Eletroencefalograma (EEG): o que é, para que serve e como é feito?

O eletroencefalograma é um dos mais populares exames realizados por serviços de neurologia.
Ele permite a leitura da atividade neuronal a partir de gráficos gerados com agilidade, apoiando o diagnóstico de epilepsia e outras condições que alteram o padrão das ondas cerebrais.
Neste artigo, explico como funciona, quais as indicações e os tipos de EEG disponíveis atualmente.
Também vai conferir os benefícios da telemedicina neurológica para a emissão de laudos eletrônicos com rapidez.
Vamos em frente?

O que é o eletroencefalograma (EEG)?
Eletroencefalograma (EEG) ou eletroencefalografia é um exame que realiza o registro gráfico das correntes elétricas espontâneas emitidas no cérebro.
Esse procedimento funciona a partir de eletrodos aplicados no couro cabeludo, na superfície encefálica ou até mesmo dentro da substância encefálica.
Nas últimas décadas, a eletroencefalografia vinha perdendo terreno para outros métodos de diagnóstico, mas a união entre informática e tecnologia concedeu novo impulso ao exame.
Tanto que, atualmente, o procedimento conquistou um lugar proeminente no diagnóstico de diversas doenças cerebrais e contribui com outras técnicas terapêuticas.
Isso tornou possível, inclusive, o eletroencefalograma com mapeamento cerebral colorido, que viabiliza o estudo detalhado dos estímulos elétricos gerados pelo cérebro.
Para que serve o eletroencefalograma?
O exame serve para avaliar os impulsos elétricos cerebrais, revelando anormalidades e patologias.
Geralmente,é pedido quando há suspeita de epilepsia ou em casos em que a doença já é conhecida, para diagnosticar o seu tipo.
Em alguns casos, o neurologista pode observar descargas de ondas anormais em forma de pontas, por exemplo (picos de onda), complexos ponta-ondas ou atividades lentas focais ou generalizadas de diferentes significados.
As técnicas mais avançadas de eletroencefalograma quantitativo (com mapeamento cerebral) permitem determinar, também, a localização precisa de tumores cerebrais e de doenças focais do cérebro, como a epilepsia, alterações vasculares e derrames.

O procedimento começa com o paciente acordado, com os olhos parcialmente fechados
O que o eletroencefalograma detecta?
O EEG pode detectar uma série de condições patológicas, incluindo:
- Crises epilépticas
- Coma
- Morte encefálica
- Intoxicações
- Encefalites
- Síndromes demenciais
- Crises não epilépticas devido a distúrbios metabólicos
- Tumores cerebrais.
Limitações do eletroencefalograma
Embora seja importante para diagnosticar diferentes agravos à saúde, o exame tem limitações.
Geralmente, seus registros ajudam a afastar ou confirmar a hipótese diagnóstica, porém, junto a indícios coletados pelo exame clínico e outros procedimentos complementares.
É o caso do Alzheimer, por exemplo, cujo diagnóstico pode envolver sintomas, anamnese médica, EEG e exames de imagem.
Outra limitação está no tempo de duração do eletroencefalograma, que pode corresponder a 20 minutos ou até algumas horas.

Esse período pode ser insuficiente para captar alterações pontuais na atividade elétrica do cérebro, ainda que o paciente sofra de epilepsia ou outras patologias.
Como funciona o eletroencefalograma?
O aparelho de eletroencefalograma funciona, basicamente, usando eletrodos conectados por cabos a um pequeno monitor.
Presente no aparelho de EEG, um poderoso amplificador de corrente elétrica é capaz de aumentar milhares de vezes os sinais elétricos gerados no cérebro, a fim de que sejam detectados pelos eletrodos.
Esses sinais são enviados ao monitor utilizando os cabos.
Em seguida, por meio de um dispositivo chamado galvanômetro, eles são registrados sobre uma tira deslizante de papel, em forma de ondas, se o EEG for analógico.
Já a versão digital envia os registros a um software que os transforma em gráficos, mostrando as ondas mentais.
Tipos de eletroencefalograma
Existem diferentes tipos de eletroencefalograma.
Eles podem incluir fases distintas, atender a medidas de saúde ocupacional e até disponibilizar imagens detalhadas dos estímulos cerebrais.
Confira as 3 principais modalidades de EEG a seguir:
1. Eletroencefalograma clínico
O EEG clínico é realizado a partir de solicitação médica, como suporte ao diagnóstico de transtornos neurológicos.
Tumores, crises epiléticas e infecções como a encefalite podem ser identificadas a partir desse tipo de eletroencefalograma.
Além da confirmação de coma e morte encefálica.
O eletroencefalograma clínico costuma incluir fases em sono e vigília, e utilizar maiores quantidades de eletrodos que a versão ocupacional.
Veja detalhes sobre cada fase abaixo.
Eletroencefalograma em sono
Essa etapa capta registros da atividade neuronal enquanto o paciente dorme, podendo durar a noite inteira.
Costuma ser solicitada na suspeita de distúrbios do sono que alteram os padrões das ondas cerebrais, e ser realizada em ambiente hospitalar.
Crianças e pessoas que tenham dificuldade para dormir num local desconhecido podem receber sedação leve para a indução do sono.
Eletroencefalograma em vigília
Já a fase em vigília monitora as ondas cerebrais com o paciente acordado.
Ele deve, inclusive, seguir as orientações do profissional responsável para a coleta de registros durante manobras específicas, a fim de verificar a resposta cerebral.
Uma delas é a hiperventilação, a qual exige uma respiração rápida.

Outra é chamada fotoestimulação intermitente, em que são colocadas luzes extremamente brilhantes para piscar na frente do paciente, em diferentes velocidades, usando um aparelho chamado estroboscópio.
A etapa em vigília tem duração aproximada de 20 a 40 minutos.
2. Eletroencefalograma ocupacional
Requerida como parte dos exames complementares do PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional), essa versão do exame costuma ser simplificada.
No EEG ocupacional, são empregados menos eletrodos e a duração é reduzida, uma vez que não há suspeita de doenças.
Seu propósito é a prevenção de acidentes de trabalho decorrentes de crises neurológicas súbitas em locais perigosos, como em altura ou durante a operação de máquinas.
3. Eletroencefalograma com mapeamento cerebral
Essa é a modalidade mais completa do exame, que oferece imagens coloridas que mostram quais áreas do cérebro estão coordenando determinadas funções do organismo.
O nível profundo de detalhamento permite avaliar patologias que interferem nos padrões cerebrais, como epilepsia e doenças neurodegenerativas (incluindo o Alzheimer).

O EEG pode durar de 20 minutos a algumas horas, conforme a indicação clínica
Como é feito o eletroencefalograma?
Simples, indolor e não invasivo, o EEG tem raras contraindicações.
Geralmente, o exame é restritivo para pessoas com alergias no couro cabeludo, devido ao risco de ferimentos durante a retirada dos eletrodos.
Para realizar o procedimento, o paciente é orientado a retirar objetos de metal, como brincos e bijuterias.
Em seguida, deve se sentar ou deitar em posição confortável, favorecendo o relaxamento.
Antes de começar o eletroencefalograma, o profissional responsável separa o cabelo do paciente em mechas e marca os pontos onde os eletrodos serão colocados.
Mais à frente, trago detalhes sobre essa etapa.
Com os eletrodos posicionados corretamente, o aparelho de EEG é ligado, dando início aos registros da atividade elétrica cerebral.
Normalmente, o procedimento começa com o paciente acordado, com os olhos parcialmente fechados e em um ambiente de penumbra.
Será solicitado a ele que fique imóvel, relaxe o máximo que conseguir e, se possível, até durma.
Dependendo da orientação no pedido médico, serão feitas algumas manobras para captar reações cerebrais diferenciadas – a exemplo das já citadas hiperventilação e fotoestimulação.
As luzes piscantes são capazes de desencadear mudanças nos padrões das ondas cerebrais e até convulsões – caso o paciente tenha uma doença de fundo.
Vale citar também o registro de ondas cerebrais durante o sono (EEG em sono), que dá suporte à detecção de diversas patologias.
Distúrbios como apneia, narcolepsia e insônia são investigados com o auxílio desse recurso.

Os estímulos elétricos coletados passam por um amplificador de potenciais, que permite a elaboração de um gráfico das ondulações cerebrais, analógico ou digital, dependendo do equipamento usado.
A partir da comparação a padrões de normalidade, o médico especialista é capaz de medir as alterações existentes e fazer as correlações necessárias com dados clínicos do paciente, levando a um diagnóstico.
Ao final do exame, o aparelho de EEG é desligado, e o paciente, liberado.
Preparo para o eletroencefalograma
De forma geral, não há restrição alimentar para a realização do EEG.
Mas, dependendo da modalidade do exame, pode ser necessário dormir durante o procedimento.
Nesses casos, o paciente deve evitar a ingestão de substâncias estimulantes, como a cafeína.
A seguir, confira outras recomendações comuns:
- Lavar bem os cabelos usando um sabonete neutro (como sabão de coco), mas com tempo suficiente para que estejam secos ao início do procedimento
- Não utilizar nenhum cosmético no cabelo (laquê, gel, condicionador, cremes, óleos, tinturas). Esses produtos dificultam a aderência dos eletrodos ao couro cabeludo
- Não é necessário suspender os medicamentos de uso contínuo, mas eles devem ser informados ao médico
- Para fazer o EEG em sono, pacientes devem dormir no máximo 3 horas na noite anterior ao exame. Bebês podem ser alimentados durante a colocação dos eletrodos, para facilitar a indução do sono
- Crianças ou pessoas com dificuldade para dormir podem ter o sono induzido na clínica ou hospital, através de sedativo leve.
Depois que os eletrodos são retirados, é comum que um pouco do gel condutor de eletricidade permaneça no couro cabeludo do paciente.
Para retirar essas sobras, basta lavar o cabelo normalmente.
Caso tenha recebido sedação, o paciente não deverá ir para casa sozinho, e sim junto a um acompanhante.
Se tiver passado por privação de sono, a recomendação é ir para casa e descansar o resto do dia.
Já as pessoas que só tiverem sido submetidas ao EEG em vigília podem realizar as atividades diárias normalmente.
Cuidados e contraindicações do eletroencefalograma
Mencionei, mais acima, que o exame é contraindicado para pessoas com alergias no couro cabeludo.
Pacientes com ferimentos na cabeça ou pediculose (piolhos) também não podem realizar o EEG.
Ainda é preciso verificar, durante a orientação médica anterior ao exame, fatores capazes de interferir nos resultados, como o uso de drogas ilícitas, álcool, substâncias estimulantes e até alguns medicamentos.
O ideal é que o couro cabeludo esteja limpo, contudo, sem resquício de cosméticos.
Posição dos eletrodos no eletroencefalograma
A forma de montagem mais popular para os eletrodos do EEG é o Sistema 10-20%.
A nomenclatura tem origem na lógica de posicionamento, que coloca os eletrodos a uma distância igual uns dos outros.
O que significa que o segundo eletrodo é 20% mais espaçado que o primeiro, e assim por diante.
Com exceção do eletrodo terra, colocado na testa ou násion, e dos dois eletrodos referência, fixados no lóbulo das orelhas.

Conforme a Recomendação da Sociedade Brasileira de Neurofisiologia Clínica (SBNC) para a localização de eletrodos e montagens de EEG, outras orientações são:
- O posicionamento dos eletrodos deve ser baseado em medidas específicas feitas a partir de pontos de referências do crânio, sendo proporcionais ao tamanho e formato dele, na medida do possível
- Toda a superfície encefálica deve estar adequadamente coberta
- As designações dos eletrodos deverão ser expressas conforme as áreas cerebrais subjacentes (frontal, parietal, temporal, etc.), com o objetivo de facilitar a compreensão por não especialistas e a comunicação entre os diferentes laboratórios
- Cada eletrodo tem uma denominação padrão composta por uma letra e por um número
- A letra designa a região cerebral coberta por este eletrodo, e o número, sua lateralização. Ou seja: Fp para fronto-polar, F para frontal, C para central, P para parietal, T para temporal e O paraoccipital
- Para diferenciar hemisférios cerebrais, os números pares ficam do lado direito (Fp2, F4, F8, C4, P4, T4, T6 e O2) e os ímpares, no esquerdo (Fp1, F3, F7, C3, P3, T3, T5 e O1)
- Eletrodos da linha média são identificados pela letra Z, de zero (Fz, Cz e Pz)
- Eletrodos auriculares são denominados A1 (a esquerda) e A2 (a direita).
Veja mais detalhes neste vídeo explicativo e neste artigo.
Quanto tempo demora um eletroencefalograma?
O EEG pode durar de 20 minutos a algumas horas, conforme a indicação clínica e fases realizadas.
Quando só há necessidade do registro com o paciente acordado, o eletroencefalograma é mais curto, sendo concluído em cerca de meia hora.
Já o exame que inclui registros durante o sono precisa de um período maior, pois compreende três fases distintas: com o paciente em vigília, durante a sonolência e dormindo.
Essa modalidade de eletroencefalograma permite um estudo mais completo dos impulsos elétricos emitidos pelo cérebro, com variações que formam as chamadas ondas mentais – relacionadas a diferentes atividades dos neurônios.

Apenas médicos neurofisiologistas clínicos (ou eletroencefalografistas) estão aptos a laudar o exame
Como ler um eletroencefalograma?
Para interpretar o EEG, é preciso ter conhecimentos sobre padrões cerebrais, tipos de onda e alterações na frequência.
Nesse cenário, apenas médicos neurofisiologistas clínicos (ou eletroencefalografistas) estão aptos a laudar o exame.
Quando o resultado é normal, o estado de concentração é sinalizado por ondas beta (13 -30 HZ), junto a ondas alfa (7-13 HZ) assim que o paciente começa a relaxar.
Na fase de sonolência, ondas teta (4-7 HZ) são observadas, indicando redução na atividade cerebral.
Por fim, o sono profundo (ou REM) é evidenciado através de ondas delta (4-0 HZ).
Alterações e desorganização no traçado do eletroencefalograma podem indicar, por exemplo, inflamações ou intoxicação por drogas.
Como é o laudo de eletroencefalograma?
O laudo médico de EEG deve apresentar a estrutura básica para documentos com resultados de exames complementares, contendo, no mínimo:
- Nome completo do paciente
- Nome e endereço do local onde o exame foi feito
- Nome do médico solicitante
- Data de realização do teste
- Justificativa para a solicitação do procedimento
- Conduta e descrição detalhada do exame
- Hipótese diagnóstica
- Informações adicionais sobre o paciente, como idade, peso, altura, etc.
- Assinatura do médico responsável pelo laudo.
Comentei sobre a descrição dos achados anteriormente, porém, vale frisar os padrões esperados.
De forma resumida, um laudo de eletroencefalograma normal detecta o padrão a seguir:
- EEG em vigília: no início, são observadas ondas beta (com frequência entre 13 e 30 Hertz) e, conforme o paciente relaxa, aparecem ondas alfa (de 7 e 13 Hertz), indicando um estado de repouso
- EEG durante a sonolência: nesta etapa, surgem ondas teta, com frequência de 4 a 7 Hertz
- EEG em sono: nota-se a presença de ondas delta (com frequência entre 4 e 0 Hertz), designando um estado de sono profundo.
Como é o aparelho de eletroencefalograma?
Todo aparelho de EEG é composto por um pequeno monitor conectado por cabos aos eletrodos.
Apesar de existirem equipamentos analógicos, as versões digitais vêm ganhando cada vez mais popularidade, devido a vantagens como aparelhos portáteis e leves.
Muitos deles não precisam de energia elétrica para funcionar, sendo alimentados pela bateria de um notebook – fato que permite a realização do exame mesmo em áreas remotas ou diante de quedas na energia.
Certos dispositivos ampliam os canais de captação de sinais vitais e outros parâmetros, viabilizando a realização da polissonografia.
Esse procedimento inclui o EEG junto a outros exames, sendo conhecido como monitoramento durante o sono.
Vantagens do aluguel em comodato de aparelho de eletroencefalograma
Se deseja ampliar o portfólio de exames com o eletroencefalograma, vale a pena conhecer a opção de comodato de equipamentos médicos.
Criada por empresas de telemedicina, ela dá acesso a dispositivos modernos sem custo adicional, mediante a contratação de um pacote de laudos online.
Olha só como é simples: basta solicitar o pacote com 30 telelaudos de EEG ocupacional para ganhar o direito a utilizar o aparelho de eletroencefalograma.
Clientes da Telemedicina Morsch dispõem de suporte e treinamento online para o médico ou técnico de enfermagem que fará os exames.
Essa alternativa dispensa gastos com aparelhos e manutenção, além de apoiar o aumento das receitas na sua clínica ou hospital.
Telemedicina amplia acesso ao eletroencefalograma
Expliquei, mais acima, que o laudo de eletroencefalograma deve ser elaborado por médicos especialistas.
Porém, há locais onde não há acesso presencial a esses profissionais, dificultando e atrasando a entrega dos resultados, o que também atrasa o início do tratamento.
A boa notícia é que dá para reverter esse quadro optando pelo telediagnóstico, realizado através de uma plataforma de telemedicina.
Basta que o médico ou técnico de enfermagem conduza o EEG normalmente e compartilhe os gráficos no sistema.
Em seguida, um neurofisiologista clínico avalia os achados à luz da hipótese diagnóstica e histórico do paciente, anotando suas conclusões no laudo a distância.
Ele finaliza o documento com sua assinatura digital e o libera em minutos!
Empresas modernas como a Telemedicina Morsch oferecem um software em nuvem, acessível a partir de qualquer dispositivo conectado à internet.
Dessa forma, é possível consultar o prontuário eletrônico a qualquer hora e lugar, desde que o profissional ou paciente tenha login e senha.
Nosso sistema de telemedicina online é protegido por mecanismos de autenticação e criptografia, atendendo aos padrões de segurança do CFM e LGPD.
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Conclusão
Ao longo deste artigo, falei sobre as aplicações do exame e como o eletroencefalograma é realizado.
As diferentes modalidades de EEG podem ser feitas por um técnico habilitado, mas o laudo é de responsabilidade de neurologistas qualificados, que nem sempre estão disponíveis nas unidades de saúde.
Mas esse cenário vem mudando com a telemedicina, que conecta esses especialistas a locais remotos em todo o Brasil.

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