Educação em saúde: o que é, qual a importância e exemplos
Ao contrário do que se imagina, a educação em saúde não se aplica somente aos profissionais da área.
Esse é um conceito amplo, que permeia as relações médico-paciente, entre profissionais de saúde e outras esferas sociais.
Independentemente do contexto, a disseminação de boas práticas e conhecimentos em saúde auxilia na prevenção de doenças e agravos.
Isso vale para hospitais e clínicas, onde a assistência prestada com base em uma formação de qualidade aumenta o conforto e a segurança do paciente e melhora o prognóstico.
Neste texto, procurei aprofundar o conceito de educação em saúde, trazendo exemplos e mostrando como usar a telemedicina para promover o aprimoramento contínuo da sua equipe.
O que é educação em saúde?
Educação em saúde é um conjunto de ações que promovem conhecimentos sobre processos, comportamentos e boas práticas em saúde.
Como mencionei acima, a educação em saúde compreende a formação dos profissionais da área, mas não se limita a isso.
Ela alcança campanhas de conscientização em empresas, palestras sobre higiene em escolas, orientações médicas para cuidadores de doentes acamados etc.
Mesmo no que se refere à capacitação profissional, esse conceito rompe com as dinâmicas tradicionais em salas de aula, exigindo a aplicação das metodologias junto ao paciente.
Caso contrário, médicos, enfermeiros e outros colegas não poderão adquirir a experiência necessária para a prestação de uma assistência de qualidade.
Vem daí a complementação das aulas teóricas com testes práticos, estágios e outros tipos de treinamento, que são indispensáveis à construção dos saberes aplicados.
O que é educação permanente em saúde?
Já a educação permanente em saúde traduz a ideia de continuidade e reciclagem constante dos profissionais do setor.
Esse termo ganhou evidência especialmente devido a uma iniciativa do Sistema Único de Saúde (SUS), que criou uma política nacional sobre o tema.
Segundo esta cartilha do Ministério da Saúde:
“A Educação Permanente em Saúde (EPS) traz como marco conceitual uma concepção de trabalho no SUS como aprendizagem cotidiana e comprometida com os coletivos. Os atores do cotidiano são os principais detentores da tomada de decisão sobre acolher, respeitar, ouvir, cuidar e responder com elevada qualidade”.
Nesse contexto, a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) se propõe a transformar os processos formativos, práticas pedagógicas, de condução do sistema e dos serviços de saúde.
Quais os objetivos da educação em saúde?
No campo profissional, a educação em saúde é fundamental para a oferta de serviços de maneira segura e eficiente.
É através do compartilhamento de informações e conhecimentos que os profissionais ganham proficiência nas mais diversas atividades.
Dos primeiros socorros ao atendimento em Unidades de Terapia Intensiva e home care, cada ação é aprendida e aperfeiçoada mediante o acesso a novos saberes.
Então, vale citar a qualificação em saúde como um dos principais objetivos da educação em saúde.
Junto à cura de doenças, por meio de abordagens terapêuticas adequadas a cada situação.
E à prevenção de doenças e agravos à saúde, impulsionada por iniciativas de participação e empoderamento do paciente.
Ao avaliar a educação para a saúde desde o Ensino Fundamental, a pesquisadora Rosa Pavone Pimont elenca seis objetivos específicos:
- Criar consciência da necessidade da mudança social, econômica e cultural para superar os problemas de saúde determinados pelo grau de desenvolvimento e seus condicionantes
- Sensibilizar as pessoas para que se adaptem a novas condições de vida que signifiquem outros valores, destruir crenças no que se refere à saúde, incrementando a racionalidade nesse campo e favorecendo caminhos para o cuidado com a saúde individual e coletiva
- Formar urna opinião favorável ao desenvolvimento, que possibilite que se tomem as decisões, valorizando o significado do nível de saúde
- Despertar o desejo de progresso em saúde, mediante a colaboração individual e coletiva
- Esclarecer sobre o aproveitamento e incremento dos recursos existentes que permitam expandir os programas de saúde
- Propor um trabalho coordenado com as organizações da comunidade e com as instituições que representam outros setores de desenvolvimento.
Na sequência, falo sobre exemplos de ações de educação em saúde.
Exemplos de ações educativas em saúde
As ações educativas em saúde são uma ferramenta de suporte ao acolhimento do paciente e acompanhantes, envolvendo-os nos processos de recuperação do bem-estar.
Esse efeito pode ser observado mesmo fora dos muros das unidades de saúde ou instituições de educação, alcançando diversos espaços nas comunidades.
Isso engloba entidades públicas e privadas, como as empresas.
Afinal, as medidas preventivas contribuem, por exemplo, na proteção à saúde do trabalhador.
Confira alguns exemplos para compreender a aplicação desse conceito em diferentes contextos de interação social.
Educação em saúde no SUS
Comentei mais acima a estratégia de Educação Permanente em Saúde do SUS, pautada pelo compartilhamento de experiências e conhecimentos no dia a dia.
Um exemplo é a iniciativa Caminhos do Cuidado, que promoveu a formação em saúde mental para agentes comunitários de saúde e auxiliares ou técnicos em enfermagem da Atenção Básica à Saúde.
Entre 2013 e 2015, 237 mil profissionais receberam capacitação em questões técnicas referentes ao uso de crack, álcool e outras drogas, de maneira escalonada.
No início, 12 pesquisadores do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT/Fiocruz) treinaram 80 orientadores, que seguiram multiplicando os saberes com 2 mil tutores.
Os tutores, por sua vez, capacitaram 237 mil agentes comunitários, auxiliares e técnicos em enfermagem da Atenção Básica.
Outra ação realizada no âmbito do SUS são as Rodas de Conversa, que viabilizam a integração entre profissionais de diferentes níveis da atenção à saúde, pacientes, acompanhantes e cuidadores.
A ideia ganha corpo diante da construção de grupos com interesses em comum, que participam de conversas pessoalmente ou online (por vídeo) para disseminar a troca de saberes horizontalmente – quando não se considera níveis hierárquicos.
Temas, tempo e formas de debate são escolhidos em conjunto.
Uma das aplicações foi detalhada neste artigo sobre o tema:
“As equipes também realizam outros tipos de grupos, como os operativos com finalidade terapêutica. Essa modalidade de grupo é, antes de tudo, uma abordagem teórica, fundamentada na psicologia social do psiquiatra e psicanalista argentino Pichon-Rivière, centrada no processo de inserção do sujeito no grupo, no vínculo e na tarefa. Essa abordagem teórica tem sido muito utilizada, por exemplo, para trabalhar com pessoas que precisam ser preparadas para o autocuidado no manejo de enfermidades crônicas”.
Educação em saúde ocupacional
A saúde ocupacional compreende uma série de medidas voltadas à prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.
Fatores ligados à organização do trabalho, ambiente, atividades exercidas e comportamento humano influenciam as condições laborais, afetando a integridade e o bem-estar dos colaboradores.
Daí a necessidade de conscientização de todos os funcionários, desde os que se encontram em níveis operacionais até a alta gestão das empresas para que adotem posturas seguras durante sua jornada.
Essa abordagem começa na obediência a legislações como a CLT e as normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho, que oferecem parâmetros para mitigar riscos ocupacionais.
Principalmente em locais com grau de risco elevado, como canteiros de obras ou hospitais.
Alguns exemplos de ações educativas em saúde ocupacional estão mencionados neste estudo, que avaliou o nível de consciência sobre riscos ocupacionais dos trabalhadores de dois ambientes hospitalares.
Confira:
- Cursos e treinamentos
- Reuniões periódicas
- Debates
- Palestras
- Uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
- Cuidados na manipulação e descarte de instrumentos perfurocortantes.
Observe que qualificar a conduta dos profissionais e prevenir falhas estão entre os objetivos.
Educação popular em saúde
Nas palavras do Ministério da Saúde:
“Afirma-se a educação em saúde como prática na qual existe a participação ativa da comunidade, que proporciona informação, educação sanitária e aperfeiçoa as atitudes indispensáveis para a vida”.
É com base nessa compreensão que surgem ações de educação popular em saúde, combinando diversas iniciativas.
Geralmente, elas partem de atores como movimentos sociais, profissionais de saúde, professores e pesquisadores de universidades, educadores populares e agentes populares de saúde.
Um exemplo está na disseminação de hábitos saudáveis usando meios de comunicação de larga escala com grande adesão popular, como o rádio.
É comum que programas transmitidos por rádios comunitárias ou mesmo as comerciais contem com a colaboração de profissionais de saúde, além de permitirem contribuições do público.
Educação em saúde na comunidade
A educação em saúde na comunidade se aproxima da popular, uma vez que é preciso adequar a linguagem e ambientação às que sejam familiares a cada comunidade.
Como resultado, é possível observar ações destinadas a certos grupos, como moradoras de uma região que não façam uso de preservativos nas relações sexuais.
Conforme um case descrito no já referenciado Caderno de Educação Popular em Saúde, essa era a realidade de mais de 40 cidadãs dos arredores de quatro unidades de atenção primária em saúde do Serviço de Saúde Comunitária (SSC) do Hospital Nossa Senhora Conceição, em Porto Alegre/RS.
Junto a 16 psicólogas, médicas, auxiliares de enfermagem, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais e auxiliares administrativos, elas construíram cartilhas de conscientização corporal e uso de camisinhas para proteger contra a aids.
Além do material educativo criado considerando a realidade das comunidades, foram realizados eventos de lançamento com dicas de saúde para a população.
Educação em saúde ambiental
A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) define o termo da seguinte forma:
“É um processo educativo permanente, sistemático e contínuo, que ocorre nas relações que se estabelecem entre os diversos sujeitos na sociedade, no meio ambiente, com as diversas formas de vida, que afetam a saúde humana e sua qualidade de vida”.
Uma ação nesse sentido é encabeçada pela Prefeitura de Vitória/ES, que faz palestras, entrega de folders e peças de teatro destinadas à promoção da educação em saúde ambiental de forma lúdica.
Abordando doenças transmitidas por animais, as atividades são realizadas em locais como escolas, creches, instituições de ensino superior, terminais de ônibus, supermercados, locais de grande movimentação, feiras livres e até semáforos.
Qual a relação entre comunicação e educação em saúde?
Sem uma comunicação eficiente, fica difícil promover a educação em saúde.
É por isso que tanto os meios de comunicação quanto os canais diretos são importantes para a troca de informações e esclarecimento de dúvidas.
Muitas campanhas de conscientização do SUS em comunidades, empresas e escolas utilizam ferramentas de comunicação para potencializar seu alcance.
Um exemplo são as campanhas de vacinação infantil com o Zé Gotinha, criado na década de 1980 para humanizar as informações sobre o imunizante contra o vírus da poliomielite.
O personagem teve papel fundamental para a erradicação da pólio no Brasil, em 1994.
Como fazer o planejamento de ações educativas em saúde
Trago neste espaço dicas para o sucesso do planejamento de ações educativas dentro das unidades de saúde.
Acompanhe:
- Faça um diagnóstico dos problemas de saúde mais comuns entre os pacientes, para definir ações direcionadas a eles, ou das principais dúvidas dos funcionários, para criar estratégias de qualificação, usando pesquisas ou outros instrumentos
- Após determinar o público-alvo, defina objetivos, metodologias e prazos para o início da ação
- Verifique também quais os recursos humanos, materiais e financeiros disponíveis
- Envolva equipes multiprofissionais na construção das iniciativas
- Fracione os objetivos em metas menores para facilitar sua implementação e monitoramento.
A seguir, explico como a tecnologia ajuda em tudo isso.
Como a telemedicina facilita a educação em saúde?
A telemedicina viabiliza a troca de saberes remotamente, dentro de um sistema intuitivo e seguro.
Um exemplo está na segunda opinião médica.
O serviço está disponível para discutir e elucidar diagnósticos complexos, com ou sem o suporte de exames complementares.
A teleconsultoria entre profissionais de saúde também contribui para o compartilhamento de experiências relevantes e o encaminhamento do paciente a serviços especializados.
Além, é claro, do treinamento online, que fica disponível 24 horas por dia em plataformas de telemedicina completas, como a Morsch.
Nosso software ainda oferece a interpretação de exames a distância, feita a partir de imagens ou gráficos enviados dentro do sistema.
Os dados são avaliados por um time de especialistas sob a luz da hipótese diagnóstica e histórico do doente.
Em seguida, o médico online elabora o laudo do procedimento e insere sua assinatura digital.
Toda essa dinâmica permite a entrega do laudo online em minutos.
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Conclusão
Apresentei neste artigo diversas iniciativas de educação em saúde.
Elas têm grande importância para autoridades, profissionais de saúde e a população em geral, colaborando na formação sobre higiene, medidas preventivas e cuidados para a recuperação de doenças.
A telemedicina fortalece esse campo, rompendo com a barreira geográfica para conectar profissionais de saúde em diferentes localidades.
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