Qual a frequência respiratória normal por idade, como medir e avaliar

Por Dr. José Aldair Morsch, 27 de janeiro de 2022
Frequência respiratória normal

Entender as características da frequência respiratória normal faz a diferença na assistência médica, em especial diante de emergências.

Isso porque saber o que é normal dá base para a identificação de anomalias que, muitas vezes, representam risco de morte ou complicações para o doente.

No entanto, índices como a taxa de frequência respiratória (FR) são relevantes mesmo nas consultas de rotina, pois indicam a condição de saúde do paciente.

Afinal, é necessário investigar e combater as causas de variações e padrões patológicos, evitando problemas graves como a parada cardiorrespiratória.

Neste artigo, trago mais informações sobre o cálculo da FR, além de valores padrão para diferentes faixas etárias.

Também mostro como otimizar a entrega de laudos de exames que medem a capacidade respiratória usando a telemedicina.

Se o tema interessa, siga com a leitura.

Frequência respiratória normal: o que é?

Frequência respiratória normal é aquela em que o ritmo, profundidade e expansão torácica se enquadram no padrão para determinado paciente.

Significa que tanto as trocas gasosas quanto o mecanismo por trás da respiração ocorrem dentro da normalidade.

Lembrando que o ritmo respiratório depende de dois movimentos principais: inspiração e expiração, que devem ser realizados de forma profunda e cíclica.

Ou seja, começar pela inspiração, seguir para a expiração e fazer uma breve pausa antes que o processo se inicie novamente.

Para inalar ar rico em oxigênio, o corpo humano realiza a contração dos músculos intercostais e diafragma, órgão localizado abaixo dos pulmões.

Por consequência, é possível notar a expansão da caixa torácica que, quando é normal, mostra-se regular e semelhante em ambos os lados do peito.

Depois, diafragma e músculos relaxam, promovendo a expiração para eliminar o ar com maior volume de gás carbônico.

Nesse momento, a caixa torácica retorna ao tamanho normal, seguida por uma breve pausa que completa a respiração.

Para um adulto em repouso, a frequência respiratória normal fica entre 12 e 20 mrm, isto é, movimentos respiratórios por minuto.

Entendendo a taxa de frequência respiratória

A taxa de frequência respiratória (FR) mede a quantidade de respirações completas em um minuto.

Esse índice sofre a influência de fatores como o nível de gás carbônico presente na corrente sanguínea da pessoa examinada.

Uma concentração de CO2 alta eleva a FR, enquanto o nível abaixo do ideal diminui a taxa de FR.

Ambos os tipos de desvios são perigosos para a saúde, podendo sinalizar problemas como infecções (através de febre), insuficiência cardíaca e acidose.

É por isso que a medição do ritmo respiratório faz parte da avaliação de sinais vitais do paciente.

Junto à temperatura, pulso e pressão sanguínea, a FR mostra a condição clínica do doente, fornecendo sinais da necessidade de socorro ou atendimento imediato para preservar sua vida.

Ritmos descompassados, dificuldade para respirar (dispneia), ausência de respiração (apneia), chiados e cianose estão entre os sintomas de alterações importantes na FR.

Eles devem ser investigados e revertidos com agilidade para evitar agravos à saúde.

Tabela: valores normais da frequência respiratória

Como adiantei acima, os valores normais de FR mudam conforme a idade, diminuindo à medida que a pessoa cresce.

Portanto, assim como a frequência cardíaca, a respiratória vai sofrendo pequenas quedas com o avanço da idade.

Na tabela a seguir, trago valores de referência úteis para identificar anomalias quanto ao ritmo respiratório.

Não se esqueça de considerar a presença de dificuldade para respirar, amplitude e regularidade dos ciclos para qualificar o exame clínico.

Valores normais da frequência respiratória conforme faixa etária
Idade FR normal Taquipneia Bradipneia
1 a 12 meses 30 a 53 mrm Mais de 60 mrm Menos de 30 mrm
1 a 2 anos 22 a 37 mrm Mais de 40 mrm Menos de 22 mrm
3 a 5 anos 20 a 28 mrm Mais de 40 mrm Menos de 20 mrm
6 a 12 anos 18 a 25 mrm Mais de 30 mrm Menos de 18 mrm
13 a 18 anos 12 a 16 mrm Mais de 20 mrm Menos de 12 mrm
Adultos 12 a 20 mrm Mais de 25 mrm Menos de 12 mrm
Adultos com mais de 40 anos 16 a 25 mrm Mais de 25 mrm Menos de 12 mrm
Fontes: American Heart Association, 2015. Disponível neste protocolo.

Fonseca JG, Oliveira AMLS; Ferreira AR. Avaliação e manejo inicial da insuficiência respiratória aguda na criança. Rev Med Minas Gerais 2013; 23(2):196-203. Disponível neste estudo.

Frequência respiratória normal do bebê

Bebês têm valores normais de FR altos, quando comparados a adultos.

Isso ocorre porque seu organismo, ainda em formação, necessita de um esforço maior para suprir as necessidades de nutrição das células, exigindo mais do aparelho respiratório.

Segundo esclarece este material do Sistema Único de Saúde (SUS), nos dois primeiros meses de vida a frequência respiratória pode atingir até 60 mrm e ainda ser considerada normal.

Entre os 2 e os 11 meses, os valores podem chegar a 50 mrm, sem serem considerados taquipneia.

Nos bebês mais velhos, com 2 ou 3 anos, o ritmo respiratório pode alcançar 40 mrm.

Taxa de respiração

Assim como a frequência cardíaca, a respiratória vai sofrendo pequenas quedas com o avanço da idade

Frequência respiratória normal da criança

Para medir corretamente os valores de FR em crianças, é essencial explicar o procedimento de medição em termos simples e ganhar a confiança do paciente.

Caso contrário, os valores podem ser facilmente influenciados por estresse ou ansiedade, principalmente se o menino ou menina estiver em ambiente hospitalar.

Autoridades de saúde também recomendam atenção especial à frequência respiratória nas crianças com dificuldades para respirar ou tosse.

Sibilos ou chiados, estridor e tiragem subcostal são sinais de alerta para males respiratórios, gastrointestinais, etc.

A tiragem subcostal é caracterizada pela retração da parede torácica inferior durante a inspiração.

Frequência respiratória normal do adulto

Nos adultos, o médico também precisa estar atento a casos de ansiedade e estresse, além de outros fatores que podem alterar a real FR do paciente.

Alguns exemplos são:

  • Atividade física recente
  • Posição do corpo
  • Medicações
  • Presença de dor
  • Tabagismo
  • Ansiedade
  • Lesão neurológica
  • Níveis anormais de hemoglobina.

Frequência respiratória normal de idosos

Como mencionei na tabela de frequência respiratória, após os 40 anos os adultos sofrem um pequeno aumento nos valores normais.

É por isso que os idosos chegam a registrar FR de 25 mrm, sem que haja problemas para a saúde.

Contudo, valores maiores devem preocupar e motivar uma investigação, incluindo exame clínico e testes complementares para identificar sua causa.

Problemas associados à frequência respiratória

Diversas patologias de maior ou menor gravidade podem influenciar a FR.

Às vezes, alterações no padrão respiratório nem mesmo têm uma doença de fundo, sendo provocadas por condições passageiras.

O exemplo mais clássico são conflitos e estados emocionais negativos, capazes de desencadear a respiração suspirosa, levando ao cansaço e desconforto.

Mas distúrbios neurológicos, respiratórios e cardíacos também podem provocar ritmos descompensados.

Conheça, abaixo, os principais padrões patológicos ligados à FR.

Taxa de frequência respiratória

Para saber a taxa de frequência respiratória, é preciso medir as respirações completas em um minuto

Ritmo de Cheynes-Stokes

É formado por momentos de pausa na respiração, alternados pela respiração mais profunda, chamada hiperpneia.

Atualmente, o ritmo de Cheynes-Stokes é um marcador para insuficiência cardíaca, estando relacionado a problemas para bombear a quantidade necessária de sangue.

Hipertensão intracraniana e lesões às estruturas do sistema nervoso central (SNC) – encéfalo e medula espinhal – são outros possíveis males que ocasionam esse padrão respiratório.

Ritmo de Kussmaul

Observado diante de ciclos de apneias que prejudicam a inspiração e a expiração.

Nesses casos, existe associação com a acidose metabólica, decorrente de condições como insuficiência renal e diabetes.

Ritmo de Biot

É o nome dado ao ritmo extremamente irregular, que mescla respirações profundas a superficiais e não permite a identificação de ciclos com inspiração e expiração.

Está comumente ligado a problemas graves como lesões no SNC e hipertensão intracraniana.

Ritmo de Cantani

A cetoacidose diabética e a insuficiência renal também podem desencadear esse padrão anormal, que resulta em respiração regular, mas de maior amplitude.

Como se mede a frequência respiratória?

A FR deve ser medida depois do pulso, de forma imediata, a fim de obter resultados confiáveis.

Você pode seguir o passo a passo:

  1. Comece com a higienização das mãos e a orientação do paciente em relação ao exame físico, sem dar detalhes de que fará a medição da frequência respiratória. Assim, não haverá alterações inconscientes no padrão
  2. Com o paciente sentado em posição confortável, posicione o braço de maneira relaxada para verificar as incursões respiratórias. Ou coloque os dedos anelar e indicador sobre a artéria carotídea
  3. Verifique, então, a quantidade de ciclos respiratórios, contando os movimentos sentidos por 60 segundos. Durante esse período, observe os movimentos torácicos, se há ritmo padrão para a respiração, se é profunda ou superficial
  4. Registre os valores de FR e a posição do paciente no prontuário médico e compare os números com os valores de referência.

Quais exames avaliam a capacidade respiratória?

Dependendo do objetivo, o médico pode solicitar uma oximetria de pulso, gasometria, espirometria ou uma combinação desses procedimentos.

A oximetria de pulso mede a quantidade de oxigênio transportada pelas hemácias, sendo útil para avaliar a eficiência das trocas gasosas em pacientes com quadros leves ou moderados.

Já para aqueles em estado grave, a recomendação é para um teste de maior acurácia: a gasometria arterial.

Assim, será possível obter tanto a saturação de oxigênio quanto os níveis de dióxido de carbono, contribuindo para um diagnóstico mais assertivo.

Por fim, a espirometria, teste do sopro ou prova de função pulmonar é o exame que mede o volume de ar expelido, evidenciando anormalidades respiratórias.

Durante o procedimento, o paciente tem o nariz bloqueado por um clipe e sopra no bocal do espirômetro com toda a força, por pelo menos 6 segundos, até esvaziar os pulmões.

Quando solicitar uma espirometria?

Sempre que for importante medir a capacidade respiratória, vale a pena avaliar a contribuição da espirometria para reforçar o monitoramento do paciente.

Nesse contexto, o exame está indicado em situações como:

  • Diante da identificação de padrões patológicos na medição da frequência respiratória
  • Na presença de sintomas como falta de ar, cianose e dores nas costas, para viabilizar o diagnóstico de doenças pulmonares, congênitas ou adquiridas
  • Avaliação dos efeitos de agentes como substâncias químicas e cigarro
  • Para dar suporte à avaliação de risco cirúrgico em pacientes que vão passar por grandes operações, a fim de evitar a ocorrência de insuficiência pulmonar e outras complicações
  • Na suspeita de alterações devido ao uso de alguns medicamentos por pacientes alérgicos
  • Avaliação da gravidade de patologias cardíacas, asma, doenças neuromusculares e outras já diagnosticadas
  • Avaliação de invalidez e deficiência pulmonar, a exemplo do enfisema.

Telemedicina no enfrentamento de doenças respiratórias

Você já deve ter ouvido falar em telemedicina, área que usa a internet para conectar pacientes e profissionais de saúde em diferentes localidades.

Nos últimos anos, a pandemia pelo coronavírus fez com que o serviço se popularizasse no Brasil, pois o atendimento online impede a contaminação por esse patógeno.

Assim, cada vez mais médicos, hospitais, clínicas e consultórios vêm apostando na telemedicina para expandir seus negócios sem deixar de lado a qualidade.

Na Morsch, disponibilizamos um time de especialistas que fazem plantão para interpretar e laudar exames a distância, incluindo a espirometria.

Basta treinar o médico ou técnico de enfermagem na condução do teste e, em seguida, compartilhar os registros via plataforma de telemedicina.

Imediatamente, nossa equipe inicia a análise dos achados sob a luz do histórico do paciente e suspeita clínica, elaborando o laudo online.

O documento é assinado digitalmente pelo especialista responsável, garantindo sua autenticidade e confiabilidade, e entregue via sistema.

Além da agilidade nos resultados, esse serviço diminui os custos para o contratante e dá suporte ao crescimento de estabelecimentos de saúde.

Moderno e completo, o software Morsch ainda oferece:

Conclusão

Neste texto, detalhei os valores de frequência respiratória normal, comentando particularidades de cada faixa etária.

Também comentei os ritmos anormais, doenças relacionadas e como otimizar a entrega de resultados com a Telemedicina Morsch.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin