Problemas cardíacos mais comuns: prevenção e tratamento

Por Dr. José Aldair Morsch, 27 de abril de 2022
Problemas cardíacos

Você conhece os problemas cardíacos mais comuns?

Infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC) fazem parte desse grupo, o que pede atenção redobrada aos sintomas e fatores de risco.

Afinal, esses são eventos graves e, por vezes, fatais.

Porém, não são os únicos males que afetam o sistema cardiovascular com frequência.

Emergências muitas vezes decorrem de patologias silenciosas que vão se desenvolvendo aos poucos, a exemplo da hipertensão.

Trago detalhes sobre essas e outras condições ao longo deste artigo.

Comento também as opções de tratamento e quando procurar o cardiologista por via convencional ou marcando uma teleconsulta.

Problemas cardíacos: sinal de alerta ligado

A expressão “problemas cardíacos” se refere a uma série de males capazes de prejudicar a anatomia e o funcionamento do coração.

Quando o problema é anatômico, costuma ter origem no próprio músculo cardíaco, como os males congênitos (presentes desde o nascimento).

Já as anomalias funcionais podem ter início em outras partes do corpo – geralmente, em veias e artérias.

Como os vasos sanguíneos estão ligados ao coração, o órgão também sofre com problemas como a doença arterial coronariana (DAC).

Para se ter uma ideia, essa patologia isquêmica matou 171 mil brasileiros só em 2019, conforme o relatório GBD (Global Burden of Diseases, Injuries, and Risk Factors Study), publicado no periódico The Lancet.

Se considerarmos todas as enfermidades cardiovasculares, esse número salta para 380 mil mortes no país, segundo estima a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Ou seja, problemas no coração respondem por mais de 30% dos óbitos no Brasil.

Os eventos fatais são mais frequentes entre pessoas que sofrem com males crônicos – número que chega a 14 milhões no país.

Quais são os problemas cardíacos mais comuns?

Existem diversos problemas cardíacos, mas alguns deles predominam por todo o mundo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) cita 6 grupos com as patologias mais frequentes na população em geral:

  1. Doença coronariana: descreve as enfermidades que afetam os vasos sanguíneos que irrigam o coração, a exemplo da DAC. O infarto do miocárdio é outra enfermidade que faz parte desse grupo
  2. Doença cerebrovascular: impacta os vasos sanguíneos que irrigam o cérebro (artérias carótidas e vertebrais). Inclui ainda eventos graves como o AVC, que pode ser isquêmico ou hemorrágico
  3. Doença arterial periférica: prejudica os vasos sanguíneos que levam sangue aos membros superiores e inferiores. Geralmente, decorre da aterosclerose – enrijecimento e espessamento das paredes das artérias
  4. Doença cardíaca reumática: danos no músculo e válvulas cardíacas devido à febre reumática, patologia inflamatória decorrente de bactérias estreptocócicas
  5. Cardiopatia congênita: malformações estruturais do coração presentes desde o nascimento
  6. Trombose venosa profunda e embolia pulmonar: condições que desencadeiam a formação de coágulos sanguíneos (trombos) em locais como as veias das pernas. Em casos graves, essas massas se deslocam e alcançam órgãos vitais como coração e pulmões.

Dependendo da idade, alguns males podem ser mais prevalentes que outros, como detalho a seguir.

Problemas cardíacos em bebês

Os principais problemas cardíacos em bebês começam antes mesmo de nascerem.

São as cardiopatias congênitas, fruto de anormalidades durante a formação do coração, veias e artérias, que ocorrem nas primeiras seis semanas de gravidez.

Os defeitos podem surgir nas câmaras cardíacas (átrios e ventrículos), válvulas, ligações com os vasos sanguíneos etc.

Dependendo da gravidade, são capazes de provocar alterações no padrão dos batimentos cardíacos (arritmias), infecções (endocardite), insuficiência cardíaca, danos ao desenvolvimento das estruturas e até eventos graves como o AVC.

Conforme dados do Ministério da Saúde, nascem 30 mil bebês com cardiopatia congênita no Brasil todo ano.

Desse total, 6% não chegam a completar um ano de vida.

Grande parte das doenças congênitas apresenta sinais enquanto o feto ainda está no útero, o que reforça a importância do pré-natal para prevenir agravos à saúde do bebê.

Problemas cardíacos em jovens

Males congênitos também podem estar por trás de problemas cardíacos em jovens, assim como fatores genéticos.

No entanto, esses fatores tendem a se agravar devido ao estilo de vida de muitos jovens adultos, repleto de comportamentos prejudiciais à saúde do coração.

Álcool em excesso, cigarro, sedentarismo e alimentação rica em gordura, açúcar e sal estão entre os hábitos nocivos comuns das pessoas nessa faixa etária.

Eles são, inclusive, fatores de risco para males como a hipertensão, obesidade, colesterol alto e infarto.

Entretanto, mesmo quem frequenta a academia regularmente deve ter cuidado com a intensidade e frequência dos exercícios.

Caso contrário, pode desenvolver hipertrofia do músculo cardíaco (ou miocardiopatia), doença que impede que o órgão funcione bem.

Complicação cardiaca

Os problemas cardíacos em bebês podem surgir ainda na gravidez e afetam o coração, veias e artérias

Problemas cardíacos em mulheres

Ao contrário do que muita gente pensa, os problemas cardíacos não são menos comuns entre a população feminina.

De acordo com a OMS, as doenças cardiovasculares levam 23 mil mulheres a óbito diariamente.

No Brasil, elas chegam a representar 30% das causas de morte entre mulheres com 40 anos ou mais.

Esse número é comparável ao dobro de óbitos por todos os tipos de câncer, inclusive os mais prevalentes, como o de mama.

Mudanças no estilo de vida e a rotina corrida das mulheres, que se dividem entre várias funções num mesmo dia, contribuem para esses números preocupantes.

Nas últimas décadas, elas têm vivenciado o aumento de fatores de risco como a obesidade, tabagismo e diabetes.

O resultado é maior risco de infarto, pressão alta, isquemia e AVC hemorrágico.

Doenças circulatórias como a trombose venosa profunda também entram na lista de males que acometem a população feminina.

Problemas cardíacos em idosos

Mencionei anteriormente que a aterosclerose está entre os problemas cardíacos mais frequentes.

Essa patologia surge a partir de um processo natural de enrijecimento das artérias, que se tornam menos flexíveis conforme a idade avança.

Portanto, a prevalência da doença é maior entre os idosos.

Outro fator que contribui para esse quadro é o depósito de placas de ateroma, compostas por gordura e cálcio, dentro das paredes dos vasos sanguíneos.

Como elas vão se depositando ao longo do tempo, quem tem mais de 60 anos acaba acumulando mais placas, o que eleva o risco de eventos graves.

Isso porque, caso haja grande obstrução das artérias, a irrigação a determinadas áreas fica comprometida, desencadeando eventos como o infarto e isquemia cerebral.

Outras enfermidades frequentes entre pessoas mais velhas são as valvulopatias, que surgem a partir do desgaste, calcificação e endurecimento dessas estruturas.

Problemas na válvula aórtica e mitral são alguns exemplos, com destaque para a insuficiência e o prolapso da válvula mitral.

Principais causas de problemas cardíacos

Fatores mutáveis e imutáveis são capazes de provocar problemas no coração.

Já falei sobre dois dos quesitos imutáveis: idade e genética.

Embora elevem as chances de agravos ao aparelho cardiovascular, de maneira isolada esses fatores dificilmente dão origem a doenças.

É preciso que sejam combinados a hábitos prejudiciais e condições agravantes, por exemplo:

  • Pressão alta: níveis de pressão iguais ou superiores a 14/9 mmHg sobrecarregam o músculo cardíaco, favorecendo eventos adversos
  • Colesterol elevado: contribui para a formação e acúmulo das placas de ateroma na parede arterial
  • Cigarro: substâncias presentes no tabaco alteram a frequência cardíaca, fazendo com que o coração acelere e a pressão suba
  • Sedentarismo: a falta de atividade física favorece o aumento dos depósitos de gordura nos vasos sanguíneos. Exercícios regulares fortalecem a saúde cardíaca
  • Obesidade: constantemente associada a fatores como má alimentação, hipertensão e sobrecarga cardiovascular
  • Diabetes: o excesso de açúcar no sangue também dificulta a circulação e sobrecarrega o coração.
Problemas no coração

As consultas online com o cardiologista podem esclarecer dúvidas sobre sinais de problemas cardíacos

Sintomas de problemas cardíacos

Geralmente, os sintomas começam difusos, tornando-se mais evidentes conforme a doença se agrava ou durante uma crise.

Vou começar ressaltando os sinais de infarto do miocárdio, que devem motivar uma visita imediata ao pronto-socorro mais próximo:

  • Dor no peito aguda e prolongada (costuma durar cerca de 20 minutos), sentida como aperto ou peso mais para o lado esquerdo e que pode irradiar para o pescoço, costas, mandíbula e braço
  • Formigamento
  • Palidez
  • Falta de ar
  • Sudorese ou suor frio
  • Enjoo
  • Sensação de desmaio
  • Tontura
  • Inchaço nos pés e tornozelos.

Fora esses incômodos, há sintomas inespecíficos que também pedem investigação médica, a exemplo de:

  • Cansaço crônico
  • Dor no pescoço
  • Inflamações constantes na gengiva
  • Ganho de peso abrupto
  • Pés e mãos sempre frios
  • Vontade de urinar várias vezes durante a noite
  • Tosse noturna frequente
  • Queimação no peito.

Em bebês com menos de um ano, é comum ainda observar cianose (coloração azulada nos lábios e pontas dos dedos), dificuldade para mamar, suor excessivo e respiração rápida.

Como curar doenças cardíacas?

Nem sempre existe cura para os males cardiovasculares, pois a maioria é crônica.

Contudo, há tratamento para amenizar essas condições, dando qualidade de vida ao paciente.

Muitas vezes, é possível controlar as doenças e levar uma vida normal.

A terapia prescrita vai depender do tipo, intensidade e chances de complicações a que o problema expõe o paciente.

De forma resumida, o tratamento pode combinar:

  • Medicamentos como anti-hipertensivos (para controle da hipertensão) e insulina (para controle do diabetes)
  • Medidas de emergência como o uso de cardioversão elétrica (choque) para estabilizar a frequência cardíaca ou a administração de anticoagulantes para dissolver coágulos sanguíneos
  • Procedimentos invasivos, a exemplo do cateterismo para desobstruir as artérias. Ou, em casos graves, cirurgias convencionais para substituir válvulas e outras estruturas
  • Mudanças no comportamento, como parar de fumar, adotar uma dieta balanceada e fazer exercício físico pelo menos três vezes por semana.

Como identificar um problema cardíaco?

Somente um médico pode diagnosticar doenças cardíacas.

Para tanto, ele realiza uma consulta prévia coletando informações sobre o histórico do paciente e os sintomas apresentados.

Em seguida, vêm a avaliação física e a solicitação de testes complementares para dar suporte ao diagnóstico.

Diversos procedimentos podem ser pedidos, conforme a suspeita clínica e histórico, por exemplo:

  • Eletrocardiograma (ECG) para medir a atividade elétrica do coração
  • Teste ergométrico ou ECG de esforço para detectar males que alteram o ritmo cardíaco apenas durante esforço físico
  • Holter de ECG, um registro prolongado de ECG que ajuda a diagnosticar arritmias e outras patologias
  • Raio X de tórax para observar a estrutura e tamanho do músculo cardíaco
  • Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) para acompanhar as oscilações e identificar a hipertensão
  • Angiografia para analisar problemas nas artérias e veias
  • Ecocardiograma, que é o ultrassom do coração que permite a avaliação de movimentos, força, direção e velocidade com que o sangue é bombeado. O ecocardiograma fetal está entre os principais exames para detectar anomalias congênitas, permitindo o diagnóstico e tratamento precoces para diminuir eventos adversos.

Qual médico atende distúrbios cardíacos?

O especialista no estudo, diagnóstico e tratamento de problemas cardíacos é o cardiologista.

É a ele que se deve recorrer diante de sintomas de doenças cardiovasculares, mas também quando o objetivo é prevenir esses males.

Daí a importância de adicionar uma consulta com cardiologista ao checkup anual, assim como exames cardiológicos simples, a exemplo do eletrocardiograma.

Consulte com cardiologista online

Emergências exigem o atendimento em pronto-socorro, enquanto certas condições pedem um exame físico detalhado.

Se há dúvidas sobre sinais de problemas cardíacos, você pode agendar uma consulta online com o cardiologista.

Na plataforma de telemedicina Morsch, esse processo é simples e rápido, desde a marcação até a finalização da assistência e envio de documentos digitais ao paciente.

Basta seguir o pequeno roteiro abaixo para marcar sua teleconsulta:

  1. Acesse a página de agendamento
  2. Selecione a especialidade desejada
  3. Confira uma lista com cardiologistas e horários disponíveis para atendimento
  4. Escolha o profissional de sua preferência e clique sobre a melhor data e hora
  5. Faça seu login. Se não tiver cadastro, clique em “Criar Conta” e informe alguns dados para se registrar
  6. Prossiga para a página de pagamento e confirme o agendamento
  7. No dia marcado, você vai receber lembretes e um link de acesso para a sala virtual de teleconsulta.

Conclusão

Espero ter tirado suas dúvidas sobre problemas cardíacos, suas causas, sintomas e o que fazer diante desses desconfortos.

Conte com o software de telemedicina Morsch para ter acesso online e rápido a cardiologistas e outros tipos de médicos, incluindo clínico geral e pediatra.

Assim, você e sua família terão acesso a um atendimento de qualidade, sem sair de casa.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin