Clozapina: para que serve, receita e como tomar

Por Dr. José Aldair Morsch, 23 de novembro de 2023
Clozapina

A clozapina é uma alternativa para casos refratários de doenças psiquiátricas.

Ou seja, quando outras linhas de tratamento não alcançaram os resultados esperados.

Comercializado em comprimidos de 25 mg e 100 mg, o medicamento deve ser monitorado de perto pelo médico, incluindo exames de sangue para prevenir reações adversas graves.

Neste artigo, apresento as indicações, como tomar e como conseguir a receita.

Acompanhe até o final.

O que é clozapina?

Clozapina é um fármaco antipsicótico atípico.

Como adiantei na abertura do texto, não costuma ser adotado como primeira opção de tratamento, contudo, é uma solução viável quando outros medicamentos falham.

É preciso usar a clozapina com cautela, pois ela apresenta risco de efeitos colaterais potencialmente fatais como miocardite, pericardite e outros problemas cardíacos.

Para que serve clozapina

Clozapina serve para tratar distúrbios psicóticos, inclusive quando associados à doença de Parkinson.

Seu mecanismo de ação contribui para regular o funcionamento cerebral, bloqueando o receptor D4 (ou receptor de dopamina).

A substância também tem fraca atividade de ligação e de bloqueio nos receptores D1, D2, D3 e D5 no cérebro.

Principais indicações

De acordo com a bula, a clozapina é indicada no tratamento de:

  • Esquizofrenia refratária, para pessoas que já utilizaram outros medicamentos antipsicóticos e não se beneficiaram suficientemente ou não toleram outros medicamentos antipsicóticos devido às reações adversas
  • Esquizofrenia ou transtorno esquizoafetivo em pacientes que podem tentar cometer suicídio
  • Distúrbios do pensamento, emocionais e comportamentais em pacientes com doença de Parkinson.

Outras indicações dependem de avaliação médica.

Como tomar clozapina

O fármaco é encontrado sob as formas comprimidos de 25 mg e 100 mg, que podem ser partidos ao meio, junto aos sulcos, se necessário.

Caso sejam cortados, a metade que sobrar deve ser ingerida até o dia seguinte.

Tome clozapina conforme a orientação médica, por via oral e sempre no mesmo horário do dia.

A seguir, reproduzo os esquemas terapêuticos apresentados na bula do remédio:

  • Tratamento da esquizofrenia ou transtorno esquizoafetivo em pessoas que tentaram cometer suicídio: a dose inicial usual é de um comprimido de 25 mg (12,5 mg) uma ou duas vezes no primeiro dia. O médico poderá aumentar gradualmente a dose, até chegar à ideal – geralmente, a uma dose diária entre 300 e 450 mg. Algumas pessoas podem necessitar de doses de até 900 mg por dia
  • Tratamento de distúrbios do pensamento, emocionais e comportamentais associados ao Parkinson: geralmente, a dose começa com metade de um comprimido de 25 mg (12,5 mg) à noite, e em seguida, a poderá ser aumentada gradualmente, até o limite de 50 mg ou 100 mg (em casos excepcionais). A dose diária de clozapina costuma ficar entre 25 mg e 37,5 mg, e normalmente será tomada em dose única a cada noite.

Se precisar de mais informações, leia o documento, fale com seu médico ou farmacêutico

Receita de clozapina

Você deve ter uma receita C1 para que a clozapina seja liberada.

Trata-se de uma receita de controle especial exigida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), devido aos riscos relativos ao uso da substância sem supervisão médica.

A prescrição é entregue em duas vias pelo médico, permitindo que a primeira via seja retida pela farmácia ou drogaria.

Esse documento permite o rastreio e fiscalização por parte da Anvisa, já que esse remédio é controlado.

Já a segunda via é devolvida ao paciente ou cuidador, pois contém recomendações essenciais para o sucesso do tratamento, como doses e horários.

As normas diferenciadas de prescrição atendem ao que é determinado para a lista de substâncias C1, instituída pela Instrução Normativa SVS/MS nº 344/1998.

Além de antipsicóticos, o grupo é formado por medicamentos antidepressivos, anticonvulsivantes e antiparkinsonianos que oferecem riscos por sua ação no sistema nervoso central.

A receita branca tipo C1 é válida por 30 dias e pode liberar medicamento suficiente para até 60 dias de tratamento, ou até 5 ampolas no caso de medicações injetáveis.

Dúvidas frequentes sobre clozapina

Abaixo, trago respostas para perguntas corriqueiras sobre o uso da clozapina.

Siga acompanhando.

Qual é o efeito da clozapina?

Ao bloquear os receptores da dopamina, o remédio promove a regulação no funcionamento cerebral.

O principal efeito esperado é a redução de sintomas psicóticos, o que melhora a qualidade de vida do paciente.

Quais os riscos de tomar clozapina?

A substância pode provocar reações adversas graves, incluindo:

  • Batimento cardíaco acelerado (taquicardia)
  • Sinais de infecção como febre, calafrios graves, dor de garganta ou úlceras na boca. A clozapina pode provocar redução no número de glóbulos brancos no sangue (agranulocitose), e aumentar a susceptibilidade à infecção
  • Convulsões.

Na ocorrência desses problemas, procure ajuda médica.

Quanto a outros efeitos colaterais comuns, vale mencionar:

  • Perda de consciência, desmaio
  • Sonolência
  • Tonturas
  • Constipação (informe ao médico se a constipação piorar)
  • Aumento da produção de saliva
  • Aumento de peso
  • Fala arrastada
  • Movimentos anormais, incapacidade de iniciar o movimento, incapacidade de permanecer imóvel, sentimento interior de inquietação, membros rígidos, mãos trêmulas
  • Agitação/tremor
  • Rigidez muscular
  • Dor de cabeça
  • Visão turva, dificuldade para ler
  • Alterações no eletrocardiograma
  • Tontura ao levantar-se, devido à diminuição da pressão arterial
  • Pressão alta
  • Náuseas, vômitos, boca seca
  • Aumento das enzimas hepáticas
  • Problemas de passagem ou retenção de urina
  • Cansaço.

Comente com seu médico caso perceba alguns desses sintomas.

Quem toma clozapina pode beber álcool?

É contraindicado ingerir álcool durante o tratamento com clozapina.

Isso porque o medicamento aumenta os efeitos da bebida alcoólica, pois ambos são depressores do sistema nervoso central.

Conclusão

Gostou de saber mais sobre a clozapina?

Lembre-se de que seu uso envolve riscos que são elevados se houver automedicação.

Caso esteja sofrendo com sintomas de psicose (ou distorção da realidade), marque uma consulta online ou presencial para receber o diagnóstico e recomendação do tratamento adequado.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin