5 tipos de transtorno neurológico e seus riscos

Por Dr. José Aldair Morsch, 25 de agosto de 2021
Transtorno neurológico

Um transtorno neurológico se desenvolve quando há alguma anormalidade no cérebro, medula espinhal, nervos ou terminações nervosas.

Dependendo do tipo de distúrbio, o paciente experimenta problemas com o equilíbrio, movimentos ou com o funcionamento da mente.

São condições que podem afetar a rotina e a autonomia com diferentes intensidades.

Uma enxaqueca, por exemplo, tende a incomodar apenas durante crises esporádicas.

Já as doenças neurodegenerativas como o Alzheimer se manifestam continuamente.

Nesses casos, então, há maiores prejuízos para a qualidade de vida.

A boa notícia é que existem tratamentos e rotinas preventivas para minimizar o impacto dos males neurológicos.

Quer saber quais são?

Conto tudo sobre eles nas próximas linhas, incluindo os principais sintomas e quando é preciso procurar ajuda médica.

O que é transtorno neurológico?

Transtornos neurológicos são doenças que acometem as estruturas do sistema nervoso.

Dividido em central e periférico, o sistema nervoso é o responsável por transmitir impulsos elétricos que resultam em movimentos voluntários e involuntários.

Seu principal órgão é o cérebro, estrutura complexa que tem a função de formar comandos para que o corpo realize as atividades diárias.

Diferentes desordens podem atrapalhar a formação dos comandos ou sua transmissão, provocando sintomas bastante diversos.

Afinal, as estruturas nervosas estão presentes em todo o organismo – o que explica a variedade dos transtornos neurológicos.

Nesse cenário, um dos males mais comuns é a epilepsia, que afeta cerca de 50 milhões de pessoas em todo o planeta, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Apesar da alta prevalência, quem sofre com o distúrbio enfrenta preconceito e dificuldades para ter acesso ao tratamento adequado.

Conforme alerta a OMS, 80% dos casos de epilepsia estão em países de baixa e média renda, onde mais de 70% dos pacientes não têm suporte médico para tratar a doença.

Disseminar informação confiável sobre esse e outros transtornos neurológicos é fundamental para mudar esse quadro.

O primeiro passo é compreender que esses males são reflexo de desordens no sistema neurológico, gerando reações que estão fora do controle do indivíduo.

Muitos deles respondem bem a terapias com medicamentos, inclusive a epilepsia, que tem resposta positiva em 70% dos casos tratados com remédios.

5 tipos de transtornos neurológicos

Esses distúrbios podem ser classificados conforme a área ou população que mais impactam.

Confira, a seguir, alguns grupos e exemplos de transtornos neurológicos conhecidos.

1. Transtorno neurológico infantil

Transtorno neurológico infantil é uma classificação que engloba diversas condições comumente diagnosticadas na infância.

Vale lembrar que esses males também podem acometer adultos, porém, costumam ser identificados em meninos e meninas.

Por vezes, os pacientes já nascem com esses distúrbios, devido a causas genéticas e/ou hereditárias.

Um exemplo é a hidrocefalia, patologia provocada pelo acúmulo de líquido no cérebro e que pode ser fruto de alterações genéticas.

Em geral, a enfermidade aparece após infecções durante a gravidez, como toxoplasmose e rubéola.

Existe, também, a microcefalia, caracterizada pela falta de desenvolvimento do cérebro e cabeça extremamente pequena.

Distúrbio neurológico

O sistema nervoso é dividido em central e periférico, e seu principal órgão é o cérebro

Além do encéfalo, os defeitos congênitos podem afetar o tubo neural, a exemplo da espinha bífida oculta.

Essa doença ocorre quando as vértebras não se fecham em torno da medula espinhal.

Contudo, diversos transtornos neuropediátricos resultam de eventos após o nascimento, como lesões traumáticas e infecções nas estruturas nervosas.

É o caso da meningite, que é contraída mais facilmente por crianças com menos de 5 anos.

A doença é caracterizada pela inflamação das meninges ou membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal.

A prevalência dos distúrbios neurológicos infantis pode mudar conforme a população analisada, mas outros exemplos típicos são:

  • Paralisia cerebral
  • Epilepsia
  • Tiques
  • Distúrbio do comportamento
  • Malformações cerebrais
  • Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
  • Transtorno do Espectro Autista (TEA).

2. Transtorno neurológico funcional

Como o nome sugere, o transtorno neurológico funcional é aquele que prejudica diretamente o funcionamento do sistema nervoso.

Segundo explica esta cartilha da Sociedade Portuguesa de Neurologia:

“São doenças que se devem a um problema real com o funcionamento do sistema nervoso, que interfere com a capacidade do cérebro de receber e enviar sinais apropriadamente. Não são causadas por qualquer dano ou lesão estrutural do sistema nervoso.”

Nesse contexto, as doenças neurológicas funcionais se manifestam por meio de sintomas que não se encaixam no que seria esperado para outros males.

Esses sinais impossibilitam o controle voluntário dos movimentos pelo doente e podem sofrer variações ao longo do tempo.

Crises não epiléticas, dor crônica e sintomas motores como a perda de força muscular estão entre os indicativos do transtorno neurológico funcional.

Eles aparecem de repente e progridem de forma rápida, podendo desaparecer e retornar depois de períodos curtos.

3. Transtorno neurológico degenerativo

Existem muitos distúrbios neurológicos que provocam a destruição progressiva das células nervosas – os neurônios.

A eliminação dessas importantes células é irreversível e tem como consequência o agravo de sintomas, que costumam começar leves.

A seguir, listo algumas doenças neurológicas degenerativas:

  • Alzheimer: principal causa de demência, essa patologia tende a começar sua manifestação pela perda de memória recente e confusão. Conforme progride, prejudica as habilidades de raciocínio, julgamento, aprendizagem e até tarefas cotidianas
  • Esclerose múltipla: doença autoimune comum entre mulheres adultas, esse distúrbio começa com pequenas anormalidades na visão, que evoluem para visão dupla, tremores, formigamento e fraqueza nas pernas
  • Parkinson: tem como principal sintoma os tremores musculares, porém também pode levar ao desequilíbrio, problemas com o raciocínio e rigidez dos músculos
  • Esclerose lateral amiotrófica (ELA): afeta especialmente a capacidade motora e o equilíbrio, levando à atrofia muscular. A sigla ELA faz referência ao fato de que a patologia se manifesta, primeiro, em um dos lados do corpo
  • Distrofia muscular: Distrofia Muscular de Duchenne e Distrofia Muscular de Becker são exemplos dos males reunidos nesse grupo, que ultrapassa os 30 tipos. Quem sofre com distrofia muscular apresenta fraqueza e atrofia muscular de origem genética, que levam à degeneração dos músculos
  • Atrofia muscular espinhal (AME): doença que causa perda acentuada de massa muscular, resultando em fraqueza e incapacidade de realizar movimentos básicos, por exemplo, se levantar e andar.

4. Transtorno neurológico do desenvolvimento

Conhecidos como distúrbios do neurodesenvolvimento, impactam na capacidade de interação social, comunicação, memória, atenção ou percepção de crianças e adolescentes.

Por isso, muitos deles se confundem com transtornos neurológicos infantis.

Alguns deles são:

  • Deficiência intelectual: a síndrome de Down está entre as mais conhecidas. A deficiência intelectual acomete crianças e adultos, com prejuízo para tarefas que envolvam raciocínio, compreensão da linguagem, solução de problemas e autonomia para o cuidado pessoal
  • Transtorno do Espectro Autista (TEA): é um conjunto de condições que causam o comprometimento na interação social e comunicação, além de comportamentos repetitivos e estereotipados. Distúrbios leves como a Síndrome de Asperger permitem que o paciente tenha bastante independência, enquanto os mais graves pedem monitoramento constante
  • Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): condição que diminui a capacidade de prestar atenção e se concentrar, em especial por longos períodos. Costuma impactar no desempenho escolar e se manifestar ainda durante a infância
  • Paralisia cerebral: decorre de uma lesão cerebral durante a gestação, nascimento ou período neonatal. A paralisia cerebral pode provocar deficiência intelectual, impedir a criança de andar e falar
  • Dislexia: é um distúrbio que afeta a aprendizagem, dificultando a compreensão de grupos de letras e símbolos.

5. Transtorno neurológico do sono

Esse é o nome dado aos distúrbios do sistema nervoso que afetam o padrão de sono ou vigília (tempo em que se está acordado).

Um exemplo é a narcolepsia, que provoca sonolência exacerbada durante o dia, levando o paciente até a adormecer em locais inapropriados.

Outro é a síndrome das pernas inquietas, que causa vontade de movimentar os membros inferiores ou superiores, especialmente quando a pessoa está em repouso.

Por consequência, fica difícil adormecer ou se manter dormindo, pois os movimentos tendem a despertar o paciente várias vezes durante a noite.

Problemas neurológicos

Os transtornos neurológicos do desenvolvimento são um tipo que afeta crianças e adolescentes

Atenção aos sintomas de transtorno neurológico

Os sintomas de transtorno neurológico são tão variados quanto a quantidade desse tipo de distúrbio.

É natural pensar em dores na cabeça, onde fica o cérebro, mas eles podem ser percebidos por todo o organismo.

Afinal, as terminações nervosas estão espalhadas pelo corpo, alcançando até as extremidades.

São elas as responsáveis pela percepção de dor, frio, calor e outras sensações.

Assim como por parte da função correspondente aos demais sentidos – paladar, olfato, audição e visão.

Veja, abaixo, uma lista com sintomas que podem remeter ao transtorno neurológico:

    • Dor de cabeça ou no pescoço
    • Dor nas costas
    • Tontura
    • Convulsão
    • Sensação de desmaio ou desmaio
    • Paralisia facial
    • Enrijecimento de parte do corpo
    • Espasmos
    • Descontrole dos movimentos, por exemplo, tiques
    • Zumbido
    • Visão embaçada ou turva
    • Alucinações
    • Tremores
    • Sensação de formigamento
    • Problemas para se equilibrar, por exemplo, para se manter em pé
    • Problemas de marcha (para caminhar)
    • Insônia ou sonolência exagerada
    • Dificuldades para se concentrar
    • Perda frequente de memória
    • Confusão mental
    • Dores nas articulações
    • Perda súbita da força muscular.

Quando um distúrbio neurológico é perigoso?

Sofrer com transtornos neurológicos é sempre perigoso, exigindo que você busque tratamento o mais breve possível.

Porém, somente um médico pode diagnosticar um distúrbio neurológico.

O que você deve fazer é prestar atenção nos sintomas de alterações neurológicas, pedindo auxílio médico sempre que preciso.

Então, fique de olho nos sinais que listei acima, principalmente se vivenciar dois ou mais deles simultaneamente.

Ou se eles permanecerem por períodos prolongados.

Claro que uma dor de cabeça ou tropeço de vez em quando não servem de alerta.

Contudo, se a dor dura dias e vem acompanhada de tontura, vale marcar uma consulta com o neurologista.

Outros sintomas que requerem atenção imediata são os indicativos de acidente vascular cerebral (AVC).

Esse evento grave costuma surgir como complicação de outros problemas, que levam ao rompimento ou entupimento de um vaso sanguíneo no cérebro.

A falta de oxigênio nesse órgão vital representa alto risco de sequelas e morte.

Caso repare nos sintomas a seguir, procure um pronto-socorro imediatamente:

  • Dormência num dos lados do rosto
  • Dormência nos membros desse mesmo lado do corpo
  • Dificuldades na fala
  • Desmaio.
Doença neurológica

O neurologista é quem trata dos transtornos neurológicos, e ele pode ser consultado a distância

Qual médico trata de problemas neurológicos?

O médico especializado no tratamento de problemas neurológicos é o neurologista.

Esse profissional tem atuação clínica, fazendo a avaliação, pedidos de exames, diagnóstico e recomendando a melhor terapia para a doença.

Mas distúrbios graves ou que se beneficiem de tratamento cirúrgico, como um tumor, pedem ainda os cuidados de um neurocirurgião.

Já os transtornos leves ou com sintomas pouco específicos costumam ser observados e tratados inicialmente por um clínico geral.

Com visão integral sobre os impactos das patologias no organismo, o clínico é o profissional indicado para começar a investigação de sinais como a dor nas costas.

Se for necessário, o médico encaminha o paciente a um neurologista e/ou neurocirurgião para dar continuidade à terapia.

Como consultar com neurologista online

Emergências neurológicas como o AVC exigem atendimento imediato.

Contudo, diversos distúrbios que impactam o sistema nervoso são crônicos e têm avanço lento.

Eles devem ser tratados durante longos períodos, pedindo monitoramento por parte do seu neurologista de confiança.

Esse especialista pode ser consultado a distância com o suporte de uma plataforma de teleconsulta.

Acompanhe o passo a passo para marcar sua consulta online com o neurologista no sistema Morsch:

  1. Acesse a página de agendamentos
  2. Use o campo de buscas para selecionar a especialidade Neurologia e escolha o profissional de sua preferência
  3. Confira os horários de agendamento, ao lado da identificação do médico, e clique sobre o mais adequado
  4. Você será redirecionado para uma página de login. Se não tiver cadastro, selecione “Criar conta”
  5. Preencha o formulário com informações de identificação e prossiga
  6. Crie uma senha e acesse o sistema
  7. Confirme o horário da teleconsulta e faça o pagamento
  8. Basta aguardar para receber o link de acesso à sala virtual via WhatsApp ou SMS no dia do atendimento.

Conclusão

A presença de um transtorno neurológico nem sempre é evidente.

Portanto, é importante prestar atenção em sintomas pouco sugestivos, como dores nas costas e tontura.

Ao observar esses sinais, marque uma avaliação com um neurologista ou clínico geral para evitar agravos à saúde.

Com a Telemedicina Morsch, manter essa rotina de cuidados fica mais simples.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin