Sobrecarga atrial: o que é, sintomas, causas, diagnóstico e tratamento
A presença de sobrecarga atrial no eletrocardiograma contribui para diagnosticar uma série de doenças.
Cardiopatias, valvulopatias e patologias congênitas podem ser identificadas a partir desse achado em associação ao quadro clínico.
Por isso, o tema interessa não somente aos cardiologistas como a outros médicos e profissionais de enfermagem.
Se esse é o seu caso, recomendo a leitura deste artigo até o final.
Vou explicar o conceito, possíveis causas, tipos de sobrecarga atrial e sinais no ECG, além de apresentar as vantagens do laudo a distância emitido via telemedicina.
O que é sobrecarga atrial?
Sobrecarga atrial é um fenômeno caracterizado pelo aumento no volume de um ou ambos os átrios.
Considerando a existência de duas câmaras cardíacas superiores, essa condição pode se apresentar em três modalidades.
São elas:
- Sobrecarga atrial esquerda (SAE), quando afeta apenas o átrio esquerdo
- Sobrecarga atrial direita (SAD), quando incide somente sobre o átrio direito
- Sobrecarga biatrial, caso ambas as câmaras estejam aumentadas.
O diagnóstico da sobrecarga é feito a partir da observação da onda P no eletrocardiograma, que aparece alterada por representar a ativação atrial.
Trago mais detalhes nos próximos tópicos.
Sintomas de sobrecarga atrial
Os sintomas dependem da doença de fundo.
Um exemplo é a fibrilação atrial, que impede a contração completa dos átrios, que parecem tremer.
Diante da redução no débito cardíaco, podem surgir manifestações clínicas como:
- Palpitações
- Dor precordial
- Dispneia
- Tontura
- Vertigem
- Fadiga.
A seguir, comento sobre as causas.
Quais as causas da sobrecarga atrial?
O fenômeno pode ser provocado por diversas patologias.
A seguir, apresento as principais causas, divididas entre SAE e SAD.
Causas da sobrecarga atrial esquerda
Vale suspeitar das seguintes patologias que podem estar na origem da SAE:
- Cardiopatia hipertensiva
- Estenose mitral
- Insuficiência mitral
- Pericardite constritiva
- Estenose aórtica
- Insuficiência aórtica
- Hipertensão arterial sistêmica (HAS)
- Fibrilação atrial
- Doença arterial coronariana (DAC).
Lembrando que são possíveis fatores relacionados à sobrecarga atrial esquerda.
Causas da sobrecarga atrial direita
Acho importante mencionar que a SAD geralmente aparece combinada à sobrecarga ventricular direita (SVD) e pode ser desencadeada por:
- Cardiopatia congênita, como comunicação interatrial, tetralogia de Fallot e estenose congênita da válvula pulmonar
- Cor pulmonale crônico
- Estenose tricúspide
- Insuficiência tricúspide
- Fibrilação atrial
- Cardiomiopatia dilatada
- Cardiomiopatia hipertrófica
- Cardiomiopatia restritiva
- Hipertensão pulmonar
- Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
No próximo tópico, esclareço quanto à gravidade da condição.
Sobrecarga atrial direita é grave?
Mais uma vez, depende da causa da sobrecarga.
Não se pode considerar a SAD grave sem avaliar a condição clínica, sintomas e histórico do paciente.
Algumas vezes, o achado sinaliza a hipertrofia do músculo cardíaco relacionada à prática de atividade física intensa.
Ou seja, uma adaptação fisiológica.
Qual o tratamento para sobrecarga atrial?
Quando a sobrecarga pede tratamento, a identificação da causa ganha ainda mais relevância.
Porque a linha terapêutica adotada deve ser condicionada à origem do problema, incluindo opções medicamentosas, cirúrgicas e de educação em saúde.
Pacientes com hipertensão, por exemplo, se beneficiam da adoção de hábitos saudáveis como parar de fumar, manter uma dieta equilibrada, diminuindo a ingestão de sal e alimentos gordurosos, e praticar exercício físico regularmente.
Certos casos pedem o reforço de medicamentos.
Doenças valvares podem ser tratadas por meio de procedimentos invasivos para reparo ou substituição da válvula (valvuloplastia).
Já a ablação por radiofrequência é uma opção de tratamento para arritmias.
Como diagnosticar a sobrecarga atrial no ECG?
Simples, rápido, indolor e não invasivo, o eletrocardiograma revela anormalidades como a SAE e SAD.
Conforme orientações do Núcleo de Telessaúde Sergipe, deve-se observar a onda P para o diagnóstico, uma vez que:
“As alterações de amplitude ou duração da onda P sugerem sobrecarga atrial, enquanto a ausência de onda P com o ritmo irregular pode significar presença de fibrilação atrial. No entanto, a ativação atrial é avaliada pela análise da onda P que é a deflexão habitualmente arredondada, de baixa amplitude e positiva em quase todas as derivações. Em V1, a onda P tende a ser difásica, como uma porção inicial positiva e outra final negativa, e em aVR a onda P normal é sempre negativa. A onda P dura até 0,10 s e tem a magnitude de 0,25 mV, o que equivale a dois milímetros e meio de largura e de altura”.
Os critérios para identificar SAE são:
- Aumento da duração da onda P igual ou superior a 120 ms
- Surgimento de entalhe (onda P Mitrale) na derivação D2, com intervalo entre os componentes atriais direito e esquerdo de 40 ms
- Onda P com componente negativo aumentado (final lento e profundo) na derivação V1
- Área da fase negativa de pelo menos 0,04 mm/s, ou igual ou superior a 1 mm2, constituindo o índice de Morris.
Já os critérios para diagnosticar SAD no ECG são:
- Onda P apiculada, com amplitude acima de 0,25 mV ou 2,5 mm
- Na derivação V1, onda P com porção inicial positiva > 0,15 mV ou 1,5 mm
- Peñaloza-Tranchesi: complexo QRS de baixa voltagem em V1 e que aumenta de amplitude significativamente em V2 (sinal indireto)
- Sodi-Pallares: complexos QR, Qr, qR ou qRS em V1 (sinal indireto).
Nos dois casos, recorrer à telemedicina é vantajoso, como explico a seguir.
Vantagens do laudo eletrônico do ECG
Embora a realização do ECG seja rápida, nem sempre sua interpretação é feita com agilidade, pois é restrita a cardiologistas especializados no exame.
Caso eles não estejam presentes ou disponíveis em quantidade suficiente nos estabelecimentos de saúde, o diagnóstico pode demorar.
Por consequência, o tratamento também é adiado, o que pode colocar a vida do paciente em risco em algumas situações.
A boa notícia é que dá para suprir a demanda por cardiologistas usando uma boa plataforma de telemedicina.
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Confira todos os benefícios da telemedicina cardiológica.
Conclusão
Espero ter contribuído para ampliar seus conhecimentos sobre a sobrecarga atrial.
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Aproveite para ler mais artigos sobre cardiologia que publico aqui no blog Morsch.