Crise de asma: causas, sintomas, investigação e classificação

Por Dr. José Aldair Morsch, 26 de agosto de 2022
Crise de asma

Exacerbação ou crise de asma é um tipo de emergência decorrente de complicações dessa doença respiratória.

Pode significar que o tratamento atual não está surtindo o efeito desejado para a saúde do paciente, que logo sofre com sintomas como dispneia.

Sibilos também costumam incomodar o asmático durante episódios agudos.

Quando a crise é grave, a vítima corre risco de vida.

Por isso, deve ser socorrida imediatamente.

Continue lendo este artigo para conhecer o correto manejo diante de exacerbação de asma, causas, classificações e etapas para diagnosticar essa patologia.

Trago ainda um bônus com soluções de telemedicina que auxiliam na detecção de alterações respiratórias.

O que é uma crise de asma?

Crise de asma é uma exacerbação da inflamação crônica dos brônquios, agravando a obstrução dos bronquíolos.

Dispneia e respiração rápida são os principais sinais dessa agudização da asma, que tem origem em processos alérgicos e pode ser revertida.

As crises contribuem para o diagnóstico da doença, além dos seguintes fatores descritos nas Recomendações para o Manejo da Asma Grave da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia – 2021:

“A asma é caracterizada por sintomas compatíveis, limitação variável ao fluxo aéreo e hiper-responsividade das vias aéreas. O distúrbio ventilatório obstrutivo é demonstrado na espirometria pela presença da relação VEF1/CVF menor que o limite inferior do previsto”.

Existem diferentes formas da patologia.

Muitas vezes, o asmático apresenta a forma leve ou moderada, sofrendo crises esporadicamente, mas passa a maior parte do tempo levando uma vida normal.

Até que surja uma exacerbação, fazendo com que experimente dificuldades para esvaziar os pulmões, ou seja, problemas no movimento expiratório.

No entanto, fica uma sensação de falta de ar.

Devido à restrição para a troca de gases necessários à respiração normal, seus pulmões acumulam gás carbônico e não recebem oxigênio suficiente para nutrir as células.

Esse quadro leva à dessaturação, podendo desencadear hipoxemia (baixa taxa de oxigênio no sangue) e hipóxia (queda no índice de O2 nas células do organismo).

Sintomas da crise de asma

O quadro inflamatório característico da asma leva ao estreitamento dos brônquios e bronquíolos.

Isso resulta na contração das vias aéreas inferiores, restringindo o espaço para a passagem do ar.

Como a condição é crônica, o desconforto respiratório pode ser percebido em situações que exijam grande esforço físico.

Um exemplo está na prática de exercício físico vigoroso, que pode desencadear uma crise de asma.

Durante a exacerbação, os sintomas são reforçados, provocando desconforto respiratório considerável, além de:

  • Falta de ar
  • Movimentos de inspiração e expiração rápidos (taquipneia)
  • Sibilo ou chiado no peito
  • Tosse, geralmente seca
  • Dor precordial sentida como opressão no peito
  • Fadiga
  • Crises de ansiedade
  • Taquicardia, observada em casos graves.

Conforme os sintomas se agravam, o paciente tende a ficar agitado e a se sentar curvado para a frente, a fim de aliviar a dispneia.

Outro sinal de alerta é a queda no nível de consciência, chegando ao desmaio quando a hipóxia atinge níveis críticos.

Nas crianças menores de cinco anos, os sintomas podem ser diferentes que nos pacientes mais velhos.

Portanto, pediatras e profissionais de enfermagem devem orientar os pais para que fiquem de olho nos seguintes sinais:

  • Cianose, que dá cor azulada aos lábios e pontas dos dedos
  • Falta de apetite
  • Tosse crônica
  • Chiado alto no peito.

Diante desses sintomas, a criança deve ser socorrida o mais brevemente possível.

O que causa crise de asma?

A crise pode surgir de maneira repentina, em geral diante do contato com um gatilho, que é diferente para cada indivíduo.

Esse gatilho aumenta a obstrução das vias respiratórias já presente nos pulmões do asmático, levando à exacerbação dos sintomas.

Dependendo do tipo de asma, pode haver sensibilização diante de:

  • Certos alimentos
  • Odores intensos, a exemplo de perfumes, hidratantes e produtos de limpeza
  • Fumaças e névoas, como a produzida por cigarros e poluição do ar
  • Ácaros
  • Poeiras orgânicas e minerais, responsáveis por diversos casos de asma ocupacional
  • Pólen
  • Doenças respiratórias infecciosas, como gripes e resfriados
  • Mudança brusca na temperatura
  • Exposição ao frio
  • Problemas com a adaptação a medicamentos para asma.

A seguir, esclareço quando a crise de asma é muito grave.

Crises de asma

O asmático apresenta a forma leve ou moderada, sofrendo crises esporadicamente e levando uma vida normal

Crise de asma é muito grave?

Depende da crise de asma.

Alguns asmáticos sentem apenas uma falta de ar leve e tosse, que são facilmente revertidas com o uso do broncodilatador.

Porém, como mencionei nos tópicos anteriores, certos sintomas indicam exacerbações graves, que devem motivar o atendimento emergencial.

Cianose, dificuldade para falar e desmaios estão entre os sinais de que a crise precisa de atenção médica.

Também vale ir ao hospital quando os sintomas não forem amenizados após o uso da bombinha ou medicamento prescrito para as crises.

Assim como se o doente sofrer com comorbidades, combinando asma e DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), por exemplo.

O termo DPOC se refere a um conjunto de doenças respiratórias de caráter obstrutivo às vias aéreas, a exemplo de enfisema pulmonar e bronquite crônica.

Sua sobreposição à asma torna as crises mais graves e frequentes, pedindo monitoramento por parte de um especialista.

Cabe dizer ainda que existe mais de um tipo de asma, incluindo a modalidade asma grave.

Nas palavras da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai):

“A asma é considerada grave quando, apesar da utilização de altas doses de duas ou três medicações de controle associadas, ainda existem sintomas, exacerbações e limitações no dia a dia”.

Contudo, os casos de asma grave são minoria, representando menos de 4% do total de diagnósticos da patologia.

Crise de asma pode matar?

Quando a crise é grave, pode ser fatal.

Principalmente se a vítima não receber socorro imediato de uma equipe de saúde.

Para se ter uma ideia do risco, em 2016, a asma provocou 417.918 mortes no planeta, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Aproximadamente 3 mil delas ocorreram no Brasil.

No entanto, vale ressaltar que a patologia é comum, afetando mais de 339 milhões de indivíduos em todo o mundo, sendo 20 milhões deles brasileiros.

O que demonstra que as fatalidades devido à crise de asma são incomuns.

Quanto tempo pode durar uma crise de asma?

Há crises asmáticas que duram minutos, horas ou até dias.

Mas é preciso atenção ao agravamento de sintomas como dispneia e cansaço, que devem passar depois de um dia.

Caso se mantenham ou se agravem, é recomendado procurar ajuda médica.

Complicação asmática

A crise de asma pode ser leve, moderada ou severa, de acordo com os critérios de enquadramento

O que fazer numa crise de asma?

Os sintomas da crise de asma podem assustar pacientes e acompanhantes.

Afinal, há a impressão de que a vítima não está conseguindo respirar.

Entretanto, é importante manter a calma para tomar a atitude correta, diminuindo os efeitos adversos das exacerbações.

Até porque o desespero e ansiedade podem piorar o quadro.

Daí a necessidade de manter o asmático, seus familiares e amigos informados sobre a condição e qual a melhor postura nessas horas.

Vale orientar o paciente a se sentar inclinado para a frente e se concentrar na respiração, inspirando pelo nariz e expirando pela boca.

Dessa forma, as vias aéreas superiores farão seu papel, aquecendo o ar antes de enviá-lo aos pulmões – o que dará mais conforto.

Em seguida, ele deve utilizar o medicamento broncodilatador, prescrito para aliviar as crises.

Lembrando que o fármaco demora entre 10 e 15 minutos para fazer efeito, portanto, deve-se aguardar esse período antes de agir novamente.

Caso a crise piore ou permaneça mesmo depois do uso da medicação, o doente precisa de atendimento médico.

Outra dica é afastar o asmático de possíveis gatilhos, como poeira, produtos de limpeza ou pelos de animais.

Classificação médica da crise de asma

A crise de asma pode ser leve, moderada ou severa.

Essas classificações direcionam a conduta médica no tratamento das agudizações, a fim de optar pela terapia mais benéfica ao paciente.

Alguns critérios de enquadramento são:

  1. Crise leve: doente pode estar agitado ou preocupado, mas não tem alterações na consciência. Consegue se expressar suficientemente bem, descrevendo seus sintomas. Apresenta sibilos ao expirar, falta de ar quando se esforça, frequência respiratória (FR) ligeiramente aumentada e frequência cardíaca (FC) maior que 100 bpm. A saturação de oxigênio (SatO2) é maior que 95%
  2. Crise moderada: a dispneia está presente quando o paciente tenta falar, e nem sempre ele consegue terminar uma frase. O desconforto respiratório faz com que não consiga deitar e fique bastante agitado, usando a musculatura acessória. Os chiados passam a um padrão difuso, a FR segue aumentada, enquanto a FC pode chegar a 120 bpm. SatO2 cai para até 91%
  3. Crise severa: a falta de ar se intensifica, deixando a vítima confusa e, às vezes, sonolenta (sinal de hipóxia). Ela não consegue emitir mais do que algumas palavras, apresenta sibilos difusos e taquiarritmia com FC acima de 120 bpm. A FR ultrapassa 30 irpm, e SatO2 é menor que 90%.

Na sequência, destaco procedimentos de investigação da asma.

Como é a investigação da asma?

A investigação da doença pode ou não começar diante de uma exacerbação.

De qualquer forma, o exame clínico é fundamental para o diagnóstico, começando pela anamnese.

Durante a entrevista com o paciente, o médico pergunta sobre o histórico de saúde, há quanto tempo os sintomas se iniciaram e se há febre associada.

Questões sobre outros incômodos (diarreia, espirros, secreção nasal) também auxiliam no diagnóstico diferencial, descartando patologias virais e infecções.

Informações sobre a história familiar têm peso na anamnese, uma vez que filhos de asmáticos possuem maior propensão à patologia.

Assim como casos de alergia atópica em familiares próximos.

Exame físico

Depois de conversar com o doente e/ou acompanhante, deve-se prosseguir para o exame físico, avaliando diferentes parâmetros.

Segundo este manual da Prefeitura de Belo Horizonte, vale observar:

  • Temperatura axilar
  • Frequência respiratória
  • Frequência cardíaca
  • PFE
  • Estado de consciência / Prostração
  • Estado geral
  • Hidratação
  • Cianose
  • Palidez
  • Orofaringe: presença de secreção pós-nasal, sinais de faringite
  • Otoscopia: sinais de otite média aguda?
  • AR: Intensidade do esforço respiratório (utilização dos músculos esternocleidomastóideos?)
  • Ausculta: MV alterado? Sibilos, crepitações, roncos?
  • ACV: Arritmia? Sopros? Pulsos periféricos finos?

Em seguida, o paciente pode ser encaminhado para mais exames.

Exames solicitados

A fim de contestar ou corroborar a evidência clínica, o médico pode solicitar exames complementares.

O mais comum é a espirometria ou prova de função pulmonar, que mede a capacidade pulmonar.

Nesse procedimento, opaciente sopra por um bocal.

Assim, são gerados gráficos que evidenciam doenças de padrão obstrutivo ou restritivo.

A asma tem padrão obstrutivo, atendendo aos seguintes critérios:

  • VEF1/CVF < Limite Inferior (LI)
  • VEF1 e fluxos geralmente reduzidos.

Na suspeita de dessaturação de oxigênio, o médico também pode colocar um oxímetro de pulso no doente, obtendo indicadores rapidamente.

Ou mesmo coletar sangue para uma gasometria arterial, enviando os dados para análise em laboratório e medição da saturação de oxigênio (SatO2), pressão parcial do gás carbônico (pCO2) e pH sanguíneo.

Tratamento recomendado

O tratamento hospitalar para a crise asmática pode envolver medicamentos, internação e suplementação de oxigênio (oxigenoterapia).

Crises leves e moderadas costumam melhorar após a administração de salbutamol por via inalatória, além de corticoides como a prednisolona.

Exacerbações graves representam ameaça à vida, exigindo internação em UTI, administração de oxigênio contínuo por cânula nasal ou máscara e, em alguns casos, uso de sulfato de magnésio.

A terapia após alta hospitalar deve seguir com medicações de controle associadas às de resgate (para crises).

Remédio para crise de asma

O remédio indicado para uso do paciente é a bombinha, que contém broncodilatadores como dextrometorfano e salbutamol.

Telemedicina no enfrentamento da asma

O atendimento médico a distância é uma ferramenta que ajuda no diagnóstico da asma.

Pacientes que tiverem sintomas sugestivos podem recorrer à consulta online por videoconferência, realizada via plataforma de telemedicina.

Como os sintomas podem ser inespecíficos, a avaliação inicial costuma ser feita por um clínico geral, que encaminha casos moderados e graves ao pneumologista.

Bastam poucos cliques para que o paciente agende a teleconsulta, realizada no conforto de sua casa.

Sistemas completos, como o software Morsch, oferecem ainda a interpretação e laudo online para a espirometria.

Para ter acesso ao serviço, a equipe local deve realizar o exame normalmente e compartilhar os gráficos na plataforma, delegando sua avaliação ao nosso time de especialistas.

Os achados serão analisados por um pneumologista qualificado, que elabora e assina digitalmente o laudo médico.

Assim, o resultado é entregue em minutos, podendo ser acessado de qualquer dispositivo através de login e senha.

Clique aqui e conheça todas as soluções Morsch para otimizar a assistência na sua clínica ou hospital.

Conclusão

Ao final deste artigo, espero ter contribuído para ampliar seus conhecimentos sobre a crise de asma.

Se possui alguma dúvida ou complemento, deixe um comentário a seguir.

Assine a newsletter para não perder nenhuma novidade do blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin