Sono REM: o que é, importância e como diagnosticar distúrbios nessa fase

Por Dr. José Aldair Morsch, 14 de janeiro de 2022
Sono REM

Se você acordou hoje com uma sensação de bem-estar e energia revigorada, é possível que seu sono REM esteja em dia.

Não é por acaso que existem pessoas que dizem ter mais disposição e ideias mais claras ao despertar.

Nesse caso, é provável que elas tiveram um sono mais profundo, respeitando seus ciclos e, principalmente, atingindo a chamada fase REM.

Para médicos e profissionais de saúde, é fundamental conhecer a importância do sono, até porque a falta dele é sintoma de doenças e distúrbios.

Para pacientes, o sono REM é sinônimo de qualidade de vida – e você vai entender o porquê acompanhando este texto até o final.

O que é sono REM?

REM é a sigla para Rapid Eyes Movement, ou movimento rápido dos olhos.

É o sinal físico mais evidente de que uma pessoa está nessa fase do sono, considerada a mais profunda.

O sono REM é fundamental porque é nele que as memórias são processadas e o conhecimento é consolidado.

Por essa razão, as crianças normalmente atingem esse estágio do sono mais rápido.

Da mesma forma, permanecem nele por mais tempo do que os adultos. 

Como funciona o ciclo do sono REM?

A ciência e a medicina do sono já sabem há algum tempo que o sono humano se desenvolve em ciclos.

No primeiro, o sono é mais leve, durando cerca de 90 minutos, sendo seguido por uma segunda fase de sono não profundo, cuja duração é de aproximadamente 20 minutos

Em uma terceira fase, o sono já é profundo, mas ainda não há os movimentos de olhos que caracterizam o estágio REM.

Novamente, passamos por mais duas fases de sono leve até que finalmente chegamos ao REM.

Essas etapas nem sempre são seguidas à risca, dependendo das condições ambientais e da saúde do indivíduo.

De qualquer forma, estima-se que uma pessoa adulta passe por 4 ou 5 ciclos de sono em uma noite, totalizando assim cerca de 8 horas de repouso.

Como atingir o sono REM

O sono depende de uma série de fatores conjugados para que seja de qualidade e duração adequada.

Primeiramente, é preciso considerar o chamado ciclo circadiano, o nosso relógio biológico, responsável por regular diversas funções orgânicas.

Quando está em sintonia, ele produz hormônios e substâncias indispensáveis para o bom funcionamento do corpo nas horas certas.

É o caso da melatonina, um hormônio indispensável por ser o precursor do sono.

Para ser secretado, ele precisa da penumbra. 

É por isso que os especialistas contraindicam o uso de celulares, luzes e aparelhos eletrônicos ligados na hora de dormir.

Além disso, é preciso observar alguns cuidados essenciais para induzir o corpo a um estado de relaxamento, contribuindo assim para um sono reparador.

Veja na sequência.

Pensar no sono em ciclos 

É um erro achar que o sono de 8 horas acontece de forma linear.

Isso porque, como vimos, o sono segue um roteiro cíclico.

Dessa forma, o ideal mesmo é garantir um período de sono que garanta, pelo menos, 4 ou 5 ciclos de sono, de maneira que o sono REM seja atingido.

Então, um indivíduo adulto poderia dormir 6 horas e, ainda assim, chegar à fase REM.

Recorrer à sesta (com moderação) 

O sono humano nem sempre foi monofásico, como acontece hoje, em que dormimos o necessário de uma vez só.

Existem registros de que, antes de surgir a luz elétrica, dormíamos em ciclos intercalados com períodos mais curtos de vigília.

Tanto é que esse comportamento ainda existe até hoje, principalmente em certos países nos quais a “sesta” do almoço é respeitada.

Essa é uma forma de garantir um sono mais profundo à noite, já que, dependendo da pessoa, o organismo acaba compensando a falta de sono noturno, de forma a fechar todos os seus ciclos.

Sono profundo

Medicina do sono atua no monitoramento dos seus ciclos, identificando possíveis distúrbios

Contar as horas dormidas semanalmente ou mensalmente

Tendo em consideração que o sono acontece em ciclos e pode não ser necessariamente monofásico, é possível administrar a quantidade de horas dormidas em períodos mais longos.

Ou seja, o mais importante não é tanto contabilizar 8 horas de sono diárias, mas uma quantidade mensal ou semanal que garanta o fechamento de todos os ciclos.

Isso significa que, se uma pessoa dormir menos, pode compensar as horas que deixou de dormir com uma sesta no dia seguinte.

Dessa forma, pode se programar não para dormir 7 ou 8 horas diárias, mas para cumprir algo em torno de 35 ciclos de sono ao longo de 7 dias ou 140 ciclos mensais.

Estabelecer uma rotina ao despertar

O ciclo circadiano não depende apenas da penumbra para funcionar bem. 

Tão importante quanto respeitar o horário de dormir é manter um ciclo de atividades diurnas regular

Ou seja, assim como dependemos de disciplina para dormir nos mesmos horários, é fundamental manter a constância de hábitos ao longo do dia, começando pela hora de acordar.

Ter uma rotina de recuperação 

Descanso nem sempre é sinônimo de dormir.

Assim sendo, uma estratégia para garantir ao corpo a recuperação plena é adotar o que chamamos de períodos de recuperação controlada.

Nesse caso, o que se recomenda não é dormir, mas reservar pelo menos meia hora durante um dia para fazer alguma atividade relaxante.

Pode ser meditação, leitura, escutar música ou simplesmente ficar deitado sem ocupar muito a cabeça

O mais importante é que esse período seja o mais tranquilo possível e que a pessoa não durma.

Dormir em uma cama espaçosa 

O sono depende de diversos fatores externos e ambientais para acontecer nos ciclos necessários para chegar à fase REM.

De pouco adiantaria respeitar horários, tirar uma sesta ou relaxar durante o dia se, à noite, o ambiente onde se dorme for inadequado.

Um dos cuidados essenciais nesse sentido é ter uma cama espaçosa o bastante para garantir um repouso tranquilo.

Respirar pelo nariz 

A respiração bucal pode trazer uma série de problemas.

Além de aumentar a exposição a infecções, esse hábito pode levar a desenvolver o ronco – que, por sua vez, reduz as chances de cumprir todos os ciclos do sono.

Isso sem contar que pessoas que respiram pela boca têm maior propensão a desenvolver a apneia do sono, um distúrbio que pode trazer complicações graves, como infarto e hipertensão.

Dormir em posição fetal 

A posição em que se dorme também influencia diretamente para a qualidade do sono e, sendo assim, ajuda a manter sua constância.

Nesse aspecto, a posição de lado é considerada a mais adequada, tal como se fosse um feto.

Claro que, em certos casos, não é possível adotá-la, em razão de eventuais problemas articulares, limitações de movimentos ou uso de próteses, imobilizações e outros dispositivos.

O mais importante, por isso, é encontrar uma posição ideal para você, com uso de travesseiros não só para a cabeça para garantir o conforto.

Rapid eyes movement

Monitorar o que ocorre no sono pode ser necessário quando distúrbios atrapalham o descanso

Quais as características do sono REM?

Ainda que as pessoas não se deem conta de todas elas, o sono REM apresenta algumas características que o tornam inconfundível.

  • Movimentos oculares rápidos 
  • Atividade cerebral intensa
  • Sonhos vívidos
  • Movimentos musculares involuntários
  • Batimentos cardíacos mais acelerados e respiração mais intensa, de modo a garantir maior oferta de oxigênio.

Portanto, quem acorda frequentemente com a lembrança dos sonhos que acaba de ter pode se considerar satisfeito por ter atingido pelo menos um ciclo completo de sono.

Importância da fase REM do sono

O corpo e a mente precisam do sono para recuperar as energias e, principalmente, para organizar os pensamentos e as informações recebidas diariamente.

Dessa maneira, o sono REM é a condição necessária para ter mais qualidade de vida, disposição e bem-estar.

Pessoas que não dormem profundamente acabam por negligenciar uma parte do descanso indispensável para a sua própria homeostase, ou seja, o equilíbrio das funções orgânicas.

Dados do Instituto do Sono apontam que 66% dos brasileiros apresentam alguma dificuldade para dormir.

Essa parcela da população relata problemas como falta de disposição, estafa mental e dores de cabeça constantes em razão da falta de um sono de qualidade.

Portanto, garantir noites de sono com ciclos completos é uma condição indispensável para ter mais vitalidade e uma vida melhor.

Quantas horas de sono REM devemos ter?

O CDC, órgão do governo norte-americano voltado à prevenção de doenças, sugere uma quantidade mínima de sono que varia conforme a idade.

Veja na tabela abaixo:

Faixa etária

Horas de sono recomendadas

0 – 3 meses

14 – 17 horas

4 – 12 meses 12 – 16 horas a cada 24 horas (incluindo a sesta)
1 – 2 anos 11 – 14 horas a cada 24 horas (incluindo a sesta)
3 – 5 anos 10 – 13 horas a cada 24 horas (incluindo a sesta)
6 – 12 anos 9 – 12 horas a cada 24 horas
13 – 18 anos 8 – 10 horas a cada 24 horas
18 – 60 anos 7 ou mais horas por dia
61 – 64 anos

7 – 9 horas

Acima de 65 anos

7 – 8 horas

O que é o distúrbio comportamental do sono REM?

Em certas pessoas, o sono REM pode não ser sinônimo de descanso profundo, mas de risco à integridade física.

É o que acontece com os portadores do chamado distúrbio comportamental do sono REM, o qual se caracteriza por reações violentas aos sonhos nessa fase.

A pessoa apresenta uma série de movimentos involuntários, como se estivesse de fato vivenciando o que se passa no ambiente onírico.

Em muitos casos, ela pode gritar, falar alto, rir ou tentar revidar possíveis tentativas de agressão nos sonhos ou para escapar de uma morte iminente. 

Esse é um distúrbio cujas causas ainda estão sendo investigadas pela medicina.

Contudo, já se sabe que existem alguns fatores de risco para desenvolvê-lo.

Veja a seguir.

Distúrbios Neurodegenerativos 

Já foi observado que pessoas que sofrem de enfermidades como Mal de Parkinson, demência com corpos de Lewy ou derrame têm uma propensão maior a desenvolver DCS-REM.

Tais problemas de saúde podem, ainda, desencadear crises de narcolepsia, um distúrbio neurológico que causa sonolência profunda ao longo do dia.

Fatores Ambientais 

Sendo o sono diretamente afetado pelos fatores externos, existe o risco de que traumas cranianos e a exposição a produtos químicos, fumo ou pesticidas levem a alterações no padrão de sono. 

Ser do sexo masculino 

Como aponta esta pesquisa realizada pelo Centro de Medicina do Sono de Minnesota, homens são os mais propensos a desenvolverem DSC-REM, com 82% de prevalência.

Somado ao sexo masculino está também a idade, já que se constatou que o distúrbio afeta mais homens entre 40 e 70 anos.

Uso de certos medicamentos 

Existe, ainda, o risco associado ao uso de substâncias como drogas, álcool e medicamentos, como antidepressivos.

Portanto, se for necessário o uso desse tipo de medicação controlada, vale observar o comportamento ao dormir. 

Como diagnosticar distúrbios do sono

A forma mais segura de diagnosticar distúrbios do sono é o exame conhecido como polissonografia.

Popularmente chamado de teste do sono, nele são monitoradas as ondas cerebrais em todos os seus ciclos, assim como são realizados testes enquanto o paciente dorme.

É a forma mais completa de avaliar a qualidade do sono, bem como se a pessoa está de fato atingindo todos os ciclos ao dormir.

Para solicitá-lo, é preciso antes fazer uma consulta ao médico neurologista, o especialista mais indicado para diagnosticar e acompanhar um possível tratamento.

Ciclo do sono

Exame conhecido como polissonografia é utilizado na investigação de distúrbios do sono

Laudo de polissonografia à distância com a telemedicina

Ao realizar uma sessão de polissonografia, será necessário emitir um laudo médico, informando os resultados do exame.

Esse documento pode ser emitido sem a necessidade de uma visita presencial a um médico, graças aos recursos da telemedicina.

Para isso, médicos, gestores e profissionais de saúde podem contar com a Morsch para emitir laudos a distância, com rapidez e confiabilidade.

Clique aqui para saber como funciona.

Conclusão

O sono REM é fundamental, mas, para que ele seja regular, é preciso observar certos cuidados básicos com a saúde e o ambiente.

Isso vale para pacientes e profissionais de saúde.

Se você atua na assistência em saúde, permita que a Morsch seja sua parceira na oferta de laudos de polissonografia, aumentando as receitas e a produtividade da equipe.

Entre em contato para conhecer opções pensadas para o seu negócio.

Aproveite e navegue pelo blog para saber mais sobre os testes neurológicos que utilizam a telemedicina.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin