Eletroencefalograma (EEG): o que é, para que serve e como é feito?

Por Dr. José Aldair Morsch, 7 de agosto de 2019
Como é realizado e quais os preparos para o exame de eletroencefalograma

O eletroencefalograma é um dos mais populares exames realizados por serviços de neurologia.

Ele permite a leitura da atividade neuronal a partir de gráficos gerados com agilidade, apoiando o diagnóstico de epilepsia e outras condições que alteram o padrão das ondas cerebrais.

Neste artigo, você vai entender melhor como funciona, quais as indicações e tipos de EEG disponíveis atualmente.

Também vai conferir os benefícios da telemedicina neurológica para a emissão de laudos eletrônicos com rapidez.

Vamos em frente?

O que é o eletroencefalograma (EEG)?

Eletroencefalograma (EEG) ou eletroencefalografia é um exame que permite o estudo do registro gráfico das correntes elétricas espontâneas emitidas no cérebro.

Esse procedimento funciona a partir de eletrodos aplicados no couro cabeludo, na superfície encefálica ou até mesmo dentro da substância encefálica.

Nas últimas décadas, a eletroencefalografia vinha perdendo terreno para outros métodos de diagnóstico, mas a união entre informática e tecnologia concedeu novo impulso ao exame.

Tanto que, atualmente, o teste conquistou um lugar proeminente no diagnóstico de vários problemas cerebrais e contribui com outras técnicas terapêuticas.

Isso tornou possível, inclusive, o eletroencefalograma com mapeamento cerebral colorido, que viabiliza o estudo detalhado dos estímulos elétricos gerados pelo cérebro.

Para que serve o eletroencefalograma?

O exame serve para avaliar os impulsos elétricos cerebrais, revelando anormalidades e patologias.

Geralmente,é pedido quando há suspeita de epilepsia ou em casos em que a doença já é conhecida, para diagnosticar o seu tipo.

Em alguns casos, o neurologista pode observar descargas de ondas anormais em forma de pontas, por exemplo (picos de onda), complexos ponta-ondas ou atividades lentas focais ou generalizadas de diferentes significados.

As técnicas mais avançadas de eletroencefalograma quantitativo (com mapeamento cerebral) permitem determinar, também, a localização precisa de tumores cerebrais e de doenças focais do cérebro, como a epilepsia, alterações vasculares e derrames.

O que o eletroencefalograma detecta?

O EEG pode detectar uma série de condições patológicas, incluindo:

 

Como o paciente deve se preparar para o exame de eletroencefalograma?

O procedimento começa com o paciente acordado, com os olhos parcialmente fechados

Como funciona o eletroencefalograma?

O aparelho de eletroencefalograma funciona, basicamente, usando eletrodos conectados por cabos a um pequeno monitor.

Presente no aparelho de EEG, um poderoso amplificador de corrente elétrica é capaz de aumentar milhares de vezes os sinais elétricos gerados no cérebro, a fim de que sejam detectados pelos eletrodos.

Esses sinais são enviados ao monitor utilizando os cabos.

Em seguida, por meio de um dispositivo chamado galvanômetro, eles são registrados sobre uma tira deslizante de papel, em forma de ondas, se o EEG for analógico.

Já a versão digital envia os registros a um software que os transforma em gráficos, mostrando as ondas mentais.

Tipos de eletroencefalograma

Existem diferentes tipos de eletroencefalograma.

Eles podem incluir fases distintas, atender a medidas de saúde ocupacional e até disponibilizar imagens detalhadas dos estímulos cerebrais.

Confira as 3 principais modalidades de EEG a seguir.

1. Eletroencefalograma clínico

O EEG clínico é realizado a partir de solicitação médica, como suporte ao diagnóstico de doenças neurológicas.

Tumores, crises epiléticas e infecções como a encefalite podem ser identificadas a partir desse tipo de eletroencefalograma.

Além da confirmação de coma e morte encefálica.

O eletroencefalograma clínico costuma incluir fases em sono e vigília, e utilizar maiores quantidades de eletrodos que a versão ocupacional.

2. Eletroencefalograma ocupacional

Requerida como parte do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), essa versão do exame costuma ser simplificada.

No EEG ocupacional, são empregados menos eletrodos e a duração é reduzida, uma vez que não há suspeita de doenças.

Seu propósito é evitar acidentes decorrentes de crises neurológicas súbitas durante o trabalho em locais perigosos, como em altura ou na operação de máquinas.

3. Eletroencefalograma com mapeamento cerebral

Essa é a modalidade mais completa do exame, que oferece imagens coloridas que mostram quais áreas do cérebro estão coordenando determinadas funções do organismo.

O nível profundo de detalhamento permite avaliar patologias que interferem nos padrões cerebrais, como epilepsia e doenças neurodegenerativas (incluindo o Alzheimer).

Como é feito o eletroencefalograma?

Simples, indolor e não invasivo, o EEG tem raras contraindicações.

Geralmente, o exame é restrito a pessoas com alergias no couro cabeludo, devido ao risco de ferimentos durante a retirada dos eletrodos. 

Para realizar o procedimento, o paciente é orientado a retirar objetos de metal, como brincos e bijuterias.

Em seguida, deve se sentar ou deitar em posição confortável, favorecendo o relaxamento.

Antes de começar o eletroencefalograma, o profissional responsável separa o cabelo do paciente em mechas e marca os pontos onde os eletrodos serão colocados.

Mais à frente, trago detalhes sobre essa etapa.

Com os eletrodos posicionados corretamente, o aparelho de EEG é ligado, dando início aos registros da atividade elétrica cerebral.

Normalmente, o procedimento começa com o paciente acordado, com os olhos parcialmente fechados e em um ambiente de penumbra.

Será solicitado a ele que fique imóvel, relaxe o máximo que conseguir e, se possível, até durma.

Dependendo da orientação no pedido médico, serão feitas algumas manobras para captar reações cerebrais diferenciadas.

Um exemplo é a hiperventilação, alcançada por meio da respiração acelerada durante a eletroencefalografia.

Outra dinâmica de interesse é a fotoestimulação, capaz de desencadear mudanças nos padrões das ondas cerebrais e até convulsões – caso o paciente tenha uma doença de fundo.

Para tanto, são colocadas luzes extremamente brilhantes para piscar na frente do paciente, em diferentes velocidades, usando um aparelho chamado estroboscópio.

Vale citar também o registro de ondas cerebrais durante o sono (EEG em sono), que dá suporte à detecção de diversas patologias.

Distúrbios como apneia, narcolepsia e insônia são investigados com o auxílio desse recurso.

Os estímulos elétricos coletados passam por um amplificador de potenciais, que permite a elaboração de um gráfico das ondulações cerebrais, analógico ou digital, dependendo do equipamento usado.

A partir da comparação a padrões de normalidade, o médico especialista é capaz de medir as alterações existentes e fazer as correlações necessárias com dados clínicos do paciente, levando a um diagnóstico.

Ao final do exame, o aparelho de EEG é desligado, e o paciente, liberado.

​Fases do exame ​e tempo de duração​

O EEG pode durar de 20 minutos a algumas horas, conforme a indicação clínica

Preparação para o eletroencefalograma

De forma geral, não há restrição alimentar para a realização do EEG.

Mas, dependendo da modalidade do exame, pode ser necessário dormir durante o procedimento.

Nesses casos, o paciente deve evitar a ingestão de substâncias estimulantes, como a cafeína.

A seguir, confira outras recomendações comuns:

  • Lavar bem os cabelos usando um sabonete neutro (como sabão de coco), mas com tempo suficiente para que estejam secos ao início do procedimento
  • Não utilizar nenhum cosmético no cabelo (laquê, gel, condicionador, cremes, óleos, tinturas). Esses produtos dificultam a aderência dos eletrodos ao couro cabeludo
  • Não é necessário suspender os medicamentos de uso contínuo, mas eles devem ser informados ao médico
  • Para fazer o EEG em sono, pacientes devem dormir no máximo 3 horas na noite anterior ao exame. Bebês podem ser alimentados durante a colocação dos eletrodos, para facilitar a indução do sono
  • Crianças ou pessoas com dificuldade para dormir podem ter o sono induzido na clínica ou hospital, através de sedativo leve.

Depois que os eletrodos são retirados, é comum que um pouco do gel condutor de eletricidade permaneça no couro cabeludo do paciente.

Para retirar essas sobras, basta lavar o cabelo normalmente.

Caso tenha recebido sedação, o paciente não deverá ir para casa sozinho, e sim junto a um acompanhante.

Se tiver passado por privação de sono, a recomendação é ir para casa e descansar o resto do dia.

Já as pessoas que só tiverem sido submetidas ao EEG em vigília podem realizar as atividades diárias normalmente.

Posição dos eletrodos no eletroencefalograma

A forma de montagem mais popular para os eletrodos do EEG é o Sistema Internacional 10-20%.

A nomenclatura tem origem na lógica de posicionamento, que coloca os eletrodos a uma distância igual uns dos outros.

O que significa que o segundo eletrodo é 20% mais espaçado que o primeiro, e assim por diante.

Com exceção do eletrodo terra, colocado na testa ou násion, e dos dois eletrodos referência, fixados no lóbulo das orelhas.

Conforme a Recomendação da Sociedade Brasileira de Neurofisiologia Clínica (SBNC) para a localização de eletrodos e montagens de EEG, outras orientações são:

  • O posicionamento dos eletrodos deve ser baseado em medidas específicas feitas a partir de pontos de referências do crânio, sendo proporcionais ao tamanho e formato dele, na medida do possível
  • Toda a superfície encefálica deve estar adequadamente coberta
  • As designações dos eletrodos deverão ser expressas conforme as áreas cerebrais subjacentes (frontal, parietal, temporal, etc.), com o objetivo de facilitar a compreensão por não especialistas e a comunicação entre os diferentes laboratórios
  • Cada eletrodo tem uma denominação padrão composta por uma letra e por um número
  • A letra designa a região cerebral coberta por este eletrodo, e o número, sua lateralização. Ou seja: Fp para fronto-polar, F para frontal, C para central, P para parietal, T para temporal e O paraoccipital
  • Para diferenciar hemisférios cerebrais, os números pares ficam do lado direito (Fp2, F4, F8, C4, P4, T4, T6 e O2) e os ímpares, no esquerdo (Fp1, F3, F7, C3, P3, T3, T5 e O1)
  • Eletrodos da linha média são identificados pela letra Z, de zero (Fz, Cz e Pz)
  • Eletrodos auriculares são denominados A1 (a esquerda) e A2 (a direita).

Veja mais detalhes neste vídeo explicativo e neste artigo.

Quanto tempo demora um eletroencefalograma?

O EEG pode durar de 20 minutos a algumas horas, conforme a indicação clínica e fases realizadas.

Quando só há necessidade do registro com o paciente acordado, o eletroencefalograma é mais curto, sendo concluído em cerca de meia hora.

Já o exame que inclui registros durante o sono precisa de um período maior, pois compreende três fases distintas: com o paciente em vigília (acordado), durante a sonolência e dormindo.

Essa modalidade de eletroencefalograma permite um estudo mais completo dos impulsos elétricos emitidos pelo cérebro, com variações que formam as chamadas ondas mentais – relacionadas a diferentes atividades dos neurônios.

De forma resumida, um EEG normal detecta o padrão a seguir:

  • EEG em vigília: no início, são observadas ondas beta (com frequência entre 13 e 30 Hertz) e, conforme o paciente relaxa, aparecem ondas alfa (de 7 e 13 Hertz), indicando um estado de repouso
  • EEG durante a sonolência: nesta etapa, surgem ondas teta, com frequência de 4 a 7 Hertz
  • EEG em sono: nota-se a presença de ondas delta (com frequência entre 4 e 0 Hertz), designando um estado de sono profundo.

 

Para que realizar um eletroencefalograma?

Apenas médicos neurofisiologistas clínicos (ou eletroencefalografistas) estão aptos a laudar o exame

Como ler um eletroencefalograma?

Para interpretar o EEG, é preciso ter conhecimentos sobre padrões cerebrais, tipos de onda e alterações na frequência.

Nesse cenário, apenas médicos neurofisiologistas clínicos (ou eletroencefalografistas) estão aptos a laudar o exame.

Quando o resultado é normal, o estado de concentração é sinalizado por ondas beta (13 -30 HZ), junto a ondas alfa (7-13 HZ) assim que o paciente começa a relaxar.

Na fase de sonolência, ondas teta (4-7 HZ) são observadas, indicando redução na atividade cerebral.

Por fim, o sono profundo (ou REM) é evidenciado através de ondas delta (4-0 HZ).

Alterações e desorganização no traçado do eletroencefalograma podem indicar, por exemplo, inflamações ou intoxicação por drogas.

Telemedicina amplia acesso ao eletroencefalograma

Como acabei de mencionar, o laudo de eletroencefalograma deve ser elaborado por médicos especialistas.

Porém, há locais onde não há acesso presencial a esses profissionais, dificultando e atrasando a entrega dos resultados, o que também atrasa o início do tratamento.

A boa notícia é que dá para reverter esse quadro optando pelo telediagnóstico, realizado através de uma plataforma de telemedicina.

Basta que o médico ou técnico de enfermagem conduza o EEG normalmente e compartilhe os gráficos no sistema.

Em seguida, um neurofisiologista clínico avalia os achados à luz da hipótese diagnóstica e histórico do paciente, anotando suas conclusões no laudo a distância.

Ele finaliza o documento com sua assinatura digital e o libera em minutos!

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Dessa forma, é possível consultar o prontuário eletrônico a qualquer hora e lugar, desde que o profissional ou paciente tenha login e senha.

Nosso sistema de  telemedicina online é protegido por mecanismos de autenticação e criptografia, atendendo aos padrões de segurança do CFM e LGPD.

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Conclusão

Ao longo deste artigo, falei sobre as aplicações do exame e como o eletroencefalograma é realizado.

As diferentes modalidades de EEG podem ser feitas por um técnico habilitado, mas o laudo é de responsabilidade de neurologistas qualificados, que nem sempre estão disponíveis nas unidades de saúde.

Mas esse cenário vem mudando com a telemedicina, que conecta esses especialistas a locais remotos em todo o Brasil.

Deixe que a Morsch ofereça esse suporte para sua clínica ou hospital, otimizando a entrega de laudos com agilidade e qualidade.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin