Dicas e oportunidades para empreender na saúde

Por Dr. José Aldair Morsch, 18 de fevereiro de 2019
Empreendedorismo na saúde - dicas, oportunidades e desafios no Brasil

O empreendedorismo na saúde é um campo promissor para quem deseja ajudar pessoas, fazer a diferença na sociedade e ter um negócio rentável.

Pautados em propósito, conhecimento e inovação, profissionais estão revolucionando o setor, agregando qualidade e tecnologia aos serviços prestados.

São esses esforços que tem ampliado o acesso da população a diagnósticos e tratamentos.

Mas empreender em saúde no Brasil envolve a superação não apenas de barreiras comportamentais, como também éticas e legais.

Neste artigo, falo sobre desafios e apresento soluções para os atuais e os futuros empreendedores da área da saúde.

Ficou interessado? Então, continue a leitura.

O que é o empreendedorismo na saúde?

Empreendedorismo na saúde é um conjunto de comportamentos e ideias que levam à inovação na criação ou aprimoramento de produtos e serviços voltados ao setor.

Cultivar um espírito empreendedor gera transformações pessoais e atitudes que promovem impactos profundos no mercado e na sociedade.

Parafraseando o famoso filósofo Nicolau Maquiavel, empreendedores são aqueles que entendem que há uma pequena diferença entre obstáculos e oportunidades e são capazes de transformar ambos em vantagem.

Para empreender na saúde, montar uma nova empresa não é exigência: é possível inovar em sistemas, aplicativos, equipamentos e até na melhoria de processos.

De acordo com o Sebrae, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, tudo começa com o desenvolvimento de um comportamento empreendedor, que tem como características principais:

  • Busca de oportunidades e iniciativa
  • Persistência
  • Correr riscos calculados
  • Qualidade e eficiência
  • Comprometimento
  • Busca de informações
  • Estabelecimento de metas
  • Planejamento e monitoramento sistemáticos
  • Persuasão e rede de contatos
  • Independência e autoconfiança.

Mercado de saúde no Brasil

O mercado de saúde no país compreende uma ampla gama de soluções, que vão desde as mais básicas, como hospitais e clínicas, até combinações entre saúde e bem-estar, com foco na melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Para se ter uma ideia, existem mais de 6.000 hospitais espalhados pelo Brasil.

Dados do IBGE mostram que, em 2018, a população superou os 200 milhões de habitantes, o que faz do mercado brasileiro o 8º maior do mundo.

O país também é reconhecido por oferecer ampla cobertura através do Sistema Único de Saúde.

No entanto, o SUS não tem sido suficientemente eficaz para contemplar as necessidades da população, levando 20% a optarem por seguros privados. Mais de 50% das despesas na área são pagas pelos pacientes e famílias.

Ou seja, os valores investidos em serviços particulares são altos, uma vez que o custeamento da saúde corresponde a 8,5% do PIB brasileiro, ou US$ 1.109 per capita.

Peculiaridades do setor da saúde no Brasil

Peculiaridades do setor da saúde no Brasil

Empreendedorismo na saúde: peculiaridades do setor da saúde no Brasil

Como citei no início deste artigo, empreender no mercado brasileiro de saúde envolve algumas particularidades.

Para começar, é preciso conhecer o setor antes de colocar uma boa ideia em prática.

Ela deve ser adequada às regras de regulamentação, código de ética profissional e marketing médico.

Saiba mais sobre cada um deles abaixo.

Alta regulamentação do setor

Os estabelecimentos de saúde no Brasil precisam obedecer a uma série de normas para estar dentro da lei.

Antes mesmo de abrir um consultório, clínica ou hospital, é preciso obter licenças de funcionamento junto à Prefeitura, serviço de limpeza urbana municipal, vigilância sanitária e Corpo de Bombeiros.

Vinculada ao Ministério da Saúde, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também regula as exigências sobre equipamentos médicos, que devem ser rastreados desde sua aquisição até o descarte.

As atividades dos profissionais de saúde são regidas por resoluções e outros documentos emitidos por seus conselhos, a exemplo do Conselho Federal de Medicina (CFM) e do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).

Além delas, existem regras para proteger os funcionários durante a jornada de trabalho, como a Norma Regulamentadora 32 do Ministério do Trabalho.

Possui código de ética

Conforme a Declaração Universal dos Direitos Humanos, saúde e assistência médica são componentes básicos para uma vida digna.

Para garantir esses serviços, os profissionais que atuam no segmento se comprometem com os direitos e deveres dos seus respectivos códigos de ética.

Os médicos, por exemplo, não podem participar de experiências ou pesquisas envolvendo seres humanos com fins bélicos, políticos, étnicos, eugênicos.

Marketing médico com restrições

Publicado pelo CFM, o Manual de Publicidade Médica tem como base o seu Código de Ética.

Ambos os documentos determinam que o marketing médico deve ser feito exclusivamente com caráter educativo, vedando quaisquer formas de sensacionalismo, autopromoção ou informações falsas.

Em outras palavras, médicos não podem ter seu nome ligado à divulgação de produtos relacionados à medicina, propaganda enganosa ou especialidades e tratamentos para os quais não estejam habilitados.

Usar a imagem de pacientes, ainda que com a autorização deles, também é proibido.

Dicas para empreender na saúde

Apesar de gerar inovação, empreender não significa apenas criar algo totalmente do zero.

Muitas vezes, as ideias de sucesso partem da resposta a problemas antigos, ou mesmo de uma nova abordagem a uma antiga demanda.

Por isso, vale focar no conhecimento sobre o público e em suas limitações, desejos e interesses.

Quer um exemplo?

A necessidade de perceber os movimentos levou à invenção de um braço mecânico diferenciado por pesquisadores da Clínica Cleveland, nos Estados Unidos.

Graças ao dispositivo vibratório implantado nos músculos que abrigam nervos redirecionados do braço, pacientes podem sentir os movimentos executados com a ajuda da prótese.

De fato, trata-se de uma grande descoberta.

Mas, para que ela se torne um empreendimento bem-sucedido, precisa ter o suporte de uma boa gestão, ser construída com tecnologia adequada e manter os padrões de qualidade.

Sem eles, a prótese pode não funcionar como previsto e o mesmo pode acontecer se houver falta de equipamentos necessários para construir o braço mecânico.

Uma gestão correta, que administre as pesquisas, inserção da prótese, finanças e vendas, também é importante para que os investimentos deem lucro.

Desafios do empreendedorismo na área da saúde

Desafios do empreendedorismo na área da saúde

Desafios do empreendedorismo na área da saúde

Vimos, há alguns tópicos, que o setor da saúde possui peculiaridades no Brasil.

Dependendo do empreendimento ou inovação, barreiras éticas e legais podem dificultar ou até restringir a atuação de alguns negócios.

Para fugir da ilegalidade e má reputação, a dica é ficar em dia com órgãos fiscalizadores e com o compromisso ético dos profissionais.

Os principais desafios estão na missão inerente aos serviços, responsabilidade e regulamentação.

É visto como serviço social

Devido ao caráter dos serviços prestados, pode ser difícil enxergar consultas, exames e tratamentos médicos como atividades de um negócio.

Porém, com exceção das unidades do SUS, os empreendimentos na área são empresas privadas.

Isso significa que eles precisam não apenas cobrir os gastos, como também gerar o retorno financeiro necessário para sustentar sócios, pagar funcionários e dar retorno aos investidores.

O gestor que não tiver isso em mente pode se perder no caminho, negligenciar a atenção devida às finanças e causar sérios prejuízos à continuidade da empresa.

Responsabilidade em lidar com a vida

Embora sejam empresas, os estabelecimentos de saúde cuidam de uma área extremamente delicada para seus clientes.

Cada procedimento deve ser realizado com o máximo zelo e dedicação, pois exerce influência sobre o quadro de saúde do paciente.

Daí a importância de adotar a empatia e se esforçar por um atendimento mais humanizado, que considere os efeitos das consultas e tratamentos nas várias esferas da vida das pessoas.

Vencer esse desafio pede capacitação técnica, orientação e dedicação aos cuidados com o paciente.

Área extremamente regulamentada e fiscalizada

Vimos que Anvisa, CFM e Ministério do Trabalho são alguns órgãos fiscalizadores do setor.

Por combinar diferentes tipos de risco – sanitário, químico, físico, biológico, ergonômico -, a área da saúde está sempre na mira dos auditores públicos.

Gestores devem estar atentos às atualizações do setor, proporcionando treinamento aos colaboradores, além de manter os documentos exigidos na unidade de saúde.

Caso haja alguma visita dos agentes públicos, licenças de funcionamento e outras autorizações devem ser apresentadas.

Afinal, empreendedorismo na saúde vale a pena?

Diante de tantos desafios, será que escolher a área da saúde é vantajoso para um empreendedor?

A resposta é sim.

O setor pode englobar especificidades e exigir conhecimento técnico mas, por outro lado, lida com serviços de primeira necessidade para as pessoas.

Ou seja, a possibilidade de os pacientes deixarem de procurar serviços de saúde é pequena, mesmo em situações extremas.

Empreender em saúde também proporciona grande realização pessoal e profissional para os envolvidos, porque seu trabalho costuma fazer a diferença na vida do paciente.

Pense no impacto para a qualidade de vida quando há prevenção, diagnóstico precoce e tratamento correto de doenças.

Os criadores do braço mecânico sensível, por exemplo, estão dando mais autonomia e fortalecendo a autoconfiança de pessoas que sofreram a perda de um membro.

Oportunidades e exemplos de empreendedorismo na saúde

Agora que já conhecemos o comportamento empreendedor, particularidades da área e desafios, vamos detalhar alguns tipos de iniciativa.

As oportunidades se aplicam ao campo do diagnóstico, tratamento, equipamentos médicos e saúde digital – que usa tecnologias da informação e comunicação (TICs) com fins terapêuticos, de pesquisa, treinamento ou acompanhamento de patologias.

Clínicas médicas

Modelo de negócio, atendimento e agilidade são alguns pontos com margem para a inovação em uma clínica médica.

Esse tipo de estabelecimento pode tanto oferecer consultas quanto exames e também tratamentos, mesmo aqueles que exijam pequenos procedimentos.

Consultórios

Estabelecimentos menores e dedicados ao atendimento de apenas uma especialidade médica podem ser uma boa opção para quem está começando a empreender.

Novas tecnologias, como softwares para clínicas e consultórios e telemedicina, são opções para otimizar rotinas operacionais e a emissão de laudos médicos, agregando valor ao negócio e conquistando a satisfação dos pacientes.

Equipamentos médicos

A área de equipamentos médicos é uma das mais promissoras, justamente pelo avanço da tecnologia.

Mais recentemente, tem crescido a demanda por aparelhos digitais, como aqueles utilizados em exames de imagem.

Esse setor da indústria tem se concentrado cada vez mais em oferecer soluções que não dependem de fios e cabos, possibilitando a conexão com o computador via bluetooth e wireless.

Aplicativos médicos

Aplicativos já são amplamente utilizados na área da saúde, principalmente para prevenção e autocuidado.

Mas isso é só o início.

Empreender no desenvolvimento desse tipo de solução encontra um terreno fértil para inovações.

Startups

Por falar em inovação, as startups têm nela a sua principal premissa, funcionando em modelos de negócio escaláveis, com equipes e recursos enxutos.

Na área da saúde, podemos destacar as chamadas healthtechs, que unem tecnologia e serviços de saúde.

Realidade virtual e gamificação são algumas das possibilidades para aproximar a teoria da prática durante o treinamento de profissionais de saúde.

Como a Telemedicina Morsch pode auxiliar nos empreendimentos de saúde

Como a Telemedicina Morsch pode auxiliar nos empreendimentos de saúde

Tomando como exemplo as maiores representantes da inovação – as startups -, observamos que é essencial contar com a tecnologia para ter sucesso ao empreender.

Isso porque ela automatiza atividades rotineiras, aumenta a velocidade e reduz a possibilidade de falhas humanas, comuns em tarefas repetitivas.

Unidades de saúde que realizam testes de diagnóstico, por exemplo, podem contratar serviços de telemedicina para reduzir o tempo de espera pelos resultados.

Empresas como a Telemedicina Morsch permitem a emissão de laudos médicos em poucos minutos, enquanto pedidos urgentes ficam prontos em tempo real.

O processo é simples e está ao alcance de qualquer estabelecimento que tenha equipamentos digitais.

Basta treinar técnicos em radiologia e enfermagem para a realização dos exames mais simples, e compartilhar os resultados via plataforma de telemedicina.

Especialistas acessam o portal com login e senha, avaliam os dados e anotam suas impressões no laudo médico, assinado digitalmente.

Em seguida, o documento fica disponível na mesma plataforma.

E tem mais: através do aluguel em comodato, a Morsch possibilita que pequenas clínicas e consultórios também tenham acesso ao serviço de laudos à distância.

Contratando um pacote de laudos, essas unidades ganham o direito de usar aparelhos modernos..

Assim, não é preciso investir altas quantias na aquisição de equipamentos digitais.

Conclusão

Reuni, neste artigo, conceitos, desafios e soluções para o empreendedorismo na saúde.

Fica evidente a necessidade de se diferenciar em um mercado competitivo, e a tecnologia é uma das maiores aliadas nesse cenário.

Com a telemedicina, unidades de saúde em todo o Brasil podem agilizar a emissão de laudos à distância, economizando na contratação de especialistas.

Permita que a Telemedicina Morsch dê o suporte para você e sua equipe, desde o início do seu empreendimento.

Peça seu teste grátis da nossa plataforma e experimente toda a comodidade e vantagens dos laudos à distância.

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Referências Bibliográficas

  • Empreendedorismo na saúde – Tymo Nakao – Empreender Saúde
  • Norma Regulamentadora NR-32 – Ministério do Trabalho
  • Declaração Universal dos Direitos Humanos – Organização das Nações Unidas
  • Código de Ética Médica – Conselho Federal de Medicina
  • Manual de Publicidade Médica – Conselho Federal de Medicina
Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin