Eletrocardiograma: o que é, para que serve e como é realizado?

Por Dr. José Aldair Morsch, 13 de junho de 2015
Como é feito o eletrocardiograma?

Rápido e não invasivo, o eletrocardiograma é um dos principais exames cardiológicos.

Ele faz parte da avaliação pré-cirúrgica, investigação de doenças, checkup preventivo, entre outras rotinas de clínicas, consultórios e hospitais.

Daí o interesse de médicos de todas as áreas e outros profissionais de saúde no funcionamento, indicações e interpretação do ECG.

Neste artigo, apresento um panorama completo sobre o tema, incluindo informações sobre o aparelho de eletrocardiograma e como otimizar a emissão de laudos com a telemedicina.

Boa leitura!

O que é o eletrocardiograma?

Eletrocardiograma é o exame que avalia a atividade elétrica do músculo cardíaco.

Para isso, são usados eletrodos fixados no tórax e extremidades dos braços e pernas do paciente, que detectam os impulsos elétricos e os traduzem em gráficos de linha.

É nesse traçado que se podem observar as chamadas ondas do ECG, que serão comparadas com padrões específicos para identificar anormalidades.

Para que serve o eletrocardiograma?

O eletrocardiograma é útil para uma série de finalidades, como mencionei na abertura do texto.

Entre elas, vale citar:

Como é feito o eletrocardiograma?

Tudo começa com o preparo para o exame, que inclui depilação do tórax caso o paciente tenha muitos pelos.

Se a pele for especialmente oleosa, deve ser promovida uma limpeza local com álcool.

Em seguida, o paciente deve deitar-se numa maca, em decúbito dorsal e ao lado do eletrocardiógrafo que será usado para o exame.

O técnico de enfermagem fixa, então, os eletrodos à pele dos braços (faces anteriores dos punhos), pernas (faces ântero-mediais) e tórax do paciente, a fim de captarem os estímulos elétricos do coração ou as repercussões deles a distância.

A pele deve estar bem limpa e desengordurada nos locais de fixação dos eletrodos.

Para facilitar a captação desses estímulos, geralmente é aplicado sobre a pele um gel condutor.

Os eletrodos dos membros são fixados por braceletes, e os do tórax, por uma espécie de ventosa de borracha, permitindo aderência à pele sem o uso de agulhas ou outros instrumentos invasivos.

Após a colocação dos eletrodos nos punhos, tornozelos e tórax, o aparelho de ECG é ligado.

O dispositivo registra a atividade elétrica captada através da pele do paciente, que resulta de cada batida do coração.

Combinando os dados coletados pelo eletrodo do punho esquerdo com o tornozelo esquerdo, o software cria uma figura na tela do computador na forma de gráfico, que chamamos de derivação.

Cada uma das derivações é formada pela combinação entre dois eletrodos, permitindo o estudo da atividade elétrica das várias partes do coração (anterior, posterior, lateral esquerda, lateral direita).

Elas dão base ao traçado mostrado na tela do computador, que pode ser interpretado in loco ou enviado para que um cardiologista online produza o laudo médico.

Como funciona um eletrocardiograma?

O aparelho de eletrocardiograma é composto de um sistema eletrônico capaz de captar os estímulos elétricos produzidos pelo coração.

Ele amplia o sinal do batimento, que é captado pelos eletrodos e enviado ao monitor do eletrocardiógrafo.

Depois, o sinal vai para um software que o transforma num traçado visível na tela do computador, na forma de um gráfico.

Cada combinação entre eletrodos (derivação) retrata uma área do músculo cardíaco.

Por exemplo, juntando punho direito e perna direita, esta combinação mostrará a parede do lado direito do coração.

Como é feito o eletrocardiograma

Eletrodos do tipo ventosas de silicone no peito do paciente

O que é eletrocardiograma com laudo?

É o resultado do exame de eletrocardiograma na forma de um relatório descritivo do funcionamento do coração e uma conclusão indicando se o ECG é normal ou alterado.

O laudo do eletrocardiograma só pode ser elaborado por cardiologistas especializados na área do exame, atendendo à determinação do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Além do laudo convencional, elaborado localmente, o resultado do exame pode ser produzido remotamente e entregue via plataforma de telemedicina.

Existem mais de 2 mil possibilidades de alterações no ECG e muitas podem ser consideradas normais.

No entanto, certas anomalias indicam doenças que necessitam de avaliação e tratamento.

Como ler um eletrocardiograma?

A leitura do eletrocardiograma considera os seguintes aspectos:

  • Frequência cardíaca, ou seja, a quantidade de batimentos por minuto
  • Análise do ritmo cardíaco, verificando se é sinusal (normal) ou alterado
  • Avaliação das ondas do ECG– lembrando que cada batimento normal começa com uma onda P, seguida de um complexo QRS e uma onda T
  • Cálculo do eixo elétrico e alterações no segmento ST (período de não atividade entre a despolarização e a repolarização do ventrículo)
  • Outras anormalidades eletrocardiográficas.

A seguir, descrevo exemplos de resultados normais e anormais.

Eletrocardiograma normal

Ritmo sinusal, frequência cardíaca de 71 batimentos por minuto.

Eixo de ativação elétrica ventricular aproximado de 60º.

Intervalo PR de 0,16 segundos, intervalo QT de 0,38 segundos.

Ausência de arritmias, sobrecargas ou isquemias agudas importantes.

Conclusão: Exame dentro dos limites da normalidade.

O exemplo citado acima é de um exame normal, como é possível verificar na imagem:

Laudo de ecg de repouso

Laudo de eletrocardiograma normal

Existem ainda situações consideradas normais se não existir nenhuma outra alteração nos exames de investigação complementar.

Por exemplo:

  • Bloqueio divisional anterossuperior esquerdo do feixe de His
  • Distúrbio de condução pelo ramo direito do feixe de His
  • Distúrbio de condução pelo ramo esquerdo do feixe de His de grau leve
  • Bloqueio atrioventricular de primeiro grau
  • Extrassístoles ventriculares isoladas
  • Extrassístoles supraventriculares isoladas
  • Bradicardia sinusal
  • Taquicardia sinusal.

 

Traçado eletrocardiográfico impresso em papel

Traçado de ecg impresso em papel

Eletrocardiograma anormal

Ritmo sinusal, frequência cardíaca de 66 batimentos por minuto.

Eixo de ativação elétrica ventricular aproximado de 60º.

Intervalo PR de 0,16 segundos, intervalo QT de 0,38 segundos.

Presença de corrente de lesão em parede ântero-septal, infarto agudo em evolução.

Sugiro encaminhar urgente para um cardiologista.

No caso descrito acima, o paciente está infartando e necessita de tratamento urgente.

Veja outros exemplos de resultados anormais no ECG:

  • Bloqueio atrioventricular de segundo e terceiro graus
  • Presença de zona inativa inferior
  • Presença de fibrilação atrial controlada
  • Taquicardia sinusal
  • Sobrecarga de ventrículo esquerdo
  • Fibrilação atrial de alta resposta ventricular
  • Taquicardia supraventricular
  • Flutter atrial
  • Sobrecarga de átrio esquerdo
  • Sobrecarga de ventrículo direito
  • Sobrecarga biventricular
  • Wolf-Parkinson-White
  • Long-Ganong-Levine.

 

O que fazer no caso de eletrocardiograma alterado?

O laudo do eletrocardiograma vem descrito de uma forma técnica, explicando sobre 11 fatores distintos:

  • Ritmo cardíaco
  • Intervalos dentro da atividade elétrica cardíaca
  • Bloqueios de ramo direito ou esquerdo do feixe de His
  • Distúrbios de condução intracardíacos
  • Sobrecarga de cavidades como átrios e ventrículos
  • Funcionamento de um marcapasso
  • Avaliação de atividade de dispositivos implantáveis, como desfibriladores
  • Gravidade de uma pericardite
  • Disritmias nas miocardites
  • Isquemia miocárdica, que representa falta de irrigação sanguínea
  • Infarto do miocárdio antigo não diagnosticado.

Como mencionei acima, muitas alterações descritas são chamadas de variantes da normalidade.

Ou seja, não têm implicação clínica, nem representam doença.

Porém, outras alterações merecem uma investigação aprofundada.

Principalmente quando o paciente tem comorbidades como hipertensão, hipercolesterolemia, diabetes ou valvulopatia.

Nesses casos, as mesmas alterações inofensivas numa pessoa saudável podem representar complicações de saúde.

Estas condições pedem o monitoramento de um cardiologista, que adotará a conduta mais adequada, como a adaptação do tratamento medicamentoso.

Dúvidas sobre o aparelho de eletrocardiograma

Reuni neste artigo perguntas e respostas sobre o eletrocardiógrafo e opções de aquisição do equipamento.

Acompanhe!

Como é o aparelho de eletrocardiograma?

O aparelho de ECG ou eletrocardiógrafo é formado por um monitor conectado a cabos e eletrodos.

Existe a versão convencional, que é maior e imprime os gráficos em papel especial, e a digital, cada vez mais popular por suas vantagens.

O eletrocardiógrafo digital compacto, funcionando a partir de conexão a um computador de mesa ou notebook.

Dessa forma, o dispositivo não precisa de energia elétrica, pois é alimentado pela própria bateria do computador.

Tudo para facilitar a geração de arquivos digitais, que serão armazenados e/ou enviados para a plataforma de telemedicina, a fim de serem interpretados a distância.

O aparelho de eletrocardiograma precisa de manutenção?

Sim.

Como todo equipamento para exames, o eletrocardiógrafo requer manutenção periódica, incluindo calibração anual.

Outra dica é adotar cuidados para preservar o dispositivo por mais tempo, evitando, por exemplo, o desgaste dos cabos.

Para isso, deixe-os esticados, evitando enrolar ou dobrar, como explico neste vídeo.

Por quanto tempo posso usar um aparelho de eletrocardiograma antigo?

Desde que esteja bem cuidado, o eletrocardiógrafo pode ser usado por anos.

Porque, apesar de ter sido descoberto há mais de um século, a apresentação dos gráficos segue o mesmo padrão.

O que mudou foi a rapidez, qualidade dos registros e formas de aquisição dos gráficos.

No entanto, mesmo resultados do tempo das tirinhas podem ser interpretados pelo cardiologista, contanto que estejam nítidos.

Como adquirir um eletrocardiograma sem recursos?

Seja para oferecer ou ampliar a oferta de eletrocardiograma, é preciso investir em equipamentos.

Contudo, essa costuma ser uma despesa alta, em especial para pequenas unidades de saúde que estão começando no mercado.

Mas saiba que existe uma solução para ampliar suas receitas sem comprar ou alugar eletrocardiógrafos.

Contratando o comodato de equipamentos médicos, sua equipe pode usar aparelhos modernos a custo zero.

O serviço está disponível para clientes que adquirem pacotes de laudos online da Telemedicina Morsch e vale enquanto durar a parceria.

Clique aqui e saiba mais.

Curso de eletrocardiograma: onde fazer?

Médicos e técnicos de enfermagem podem conduzir o ECG após passarem por treinamento.

Na hora de escolher o curso, não se esqueça de confirmar se a instituição de ensino responsável é credenciada pelo Ministério da Educação (MEC).

E optar pela capacitação que atenda às suas necessidades, selecionando entre os formatos presencial, online ou híbrido.

Diferentes universidades, faculdades, institutos e sociedades médicas oferecem cursos de eletrocardiograma.

Você também encontra conteúdos com boas práticas e tutoriais no software Morsch.

Não tenho cardiologista para laudar meus exames, e agora?

Embora a quantidade de médicos tenha crescido nos últimos anos, não é raro que haja carência de especialistas em locais remotos.

A demanda existe mesmo em cidades afastadas dos centros urbanos, que, muitas vezes, não contam com médicos suficientes em seu território.

O que exige que a população tenha de se deslocar para receber os laudos de exames simples, como o ECG.

A boa notícia é que dá para romper essa barreira geográfica usando a telemedicina.

No sistema Morsch, disponibilizamos o serviço de laudos online, que pode ser solicitado a qualquer hora do dia ou da noite.

Basta que um técnico de enfermagem faça o eletrocardiograma normalmente e compartilhe os gráficos na plataforma.

Um de nossos cardiologistas qualificados interpretará os registros, considerando dados prévios sobre o paciente e a suspeita clínica.

Ele elabora o laudo, assinado digitalmente para garantir a autenticidade.

Desse modo, o resultado é liberado em até 30 minutos no sistema.

Acesse esta página e conheça todas as vantagens da telemedicina cardiológica para o seu negócio!

Conclusão

Abordei neste artigo detalhes sobre o eletrocardiograma, resultados e os benefícios da telemedicina para clínicas que oferecem o exame.

Você pode contar com a Morsch para adquirir aparelhos modernos sem custo, além de aproveitar a agilidade do laudo digital.

Se este conteúdo foi útil, compartilhe com seus contatos.

Siga acompanhando as novidades do blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin

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