Insuficiência tricúspide: o que é, sintomas, causas e tratamento

Por Dr. José Aldair Morsch, 27 de outubro de 2023
Insuficiência tricúspide

A insuficiência tricúspide costuma ser um problema secundário, que surge devido à sobrecarga do ventrículo direito – que pode ser provocada por diversas condições.

Nem sempre a regurgitação da válvula necessita de tratamento, em especial se o caso for leve e em paciente saudável.

Contudo, é importante manter uma rotina de monitoramento junto ao cardiologista para evitar ou atrasar a evolução do quadro.

Preparei este artigo para explicar melhor o conceito, tipos, sintomas e como diagnosticar a insuficiência tricúspide.

Apresento também serviços de telemedicina cardiológica que contribuem com o diagnóstico.

O que é insuficiência tricúspide?

Insuficiência tricúspide é um quadro caracterizado pelo retorno do sangue através da válvula tricúspide.

Essa condição inverte o curso sanguíneo normal, prejudicando o funcionamento do coração direito.

Vale lembrar que o músculo cardíaco possui 4 câmaras (2 átrios, as câmaras superiores; e 2 ventrículos, as câmaras inferiores) e 4 válvulas (aórtica, mitral, tricúspide e pulmonar).

A válvula tricúspide liga o átrio ao ventrículo direito e, quando está funcionando normalmente, permite a passagem do sangue, mas não seu retorno à câmara superior direita.

Geralmente, a regurgitação ocorre durante a sístole, ou seja, a contração do músculo cardíaco.

No entanto, casos mais graves chegam a se manifestar mesmo durante a diástole.

A insuficiência tricúspide pode desencadear fibrose atrial e insuficiência cardíaca induzida pelo ventrículo direito.

Quais os sintomas da insuficiência tricúspide?

Casos leves e moderados de insuficiência tricúspide não costumam apresentar sintomas.

Por vezes, eles são diagnosticados durante a realização de exames de rotina ou para avaliar a presença de outras doenças cardiovasculares.

Já os quadros avançados podem ser identificados por meio de manifestações clínicas como:

  • Dispneia
  • Fadiga
  • Náuseas
  • Vômitos
  • Pulsação jugular
  • Edema periférico, geralmente nos membros inferiores
  • Anorexia
  • Distensão abdominal.

É sempre importante comunicar ao médico sobre qualquer sintoma observado.

O que causa a insuficiência tricúspide?

As causas são diversas, dependendo do tipo de insuficiência tricúspide.

Como resume o estudo “Fibrilação Atrial e Insuficiência Tricúspide como Apresentações Tardias de Contusio Cordis”, publicado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC):

“A insuficiência tricúspide (IT) é mais frequentemente verificada em associação à valvopatia mitral, sendo denominada ‘regurgitação tricúspide secundária’. Outras etiologias, como a endocardite infecciosa, a anomalia de Ebstein, a endomiocardiofibrose, a doença carcinoide e o trauma fechado do tórax, são incomuns”.

Anomalias na morfologia da válvula são responsáveis pela insuficiência tricúspide primária.

Ela é rara e pode ser provocada por:

  • Anomalias congênitas
  • Trauma torácico fechado
  • Síndrome carcinoide
  • Febre reumática
  • Degeneração mixomatosa (prolapso da valva tricúspide)
  • Endocardite infecciosa
  • Anomalia de Ebstein
  • Síndrome de Marfan
  • Causas iatrogênicas, a exemplo de interferências de cabos de marcapasso
  • Fármacos como ergotamina e fenfluramina.

Já na insuficiência tricúspide secundária, as causas são outras.

Causas da insuficiência tricúspide secundária

A IT secundária é mais frequente que a primária, resultando da sobrecarga do ventrículo direito devido a:

  • Hipertensão pulmonar
  • Isquemia do átrio e ventrículo direitos
  • Insuficiência cardíaca esquerda.

A seguir, falo sobre como ocorre o diagnóstico cardíaco da condição.

Como diagnosticar a insuficiência tricúspide?

Como mencionei acima, nem sempre há manifestação clínica da insuficiência tricúspide.

No entanto, os sintomas são úteis para detectar casos graves, junto à presença de fatores de risco como dilatação do anel tricúspide e uso de marcapasso permanente.

Durante o exame clínico, a ausculta pode revelar sopro holossistólico mais audível na borda esternal média ou inferior esquerda.

A condição é confirmada por meio de ecocardiograma com doppler, que possibilita a observação de alterações como o grau de dilatação do anel tricúspide.

Entretanto, é comum que o paciente seja avaliado por meio de exames complementares simples, como eletrocardiograma e radiografia torácica, antes do pedido por um ecocardiograma.

No ECG, a fibrilação atrial e o bloqueio de ramo direito (BRD) podem ser observados.

O raio X de tórax é capaz de mostrar anormalidades como aumento do ventrículo direito, dilatação da veia cava e derrame pleural.

Regurgitação tricúspide

Anomalias na morfologia da válvula são responsáveis pela insuficiência tricúspide primária

Como tratar a insuficiência tricúspide?

O tratamento da IT secundária é direcionado à causa, enquanto na IT primária, serve para atrasar sua evolução e as complicações decorrentes.

Cabe ao médico determinar a abordagem farmacológica ou cirúrgica, porém, a cirurgia costuma ser feita como parte do preparo para outras operações maiores.

Medicamentos diuréticos de alça combatem a congestão sistêmica, enquanto betabloqueadores e inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) são úteis se houver hipertensão pulmonar primária.

Certos casos se beneficiam do reparo ou mesmo da troca valvar, que substitui a tricúspide por uma prótese para restaurar o fluxo sanguíneo normal.

Telemedicina acelera o diagnóstico de insuficiência tricúspide

A insuficiência tricúspide é uma condição subdiagnosticada e complexa.

Sua detecção exige o empenho de um cardiologista experiente, que nem sempre está disponível nos serviços de saúde.

Em especial quando a clínica ou hospital fica afastada dos centros urbanos, em cidades pequenas ou áreas remotas.

Porém, existe uma solução tecnológica para acelerar a emissão de laudos para o ECG, raio X de tórax e outros exames cardiológicos: o telediagnóstico.

Funcionando a partir de um software em nuvem, o serviço de laudos a distância da Telemedicina Morsch entrega os resultados em minutos.

Basta que o médico ou técnico de enfermagem treinado conduza normalmente o ECG e compartilhe os gráficos em nosso sistema.

No caso dos procedimentos de diagnóstico por imagem, como a radiografia, essa tarefa pode ficar nas mãos do técnico em radiologia.

Se for um raio X digital, dá para configurar o aparelho para envio automático das imagens ao PACS da Morsch.

Uma vez que estejam disponíveis, os registros são avaliados por um especialista qualificado, seja um cardiologista ou radiologista online.

Em seguida, o médico anota os achados e conclusões no laudo online, assinado digitalmente para atestar a confiabilidade.

Desse modo, o laudo eletrônico é liberado em minutos na plataforma.

Urgências são analisadas em tempo real, a fim de auxiliar a equipe local na tomada de decisões embasadas.

Confira todos os benefícios da telemedicina cardiológica.

Conclusão

Ao longo deste artigo, discorri sobre as características da insuficiência tricúspide.

Embora casos leves dispensem tratamento, quadros avançados pedem intervenção rápida para prevenir complicações como a fibrose atrial.

Daí a necessidade de acompanhamento médico e rápido manejo do paciente em condições graves.

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Continue ligado nos artigos sobre cardiologia que posto aqui no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin