Absenteísmo: como controlar e reduzir com foco na saúde ocupacional

Por Dr. José Aldair Morsch, 26 de dezembro de 2024
Absenteísmo

O absenteísmo é um daqueles problemas silenciosos que, no longo prazo, podem gerar grandes prejuízos para uma empresa.

Estima-se que 5% dos colaboradores do setor de serviços, entre os quais estão os hospitais, faltem por dia nas empresas brasileiras.

Pode não parecer muito, mas, se somarmos essas faltas diárias em um mês, certamente o prejuízo será grande – imagine o quanto não se perde em um ano?

Assim, é de extrema importância que as empresas de todos os setores saibam identificar as causas do absenteísmo em seus quadros para tomar as medidas necessárias.

Neste artigo, vou falar mais sobre o assunto, mostrando como é possível agir estrategicamente para resolver ou pelo menos reduzir o problema.

O que é absenteísmo?

O absenteísmo é a ausência do empregado de seu posto de trabalho, independentemente da justificativa.

Esse fenômeno pode resultar de diversos fatores, como problemas de saúde, falta de motivação, insatisfação com o ambiente de trabalho ou questões pessoais. 

O absenteísmo afeta negativamente a produtividade da empresa, aumenta os custos operacionais e pode diminuir o moral entre os demais funcionários.

Em razão dos impactos que a ausência da força de trabalho gera, boa parte das empresas adota o índice de absenteísmo como um indicador de performance.

A partir dos resultados, é possível implementar estratégias de melhoria, como programas de bem-estar, incentivos e melhorias nas condições de trabalho, visando reduzir as ausências não planejadas e promover um ambiente mais saudável e produtivo.

Impactos do absenteísmo no trabalho

O absenteísmo e os problemas que resultam dele podem custar caro.

Calcula-se que, anualmente, as empresas deixam de faturar cerca de R$ 230 milhões em razão da ausência da força de trabalho.

Isso de acordo com a já citada reportagem do portal Exame.

Porém, não são só as empresas que saem perdendo. Afinal, o trabalhador também sente no bolso os efeitos da própria ausência, além dos possíveis danos à reputação.

O que precisa haver é um esforço conjunto, sempre pautado no diálogo e na transparência, a fim de que empresas e funcionários encontrem uma forma de reduzir o absenteísmo.

Uma maneira de fazer isso é recorrendo aos números.

Nesse sentido, torna-se fundamental calcular e avaliar periodicamente a evolução da taxa de absenteísmo, como mostro mais à frente.

Qual a relação entre absenteísmo e turnover?

O turnover pode ser descrito como a rotatividade de empregados.

Muitas vezes, absenteísmo e turnover podem ter motivos em comum.

Ambos podem estar enraizados na insatisfação dos funcionários com relação a metas e processos de trabalho, por exemplo.

Fatores como metas inalcançáveis, clima organizacional ruim e infraestrutura deficiente são capazes de provocar ambos os fenômenos nas empresas.

Imagine, por exemplo, que os membros de uma equipe sofram constante assédio moral por parte de um gestor.

O clima vai se tornar cada vez mais pesado, minando a disposição dos empregados para desempenhar suas tarefas.

Depois de algum tempo, parte deles adoece devido ao estresse, resultando em aumento no absenteísmo.

Se nada for feito para reverter a situação, é provável que os demais membros da equipe sejam sobrecarregados com as tarefas das pessoas que adoeceram, gerando um novo ponto de descontentamento.

Tanto os profissionais doentes quanto os sobrecarregados são mais propensos à demissão, que pode ser voluntária ou feita pela empresa. 

É por isso que, ao combater as causas do absenteísmo ligadas à empresa, também dá para diminuir o turnover.

Absenteísmo no trabalho

O absenteísmo é a ausência do trabalhador em seu posto de trabalho, independentemente da justificativa

Qual a diferença entre absenteísmo e presenteísmo?

Já vimos que o que caracteriza o absenteísmo é a ausência no trabalho.

Tão nocivo quanto é estar presente, mas não exercer as atividades com a presteza e eficiência esperadas.

O nome desse fenômeno é presenteísmo.

Em certos tipos de empresas, o índice de presenteísmo pode chegar a até 50%, como aponta este estudo de pesquisadores da Unicamp.

Trata-se de um problema ainda mais complexo de lidar porque, em boa parte dos casos, o colaborador acaba estigmatizado pela sua baixa produtividade.

Isso pode impedir que sejam adotadas medidas visando a recuperação do colaborador presenteísta, que, não raro, acaba sendo taxado de desinteressado ou negligente.

Quando, na verdade, ele pode estar sobrecarregado, sofrendo com metas inatingíveis, falta de perspectiva na carreira, bullying e outros problemas que também causam o absenteísmo.

Ou mesmo passando por crises pessoais, cansaço mental ou problemas de saúde que, ainda que não tenham relação com a empresa, afetam seu rendimento e qualidade de vida.

Como calcular a taxa de absenteísmo na empresa?

Quando se pretende mitigar ou eliminar um problema, é preciso antes mensurar a extensão dele.

No caso do absenteísmo, ele pode ser medido pelo cálculo da taxa que expressa, em percentuais, a proporção de ausentes no ambiente de trabalho.

Ela pode ser calculada por semana, mês ou mesmo diariamente.

O importante é que esse cálculo seja feito com regularidade, de modo que se tenha uma linha do tempo mostrando a progressão desse indicador.

Imagine, então, que sua empresa tenha 100 colaboradores que trabalham 8 horas por dia, e você quer medir a taxa mensal de absenteísmo.

Logo, teremos:

  • 800 x 20 = 16 mil horas trabalhadas por mês, caso ninguém falte.

Agora, supondo que 15 colaboradores faltaram um dia cada ao longo do mês.

Nesse caso, teremos:

  • 15 x 8 = 120 horas de trabalho perdidas.

O cálculo também deve considerar os atrasos que, como tais, são calculados em minutos.

Imaginemos, então, que nessa mesma empresa, 25 empregados atrasaram 15 minutos cada dentro de um mês. 

Logo:

  • 25 x 15 = 375 minutos, que corresponde a 6,25 (6 horas e 15 minutos).

Some os totais de ausências e atrasos para obter o valor final que, nesse caso, será:

  • 120 + 6,25 = 126,25.

Agora, é só dividir as horas se ausência pela quantidade total de horas trabalhadas sem faltas e multiplicar por 100 para obter a taxa de absenteísmo:

  • 126,25 / 16.000 x 100 = 0,78%.

Mas será que existe uma taxa ideal?

Qual o índice de absenteísmo ideal?

Se levarmos ao pé da letra, o índice de absenteísmo considerado ideal é zero.

No entanto, sabemos que é praticamente impossível para uma empresa chegar a esse patamar, até porque há situações em que a ausência do trabalho é necessária.

O que precisa ser considerado é a realidade da empresa

Afinal, quantas faltas ela pode aceitar para continuar operando de maneira adequada?

De qualquer forma, existe um consenso entre especialistas em Recursos Humanos de que uma taxa de até 4% estaria dentro de um limite razoável.

Para manter esse indicador de desempenho num patamar aceitável, é fundamental medir periodicamente a taxa de absenteísmo.

Tipos de absenteísmo e suas causas

A taxa de absenteísmo serve para indicar o quanto esse problema está afetando a produtividade, traduzindo esse impacto em números.

No entanto, os números, por si só, não dizem tudo.

Quando se trata de absenteísmo, é preciso também investigar suas reais causas.

Se em uma empresa o absenteísmo é um pouco superior a 4% e todas as ausências são justificadas, é necessário adotar medidas de controle apropriadas ao caso.

Essas medidas seriam diferentes se metade dessas ausências fossem injustificadas.

Nesse caso, a empresa terá que lidar com outros fatores.

Veja na sequência, quais os tipos de absenteísmo e de que maneira eles costumam se apresentar.

Justificado

A ausência justificada é toda aquela em que o colaborador deixa de comparecer ao trabalho por um motivo previsto na legislação trabalhista ou no contrato de trabalho.

Um dos casos mais comuns desse tipo de absenteísmo são os problemas de saúde, sejam de urgência ou para fazer algum tipo de tratamento, consulta ou exame de rotina.

Cabe ressaltar que as ausências em função de férias ou de banco de horas não contam para o somatório desse tipo de absenteísmo.

Injustificado

Já o absenteísmo injustificado é mais preocupante, já que o colaborador não apresenta uma justificativa para sua ausência ou ela não é suficientemente plausível.

É um tipo de ausência mais difícil de evitar porque, em geral, ela decorre da falta de motivação do colaborador.

Nesse caso, temos duas hipóteses a trabalhar: a primeira se refere à falta de preparo ou de comprometimento da pessoa, e segunda, à desmotivação que decorre de problemas da empresa.

Seja como for, em ambos os casos, é possível reduzir a taxa de absenteísmo injustificado com medidas que elevam o engajamento, como veremos mais à frente.

Quais as principais causas do absenteísmo?

O absenteísmo geralmente surge de uma combinação de fatores relacionados ao bem-estar dos funcionários, à qualidade do ambiente de trabalho e à satisfação profissional, refletindo tanto questões pessoais quanto organizacionais que impactam a presença e o desempenho no trabalho.

Abaixo, trago detalhes sobre algumas das causas mais comuns.

Bullying

Embora esse seja um termo mais usado no meio escolar, o bullying no trabalho também existe e é um fator de risco para aumentar o absenteísmo.

Para evitar essa confusão, há quem prefira chamá-lo de mobbing, que pode ser traduzido como maltrato ou abuso.

Independentemente do termo usado, o mau relacionamento em razão das perseguições, ofensas e demais formas de bullying é um problema a ser combatido.

Uma das maneiras de fazer isso é investindo em eventos e ações lúdicas, sobre os quais falarei em um tópico específico neste conteúdo.

Estresse

O estresse ocupacional é uma das principais causas de absenteísmo nas empresas.

Mais que uma condição pontual, ele consiste em uma doença crônica desencadeada pela exposição repetida a um fator estressante.

Que pode ser a sobrecarga, clima de trabalho hostil, falta de reconhecimento, instabilidade, entre outros.

Um dado que aponta para a prevalência desse fator vem da International Stress Management Association (ISMA-BR), segundo a qual 30% dos brasileiros sofrem de Síndrome de Burnout – uma das possíveis consequências do estresse ocupacional.

Saúde mental

Falando em condições que afetam a saúde mental, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima a perda anual de 12 bilhões de dias de trabalho devido à depressão e à ansiedade.

O dado alarmante precisa incentivar a conscientização entre as lideranças, a fim de combater as doenças psicossociais adotando medidas de prevenção, como afirmou o diretor-geral da OIT (Organização Internacional do Trabalho), Guy Ryder:

“À medida que as pessoas passam uma grande proporção de suas vidas no trabalho — um ambiente de trabalho seguro e saudável é fundamental. Precisamos investir para construir uma cultura de prevenção em torno da saúde mental no trabalho, remodelar o ambiente de trabalho para acabar com o estigma e a exclusão social e garantir que os empregados com condições de saúde mental se sintam protegidos e apoiados.”

No Brasil, as doenças mentais correspondem à terceira maior causa de afastamento do trabalho, segundo o Observatório de Segurança e Saúde do Trabalho.

Esses distúrbios corroem a energia para se dedicar às atividades laborais, prejudicando também a autoestima, motivação e concentração.

Em caso de depressão no trabalho, por exemplo, é comum que o profissional pratique o presenteísmo por algum tempo, evoluindo, mais tarde, para o absenteísmo e afastamento do trabalho para tratamento.

Infraestrutura

É preciso ser cauteloso ao tratar do absenteísmo, de maneira que a responsabilidade não recaia apenas sobre o colaborador.

Afinal, em muitos casos, a ausência do trabalho pode ser fruto da negligência da própria empresa, ao deixar de fornecer meios adequados.

Nas empresas de saúde, esse é um dos fatores mais importantes, até porque muitas delas lidam diariamente com riscos biológicos.

Dessa forma, é fundamental prover meios, insumos e equipamentos adequados para que médicos, enfermeiros e pessoal de apoio possam trabalhar com um mínimo de exposição ocupacional.

Nesse contexto, cabe ao setor de saúde ocupacional desenvolver ações e estratégias para evitar o absenteísmo nas empresas.

Ausência do colaborador

Setor de saúde ocupacional deve desenvolver ações e estratégias para evitar o absenteísmo nas empresas

Como diminuir o absenteísmo: plano de ação

Há casos em que a solução para o absenteísmo demanda ações mais planejadas e complexas.

No entanto, o tratamento do problema começa com medidas simples.

Um bom exemplo é o investimento em melhorias na comunicação, qualificando, assim, o relacionamento.

Veja o que você pode fazer para reduzir a taxa de ausências e faltas, enquanto aumenta a produtividade e o engajamento das pessoas.

1. Converse com seus colaboradores

O primeiro passo para evitar a ausência do trabalho, principalmente injustificada, é criar canais de comunicação direta com os colaboradores.

Quanto mais feedback os gestores derem, mais eles tendem a receber também, o que abre portas para a redução das faltas sem justificativa.

Essa é, ainda, uma maneira de aumentar a confiança de parte a parte, de maneira que uma relação de companheirismo seja estimulada.

2. Institua um plano de carreira

É certo que o absenteísmo tem a ver, em boa parte dos casos, com a falta de motivação no trabalho.

Embora cada pessoa tenha suas próprias razões para se sentir desestimulada, o que se percebe é que isso tem relação direta com a ausência de perspectivas para o futuro.

Assim sendo, uma maneira de aumentar o comprometimento com o trabalho é instituir um plano de carreira que dê ao colaborador alguma estabilidade e segurança.

3. Ofereça benefícios

Outra forma de aumentar a percepção de segurança é implementar programas de benefícios, se possível, extensivos aos familiares.

Plano de saúde, auxílio-creche (ou creche no trabalho) e bônus por indicações, entre outras medidas, podem ajudar a reduzir o absenteísmo porque promovem a valorização do funcionário.

O mais importante é que esses benefícios sejam relevantes para os colaboradores e, claro, que sejam compatíveis com a capacidade de investimento da empresa.

4. Implemente uma política de reajustes

Não há como ser produtivo trabalhando em uma empresa que não contempla reajustes salariais periódicos ou que não tenha pelo menos um canal de negociação aberto.

Implementar uma política de reajustes é bom para o colaborador, que passa a ter mais segurança em relação aos seus ganhos.

Para a empresa, é uma forma de planejar o próprio crescimento, sabendo de antemão o quanto terá que destinar do seu orçamento para pagar pela mão de obra.

5. Desenvolva ações de engajamento

Uma equipe de trabalho pouco coesa tende a ser mais dispersa e, dessa forma, o presenteísmo tende a aumentar.

Para elevar o espírito de equipe, vale investir em ações de engajamento e interação, a exemplo da ginástica laboral.

Isso ajuda a promover um ambiente organizacional mais leve e estimulante.

Vale, ainda, apostar no endomarketing, pelo qual os colaboradores poderão ser informados dessas ações e, ao mesmo tempo, reconhecidos pelo seu desempenho e dedicação.

Controle de absenteísmo com foco na saúde ocupacional

Os setores de saúde e segurança do trabalho também precisam focar em ações e estratégias para evitar o absenteísmo nas empresas.

Isso porque, como vimos, muitas das causas que explicam a ausência do colaborador, sejam elas justificadas ou não, estão relacionadas a questões de saúde.

É o caso de episódios de ansiedade, depressão e cansaço físico e mental.

Cabe à empresa identificar que motivos são esses e atuar preventivamente.

Ferramentas para isso não faltam, incluindo aquelas que são legalmente exigidas em medicina do trabalho.

Serviços Morsch em medicina ocupacional

Exames ocupacionais, como os realizados periodicamente, são importantes para identificar possíveis condições que levam à ausência no trabalho.

Com a tecnologia, felizmente, fica mais fácil ter acesso a laudos médicos e atestados assinados eletronicamente.

A Telemedicina Morsch é parceira dos profissionais de saúde ocupacional.

Para isso, desenvolve soluções para ampliar a capacidade de atendimento.

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Na Morsch, você poderá também gerar e assinar eletronicamente os seguintes documentos com toda garantia e segurança:

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Teleconsulta como ferramenta para reduzir o absenteísmo

Medidas de suporte à saúde mental também podem ajudar a reduzir o absenteísmo, presenteísmo, afastamentos e rotatividade nas empresas.

E a boa notícia é que os empregados podem receber esse apoio profissional sem precisar se deslocar, através da teleconsulta.

Basta que disponham de internet de qualidade e um dispositivo conectado para passar em consulta com psicólogo ou psiquiatra em poucos cliques.

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Conclusão

O absenteísmo pode ser controlado, desde que sua empresa esteja comprometida com essa causa.

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Acompanhe mais conteúdos sobre medicina ocupacional que publico aqui no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin