Exame MAPA: o que é, para que serve, como é feito e quais os resultados?

Por Dr. José Aldair Morsch, 4 de julho de 2024
Exame MAPA

Simples e não invasivo, o exame MAPA oferece subsídios para uma avaliação ampla da pressão sanguínea, sendo útil no diagnóstico de condições como a hipertensão.

Também chamada de pressão alta, essa condição representa um dos fatores de risco para doenças cardiovasculares, que são a principal causa de morte em todo o mundo.

Dados Global Burden of Diseases (GBD) alertam que patologias no coração, veias e artérias provocam 19,8 milhões de óbitos anualmente em todo o mundo.

Combinado à avaliação clínica e do histórico familiar, o MAPA auxilia na prevenção de eventos maiores, permitindo o controle e tratamento de patologias cardiovasculares.

Neste texto, vou explicar conceitos básicos para a sua realização, benefícios e resultados, além de um bônus para reduzir os custos com a telemedicina e laudo a distância.

O que é o exame MAPA?

O exame MAPA é a monitorização ambulatorial da pressão arterial, realizada de forma indireta e intermitente por pelo menos 24 horas.

Seu principal objetivo é observar se há um comportamento anormal da pressão sanguínea, o que pode levar ao comprometimento de estruturas do sistema cardiovascular.

Para tanto, o procedimento coleta valores de pressão arterial em intervalos regulares, a fim de fornecer um panorama de suas variações ao longo do dia.

Esses dados serão comparados a valores considerados normais para o paciente.

E isso permite a identificação de quadros de pressão alta e/ou baixa.

Qual a diferença entre o exame MAPA e holter 24 horas?

O fato de holter e MAPA serem exames cardiológicos estendidos leva a confusões.

No entanto, há diferenças claras na finalidade dos procedimentos.

Mencionei acima que o MAPA serve para monitorar a pressão arterial, oferecendo dados para diagnosticar a hipertensão.

Já o holter avalia o ritmo cardíaco, correspondendo a um eletrocardiograma de longa duração.

Assim como o MAPA, o holter dura 24 horas ou mais, podendo chegar a até 7 dias, conforme o pedido médico.

Para que serve o exame MAPA?

O MAPA pode ser indicado para duas finalidades básicas.

A primeira é o apoio no diagnóstico da hipertensão, hipotensão e suas causas.

Por oferecer um mapeamento completo, que permite o cálculo da média da pressão arterial durante a vigília (quando o paciente está acordado) e sono, o exame tem um papel essencial nesse cenário.

Entretanto, seus resultados não devem ser usados isoladamente para diagnosticar qualquer patologia. Significa que é preciso observar outros sintomas.

Já a segunda indicação do MAPA ocorre na avaliação da eficácia de tratamentos para controlar a pressão.

Pacientes que recebem remédio para hipertensão, por exemplo, se beneficiam do exame, que possibilita o acompanhamento da abordagem terapêutica.

Caso os valores da PA continuem altos, por exemplo, o médico pode trocar a medicação ou mudar o horário em que ela é administrada.

O que o exame MAPA detecta?

Comentei anteriormente que o MAPA deve ser usado junto a outros parâmetros para o diagnóstico de doenças cardiovasculares.

Fatores como idade do paciente, condicionamento físico e presença de comorbidades precisam ser considerados para uma avaliação correta.

Outro ponto de interesse são as medições da pressão arterial realizadas no consultório médico.

Segundo diretrizes da Sociedade Europeia de Cardiologia, a diferença entre essas medições e os registros do MAPA levam à classificação dos pacientes em 4 categorias.

São elas:

  • Normotensão verdadeira – significa que o paciente tem valores normais de pressão no consultório e nos registros de MAPA, sem grandes variações
  • Hipertensão verdadeira – ocorre quando há valores altos da pressão, tanto nas medições em consultório quanto na média dos valores coletados durante o MAPA
  • Efeito do avental branco – é a diferença entre os valores da pressão medidos em consultório e a média fornecida pelo MAPA
  • Hipertensão do avental branco – é caracterizada por valores anormais nas medições feitas no consultório, mas normais durante o MAPA. Em geral, a pressão arterial (PA) é maior ou igual a 140/90 mmHg, enquanto a média de PA de 24 horas é menor que 130/80 mmHg.

Os valores fornecidos ainda possibilitam verificar se há descenso noturno em diabéticos ou queda acentuada da pressão em cardiopatas que usam anti-hipertensivos.

Médico mede a pressão arterial no consultório

O exame MAPA deve ser usado junto a outros parâmetros para o diagnóstico de doenças cardiovasculares

Como funciona o exame MAPA?

O exame é realizado por meio de um manguito e um monitor, que serão responsáveis pelas medições da PA durante 24 horas ou mais.

Uma vez agendado o procedimento, o paciente comparece na unidade de saúde para que o equipamento seja fixado em seu corpo.

Moderno, o aparelho de MAPA é programado através de um software específico no computador, a fim de que faça medições em intervalos de 15 minutos.

O manguito de borracha é fixado no braço do paciente, enquanto o monitor vai para a cintura.

Ambos são conectados por um tubo de plástico.

Após a instalação, o paciente é liberado para atividades diárias.

Ele retornará à clínica, consultório ou hospital no dia seguinte, quando o equipamento será retirado e os resultados, emitidos.

Preparação para o exame MAPA

Ao agendar a monitorização, o paciente deve ser informado para que não realize atividade física no dia anterior ao exame, a fim de evitar que a pressão se altere por causa do esforço.

Ele também deve tomar banho antes que o equipamento de MAPA seja fixado em seu corpo, pois não poderá fazer isso durante as 24 horas do teste.

Antes que o exame comece, o médico responsável orienta o paciente, explicando que ele não poderá se exercitar durante o exame, mas pode realizar todas as outras atividades normalmente.

O ideal é que essas atividades e o horário em que foram feitas sejam anotadas, gerando informações para uma futura comparação entre elas e os valores de PA.

Médico e paciente precisam ainda garantir que o manguito seja instalado corretamente e com firmeza, pois ele não pode sair do lugar durante a monitorização.

Que roupa usar para fazer o exame MAPA?

O ideal é que o paciente utilize uma blusa folgada, com mangas largas para facilitar a colocação do manguito.

Utilizar cinto ajuda a fixar o monitor do MAPA, pois esse acessório permite o ajuste à cintura.

Também pode ser útil comparecer ao serviço de saúde com uma camisa com botões na frente, em especial nos casos em que estiver indicado o holter junto ao MAPA.

Isso porque o holter exige a fixação de eletrodos no tórax.

Como é feito o exame MAPA?

Após a orientação médica, peso e altura do paciente são medidos, além da circunferência de seu braço.

Esse dado permite a escolha do manguito mais adequado.

Em seguida, o médico faz uma medição prévia com um esfigmomanômetro e anota os valores obtidos.

Ele coloca a pochete que guardará o monitor no paciente, seguida pelo manguito.

Veja esse vídeo demonstrativo de como colocar o aparelho de MAPA no paciente.

Depois, o aparelho de MAPA é testado para conferir se precisa de calibração.

Se estiver calibrado, é programado para colher ao menos 16 registros da PA durante 24 horas.

Então, o equipamento é colocado na pochete e faz uma primeira medição, que é comparada à medição prévia; a diferença entre ambas não pode superar 5 mmHg.

Por fim, o paciente sai do consultório para realizar suas atividades diárias e volta no dia seguinte, quando o teste é encerrado.

Exame MAPA vs medida de pressão arterial no consultório

A pressão sanguínea não se mantém estável, mesmo durante um dia tranquilo.

Como depende dos batimentos cardíacos, a PA é influenciada por fatores neurológicos, comportamentais e ambientais, além do estado emocional do paciente.

Décadas atrás já se falava em pré-hipertensão, principalmente quando médicos começaram a observar que uma faixa dos pacientes examinados no consultório apresentava hipertensão, mas não tinha nenhum sintoma relacionado com a doença.

Normalmente, essas pessoas ficavam nervosas na presença do médico ou preocupadas durante as medições na unidade de saúde, o que elevava os valores da pressão momentaneamente.

Com o tempo, foram desenvolvidos aparelhos de fácil manuseio, viabilizando a realização de MAPA e MRPA (medições residenciais da PA), confirmando que esses pacientes só apresentavam valores anormais diante do médico.

Esse fenômeno, que compreende de 15 a 30% dos casos de hipertensão leve a moderada, recebeu o nome de hipertensão do avental branco (HAB).

Importância do exame MAPA no diagnóstico da hipertensão arterial

O MAPA tem uma contribuição inquestionável para o diagnóstico diferencial da hipertensão arterial, pois oferece um panorama do comportamento da PA durante um dia inteiro, com medições confiáveis.

Obviamente, as medições em consultório são essenciais, mas não dispensam um acompanhamento através da monitorização de 24 horas, que dará informações para classificar o grupo de hipertensos ao qual pertence o paciente.

Assim, ele pode receber o tratamento de forma ágil, normalizando os valores de pressão e reduzindo o risco de lesões em vasos importantes, como a artéria aorta, e consequente sobrecarga ao coração.

Mesmo os portadores de HAB necessitam de acompanhamento para que o quadro não se agrave.

Conforme relata um estudo sobre observação da pressão com MAPA, conduzido pelos cardiologistas Fernando Nobre e Eduardo Barbosa Coelho, há três motivos para que esses pacientes realizem o MAPA todos os anos:

  • Existem evidências de que eles têm risco cardiovascular intermediário, ou seja, a HAB não é benigna
  • Esses pacientes precisam adotar comportamentos mais saudáveis e, em alguns casos, podem melhorar com o auxílio de medicamentos
  • Quem possui HAB tem mais chances de desenvolver hipertensão verdadeira.

É com base em recomendações como essas que o exame pode vir a ser solicitado. 

Possíveis resultados do exame MAPA

Como mencionei antes, o exame não serve para diagnosticar doenças isoladamente, e sim para atestar se há comportamento anormal da PA durante 24 horas.

Para explicar melhor, indivíduos normotensos (com valores normais de PA) apresentam um padrão no comportamento da pressão sanguínea.

Ao acordar, a pressão pode estar ligeiramente elevada (por volta de 140/90 mmHg), até atingir valores normais em vigília – em média, 120/80 mmHg.

Próximo ao horário de dormir, esse valor deve ser reduzido de forma natural entre 10% e 20%, permitindo que o sistema cardiovascular descanse.

Portanto, resultados anormais correspondem aos valores:

  • Média das 24 horas: ≥ 130/80
  • PA em vigília: ≥ 135/85
  • PA durante o sono: ≥ 120/70.

A seguir, falo sobre a interpretação do exame MAPA.

Idoso medindo a pressão

O MAPA tem uma contribuição inquestionável para o diagnóstico diferencial da hipertensão arterial

Como interpretar o exame MAPA?

A inserção do aparelho de MAPA pode ser feita por um técnico de enfermagem devidamente treinado.

Contudo, a interpretação é reservada a cardiologistas especializados na área do exame.

Eles deverão calcular as médias pressóricas para compará-las aos valores de referência e verificar se estão normais ou alterados.

São fatores que compõem a interpretação do MAPA:

  • Finalidade do exame
  • Características técnicas e referentes à qualidade dos registros
  • Médias de pressão sistólica e diastólica durante todo o período de monitorização
  • Cargas pressóricas e elevações 
  • Percentual de descenso noturno.

Tanto as análises quanto a conclusão são registradas no laudo médico do MAPA.

O que anotar no exame MAPA?

O laudo do MAPA deve seguir a estrutura básica para resultados de exames, contendo:

  • Nome completo do paciente
  • Nome e endereço do local onde o exame foi feito
  • Nome do médico solicitante
  • Data de realização do exame
  • Justificativa para a solicitação do procedimento
  • Conduta e descrição detalhada do exame
  • Hipótese diagnóstica
  • Informações adicionais sobre o paciente, como idade, peso, altura, etc.
  • Assinatura do médico responsável pelo laudo.

Veja a seguir como a telemedicina qualifica esse trabalho.

Como a telemedicina pode auxiliar clínicas na realização do exame MAPA

Dada a complexidade e importância da monitorização, interpretar o exame e emitir resultados exige grande conhecimento e dedicação.

Assim como os demais exames complementares, o MAPA só pode ser laudado por especialistas qualificados – neste caso, cardiologistas.

Contar com os serviços desses profissionais pode ser algo corriqueiro nas capitais, mas é um desafio para cidades pequenas ou locais remotos, que não possuem especialistas por perto.

Essa situação dificulta o acesso a exames, pois os restringe a clínicas que tenham especialistas em seu quadro de colaboradores.

A telemedicina está mudando esse cenário, viabilizando a emissão de laudos a distância.

Por meio de um software em nuvem, os registros do MAPA são compartilhados com especialistas distantes geograficamente, que se encarregam dos resultados.

Basta que a clínica, consultório ou hospital local treine um médico generalista, enfermeiro ou técnico de enfermagem para conduzir o exame corretamente.

Passo a passo em como funciona a telecardiologia para o exame MAPA

Primeiro, o médico ou técnico em enfermagem orienta o paciente, fixa o aparelho de MAPA e o retira no dia seguinte.

Os dados gerados pelas medições são enviados a um software que os converte em gráficos digitais, e o próprio técnico pode compartilhá-los via plataforma de telemedicina.

Em seguida, especialistas logados no portal começam a interpretação da MAPA, considerando a suspeita clínica e o histórico do paciente.

Eles produzem o laudo online e o assinam digitalmente, liberando-o em seguida na plataforma.

Os profissionais da clínica que contratou os serviços de telemedicina podem, então, salvar, imprimir ou transmitir o laudo.

Não tenho o aparelho para MAPA, como fazer?

Caso o seu negócio seja pequeno ou esteja em época de contenção de despesas, a aquisição do equipamento de MAPA pode comprometer o orçamento.

Pensando nisso, a Telemedicina Morsch disponibiliza um serviço agregado aos laudos online: o aluguel em comodato.

Funciona assim: o cliente contrata um pacote de laudos e pode utilizar o aparelho de MAPA sem pagar nada mais por isso, enquanto durar a parceria.

Dessa forma, não é preciso investir grandes quantias para aumentar seu portfólio ou a quantidade de monitorizações que sua equipe consegue realizar.

Telemedicina Morsch no auxílio de clínicas que precisam do MAPA

Com um time completo de especialistas e uma plataforma segura, a Morsch fornece suporte a consultórios, clínicas e hospitais na otimização dos resultados do MAPA.

Como expliquei alguns tópicos atrás, o processo de emissão de laudos online é bastante simples e ágil, liberando resultados em minutos.

Exames urgentes ficam prontos em tempo real, apoiando a reversão de eventos graves, além de diagnósticos e tratamentos certeiros.

A Morsch também oferece o aluguel em comodato, segunda opinião médica sempre que necessário e treinamento com boas práticas para a condução do exame por técnicos de enfermagem.

A capacitação fica disponível 24 horas por dia no portal de telemedicina.

Conclusão

Abordei ao longo deste artigo as indicações, conceitos fundamentais e como funciona o exame MAPA (monitorização ambulatorial da pressão arterial).

Expliquei também de que maneira a telemedicina pode ajudar clínicas e hospitais a oferecer esse exame, contratando o serviços de emissão de laudos a distância.

Permita que a Morsch auxilie sua equipe nesse processo, produzindo resultados rápidos e confiáveis com ganhos para o seu negócio.

Peça agora mesmo o seu teste grátis da nossa plataforma ou, se preferir, entre em contato para saber mais.

Se achou este conteúdo relevante, compartilhe!

Acompanhe mais artigos sobre cardiologia que publico aqui no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin