que é avaliado?
Conforme a recomendação médica, a polissonografia pode envolver diversos exames, realizados simultaneamente.
Geralmente, esses procedimentos são feitos através de sensores colocados no paciente.
A partir desses itens, ocorre o monitoramento de diferentes funções do corpo, por meio de exames como o eletroencefalograma (EEG), eletrocardiograma (ECG), eletroneuromiografia (EMG), eletro-oculograma (EOG) e oximetria de pulso.
Também podem ser colhidos registros sobre o esforço respiratório do tórax e abdômen, fluxo aéreo nasal e oral, bem como de ronco e posição corporal.
O EEG é um exame que mostra a atividade elétrica do cérebro, enquanto o ECG avalia o funcionamento do coração.
Já o eletromiograma mede o movimento dos músculos, enquanto o eletro–oculograma possibilita a identificação das fases do sono e em que momento se iniciam, por meio do movimento dos olhos.
Por fim, a oximetria de pulso revela a taxa de oxigênio no sangue, sendo importante para a manutenção do bom funcionamento das células.
Indicações do exame de polissonografia
Importante exame da área da medicina do sono, a polissonografia pode ser indicada para a investigação de diferentes patologias e desordens.
Dissonias e parassonias são os dois grandes grupos de distúrbios estudados através de seus registros.
Confira detalhes sobre cada um deles a seguir:
Dissonias
São anomalias na qualidade, quantidade ou período de sono.
Esse grupo engloba três categorias: distúrbios intrínsecos do sono, distúrbios extrínsecos e distúrbios relacionados aos ritmos circadianos.
O ritmo circadiano pode ser definido como nosso relógio biológico, que regula a hora de dormir, acordar e várias outras funções do organismo.
Ele funciona como um ciclo que responde ao dia e à noite, sendo finalizado e iniciado a cada período de 24 horas.
Os principais distúrbios intrínsecos do sono são:
- Insônia
- Narcolepsia – causa sonolência de modo súbito e incontrolável
- Hipersonia – desordem que provoca sonolência excessiva durante o dia ou noite
- Apneia
- Hipopneia – redução do fluxo de ar durante a respiração
- Síndrome da hiperresistência das vias aéreas superiores (SHVAS), caracterizada por um esforço crescente que leva à fragmentação do sono
- Estágios avançados de DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica)
- Síndrome dos movimentos periódicos dos membros (PLMS) – provoca movimentos involuntários e, às vezes, sensações anormais nos membros inferiores e superiores
- Síndrome das pernas inquietas.
Os distúrbios extrínsecos são causados por fatores externos, ou seja, de fora do organismo.
Abaixo, conheça alguns deles:
- Higiene de sono inadequada
- Distúrbio de sono secundário a causas ambientais (temperaturas inadequadas, ruídos excessivos, etc.)
- Síndrome do sono insuficiente – ocorre quando a pessoa dorme menos do que precisa, ficando sonolenta, irritadiça, com dificuldades de concentração, entre outros sintomas
- Uso de hipnóticos, estimulantes, álcool.
Dentre os distúrbios circadianos, vale destacar:
- Trabalho em turnos
- Padrão irregular do ciclo vigília–sono
- Mudança de fuso horário
- Síndrome do atraso da fase de sono
- Síndrome do avanço da fase de sono.
Vamos, então, às parassonias.
Parassonias
São transtornos que envolvem movimentos anormais durante o sono.
A seguir, conheça algumas delas:
- Sonambulismo
- Terror noturno, caracterizado por gritos e choro enquanto a criança ou adulto dorme
- Paralisia do sono – condição temporária que causa sensação de não conseguir se mexer depois de acordar ou adormecer
- Pesadelos
- Bruxismo – ato involuntário de ranger os dentes
- Enurese noturna – perda involuntária de urina durante o sono.
Na sequência, apresento os diferentes exames de polissonografia.
Tipos de exame de polissonografia
Existem quatro modalidades de polissonografia, divididas conforme o local onde são realizadas e a quantidade de canais monitorados pelo aparelho do exame.
São elas:
Polissonografia tipo 1
Trata–se do tipo mais completo e detalhado, realizado apenas em um laboratório de sono – o que exige que o paciente durma nesse local.
Toda a estrutura é montada por um técnico, que coloca os sensores e eletrodos no paciente e supervisiona o procedimento.
Essa modalidade é conhecida também como polissonografia basal e permite o monitoramento de 7 canais diferentes.
Polissonografia tipo 2
O tipo 2 também utiliza 7 canais ligados ao aparelho do exame, no entanto, dispensa sua realização em laboratório.
Por isso, consiste em uma forma de polissonografia domiciliar, possibilitando maior conforto ao paciente ao permitir que ele durma em sua própria cama.
Geralmente, a clínica onde o procedimento é agendado envia um técnico à residência do cliente, a fim de que ele monte a estrutura necessária e dê orientações sobre o exame.
Ou pede que o paciente compareça à clínica no período noturno, a fim de que os eletrodos e sensores sejam colocados corretamente.
Polissonografia tipo 3
Também dispensa a presença de um técnico para acompanhar o monitoramento do sono.
A polissonografia tipo 3 costuma incluir quatro canais, tendo foco em sensores respiratórios para detectar doenças como a apneia obstrutiva do sono.
Polissonografia tipo 4
Este é o formato mais simples da polissonografia, que monitora apenas dois 2 canais durante a noite de sono.
Pode ser feito em casa, desde que haja orientação prévia do paciente.
Como é feito o exame de polissonografia?
A realização do exame depende da hipótese diagnóstica e indicação médica, pois são elas que determinam os sistemas e funções que serão monitorados.
Clínicas, laboratórios e hospitais são os locais mais comuns para a realização do procedimento, mas, recentemente, alguns equipamentos permitem que seja feito na residência do paciente.
Para que o exame comece, o paciente deve se deitar de maneira confortável, pois deverá dormir.
Conforme a recomendação médica e tipo de polissonografia, eletrodos podem ser fixados em seu tórax e no couro cabeludo, e sensores, posicionados em locais como o dedo.
Adesivos do tipo micropore e um gel condutor de eletricidade costumam ser usados para ajudar a colar os eletrodos na pele do paciente, impedindo que saiam do lugar.
Por meio de fios, os eletrodos ficam conectados aos monitores, para onde enviam ondas elétricas e outros dados captados durante a polissonografia.
Sensores também transmitem dados sobre os sinais vitais e outros parâmetros ao monitor.
O procedimento só termina no final da noite de sono do paciente.
Preparo para a polissonografia
É importante que o paciente realize as suas atividades diárias normalmente e não ingira substâncias estimulantes que possam afetar o sono.
Portanto, não é recomendado tomar bebida alcoólica nas 48 horas anteriores, ou cafeína, 24 horas antes do exame.
Para facilitar a fixação dos eletrodos, o couro cabeludo deve ser lavado com xampu neutro, sem a aplicação de qualquer creme ou cosmético.
A pele precisa estar limpa, sem qualquer creme, óleo, gel ou maquiagem.
Também não é aconselhável usar esmaltes escuros nas unhas.
Caso a polissonografia seja realizada fora da casa do paciente, é importante que ele leve pijama ou roupas confortáveis, além da própria escova de dentes e objetos de uso pessoal.
Se tiver dificuldades para adormecer, pode, ainda, levar seu próprio travesseiro.
Não é necessário suspender qualquer medicação de uso contínuo, a não ser por recomendação médica.
Durante o exame de polissonografia
O procedimento é simples, indolor e não invasivo.
Dependendo da condição do paciente, pode ser necessária uma sedação leve para que ele durma.
Como a ideia é observar o comportamento durante o sono, o paciente pode se movimentar normalmente e até levantar para usar o banheiro.
O único incômodo que pode sentir é por dormir em ambiente estranho, ou devido aos fios ligados aos eletrodos.
Depois do exame de polissonografia
Finalizado o exame, o médico ou técnico responsável retira os eletrodos e outros dispositivos.
Em seguida, o paciente pode realizar suas atividades normalmente.
Como é o aparelho de polissonografia?
O equipamento para polissonografia possui um monitor com saídas para canais conectados a acessórios como cabos, eletrodos e sensores.
Existem diferentes tipos de aparelhos, sendo o mais completo usado para a polissonografia tipo 1, enquanto versões mais simples e portáteis servem aos tipos 3 e 4.
De acordo com a quantidade de canais, o polissonógrafo pode avaliar até 7 parâmetros biológicos:
- Atividade elétrica cerebral, por meio do eletroencefalograma (EEG) digital
- Abertura ocular e movimentos oculares nas fases do sono, por meio do eletro-oculograma (EOG)
- Atividade elétrica cardíaca, a partir dos registros do eletrocardiograma (ECG)
- Fluxo aéreo, através de sensor colocado na faringe
- Esforço respiratório, por meio de sensor tipo cinta colocado no tórax e abdome
- Saturação de oxigênio durante o período de sono, através da oximetria de pulso
- Movimentos do corpo, utilizando registros dos sensores colocados nas pernas.
Sobre a duração do exame, respondo a seguir.
Quanto tempo dura o exame de polissonografia?
O procedimento dura, em média, 8 horas.
No entanto, dependendo de quanto tempo o paciente costuma dormir, o período pode se alterar.
Isso porque o objetivo da polissonografia é monitorar os parâmetros biológicos durante toda a noite de sono, evidenciando, inclusive, momentos de despertar seguidos por novos ciclos de sono.
Não consegui dormir na polissonografia, e agora?
A dificuldade para dormir pode inviabilizar o resultado do exame.
Por isso, é fundamental informar ao médico prescritor se você sofre com esse problema, a fim de que ele indique o melhor exame complementar ou condição para a realização da polissonografia.
Dependendo do caso, pode ser indicada a polissonografia em laboratório, com o suporte de um sedativo leve para induzir o sono.
Diante de registros insuficientes, o exame deverá ser repetido.
Contraindicações da polissonografia
O procedimento é seguro, indolor e não costuma oferecer risco significativo, podendo ser feito até por crianças.
Em casos raros, há alergia ou irritação devido ao gel que ajuda a fixar os eletrodos e conduzir eletricidade.
Se a pele estiver machucada ou irritada, não é recomendado colocar os eletrodos, e o exame precisará ser reagendado.
O mesmo acontece se o paciente estiver com tosse, gripe, resfriado, ou tiver voltado de viagem internacional com diferença de fuso horário.
Essas condições podem impactar na qualidade do sono.
Resultado e interpretação do exame de polissonografia
O resultado de uma polissonografia é complexo, pois reúne dados e comparações da monitorização de todos os sistemas e funções solicitados pelo médico.
Além das informações colhidas durante o exame, a interpretação de uma polissonografia deve considerar o histórico do paciente, entrevistas (anamnese) e questionários.
Assim, é comum que seja necessário mais de um especialista para interpretar os dados corretamente.
Durante a monitorização do sono, são feitos registros das ondas cerebrais, oxigenação sanguínea, frequência respiratória e cardíaca, movimentação das pernas, braços e olhos.
A partir daí, são avaliadas diversas ocorrências.
As mais comuns são a quantidade de vezes que o paciente desperta durante a noite, eventos cardíacos, respiratórios e de movimento.
Esses eventos podem indicar patologias como a apneia, que costuma provocar arritmias (alterações na frequência cardíaca).
Outras variações no ritmo cardíaco também são observadas, junto ao número de movimentos periódicos dos membros, apneias e concentração de oxigênio no sangue.
Os dados são avaliados a partir de referências de normalidade em todos os estágios do sono.
Estágios do sono
O sono pode ser dividido em dois estágios: sono REM e não REM.
A sigla REM (Rapid Eye Movement) vem do inglês, e faz referência aos movimentos rápidos dos olhos durante a última fase de um ciclo do sono.
O sono não REM possui 3 etapas distintas:
- Na primeira, há uma transição entre o estado de vigília (desperto) e um sono leve
- Na segunda, os olhos quase param de se movimentar e a atividade cerebral diminui
- Na terceira, o sono é profundo, e a atividade dos olhos e do cérebro é mínima.
Nessa última fase, há maior movimentação motora, podendo ocorrer episódios de sonambulismo e enurese noturna.
Além da rápida movimentação dos olhos, durante o estágio REM, ocorre relaxamento muscular, atividade cerebral intensa, frequência cardíaca e respiratória aumentadas e irregulares.
Em indivíduos saudáveis, as fases do sono se alternam de forma cíclica ao longo da noite, sendo repetidas a cada 70 a 110 minutos.
Fatores como a idade, temperatura, ingestão de álcool e drogas, ritmo circadiano e patologias influenciam na qualidade e quantidade do sono.
Tudo isso só reforça a importância de conhecer e monitorar a atividade do organismo durante o sono, até mesmo porque distúrbios relacionados podem desencadear eventos graves.
Ronco e apneia, por exemplo, aumentam as chances de hipertensão arterial (pressão alta), isquemia cerebral e até insuficiência cardíaca.
Polissonografia domiciliar é possível?
Sim, é possível fazer o exame de polissonografia na residência do paciente, graças a aparelhos portáteis.
Esses equipamentos são ideais para casos em que o paciente esteja acamado, tenha restrições de mobilidade ou dificuldades para dormir fora de casa.
Como a realização da polissonografia é simples e praticamente não envolve riscos, muitos pacientes têm se beneficiado dessa opção.
Quanto custa um exame de polissonografia?
Na rede particular, o exame pode custar entre R$ 700 e R$ 1.500, em média, de acordo com a unidade de saúde e conforme a localidade na qual é realizado.
A complexidade da polissonografia, determinada pela quantidade de sistemas e funções monitorados, também impacta no preço do procedimento.
Telemedicina como solução em laudos de exames de polissonografia
Embora a realização e acompanhamento do exame sejam relativamente simples, a interpretação não é.
Para gerar um laudo de polissonografia confiável, pode ser necessária a análise de diferentes especialistas, como cardiologistas, neurologistas e pneumologistas.
O problema é que muitas regiões do país enfrentam a escassez de médicos, principalmente especialistas.
Assim, a espera para obter os resultados do exame pode ser longa.
Como relata esta reportagem, em 2023, mais de 12 mil pessoas aguardavam para fazer polissonografia em 10 estados brasileiros.
Essas questões podem ser contornadas com o apoio da telemedicina online, que viabiliza a emissão de laudos a distância.
O processo começa com o treinamento de um técnico de enfermagem, que pode ser feito com os materiais disponíveis na plataforma online.
Em seguida, o profissional realiza a polissonografia e compartilha os dados na plataforma.
Assim, especialistas dedicados à composição de laudos avaliam as informações do exame e do paciente, considerando a suspeita clínica.
Eles registram suas conclusões no laudo online, que fica disponível rapidamente no portal da telemedicina.
O documento recebe a assinatura digital dos especialistas responsáveis, e pode ser acessado por profissionais da unidade de saúde e até pacientes, desde que tenham login e senha.
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Conclusão
Neste artigo, falei sobre a importância, realização e interpretação do exame de polissonografia.
Ficou evidente a necessidade de contar com especialistas qualificados para laudar esse exame de forma assertiva.
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