Insuficiência mitral: graus, sintomas e diretrizes médicas
A insuficiência mitral leve chega a ser comum e não exige tratamento.
No entanto, é indispensável monitorar o paciente porque a condição pode evoluir para quadros graves.
Nesses casos, o cardiologista deverá prescrever o tratamento adequado, a fim de evitar complicações como a fibrilação atrial e o edema pulmonar.
Se você quer aprofundar os conhecimentos sobre a insuficiência mitral, chegou ao lugar certo.
Avance na leitura deste artigo, em que vou apresentar detalhes sobre os graus da doença, causas, diagnóstico e tratamento, além de explicar como otimizar laudos de exames cardiológicos com o suporte da telemedicina.
Insuficiência mitral: o que é?
Insuficiência mitral é uma falha no funcionamento da válvula mitral que permite o refluxo de sangue do ventrículo para o átrio esquerdo.
Chamada também de regurgitação mitral, a condição pode prejudicar a circulação sanguínea quando em estágios avançados.
O mecanismo que leva à insuficiência mitral tem origem em anomalias anatômicas ou funcionais.
Lembrando que o músculo cardíaco é formado por 4 câmaras (2 átrios e 2 ventrículos) e 4 válvulas (aórtica, mitral, tricúspide e pulmonar).
A válvula mitral fica entre o átrio e o ventrículo esquerdo para garantir que o sangue flua numa única direção (do átrio para o ventrículo).
Quando há anormalidades em termos de formato, espessura ou tamanho, entre outros, essa estrutura acaba permitindo que o sangue retorne para o átrio esquerdo.
Graus de insuficiência mitral
A insuficiência mitral pode ser aguda ou crônica, descrevendo episódios isolados ou que permanecem por anos.
Sua classificação conforme a gravidade inclui 3 níveis e costuma ter relação com a forma crônica.
A seguir, falo sobre os graus atribuídos a essa condição.
Insuficiência mitral leve
A forma leve ou insuficiência mitral discreta costuma ser diagnosticada durante consultas e exames de rotina.
Ela é percebida a partir de sons incomuns na ausculta do miocárdio e/ou testes de imagem solicitados por outras razões.
Essa gradação não provoca sintomas nem representa risco ao paciente, dispensando qualquer abordagem terapêutica.
Insuficiência mitral moderada
Requer um monitoramento periódico e rigoroso para evitar complicações.
Quando ela atinge o grau moderado, desencadeia sintomas difusos como fadiga e dificuldade para realizar atividade física.
Contudo, não costuma interferir no dia a dia do paciente, que deve realizar exames como o ecocardiograma em intervalos semestrais.
Insuficiência mitral grave
Esse é o formato preocupante da patologia, com sintomas que prejudicam a rotina do doente.
Cansaço crônico após pequenos esforços, dispneia, tosse e inchaço nos membros inferiores são incômodos corriqueiros.
É necessário tratamento para reverter esse quadro.
Sintomas de insuficiência da válvula mitral
Geralmente, o grau leve não manifesta sintomas, enquanto o moderado desencadeia apenas sinais inespecíficos.
Já a gradação severa tende a provocar incômodos como:
- Cansaço crônico que pode piorar com pequenos esforços físicos
- Arritmias de padrão rápido (taquiarritmias)
- Palpitações
- Membros inferiores inchados
- Dispneia
- Tosse constante.
Causas de insuficiência mitral
Antes de falar sobre as causas, acho importante explicar que a condição pode ser primária ou secundária.
A forma primária descreve anomalias na própria válvula mitral, a exemplo de fendas congênitas e prolapso.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o prolapso da válvula mitral é a anormalidade valvar mais comum no mundo, atingindo entre 5% e 10% da população.
Infecções como a febre reumática e traumas que causem ferimentos na válvula mitral também podem desencadear a insuficiência mitral primária.
Já a secundária surge em decorrência de problemas que afetam o ventrículo esquerdo, fazendo com que ele aumente e impeça o fechamento da válvula mitral.
Infarto agudo do miocárdio (IAM) e miocardite (inflamação) estão entre as causas desse tipo de insuficiência mitral.
Mais raramente, o átrio esquerdo pode ser aumentado devido à fibrilação atrial, resultando também em insuficiência mitral.
Diretrizes para insuficiência mitral
A conduta médica na suspeita de insuficiência mitral deve seguir parâmetros como o Expert Consensus, divulgado pelo American College of Cardiology.
O documento descreve 4 etapas para investigação e tratamento da patologia:
- Avaliação clínica para verificar a existência de sintomas
- Identificação de insuficiência mitral primária ou secundária
- Análise da gravidade da patologia
- Prescrição de terapia e monitoramento do paciente.
Como é o diagnóstico?
O diagnóstico compreende as três primeiras etapas das diretrizes para regurgitação mitral.
A presença de sintomas na avaliação clínica indica estágio avançado – o que não quer dizer que pacientes assintomáticos dispensem tratamento.
Nesses casos, o médico deve solicitar exames como o teste ergométrico e ecocardiograma após esforço, a fim de verificar se há comprometimento funcional.
Esses procedimentos também colaboram para diferenciar a insuficiência primária da secundária e avaliar sua gravidade.
E o tratamento?
Como adiantei acima, não é necessário tratar doentes com grau leve de insuficiência mitral.
Eles devem apenas ser monitorados para observar o progresso da patologia.
Já as gradações moderada e severa pedem o uso de medicamentos para aliviar os sintomas, como vasodilatadores, diuréticos e anti-hipertensivos.
A condição grave exige reparo ou substituição da válvula mitral para que o paciente recupere sua capacidade funcional.
Geralmente, é indicada cirurgia invasiva (valvuloplastia), a fim de preservar a anatomia das estruturas.
Raramente o cardiologista prescreve procedimentos minimamente invasivos como o cateterismo.
Apoio da telemedicina
O monitoramento, diagnóstico e tratamento da insuficiência mitral são feitos com o suporte de exames cardiológicos.
As imagens e achados desses testes têm interpretação complexa, exigindo a análise de um cardiologista especializado na área de cada procedimento.
É por isso que muitos resultados acabam demorando para sair, uma vez que os especialistas in loco possuem uma série de atividades no dia a dia.
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Conclusão
A insuficiência mitral é uma condição que necessita de acompanhamento periódico.
Eletrocardiograma, ecocardiograma e outros exames são indispensáveis para seu diagnóstico e tratamento, mas nem sempre há cardiologistas disponíveis para interpretar esses testes.
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