Saúde digital: o que é, exemplos, benefícios e como implementar

Por Dr. José Aldair Morsch, 23 de julho de 2024
Saúde digital

A saúde digital viabiliza avanços não apenas na medicina, mas também em relação à assistência e cuidados destinados ao bem-estar.

Fazendo uso de inovações tecnológicas como inteligência artificial (IA) e internet das coisas (IoT), essa área é fundamental para promover a transformação digital na saúde.

E, por consequência, tornar os processos mais ágeis e práticos, encurtando distâncias para entregar soluções de qualidade à população.

Dentro desse espectro, a telemedicina permite a democratização de serviços médicos, ampliando seu alcance para além dos estabelecimentos de saúde.

Apresento um panorama da saúde digital nas próximas linhas, passando pelos desafios e como aproveitar as vantagens para otimizar a gestão em saúde.

O que é saúde digital?

Saúde digital é o conjunto de soluções e produtos tecnológicos destinados à ampliação do acesso aos cuidados e bem-estar.

Também chamada de e-Saúde, trata-se de uma área ampla que surge a partir da aplicação das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) à saúde, conforme definição da Organização Mundial da Saúde.

Ainda segundo a OMS: “No seu sentido mais amplo, a e-Saúde tem como objetivo aumentar a qualidade e ampliar o acesso à atenção à saúde através do uso das Tecnologias de Informação, incluindo os saberes e práticas inerentes a esta área do conhecimento”.

Todos esses mecanismos contribuem para alcançar objetivos como:

  • Dar agilidade ao fluxo assistencial
  • Qualificar as equipes de saúde
  • Tornar mais eficaz e eficiente o fluxo de informações para apoio à decisão em saúde – incluindo a decisão clínica, de vigilância em saúde, de regulação e promoção da saúde, de gestão.

No próximo tópico, explico como a saúde digital funciona.

Como funciona a saúde digital?

A saúde digital funciona a partir do uso de TICs para otimizar rotinas assistenciais, de monitoramento e educação em saúde.

Dentro desse universo se encontram desde serviços intermediados pela tecnologia na saúde até dispositivos que possibilitam a coleta e análise de informações para apoiar campos como a medicina preventiva.

Um exemplo é o uso de big data para o processamento de grandes quantidades de dados sobre uma comunidade, permitindo identificar padrões de disseminação de vírus, a fim de evitar ou controlar epidemias.

Ou o uso de softwares médicos para apoiar o trabalho de equipes de resgate ou que atuam em locais remotos, onde há carência de médicos especialistas.

Ferramentas de saúde digital proporcionam a comunicação e compartilhamento de dados de maneira rápida, segura e eficaz, compreendendo as modalidades:

  • Síncrona: que ocorre em tempo real, empregando recursos de áudio e vídeo para viabilizar conversas semelhantes ao contato presencial
  • Assíncrona: quando as respostas levam minutos, horas ou alguns dias para serem enviadas. É realizada por meio de chats, transmissão de imagens e outros arquivos digitais que requerem algum tempo para avaliação.

Graças ao avanço da tecnologia, os serviços de saúde digital vêm se expandindo, como explico a seguir.

Exemplos de serviços de saúde digital

As aplicações de saúde digital podem ser vistas em diversos serviços, muitos deles disponíveis atualmente.

É o caso da telessaúde e telemedicina, que focam na entrega de soluções para conectar pacientes e profissionais de saúde, ou mesmo apenas os profissionais que estejam geograficamente distantes.

Apresento algumas opções a seguir.

Monitoramento remoto

Dispositivos vestíveis, como pulseiras e relógios inteligentes, estão entre as tecnologias empregadas no monitoramento a distância.

Elas coletam dados, por exemplo, sobre os sinais vitais, e os transmitem a bases ou bancos localizados num espaço protegido da nuvem (local de armazenamento da internet), onde podem ser visualizados pelas equipes de saúde.

Outra funcionalidade interessante são os alertas em caso de anormalidades, que orientam o paciente a ir ao pronto-socorro diante de manifestações de infarto e outros eventos graves.

O acompanhamento de doentes crônicos também pode ser feito por meio da teleconsulta e telemonitoramento, realizados numa sala virtual, que facilitam a avaliação médica de rotina.

Análise de dados

Como mencionei mais acima, aplicações como big data viabilizam análises de dados complexos, revelando padrões importantes para a tomada de decisões em saúde.

O mesmo raciocínio vale para a inteligência artificial, que usa machine learning ou aprendizado de máquina para identificar sintomas, por exemplo, aumentando a acurácia dos diagnósticos.

Essas tecnologias ganham ainda mais potência com a internet das coisas (IoT), que conecta objetos físicos ao ambiente digital.

Emissão de laudos eletrônicos

Sistemas desenvolvidos para a prestação de serviços de saúde, como a plataforma de telemedicina, fornecem ambientes para a troca de informações e interpretação de exames a distância.

Chamada telediagnóstico, essa dinâmica supre a demanda por especialistas in loco para a emissão de laudos médicos, que são entregues via internet.

Telecirurgia

A cirurgia a distância já é uma realidade em hospitais brasileiros modernos, que utilizam plataformas especializadas para elevar a precisão dos movimentos durante procedimentos invasivos.

Utilizando plataformas específicas conectadas a um braço robótico, o cirurgião controla os movimentos do robô por meio de um joystick, observando detalhes da operação via câmera.

Devido a cortes mais limpos e menor sangramento, a telecirurgia tem reduzido complicações e o tempo de recuperação do paciente.

Prescrição eletrônica

Outra funcionalidade da plataforma de telemedicina é a criação, assinatura e compartilhamento de documentos como a receita digital.

Afinal, ela oferece um ambiente seguro para fazer a prescrição eletrônica, seja durante uma teleconsulta ou em outro momento da assistência.

Saúde digital online

Ferramentas de saúde digital proporcionam a comunicação e compartilhamento de dados de maneira rápida

Teleconsulta

A consulta online direta ao paciente pode ser feita por médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e outros colegas da área da saúde.

O modelo mais conhecido é feito por videoconferência, dentro de uma sala virtual reservada, a fim de garantir o sigilo profissional.

Treinamento online

Seja a partir de games, videoaulas, infográficos ou outros conteúdos virtuais, a capacitação das equipes de saúde é otimizada usando a saúde digital.

O treinamento atende a diferentes necessidades, incluindo a adoção de boas práticas na realização de exames complementares, uso de ferramentas de administração hospitalar, biossegurança, etc.

Impressão 3D

Diferentes abordagens terapêuticas se beneficiam da impressão de próteses e outros objetos sob medida utilizando impressoras 3D.

Essa inovação da medicina do futuro ainda poderá viabilizar a impressão de órgãos e outros tecidos orgânicos.

Potencialmente, pode diminuir as filas de transplantes e aumentar a sobrevida de pacientes.

Vantagens da saúde digital

Citei algumas vantagens nos tópicos anteriores e, agora, falo sobre as principais.

Customização do atendimento

Sistemas como o prontuário eletrônico permitem compilar diversos dados do histórico do paciente, assim como recuperá-los em poucos cliques.

Junto à IA, machine learning e big data, esses dados permitem personalizar o atendimento e tratamento, adaptando rotinas a necessidades específicas do cliente.

Por exemplo, informações sobre doenças crônicas e alergias não precisam ser repetidas a cada interação com serviços de saúde digital, pois ficam disponíveis no sistema.

Processos automatizados

Dinâmicas como a digitalização de prontuários ganham rapidez e menos erros ao contar com ferramentas de tecnologia na saúde.

Softwares podem criar arquivos virtuais, atualizá-los automaticamente e cruzar informações a partir de alguns comandos simples, assim como localizar registros de forma instantânea.

Nesse cenário, há grande economia de tempo dos funcionários da recepção e dos profissionais de saúde.

Maior eficiência

A saúde digital permite a entrega de mais valor usando menos recursos.

Dispondo da agenda médica virtual, prontuário eletrônico e outros recursos, os colaboradores terão aumento na produtividade e diminuição da carga de trabalho.

Como resultado, consultórios, clínicas e hospitais se tornam mais lucrativos.

Redução de custos

Além de processos otimizados, que levam menos tempo, a conexão através de plataformas digitais dispensa deslocamentos de pacientes e profissionais de saúde.

Isso representa menores gastos com transporte, passagens, estadia, alimentação e demais despesas referentes a viagens.

Diagnósticos e tratamentos mais qualificados

O suporte das aplicações de e-saúde faz a diferença no dia a dia dos profissionais.

Médicos ganham agilidade e precisão diagnóstica quando podem utilizar essas ferramentas, por exemplo, para analisar imagens que remetem a doenças dermatológicas.

Ou mesmo aquelas geradas por exames de diagnóstico por imagem, uma vez que a IA pode indicar semelhanças e distorções relevantes.

Desse modo, os tratamentos também se tornam mais adequados e customizados, considerando detalhes sobre a condição clínica de cada paciente.

Quais as desvantagens da saúde digital?

Apesar de agregar vários benefícios, a saúde digital tem pontos de atenção.

Uma das mais expressivas é o alto custo de algumas tecnologias, como as plataformas para telecirurgias.

Outra questão é a necessidade de conexões de internet estáveis para melhor aproveitamento das soluções, o que nem sempre está disponível, especialmente em locais afastados dos centros urbanos.

Por fim, cabe falar da necessidade de proteção aos dados para impedir vazamentos para pessoas não autorizadas.

Esse problema pode ser sanado com cuidados na seleção do sistema utilizado, que deve atender às exigências da LGPD e de autoridades de saúde locais.

Quanto ao custo, a expectativa é que seja reduzido à medida que aumenta a concorrência entre as plataformas de cirurgia robótica e outras tecnologias.

A internet banda larga e 5G também vem ampliando o alcance no Brasil, o que permite o uso de softwares cada vez mais robustos.

Panorama e desafios da saúde digital no Brasil

O campo da saúde digital conta com ações organizadas em nível nacional desde 2015, quando foi publicada a Política Nacional de Informação e Informática em Saúde – PNIIS.

Desde então, o Ministério da Saúde desenvolveu os pilares para a Estratégia de Saúde Digital para o Brasil 2020-2028, um plano de transformação digital na saúde.

O documento apresenta três grandes eixos de ação para superar os desafios atuais:

  • Eixo 1 – Ações do Ministério da Saúde para o SUS: parte do reconhecimento e valorização do Programa Conecte SUS e suas iniciativas no âmbito da saúde pública
  • Eixo 2 – Definição de Diretrizes para Colaboração e Inovação em Saúde Digital: visa responder à necessidade de expansão e consolidação da governança e dos recursos organizacionais que sustentarão a Estratégia de Saúde Digital
  • Eixo 3 – Estabelecer e Catalisar a Colaboração: prevê a implantação do Espaço de Colaboração da Estratégia de Saúde Digital junto a definições de expectativas, papéis e responsabilidades.

As ações foram pensadas para responder a demandas como desigualdades no acesso à saúde, necessidade de educação digital e maior detalhamento na regulamentação do setor.

conceitos e aplicações da saúde digital no Brasil e no mundo

A saúde digital funciona a partir do uso de TICs para otimizar rotinas assistenciais

O que diz a lei sobre saúde digital no Brasil?

Uma das principais legislações sobre o tema é a Lei 14.510/2022, que autoriza e disciplina a prática da telessaúde em todo o território nacional, desde que atenda aos princípios de:

  • Autonomia do profissional de saúde
  • Consentimento livre e informado do paciente
  • Direito de recusa ao atendimento na modalidade telessaúde, com a garantia do atendimento presencial sempre que solicitado
  • Dignidade e valorização do profissional de saúde
  • Assistência segura e com qualidade ao paciente
  • Confidencialidade dos dados
  • Promoção da universalização do acesso dos brasileiros às ações e aos serviços de saúde
  • Estrita observância das atribuições legais de cada profissão
  • Responsabilidade digital.

Além, é claro, da já citada Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que classifica as informações de saúde como dados sensíveis e estabelece, em seu Art. 11, alínea g, § 4º:

“É vedada a comunicação ou o uso compartilhado entre controladores de dados pessoais sensíveis referentes à saúde com objetivo de obter vantagem econômica, exceto nas hipóteses relativas à prestação de serviços de saúde, de assistência farmacêutica e de assistência à saúde […]”.

Como implementar a saúde digital em uma clínica?

Para aproveitar os benefícios da saúde digital, sua clínica precisa apenas de uma infraestrutura básica.

Internet de qualidade e um dispositivo para acessar a rede são indispensáveis, assim como equipamentos hospitalares para realizar exames complementares, por exemplo.

O próximo passo é contratar uma plataforma de telessaúde completa, que atenda às necessidades do seu negócio sem sacrificar o planejamento financeiro.

Comece com uma pesquisa de mercado e verifique se o sistema possui registro no CRM e responsável técnico devidamente cadastrado em seu conselho de classe.

Recomendo, também, que você dê preferência a um software em nuvem, acessível a partir de qualquer lugar, como a Telemedicina Morsch e sua plataforma completa que oferece:

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Conclusão

Ferramentas de saúde digital vêm revolucionando a assistência, autocuidado e diversos aspectos do mercado de saúde.

Nesse cenário, faz sentido embarcar nessas inovações, otimizando processos do seu estabelecimento de saúde com a ajuda da telemedicina.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin