Para que serve e como funciona o EEG em sono e vigília

Por Dr. José Aldair Morsch, 22 de fevereiro de 2019
Eletroencefalograma em sono e vigília: para que serve e como funciona

O eletroencefalograma em sono e vigília é um exame completo, que investiga todo o tipo de anormalidade envolvendo a atividade cerebral.

Doenças neurológicas, psiquiátricas e também distúrbios relacionados ao sono podem ser diagnosticados a partir dele.

Neste artigo, preparei um guia completo sobre o exame.

Você vai saber o que é e como funciona o eletroencefalograma em sono e vigília, para que serve e quais resultados pode indicar.

Também vou falar da tecnologia e sobre os caminhos que uma clínica que faz eletroencefalograma pode seguir para reduzir gastos sem prejudicar a qualidade.

Então, não deixe de conferir até o final.

Boa leitura!

O que é eletroencefalograma em sono e vigília?

O eletroencefalograma, também conhecido pela sigla EEG, é um exame de análise da atividade cerebral espontânea e que é utilizado para identificar possíveis anormalidades nelas.

Médicos podem solicitar o exame EEG para acompanhamento ou quando há suspeita de epilepsia e alteração de consciência.

Também é um exame empregado na avaliação de pacientes com doenças neurológicas ou psiquiátricas, assim como na investigação de qualquer possível anormalidade na atividade elétrica e nos ritmos cerebrais fisiológicos.

A captação dos registros se dá a partir de eletrodos que são colocados junto ao couro cabelo do paciente – e ele pode ter qualquer idade.

Isso é possível porque a atividade elétrica está presente desde recém-nascidos a idosos, e o exame não oferece riscos.

Antes de fazer a solicitação do eletroencefalograma, o médico deve considerar as suas formas de obtenção das informações: com o paciente acordado ou dormindo.

Essas são as diferenças básicas entre o EEG em sono e o EEG em vigília.

Para um diagnóstico mais completo, pode ser realizado o eletroencefalograma em sono e vigília, com duração de até 12 horas e a coleta de informações sobre a atividade elétrica com o paciente acordado e também dormindo.

Ainda neste artigo, vou trazer mais detalhes sobre a realização e indicações do exame.

Bases fisiológicas do eletroencefalograma

As bases fisiológicas do eletroencefalograma ajudam a entender como o exame acontece e também como gera seus resultados.

Neste artigo, publicado na Revista Brasileira de Neurologia, a autora descreve os geradores neurais e a base celular da atividade elétrica, além de interações entre neurônios e a condutividade dos tecidos por onde transitam as informações captadas pelos eletrodos.

De forma resumida, há uma rede de neurônios (milhares ou milhões) com orientação espacial parecida e atividade síncrona – ou seja, realizada ao mesmo tempo.

No EEG, são demonstradas oscilações em frequências de determinada rede de neurônios, como durante o sono, por exemplo.

A atividade elétrica ocorre a partir de íons que, quando alcançam os eletrodos, tem as diferenças de voltagem registradas.

Mas as células possuem voltagens muito pequenas e é preciso haver a contribuição de milhares delas para formar um grande campo e permitir a sua captação.

Praticamente toda a atividade elétrica captada no eletroencefalograma tem origem no córtex cerebral, enquanto os potenciais sinápticos são responsáveis por quase toda aquela que é registrada.

Mais precisamente, os geradores do EEG estão na soma das atividades do potencial pós-sináptico excitatório (EPSP) e do potencial pós-sináptico inibitório (IPSP) nas sinapses dendríticas (zonas de contato que transmitem informações entre neurônios).

Fluxo de corrente, condução de volume, propagação, sincronização e dessincronização são mecanismos que influenciam na atividade elétrica.

Para que serve o eletroencefalograma em sono e vigília?

Como registra a atividade cerebral no paciente, o exame de eletroencefalograma serve para investigar, confirmar ou monitorar possíveis doenças neurológicas.

Também é utilizado na observação de alterações vasculares, de disfunções da consciência ou de qualquer outro distúrbio que possa afetar o sistema nervoso central, em especial o cérebro.

Entre as indicações do EEG, está ainda a avaliação de pacientes com doenças psiquiátricas ou relacionadas à demência.

Existe ainda a versão do exame utilizada para fins ocupacionais, cujo objetivo é avaliar trabalhadores saudáveis contratados para assumir atividades de risco.

A exigência do eletroencefalograma nesses casos é regulamentada por normatização específica, o que abrange, por exemplo, trabalhos em altura (como na construção civil) e pilotos de avião.

O que um eletroencefalograma pode diagnosticar?

Em tópicos anteriores, falei rapidamente sobre suspeitas que podem ser confirmadas a partir de um exame de eletroencefalograma em sono e vigília.

São doenças psiquiátricas, neurológicas, incluindo infecções (como encefalites) e condições degenerativas (como transtornos de memória), transtornos convulsivos (como a epilepsia), distúrbios do sono (apneia, narcolepsia, insônia ou sonolência excessiva), distúrbios metabólicos e estruturais do cérebro.

Particularmente sobre a epilepsia, essa é uma condição bastante comum e que gera preocupações em todo o mundo.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), são 50 milhões de pessoas com a doença, que atinge até 10 indivíduos a cada grupo de mil.

Mas não é apenas em situações de doença ou distúrbio que o EEG se aplica.

O exame também pode identificar possíveis causas reversíveis de dano cognitivo e contribuir com o prognóstico em determinados casos de coma.

Sobre essa última aplicação, vale dizer ainda que um eletroencefalograma pode ser utilizado como exame do protocolo de morte encefálica.

Como funciona o eletroencefalograma em sono e vigília

Como funciona o eletroencefalograma em sono e vigília

eletroencefalograma em sono e vigília como funciona

Tudo o que falei até aqui sobre o EEG são questões gerais sobre o exame, que se aplicam às suas diferentes versões.

Agora, vou trazer mais detalhes que ajudam a diferenciar o eletroencefalograma em sono e vigília.

Esse é um conhecimento importante para médicos e outros profissionais da saúde, válido tanto para a realização do exame quanto para sua solicitação e análise de resultados.

Eletroencefalograma em sono

Como o nome indica, nessa modalidade, o eletroencefalograma realiza um estudo da atividade cerebral com registros coletados enquanto o paciente dorme.

O principal objetivo desse EEG é detectar possíveis distúrbios relacionados ao sono.

De forma geral, o exame costuma ser realizado em ambiente hospitalar, que conta com o ambiente e equipamentos adequados para os cuidados de saúde com o paciente.

Nesses casos, ele precisa passar a noite no local.

Nas orientações pré-exame, o paciente pode ser solicitado a se privar do sono por um período maior.

O objetivo é garantir que ele durma durante o EEG por tempo suficiente para o registro de seus impulsos elétricos cerebrais.

Pela mesma razão, se necessário, pode ser aplicada sedação leve, o que ajuda o paciente a relaxar e a dormir.

Como o exame é indolor e não invasivo, é importante que ele esteja livre de qualquer preocupação e se preocupe apenas em dormir, como se estivesse na própria cama.

Em crianças, o eletroencefalograma pode ser realizado com indução ao sono após leve sedação, sendo sucedido pelo exame em vigília depois que ela é acordada.

Eletroencefalograma em vigília

No eletroencefalograma em vigília, por sua vez, é revelada a atividade elétrica cerebral espontânea registrada quando o paciente está acordado.

Esse é um exame de características bem diferentes do EEG em sono, pois o paciente contribui diretamente com os resultados.

Conforme a recomendação médica, que varia de acordo com a suspeita clínica, ele pode ser solicitado a executar uma série de atividades, porém todas simples.

Como exemplo, abrir e fechar os olhos ou respirar de forma rápida durante um determinado período de tempo.

Também pode ser direcionada fotoestimulação intermitente (uma luz pulsante) à sua frente.

Todos são estímulos para aumentar a sensibilidade do exame, cujos efeitos serão avaliados depois, na interpretação dos resultados.

O EEG em vigília tem duração estimada em 20 a 40 minutos e é bastante útil para a identificação da maioria das anormalidades relacionadas ao cérebro.

Fases do exame de eletroencefalograma em sono e vigília

Basicamente, o eletroencefalograma em sono e vigília é composto de três fases: com o paciente acordado, em sonolência e dormindo.

Há uma razão clínica para isso e ela se relacionada com as ondas cerebrais, as quais marcam presença em todos os tipos de EEG.

São elas: alfa, beta, teta e delta.

Veja como elas aparecem cada uma das fases do exame.

Paciente acordado

Inicialmente, é comum que o paciente esteja em estado de alerta e concentrado para a realização do exame, o que gera as chamadas ondas beta, com frequência medida entre 13 e 30 Hertz.

Conforme ele relaxa e reduz a sua ansiedade, são registradas pelo aparelho de EEG as ondas alfa, com frequência entre 7 e 13 Hertz.

Paciente sonolento

Na evolução do exame, o paciente amplia a sua sensação de relaxamento e vai se sentindo sonolento.

Isso reduz a atividade cerebral, que agora apresenta ondas teta, com frequência entre 4 e 7 Hertz.

Paciente dormindo

Por fim, ao dormir, o exame de EEG identifica na atividade cerebral do pacientes as ondas delta, cuja frequência vai de 4 a 0 Hertz, o que indica o sono profundo.

Resultados do eletroencefalograma em sono e vigília

A interpretação de um eletroencefalograma em sono ou vigília passa pela identificação e análise das ondas cerebrais esperadas para cada etapa do exame.

Quem fica responsável por essa avaliação sobre os resultados é sempre um médico neurofisiologista clínico, também chamado de eletroencefalografista.

Ele precisa conhecer não apenas os tipos de onda, mas também quais são os padrões cerebrais e o comportamento das ondas em amplitude e frequência.

Vamos ver agora detalhes sobre os resultados possíveis que retornam de um EEG em sono e vigília.

Resultados normais do eletroencefalograma

A normalidade de um eletroencefalograma é determinada quando a atividade elétrica cerebral registrada no exame é identificada como dentro dos padrões esperados.

Esses padrões consideram aspectos como a idade do paciente e a resposta aos estímulos realizados durante a fase da vigília.

Isso significa, como acabamos de ver, que as ondas alfa e beta apareçam quando ele está acordado, que as ondas teta sejam captadas quando está sonolento e que ondas delta se manifestem nos estágios avançados do sono.

Resultados anormais do eletroencefalograma

A anormalidade em um EEG exige mais do médico responsável pela análise dos resultados.

Inicialmente, é claro, haverá um indicativo fora do padrão de amplitude e frequência das ondas.

Quando identificadas amplitudes baixas nas ondas cerebrais, esse pode ser um sinal de ansiedade, dor ou até mesmo de lesões.

Mas é quando a frequência aparece diferente do esperado que o número de patologias possíveis aumenta.

Se o traçado de base do eletroencefalograma aparece desorganizado, com surtos de atividade de ondas delta, isso sugere a presença de doença inflamatória ou infecciosa.

Em vigília, é esperado que o ritmo alfa seja interrompido com a luz intermitente, ao abrir os olhos e durante atividades mentais de concentração.

Se isso não acontece, o EEG tem resultado anormal.

Já durante a fase de sonolência, a presença de ondas alfa pode ser considerada, mas em pequenos surtos e com intervalos cada vez maiores.

Vale referir ainda que, quando as ondas teta apresentam um ritmo constante e assimétrico, esse pode ser um indicativo de disfunção em alguma área do cérebro.

Também a maior quantidade de ondas beta e em alta frequência pode sugerir distúrbio psiquiátrico.

Um ponto de atenção importante na análise dos resultados considera possíveis variações nas ondas, sem que haja distúrbio presente.

Um ritmo alterado pode ser provocado pelo uso de determinado medicamento ou até mesmo pela presença de uma substância estimulante, como a cafeína.

Até mesmo o ciclo menstrual, nas mulheres, pode originar alterações no traçado.

Todas são informações que precisam ser consideradas para laudar o exame, o que reforça a importância de contar com profissionais qualificados para isso.

Telemedicina Morsch na emissão de laudo a distância em EEG

 

Como acabamos de ver, a interpretação de um eletroencefalograma em sono e vigília é ato privativo de médicos especialistas.

Mais do que isso, é uma tarefa de grande responsabilidade.

Ter profissionais com essa qualificação e mesmo equipamentos adequados para a realização do exame pode representar um desafio financeiro para clínicas médicas.

Inclusive, é o que motiva muitas delas a não oferecer o EEG e outros exames.

Mas você não precisa ficar sem essa receita, ao mesmo tempo em que pode economizar com a contratação de especialistas.

Ao se tornar parceiro da Telemedicina Morsch, você tem acesso a laudos à distância, analisados em até 30 minutos por médicos altamente capacitados.

Isso possibilita à unidade direcionar os especialistas para tarefas de maior complexidade e urgência, como no atendimento direto aos pacientes.

Também através da Morsch, você pode ter acesso a equipamentos modernos, cedidos em regime de comodato durante o período de contratação dos laudos.

E o aparelho de EEG digital é um deles.

A partir dele, os dados coletados no exame são enviados para o computador, de onde são disponibilizados em uma plataforma de telemedicina com armazenamento em nuvem.

É ali, com seu login e senha, que os especialistas da Morsch analisam os resultados, emitem o laudo e o assinam digitalmente.

E é na mesma plataforma que o médico solicitante e demais profissionais interessados podem acessar o documento.

Conclusão

Neste artigo, expliquei o que é e como funciona o eletroencefalograma em sono e vigília, um exame muito importante para averiguar possíveis anormalidades na atividade elétrica cerebral.

Sua clínica, consultório ou hospital também pode oferecer o EEG.

Para isso, basta se tornar parceira da Telemedicina Morsch, que disponibiliza a você profissionais qualificados para laudar exames e equipamentos modernos.

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Referências Bibliográficas

GOMES, Marleide da Mota. Bases fisiológicas do eletroencefalograma. Revista Brasileira de Neurologia. 2015.

LEVIN, Michael C. e outros.Testes para diagnóstico de doenças do encéfalo, da medula espinal e do nervo. Manual MSD.

BRAGATTI, José Augusto. O papel do EEG no diagnóstico em neurologia. Hospital das Clínicas de Porto Alegre.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin