Passos para montar uma clínica radiológica com Telemedicina

Por Dr. José Aldair Morsch, 7 de abril de 2020
Como montar uma clínica radiológica: serviços, planejamento e normas

Aprender como montar uma clínica radiológica é uma boa oportunidade para quem pensa em investir na área da saúde.

Está pensando em abrir o seu próprio negócio e gostaria de saber como montar uma clínica radiológica?

Não há dúvidas de que algo promissor pode nascer aí, no entanto, também cercado de grandes responsabilidades.

Uma clínica de saúde não deixa de ser uma empresa e, portanto, é preciso planejamento, administração e bom preço para atrair clientes e gerar lucro.

Em se tratando de uma clínica de radiologia, unidade que envolve o uso de radiação, é preciso ter ainda alguns cuidados a mais.

Contudo, não se preocupe. Neste artigo, trago um guia completo que ensina como montar uma clínica de radiologia médica.

Você vai saber quais são os passos para tirar essa ideia do papel, conhecer as normas para montar um consultório médico e como usar a tecnologia para fazer da sua clínica um sucesso.

O que é uma clínica de radiologia?

Uma clínica de radiologia é um estabelecimento de saúde voltado para atividades radiológicas, ou seja, que utilizam radiação para fins específicos, com finalidades clínicas.

Esse estabelecimento pode ter foco em radiologia médica, odontológica ou em exames de imagem.

A radiologia médica é uma especialidade que utiliza tipos de radiação para fins diagnósticos e terapêuticos.

A radiologia odontológica, por sua vez, usa a radiação para apoio ao diagnóstico odontológico, como em radiografias internas da boca.

Já uma unidade especializada em exames de imagem realiza mamografias, densitometria óssea e outros testes que dão suporte ao diagnóstico.

Quem pode abrir uma clínica de radiologia?

Como informa o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas — o Sebrae —, os serviços de saúde, incluindo as clínicas radiológicas, costumam ser bastante lucrativos.

Entretanto, pela natureza das atividades, é necessário que o negócio esteja registrado no nome de um especialista em saúde.

Então, anote aí o primeiro requisito obrigatório sobre como montar uma clínica radiológica: o responsável deve ter registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) ou no Conselho Regional de Odontologia (CRO).

Essa exigência agrega maior segurança para a empresa, funcionários e pacientes, pois o responsável tem formação em saúde, ou seja, detém os conhecimentos necessários para prestar o serviço.

Além disso, o fato de um serviço de radiologia clínica estar registrado no nome de um profissional da saúde também facilita a fiscalização e rastreamento de irregularidades por órgãos públicos.

Quais os principais serviços e exames de uma clínica radiológica médica?

Como citei acima, a radiologia médica inclui procedimentos com fins terapêuticos, os quais podem ser minimamente invasivos.

Um exemplo clássico é a biópsia, que colhe uma pequena parte de um tecido para analisá-la e, a partir desses dados, recomendar o tratamento adequado.

No entanto, os centros de diagnóstico por imagem, especializados em testes não invasivos, são maioria neste segmento.

Isso porque, quando não há a oferta de procedimentos invasivos, não é necessário ter uma grande estrutura, o que acaba simplificando o atendimento nesses locais.

Ademais, o risco de complicações e emergências também diminui quando não há exames invasivos.

Os centros de diagnóstico por imagem podem prestar serviços em parceria com convênios, com o Sistema Único de Saúde (SUS) e na rede particular.

A seguir, conheça quais são os procedimentos mais comuns realizados nessas unidades e aprenda como montar uma clínica de radiologia médica.

Radiografias

São testes que usam radiação ionizante para colher imagens de partes internas do corpo.

No raio-X, as imagens aparecem em duas dimensões, mais claras ou escuras, de acordo com a densidade do tecido registrado.

Os ossos, por exemplo, por serem mais densos, aparecem em branco. Já órgãos e partes moles são vistos em tons mais escuros.

Tomografias

Evolução da radiografia, a tomografia usa um aparelho com um tubo que gira 360 graus em torno do paciente, captando cortes da área estudada a partir de diversos ângulos.

Uma única tomografia colhe centenas de radiografias da área estudada.

Os tomógrafos mais modernos permitem, inclusive, que as imagens sejam sobrepostas, formando registros em 3D.

Densitometria óssea

Importante no rastreamento de doenças como a osteoporose, esse exame também usa radiação ionizante.

Sua principal função é medir a densidade do tecido ósseo, a fim de evidenciar áreas enfraquecidas ou outras anomalias.

Mamografia

Também chamado de radiografia das mamas, o exame usa radiação ionizante para avaliar o tecido mamário.

Devido à alta sensibilidade, alcançada principalmente pela mamografia digital, é amplamente utilizado no rastreamento e detecção precoce de câncer de mama em diversos países.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertam que o câncer de mama é o segundo mais comum entre as mulheres em todo o planeta.

A cada ano, são informados mais de 2 milhões de novos casos da doença que, quando descoberta precocemente, têm chances de cura superiores a 90%.

Ultrassom

A ultrassonografia utiliza ondas sonoras de alta frequência para obter imagens de áreas internas, estáticas e em movimento.

Esse teste é comum para a observação do funcionamento de órgãos, além do desenvolvimento fetal durante a gestação.

Outro exemplo bem conhecido é a ecocardiografia, que usa o ultrassom para colher imagens do coração.

Ressonância magnética

Esse exame é um dos mais modernos no campo da radiologia médica.

Um dos seus benefícios é que ele não utiliza radiação ionizante, mas um campo magnético.

Na ressonância, são geradas imagens de alta resolução de várias partes do organismo.

Como montar uma clínica radiológica?

Como montar uma clínica radiológica

Como montar uma clínica radiológica

Depois de conhecer os exames, é hora de descobrir como montar uma clínica radiológica e tirar esse projeto do papel.

Em primeiro lugar, saiba que será necessário fazer um bom investimento inicial.

Tome como exemplo esta reportagem, que mostra que abrir uma franquia de clínica de diagnóstico por imagem na área de odontologia custava entre 400 e 600 mil reais em 2013.

Na época, a taxa de franquia ficava em 50 mil reais, com um capital de giro de 25 mil.

São números vários anos atrás, portanto, servem apenas para conhecimento, não como referência.

Antes de dar início ao negócio, é importante realizar uma pesquisa aprofundada sobre o mercado. Vale conversar com possíveis fornecedores, parceiros e até concorrentes.

Isso sem falar nos aspectos legais, sobre os quais vou falar mais detalhadamente em seguida.

Mas, desde já, saiba que será necessário conseguir a licença de operação junto à prefeitura.

De acordo com a Portaria 453/98 do Ministério da Saúde, nenhum serviço de diagnóstico pode funcionar se não estiver licenciado pela autoridade sanitária local.

Vamos, então, começar a montar a sua clínica radiológica, iniciando pelo planejamento desse novo negócio.

Planejamento da clínica radiológica

Uma clínica radiológica é um negócio que engloba particularidades, muito em razão da radiação ionizante.

Por isso, é preciso planejar com detalhes os procedimentos que serão realizados, o que inclui a gestão, a organização financeira, a divulgação, as exigências legais, a estrutura, os recursos humanos e equipamentos.

Também é importante fazer uma boa análise de mercado, para conhecer o que você vai encarar daqui para frente.

Nessa etapa, vale visitar empresas e verificar quais são as melhores práticas — a troca de informações e experiências é indispensável.

O planejamento também é a hora ideal para traçar metas e ações que serão cumpridas para abrir o negócio e mantê-lo funcionando.

Nesse momento, você precisa ter uma visão de longo prazo, ou seja, tornar visível a decisão e alocação de recursos.

Assim, a clínica estará preparada para mudanças, sempre comuns no mercado.

Planejamento financeiro

Embora já tenha falado do planejamento inicial, não posso deixar de dar destaque para um ponto em específico: as finanças.

Você já viu que, para abrir a sua própria clínica de radiologia, é preciso fazer um investimento inicial bem alto.

Mas, e depois disso? Quando sua empresa já estiver funcionando, você vai precisar ter o controle do fluxo de caixa para não acabar no negativo.

Nesse processo, é necessário ter na ponta do lápis tudo o que entra e que sai do negócio: despesas fixas, variáveis, pagamentos pelos clientes, pelos planos de saúde, impostos. Nada pode ficar de fora!

Assim, você controla bem o dinheiro da empresa é pode até reservar parte das economias para fazer ainda mais investimentos, como aumentar a estrutura física, comprar novas máquinas para ofertar mais exames ou até abrir uma segunda unidade.

Estrutura da clínica radiológica

A estrutura vai depender dos serviços ofertados, de quantos pacientes são atendidos por dia e do que diz a legislação em cada caso.

Mas, de maneira geral, uma clínica de radiologia médica precisa ter uma sala de espera, uma recepção e a área de registro para pacientes, bem como escritório e vestiário.

O local precisa contar, ainda, com salas especiais para os equipamentos e laudos, além de uma área separada para outros serviços.

O tamanho da clínica deve respeitar a legislação vigente, que considera o tipo e a quantidade de aparelhos radiológicos disponíveis.

Assim, o mais comum é que sejam contratados profissionais especializados para a construção ou reforma do local onde a clínica vai funcionar.

Lista de máquinas e equipamentos para clínica de radiologia médica ou hospitalar

Conforme a Portaria 453/98 do Ministério da Saúde, todos os equipamentos médicos e hospitalares devem apresentar registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Conheça alguns itens comuns nesses estabelecimentos e saiba como montar uma clínica de radiologia médica:

Profissionais necessários para o funcionamento da clínica radiológica

Esse quesito também depende do tamanho e dos serviços prestados, então, vamos tomar como base uma pequena clínica.

Para funcionar, ela precisa ter uma recepção, agendamento de exames, limpeza e, claro, realizar os testes de diagnóstico.

Assim, será necessário contratar, pelo menos, um médico radiologista, que ficará responsável pela área técnica.

Como determina o Conselho Federal de Medicina, radiografias simples, que não utilizem contraste, incluindo a mamografia, podem ser realizadas por técnicos em radiologia.

Portanto, um ou mais técnicos também deverão compor a equipe.

Recepcionistas, atendentes e profissionais de limpeza — que podem ser de uma empresa terceirizada — também farão parte do dia a dia na unidade de saúde.

Localização da clínica de radiologia

A localização será apresentada e validada pela Prefeitura e autoridades sanitárias locais, após a aprovação do funcionamento da clínica. E isso ocorre por duas razões.

Primeiro, porque, no local, serão emitidas doses de radiação ionizante, que precisam ser isoladas e controladas.

Segundo, porque é interessante que a clínica seja instalada perto de algum hospital.

Assim, caso ocorram acidentes durante os exames, o paciente será socorrido e encaminhado para um centro de referência rapidamente.

Relacionamento com os pacientes

Depois de pensar em toda a estrutura e parte técnica, você precisa ter em mente também em como desenvolver uma boa relação com os pacientes.

Afinal, são eles que vão garantir a lucratividade do negócio, por isso, é preciso fazer o máximo para agradá-los.

Entre as melhores práticas estão o atendimento humanizado, em que o cliente é ouvido e tratado com respeito, pontualidade, cumprimento dos prazos de emissão dos exames e comodidades na recepção, como café, lanches, sofás confortáveis e wi-fi liberado.

Quais são as normas do Ministério da Saúde para os serviços e clínicas de radiologia?

As principais legislações que precisam ser observadas na hora de montar o seu serviço de radiologia clínica são a RDC nº 50/2012 da Anvisa e a já citada Portaria 453/98 do Ministério da Saúde.

A primeira aborda o regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos de saúde.

O texto especifica como devem ser as construções e reformas.

Já a Portaria 453/98 do Ministério da Saúde aprova o regulamento técnico com diretrizes básicas de proteção radiológica em clínicas de radiodiagnóstico médico e odontológico.

Ela contém informações sobre inspeções sanitárias, infrações e autoridades sanitárias em nível nacional (Anvisa), estadual e municipal.

Essa legislação também estabelece exigências que devem estar presentes desde o projeto de construção ou reforma da clínica, a fim de reduzir as exposições à radiação ionizante.

Um exemplo é a blindagem de portas, paredes, piso e teto.

Lembrando que o estabelecimento é obrigado a ter um responsável técnico — um médico ou odontólogo que responderá pelos procedimentos radiológicos no âmbito do serviço.

Além disso, você deve eleger um membro da equipe de saúde (o supervisor de proteção radiológica de radiodiagnóstico) para se responsabilizar pelas atividades de proteção radiológica.

Riscos e cuidados com a radioatividade

Riscos e cuidados com a radioatividade

Riscos e cuidados com a radioatividade

Entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde têm alertado sobre os perigos e efeito cumulativo da radiação ionizante nos seres vivos.

Essa radiação está relacionada ao desenvolvimento de vários tipos de câncer, pois é capaz de alterar o material genético das células, responsável por coordenar os processos bioquímicos e a multiplicação celular.

Como muitos procedimentos radiológicos utilizam raios-X, a legislação vigente contempla um programa para redução da exposição de funcionários, pacientes e comunidade no entorno das clínicas radiológicas.

Além da blindagem, os empregadores precisam adotar medidas como monitoramento e controle de saúde dos trabalhadores expostos, provendo equipamentos de proteção individual.

Os pacientes e acompanhantes também precisam ser protegidos, os quais devem utilizar vestimentas especiais que são disponibilizadas pela clínica.

As equipes da clínica precisam estar sempre atualizadas, de forma que consigam conduzir testes radiológicos com a mínima exposição necessária para registro das imagens.

Por isso, cursos, palestras e congressos são oportunidades muito interessantes para atualizar os funcionários sobre o tema.

Por fim, não posso deixar de citar a importância da calibração, controle de qualidade e operação dos equipamentos que usam raio-X — medidas de segurança indispensáveis para evitar acidentes tanto com os colaboradores quanto com os pacientes.

Como a Telemedicina e o laudo a distância podem contribuir para a eficiência da clínica de radiologia?

Como vimos até aqui, não há como montar uma clínica radiológica sem investimentos nesse negócio — mesmo que a estrutura seja pequena, os custos são altos.

Por isso, trago uma ideia interessante para reduzir os seus gastos: o laudo a distância é uma facilidade que a Telemedicina Morsch oferece aos seus parceiros.

Este tipo de serviço é um reforço interessante para clínicas de todos os portes, pois supre a demanda da empresa e libera os médicos especialistas para a realização de outras atividades.

Enquanto isso, os especialistas da empresa de Telemedicina têm acesso aos dados coletados pelos equipamentos por meio de uma plataforma segura e podem avaliar os exames à luz da suspeita clínica e histórico do paciente.

Na sequência, eles emitem o laudo on-line e o assinam digitalmente — tudo isso no prazo de 30 minutos.

Por meio da Telemedicina, a equipe da clínica radiológica também pode contar com uma segunda opinião qualificada, extremamente útil para esclarecer dúvidas quanto a alguns resultados e diagnósticos.

Ademais, com a plataforma de Telemedicina, as clínicas armazenam as informações de exames e pacientes na nuvem, sem perder a qualidade por anos e de forma muito segura, livre da ação do tempo e de invasores, além de desocupar grande parte do espaço físico da empresa.

Quando necessário, esses dados podem ser encontrados facilmente por meio de pesquisa, além de serem cruzados, contribuindo para diagnósticos cada vez mais acertados.

Por conta de todas essas vantagens, o número de clínicas de todo o país que estão firmando parceria com empresas de Telemedicina, que não param de crescer.

Conclusão

Neste artigo, você teve a oportunidade de conferir minha abordagem sobre os principais pontos que devem ser levados em consideração na hora de abrir o seu próprio serviço de radiologia clínica.

Aqui, apresentei um passo a passo, além de dicas e informações valiosas para começar o seu negócio nesse segmento específico da área da saúde.

A ideia é promissora, não tenha dúvidas disso! Principalmente se você tomar as melhores medidas para entregar um serviço de excelência aos pacientes da sua região.

Como você pôde ver, essa é uma proposta que exige um bom investimento, mas que pode se tornar viável graças ao apoio da tecnologia, como é o caso da colaboração estratégica da Telemedicina.

Por isso, não deixe de contar com a Telemedicina Morsch para ter o suporte que você precisa na oferta de exames de imagem.

Aliás, esse é um dos principais segredos de como montar uma clínica radiológica com eficiência. Então, considere a possibilidade e invista em recursos e soluções inovadoras que realmente trarão bons resultados.

E você, está em processo de abrir sua própria clínica de radiologia?

Já está utilizando os recursos da Telemedicina?

Deixe um comentário no post contando um pouco mais sobre a sua experiência!

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin