Como funciona a consulta online da Telemedicina pediátrica

Por Dr. José Aldair Morsch, 10 de julho de 2020
Como funciona a telemedicina pediátrica?

A telemedicina pediátrica é um segmento da telemedicina que ganha cada vez mais espaço em meio à pandemia.

Através dela, crianças de diversas idades recebem atendimento médico à distância, não tendo que se expor em hospitais e clínicas.

Mas antes de falar mais a fundo sobre telemedicina pediátrica, você sabe o que é telemedicina?

É um formato de atendimento em que médicos e pacientes não precisam estar fisicamente próximos.

Toda a parte de diagnóstico, análise clínica e indicação de tratamento é realizada de forma online e remota.

Além de permitir um diagnóstico preciso para pessoas que moram em locais sem clínicas especializadas, ela é uma prática totalmente segura.

Afinal, todas as informações ficam registradas em um prontuário eletrônico e o médico se responsabiliza por manter a sua confidencialidade.

E engana-se quem acredita que ela é restrita ao diagnóstico de Coronavírus.

Na verdade, a telemedicina é utilizada para qualquer tipo de análise clínica, seja ela cardiológica ou neurológica, por exemplo.

Porém, no caso da pandemia, ela surge como uma alternativa para evitar deslocamentos e contatos, reduzindo a possibilidade de contaminação pelo vírus.

Agora que você entendeu um pouco melhor sobre o tema, é hora de falar sobre a telemedicina pediátrica.

Neste conteúdo, mostrarei os tipos de atendimento que podem ser realizados e os principais benefícios dessa modalidade.

Por se tratar de um trabalho amparado pela lei, mostrarei o que ela diz sobre a prática – para você ter mais segurança no momento de procurar por um diagnóstico à distância.

Boa leitura!

O que é telemedicina pediátrica e para que serve?

A telemedicina pediátrica é uma boa alternativa para dúvidas sobre alimentação, higiene, vacinas e medicamentos

O que é telemedicina pediátrica?

É o serviço de telemedicina com o objetivo de atender bebês e crianças.

Ela costuma ser utilizada para orientações gerais, como alimentação, higiene ou vacinas, e também esclarecer dúvidas simples e específicas, incluindo sobre dosagem de medicamentos e manchas que surgiram na pele.

Por se tratar de uma etapa muito importante para o desenvolvimento, a recomendação é que, principalmente no primeiro ano de vida, a telemedicina pediátrica não substitua o atendimento presencial.

Porém, quando o objetivo é obter orientações básicas sem ter que se deslocar para uma clínica, ela ainda é uma solução eficiente.

Através da telemedicina, é possível obter orientações sobre queixas como:

  • Coriza e espirros;
  • Tosse leve;
  • Diarreia;
  • Manchas na pele;
  • Dor de ouvido.

Mesmo os sintomas que podem indicar uma diversidade de problemas, como a diarreia, é possível averiguar junto aos pais sobre a rotina alimentar e, assim, orientar sobre os procedimentos mais adequados a serem tomados.

Apesar de não haver regras específicas para a telemedicina pediátrica, é importante conhecer o que a lei determina sobre esse segmento como um todo – o que irá impactar também nessa atuação.

O que a lei diz sobre a telemedicina?

A lei que define e disciplina a prestação de atendimento por meio da telemedicina é a Resolução CFM nª 1.643 de 26/08/2002.

Após ela, foi feita uma tentativa de ampliar as opções de atividades oferecidas através do uso de tecnologia, a chamada Resolução nº 2.227/2018 – mas ela foi revogada duas semanas depois.

Sobre a Resolução CFM nª 1.643, ela prevê a possibilidade de serem utilizadas metodologias interativas de comunicação audiovisual e de dados com o intuito de assistência.

A questão da segurança foi muito abordada, tendo em vista que é uma preocupação que pode gerar dúvidas aos pacientes.

De acordo com a Resolução CFM nª 1.643, as informações referentes ao atendimento apenas podem ser transmitidas a outros profissionais com prévio consentimento assinado do paciente – sendo que há normas rígidas em relação a confidencialidade e integridade das informações.

Esse ponto foi estabelecido porque a telemedicina não consiste apenas em tratativas entre médicos e pacientes.

Existem casos em que médicos procuram ajuda especializada de forma remota, visando obter um diagnóstico mais específico ou uma segunda opinião.

Logo, essa comunicação também deve ser garantida e resguardada, para que os dados não sejam utilizados de forma equivocada a ponto de prejudicar o paciente.

E a Lei 13.989, o que diz sobre telemedicina?

Devido ao avanço da pandemia no país e no mundo, o Governo Federal viu a necessidade de expandir a telemedicina no país e, assim, oferecer um atendimento rápido, eficiente e diferenciado.

Logo, permitiu a expansão e ampliação do serviço de telemedicina através da Lei 13.989 em 15/04/2020 – que possui caráter excepcional, enquanto a pandemia durar. 

Foi então que, neste momento, o Conselho Federal de Medicina lançou o ofício nº 1756/2020, onde especificava as principais alterações que o serviço passaria. 

Nele, foi estabelecido que a telemedicina passa a poder ser exercida nos seguintes moldes: 

  • Teleorientação, permitindo que os médicos orientem e encaminhem à distância o paciente que se encontra em isolamento;
  • Telemonitoramento, que consiste no monitoramento à distância dos parâmetros de saúde e/ou doença;
  • Teleinterconsulta, garantindo a possibilidade de troca de informações e opiniões entre médicos, para auxílio diagnóstico ou terapêutico.

As regras estipuladas na Resolução CFM nª 1.643 seguem valendo, especialmente no que tange aos preceitos éticos de beneficência, sigilo de informações e autonomia.

Porém, o médico também precisa observar as normas e orientações do Ministério da Saúde em relação ao protocolo de manejo clínico da COVID-19.

Essas regras foram estipuladas na Portaria nº 467, de 20/03/2020, que determina, por exemplo, que os médicos podem emitir atestado ou receitas médicas em meio eletrônico, mediante a assinatura eletrônica.

Existe alguma regra específica sobre a telemedicina pediátrica? 

A lei não delimita todas as possíveis atuações da telemedicina, porém a pediatria em si possui algumas regras que todo médico deve seguir – seja no atendimento presencial ou à distância.

Um atendimento pediátrico deve prezar pela promoção, proteção e recuperação da saúde, levando sempre em consideração os fatores existentes nas diversas fases do processo de desenvolvimento e crescimento da criança. 

O seu propósito não deve ser apenas promover o diagnóstico e indicar o tratamento, mas também orientar os pais sobre os cuidados que devem ser adotados no cotidiano com seus filhos.

Logo, na telemedicina pediátrica, é importante levar em consideração múltiplos aspectos, que incluem:

  • Nutrição;
  • Evolução do crescimento;
  • Vacinação;
  • Educação;
  • Sociabilização;
  • Sono;
  • Habilidades adquiridas. 

Além disso, é fundamental que haja um acompanhamento próximo, certificando-se que os pais estão seguindo as orientações dadas para a promoção de saúde e qualidade de vida à criança.

A maior dificuldade é a mesma da consulta presencial, a criança conseguir expor seus sintomas

Com a telemedicina pediátrica, a criança pode tratar doenças mais simples e não precisa ir até o hospital

É possível obter um atendimento preciso através da telemedicina pediátrica? 

É comum que os pais tenham dúvidas sobre a necessidade de ter um atendimento preciso mesmo que as crianças não consigam expressar ao certo o que sentem.

Esse “problema”, na prática, não ocorre apenas na telemedicina pediátrica. Isso porque, se a criança não consegue falar o que sente através de videochamada, ela igualmente não irá conseguir de forma presencial. 

Então sim, é possível realizar um diagnóstico mesmo nos casos em que a criança não fala.

Entretanto, é preciso ter ciência que a telemedicina possui limitações pela questão da distância e os pacientes devem saber disso.

Vamos supor que uma criança esteja apresentando dor de ouvido. O médico irá lidar com ela como se apresentasse ouvido inflamado, que é muito comum em crianças e o tratamento oferece efeitos colaterais praticamente nulos.

No caso, é preferível tratar desta maneira do que a expor a um hospital, onde ela poderá sair com outros problemas de saúde, incluindo COVID-19. 

Agora, se um bebê está com uma pequena lesão na pele, é possível determinar se ela está descamando ou não através das imagens.

São características como essa que permite excluir determinadas doenças e, ao mesmo tempo, melhorar o seu estado – mesmo que seja algo paliativo.

Com o acompanhamento, é possível determinar se houve melhora com o tratamento indicado, que pode ser simplesmente uma mudança alimentar, e, se necessário, tomar outras ações.

Quais as principais vantagens da telemedicina para a pediatria? 

A telemedicina como um todo traz como principal vantagem a obtenção de orientação e diagnóstico sem sair de casa.

Pelo fato de ser à distância, ela transcende barreiras culturais, socioeconômicas e principalmente as limitações geográficas. 

Isso é visível quando vemos pessoas que moram em cidades ribeirinhas, por exemplo, que contam apenas com um posto de saúde para atendimentos emergenciais. 

Com a telemedicina, elas passam a ter acesso a profissionais especializados das mais diversas áreas, garantindo um diagnóstico muito mais preciso.

No caso da pediatria, a telemedicina permite que médicos cheguem até as crianças não apenas para tratar sintomas ou doenças, mas para preveni-las, bem como promover comportamentos saudáveis. 

O acompanhamento também passa a ser muito mais próximo, mantendo-os em contato em toda a sua fase de desenvolvimento – independentemente da localização de cada um.

Afinal, os dados ficam registrados no seu prontuário médico, com todo o histórico dos atendimentos que foram realizados. 

Logo, os principais benefícios da telemedicina pediátrica são:

  • Maior contato entre médicos e pacientes;
  • Melhoria na qualidade dos laudos emitidos;
  • Agilidade na entrega de laudos;
  • Facilidade na realização de exames – que podem ser feitos em clínicas e postos de saúde, não exigindo a presença de um especialista para realizar o laudo;
  • Redução na procura por hospitais, eliminando filas;
  • Descentralização da assistência;
  • Otimização de recursos para prevenção e tratamento de doenças. 

Além disso, o pediatra pode pedir ajuda a outros especialistas, também à distância, para promover um diagnóstico mais preciso. 

Isso otimiza e qualifica a assistência prestada, o que torna o cuidado à saúde ainda mais completo. 

Doutores podem consultar uma segunda opinião através da plataforma de telemedicina

Esse contato com outros especialistas faz com o diagnóstico seja ainda mais preciso.

Quais os principais problemas que podem ser avaliados através da telemedicina pediátrica?

Como falei anteriormente, a telemedicina pediátrica permite uma diversidade de atendimentos.

A orientação sobre alimentação é uma delas e, por mais simples que possa parecer, faz uma grande diferença na sua saúde. 

Afinal, os alimentos podem gerar alergias, intolerâncias e, assim, desencadear em diversos incômodos que podem se transformar em doenças. 

Para bebês recém nascidos, esse atendimento também pode ser muito útil, pois permite orientar as mães sobre amamentação, vacinação e hábitos mais saudáveis.

Além disso, crianças que sofrem de problemas crônicos, como bronquite, asma e dermatite atópica, também podem se beneficiar muito dessa modalidade. 

Isso ocorre porque a telemedicina permite oferecer tratamentos específicos e especializados – o que poderia ser difícil para aquelas que não moram nos grandes centros. 

Junto a isso, a telemedicina pediátrica possibilita que haja um acompanhamento mais frequente, sem que isso envolva custos com deslocamento ou riscos à criança. 

Qual o papel da telemedicina pediátrica em tempo de Coronavírus?

O principal benefício que a modalidade oferece em meio à pandemia é o fato de diminuir a circulação de pessoas, especialmente em hospitais. 

Quando a criança apresenta alguns sintomas, é comum que os pais queiram imediatamente levá-la ao médico. 

Com a telemedicina, não há essa necessidade, pois eles podem esclarecer suas dúvidas online rapidamente e com alto grau de precisão.

Inclusive, na própria teleconsulta, o médico pode solicitar a realização de exames ou prescrever algum remédio. 

Em meio a qualquer pandemia, toda alternativa para se informar e tirar dúvidas sem expor a criança é válida.

Além disso, é uma forma de agir com responsabilidade, preservando a vida das demais pessoas.

Com a telemedicina pediátrica, menos pacientes irão frequentar hospitais, auxiliando o isolamento social

Através da plataforma de telemedicina, também é possível preescrever medicamentos e solicitar exames.

Como funciona a consulta online para as crianças? 

Por serem menores de idade, a consulta deve ser solicitada pelo pai ou pela mãe – ou outra pessoa que seja responsável por elas.

Após o pagamento da consulta, é gerado um login e uma senha para o acesso. 

A consulta ocorre através de videochamada, onde os pais informam as principais queixas da criança e realizam algumas ações conforme necessidade, como medir a sua temperatura e conferir seu peso e se há alguma alteração na boca.

O comportamento da criança também é avaliado à distância, pois isso diz muito sobre o estado de saúde.

Caso seja necessário, o médico pode solicitar a realização de exames específicos ou indicar algum tipo de medicação. 

Essa prescrição pode ser enviada diretamente para o e-mail dos responsáveis pela criança ou para uma das farmácias que atendem nesse formato. 

A telemedicina pediátrica é uma das tendências na busca pela saúde! 

Apesar da telemedicina não ser um assunto novo, ele está ganhando cada vez mais destaque em meio à pandemia da COVID-19. 

Isso porque ela ampliou o acesso a atendimento médico, proporcionando esclarecer dúvidas e obter um diagnóstico preciso sem sair de casa.

Além de falar um pouco sobre a telemedicina e como a lei regulamenta a sua atuação, apresentei neste conteúdo os principais benefícios específicos da telemedicina pediátrica.

Mostrei também os casos em que ela é mais indicada e o tipo de orientação que pode ser dada. 

Afinal, seu objetivo não é apenas promover o diagnóstico de sintomas, mas também orientar os pais em relação à alimentação e a hábitos que podem influenciar na qualidade de vida das crianças.

Falei, ainda, sobre como funciona a consulta on-line na prática, que, além de segura, é rápida e proporciona o acompanhamento próximo entre médicos e pacientes. 

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin