Angina: saiba o que é, possíveis causas, tipos, diagnóstico e tratamento

Por Dr. José Aldair Morsch, 23 de novembro de 2023
Angina

Tipicamente, a angina surge ou se agrava devido ao esforço físico ou estresse emocional.

Trata-se de uma síndrome causada pela falta de sangue oxigenado suficiente para o funcionamento adequado do músculo cardíaco.

Embora não chegue a provocar necrose das células cardíacas, como acontece no infarto agudo do miocárdio, essa redução do fluxo sanguíneo pode levar a complicações para o paciente, incluindo o próprio IAM.

Isso ocorre principalmente naqueles que sofrem com angina instável, como explico nos próximos tópicos.

Siga com a leitura e saiba mais sobre a dor da angina, tipos e tratamento, além de soluções de telemedicina cardiológica que auxiliam no diagnóstico.

O que é angina?

Angina, angina pectoris ou angor pectoris não é uma doença, mas um conjunto de sintomas (uma síndrome) que ocorre devido ao baixo suprimento de oxigênio e sangue ao músculo cardíaco

Geralmente, o quadro surge em razão de obstruções devido a placas de ateroma ou espasmos das artérias coronarianas. 

Essa insuficiência de oxigênio e sangue quase sempre é passageira e se verifica naquelas condições em que o coração exige um gasto maior de oxigênio, como esforços físicos ou excitações emocionais intensas.

Costuma melhorar em poucos minutos, sem deixar sequelas, e sinalizar a presença de doença arterial coronariana (DAC).

Um de seus principais componentes é a dor no peito, que dá razão ao uso do termo “angor pectoris” – o qual significa algo como “estrangulamento do peito“.

Qual a diferença entre angina e infarto?

Enquanto na angina o fluxo sanguíneo é reduzido, no infarto, ele é interrompido, bloqueando a chegada do líquido, oxigênio e nutrientes essenciais para a saúde do coração.

Por consequência, o IAM provoca a morte de células cardíacas, deixando sequelas irreversíveis de maior ou menor gravidade.

Já a angina é uma condição reversível na maioria dos casos, permitindo que o músculo cardíaco se recupere totalmente após tratamento medicamentoso ou mesmo repouso.

No entanto, é preciso considerar a angina um sinal de alerta para o IAM, pois, muitas vezes, ela precede ou evolui para o infarto.

Conforme estimativa citada nas Diretrizes de doença coronariana crônica angina estável, no Brasil:

“Temos, pelo menos, 900.000 brasileiros com angina do peito e cerca de 18.000 novos casos da doença ao ano, baseados num total de 30 casos de angina estável para cada caso de infarto agudo hospitalizado em um ano.”

Como é a dor da angina?

O sintoma principal da angina é a dor precordial.

Na maioria das pessoas, ela é referida como um desconforto no peito, habitualmente descrito como pressão, peso, aperto, ardor ou sensação de choque.

O incômodo é sentido principalmente no meio do peito, nas costas ou no pescoço, no queixo ou nos ombros, com frequentes irradiações para os braços (esquerdo, principalmente).

Em geral, piora pelo excesso de estresse emocional, pelo esforço físico, pela digestão depois de uma refeição exagerada e por temperaturas frias.

Essa dor dura de um a cinco minutos e pode ser acompanhada por suor e náuseas, em alguns casos, 

Pode ser aliviada pelo repouso ou por medicação específica.

O que causa angina?

Como mencionei acima, a angina ocorre devido à hipóxia cardíaca, ou seja, quando as artérias coronárias sofrem estreitamento (estenose), dificultando a passagem do sangue para o coração.

Sua principal causa é a aterosclerose, patologia caracterizada pelo acúmulo de gordura nas paredes das artérias.

Listo outras causas abaixo:

  • Doença arterial coronariana (DAC), com comprometimento de, pelo menos, uma artéria epicárdica
  • Doença cardíaca valvar (valvulopatia) 
  • Cardiomiopatia hipertrófica 
  • Hipertensão não controlada
  • Espasmo ou disfunção endotelial 
  • Inflamações ou infecções das artérias
  • Uso de certos medicamentos.

Fumantes, obesos, sedentários, pessoas com colesterol alto ou hipertensão, ou histórico familiar para doenças cardíacas têm mais probabilidade de sofrer com angina que a população geral.

Angina dor no peito, pode ser um coração sofrendo

A angina ocorre devido à hipóxia cardíaca, ou seja, quando as artérias coronárias sofrem estreitamento

Tipos de angina

A principal classificação da síndrome divide os casos em dois grandes grupos: angina instável e angina estável. Falo mais sobre cada um a seguir.

Angina estável

É um quadro de menor gravidade, sendo precipitado por fenômenos físicos ou mentais que exigem maior esforço cardíaco. 

Tem duração de poucos minutos e nem sempre requer intervenção médica.

Angina instável

Em geral, é uma evolução de angina previamente diagnosticada.

Nesse caso, a dor precordial se torna mais grave, aparecendo mesmo quando o paciente está em repouso.

Sua duração é maior que 20 minutos e exige rápido manejo do paciente para evitar eventos cardiovasculares críticos, como o IAM, arritmias e, mais raramente, a morte súbita.

Quem tem angina pode trabalhar?

A melhor resposta para essa questão é: depende do tipo de angina, condição clínica do paciente e tarefas de trabalho realizadas.

De maneira geral, é importante evitar o esforço físico intenso, como ao carregar peso, correr ou nadar, pois essas atividades podem desencadear angina.

Assim como rotinas altamente estressantes, a exemplo da resolução de crises e as negociações acaloradas – pois elas também fazem o músculo cardíaco demandar mais sangue e oxigênio.

Obviamente, pacientes que estejam tratando uma angina instável ou se recuperando de uma cirurgia devem ser mantidos em repouso até a liberação do cardiologista.

Os demais casos precisam ser avaliados individualmente para que o médico identifique quais situações representam risco ao trabalhador.

Qual exame detecta angina?

As primeiras suspeitas podem ser levantadas pelo exame clínico que detecte sintomas típicos.

Nas anginas em que não haja dores no peito e não tenham ocorrido problemas cardíacos anteriores, o eletrocardiograma é normal.

Porém, ele pode ser alterado no momento que o paciente sente dor no peito.

Para detectar eventuais deficiências circulatórias, pode-se fazer um teste ergométrico, realizando sempre o ECG antes e durante o período em que o paciente corre em uma esteira.

Em casos específicos, é necessária a realização de uma angiografia coronariana, vulgarmente chamada de cateterismo cardíaco, que mostra as obstruções parciais nos vasos sanguíneos. 

A partir dos achados nesses exames, o cardiologista indica o tratamento a ser seguido, inclusive em casos cirúrgicos, como ponte de safena.

Como tratar angina?

O tratamento principal da angina deve visar quatro objetivos:

  1. Aliviar os sintomas
  2. Diminuir o ritmo de progressão da doença
  3. Reduzir a ocorrência de complicações cardíacas futuras
  4. Aumentar o tempo de vida da pessoa doente.

A nitroglicerina, conhecida como isordil sublingual, é usada comumente para tratar as dores agudas da angina.

Doses baixas diárias de aspirina usadas por pacientes que não tenham contraindicações como gastrite, úlcera gástrica ou duodenal e problemas de coagulação do sangue, são bastante úteis em pacientes com aterosclerose para prevenir infarto.

Algumas medicações com diferentes mecanismos de ação, à base de nitrato, betabloqueadores, bloqueadores do canal de cálcio e anti-agregantes plaquetários são usados para controlar a doença e aliviar os sintomas da angina.

Outra frente importante é o combate aos fatores de risco para doenças cardíacas, como parar de fumar, perder peso, monitorar o colesterol alto, controlar o diabetes e a pressão alta.

Nos casos graves, técnicas cirúrgicas como a angioplastia com ou sem a colocação de stent ou uma revascularização cardíaca (ponte de safena) podem ser indicadas.

Como a telemedicina ajuda no diagnóstico e tratamento da angina?

Fica clara a necessidade de uma avaliação cardiológica completa para diagnosticar e tratar a angina. Para tanto, é preciso recorrer a um cardiologista, que fará tanto o exame clínico quanto a interpretação de exames complementares.

Mas nem sempre a clínica ou hospital dispõe desse especialista durante todo o horário de funcionamento, o que pode atrasar o diagnóstico e colocar a vida do paciente em risco.

A boa notícia é que dá para suprir a demanda acionando cardiologistas online através de uma plataforma de telemedicina.

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Os profissionais ficam a postos para receber gráficos e imagens de exames cardiológicos, que são analisados sob a luz da hipótese diagnóstica e do histórico do paciente.

Em seguida, eles produzem e assinam digitalmente o laudo online, liberado em minutos no sistema.

O serviço de telediagnóstico fornece laudos à distância para:

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Conclusão

Neste conteúdo, abordei as características, sintomas e manejo do paciente com angina, o que pode ser otimizado através do sistema de Telemedicina Morsch.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin