Sistema 10-20: entenda esse padrão no eletroencefalograma

Por Dr. José Aldair Morsch, 6 de julho de 2023
Sistema 10-20

O sistema 10-20 no EEG é um dos principais padrões empregados no exame.

Ele oferece uma série de regras para o posicionamento dos eletrodos do eletroencefalograma, a fim de garantir a qualidade dos registros coletados.

Dessa forma, os gráficos retratam a atividade elétrica cerebral de maneira fidedigna.

O sistema 10-20 é o tema deste artigo, em que explico mais sobre sua importância e como utilizá-lo.

Ao final, você ainda vai saber de que maneira se beneficiar com os laudos online via telemedicina neurológica.

O que é o sistema 10-20?

O Sistema 10-20 no EEG é um padrão de posicionamento dos eletrodos recomendado por autoridades médicas nacionais e internacionais.

Basicamente, esse tipo de montagem de EEG divide a cabeça em dois hemisférios, a fim de que os eletrodos tenham a mesma distância entre si.

Vem daí o nome do sistema, pois o segundo eletrodo é 20% mais espaçado que o primeiro, e assim por diante.

A recomendação da Sociedade Brasileira de Neurofisiologia Clínica (SBNC) é a seguinte:

“Cada eletrodo tem uma denominação padrão composta por uma letra e por um número, sendo a letra baseada na região cerebral coberta por este eletrodo e o número indicando a sua lateralização. Desta forma, temos Fp para fronto-polar, F para frontal, C para central, P para parietal, T para temporal e O para occipital”.

A SBNC ainda afirma que toda a superfície encefálica deve estar coberta e que o posicionamento dos eletrodos deve ser baseado em medidas específicas feitas a partir de pontos de referência do crânio, proporcionais ao seu tamanho e forma.

Para diferenciar as áreas equivalentes dos hemisférios cerebrais, são usados números pares para o hemisfério direito, e ímpares para o esquerdo.

A linha média serve como ponto 0 e, portanto, recebe a denominação Z.

Já os eletrodos auriculares começam com a letra A, sendo A1 para a orelha esquerda, e A2 para a direita.

Como funciona o sistema 10-20 no EEG?

O sistema 10-20 funciona a partir de parâmetros para a montagem correta.

Segundo sugere a Academia Americana de EEG, deve-se:

  • Usar no mínimo 16 canais simultaneamente
  • Usar todos os 21 eletrodos do sistema 10-20
  • As conexões dos eletrodos (bipolar) devem correr em linhas sequenciais, e manter as distâncias entre os eletrodos iguais
  • Apresentar os canais anteriores e da esquerda antes dos posteriores e da direita
  • Três classes de montagens deverão estar representadas em cada registro EEG:  longitudinal bipolar, transversal bipolar e referencial.

Nesse esquema, os eletrodos são dispostos em linhas de 5, organizados em 5 planos longitudinais e 5 planos transversais.

Os planos transversais são:

  • Pré-frontal
  • Frontal
  • Coronal (rolândico)
  • Parietal
  • Occipital.

Os planos longitudinais correspondem a:

  • Longitudinal inferior esquerdo
  • Parassagital esquerdo
  • Sagital ou mediano
  • Parassagital direito
  • Longitudinal inferior direito.

A seguir, explico por que usar o sistema 10-20 no EEG.

Qual a importância do sistema 10-20 no EEG?

O sistema 10-20 padroniza a técnica e informações referentes ao eletroencefalograma, permitindo que sejam compreendidas por profissionais não especializados no exame.

Além de qualificar a realização do EEG, estabelecendo parâmetros desde a colocação dos eletrodos e evitando problemas como artefatos.

O uso do sistema ainda possibilita a comparação entre diferentes registros de um mesmo paciente ou entre ele e outras pessoas, para fins de pesquisa.

Graças a essa montagem padronizada, o EEG não precisa ser conduzido apenas por neurologistas, podendo ser feito por outros médicos ou mesmo técnicos de enfermagem que tenham recebido o treinamento adequado.

Eletroencefalografia sistema 10-20

Posição dos eletrodos no sistema 10-20. Foto: Paula Gabrielly Rodrigues

Como é feito o exame EEG passo a passo?

O eletroencefalograma usa eletrodos conectados a um monitor para registrar os impulsos elétricos emitidos pelos neurônios.

O exame começa com orientações sobre o preparo do paciente, que deve comparecer ao serviço de saúde com o couro cabeludo lavado apenas com xampu neutro.

Condicionador, cremes, gel e outros cosméticos não devem ser aplicados, pois interferem na aderência dos eletrodos.

No horário marcado, o paciente é levado até a sala de EEG e acomodado numa cadeira ou maca.

Em seguida, o médico ou técnico de enfermagem separam mechas e marcam o couro cabeludo, a fim de posicionar os eletrodos no sistema 10-20 ou outro esquema de montagem.

Para fixar os eletrodos com firmeza, é usada uma pasta condutora de eletricidade.

Uma vez que todos estejam estáveis, são conectados ao monitor e o aparelho de EEG é ligado.

Dependendo do pedido médico, o eletroencefalograma pode ser feito em vigília, durante o sono ou em sono e vigília.

Também é comum a realização de manobras como hiperventilação e fotoestimulação para avaliar a atividade dos neurônios em condições específicas.

Assim que as etapas terminam, o equipamento de EEG é desligado, e os eletrodos, retirados com cuidado.

Já escrevi aqui no blog um artigo completo com dicas para realizar o eletroencefalograma, confira.

Benefícios do laudo eletrônico do EEG

Embora possa ser feito por médicos e técnicos de enfermagem, o EEG só deve ser interpretado pelo neurofisiologista clínico (eletroencefalografista).

Afinal, esse é o especialista que possui conhecimento profundo na anatomia e funcionamento cerebral e está apto a identificar anormalidades.

Contudo, a carência de eletroencefalografistas tende a atrasar a emissão de laudos e, por consequência, o diagnóstico e tratamento de condições patológicas.

Mas é possível reverter esse quadro com o auxílio da plataforma de Telemedicina Morsch, que oferece o serviço de interpretação remota do EEG.

Funciona assim: a equipe local faz o exame normalmente e, depois, se loga no sistema Morsch – acessível por qualquer dispositivo com conexão à internet.

O médico ou técnico compartilha os gráficos do EEG, viabilizando a avaliação a distância de um neurofisiologista clínico.

Ele produz o laudo online, assinado digitalmente e liberado na plataforma em minutos.

Casos urgentes são avaliados em tempo real para apoiar a tomada de decisão da sua equipe.

No mesmo software em nuvem, os profissionais in loco ainda podem pedir uma segunda opinião médica ou teleconsultoria para esclarecer dúvidas.

Comece a aproveitar as vantagens de ter a Morsch como parceira da sua clínica ou hospital.

Conclusão

Conhecer o sistema 10-20 no EEG é fundamental para conduzir o exame com qualidade e precisão.

Se ficou alguma dúvida, sugestão ou complemento, deixe um comentário.

E siga lendo artigos sobre neurologia aqui no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin