Aparelho de mamografia: o que é, como funciona, tipos e dicas para escolher

Por Dr. José Aldair Morsch, 10 de março de 2025
Aparelho de mamografia

Conhecer o aparelho de mamografia e seus componentes é um requisito básico para oferecer um importante exame de diagnóstico por imagem.

Estou falando sobre a mamografia, é claro.

Esse é o principal método de rastreamento do câncer de mama, doença que representa uma das maiores ameaças à saúde da mulher.

Mas a escolha do equipamento não é exatamente simples. 

Esse é um processo que exige aliar as tecnologias disponíveis ao atendimento das necessidades dos pacientes.

Soma-se a isso a existência de uma variedade de opções no mercado, com funções mais simples ou avançadas.

E tudo isso impacta diretamente no preço do aparelho.

De todo modo, o mamógrafo, seja ele convencional ou digital, tem extrema importância para a qualidade dos resultados da mamografia.

Neste artigo, vou explicar como funciona o aparelho, quais são os seus tipos, as diferenças entre a mamografia digital e a convencional, vantagens e desvantagens de cada mamógrafo.

Você também vai conferir como a telemedicina tem qualificado a interpretação dos resultados do exame e permitido que mais pessoas tenham acesso a esse método diagnóstico.

O que é um aparelho de mamografia?

Aparelho de mamografia é um equipamento que usa radiação ionizante para gerar imagens do tecido mamário.

Sua tecnologia permite um estudo detalhado da parte interna das mamas, evidenciando até mesmo pequenas alterações, como as microcalcificações.

Daí a sua importância no diagnóstico precoce de alterações e doenças como o câncer de mama.

A partir da comparação a uma faixa de normalidade, o médico radiologista avalia as imagens geradas pelo mamógrafo, verificando se há achados como lesões, microcalcificações ou nódulos.

Por combinar rapidez, simplicidade e baixa exposição à radiação, a mamografia é considerada o principal exame para rastreamento do câncer de mama.

Quem inventou o aparelho de mamografia?

O aparelho de mamografia é uma evolução do equipamento de raio-X, relatada em 1895 no artigo “Sobre uma nova espécie de raios”, de Wilhelm Conrad Röntgen.

O texto relata a descoberta do raio-X, e rendeu ao autor o Prêmio Nobel de Física em 1901.

A primeira radiografia foi feita sobre a mão da esposa de Röntgen e, desde então, o exame possibilitou grande progresso nos diagnósticos.

Em 1913, Albert Salomon realizou a primeira mamografia, examinando uma mama removida após mastectomia.

Com o passar dos anos, a comunidade médica constatou a alta incidência de câncer de mama em mulheres, o que levou ao estudo das melhores posições para a compressão da mama durante a radiografia.

Assim, em 1966 a empresa General Electric lançou o primeiro equipamento especializado em mamografia.

O mamógrafo, batizado de Senographe, contava com as principais tecnologias na época, registrando as imagens em um filme que, em seguida, era revelado.

Como funciona o aparelho de mamografia?

De forma geral, o mamógrafo funciona a partir da emissão de um feixe de raios-X sobre cada mama.

Para que os registros sejam nítidos, é necessário que o profissional de saúde responsável utilize técnicas de posicionamento em mamografia.

Assim, há o espalhamento da mama sobre a bandeja do mamógrafo, viabilizando a formação de imagens com maior qualidade.

Uma vez que a radiação passa pelo tecido, tem uma parte absorvida, enquanto os raios restantes atravessam a mama e se chocam contra uma placa fotossensível.

São eles que possibilitam a composição dos registros, seja na forma de chapa ou imagem digital.

Trago mais detalhes sobre os diferentes tipos de mamógrafo nos próximos tópicos.

Qual o tipo de radiação é utilizada no aparelho de mamografia?

Como mencionei anteriormente, o equipamento usa raios-X para colher e registrar imagens das mamas.

Ou seja, emprega radiação ionizante, sempre em doses baixas para prevenir danos relacionados ao efeito cumulativo desse tipo de energia.

Afinal quanto maior a exposição aos raios-X, maior o risco de câncer e outros agravos à saúde.

Por isso, a recomendação é não expor o paciente a uma quantidade maior do que a necessária para o rastreamento e controle de doenças.

aparelho de mamografia tipos

O mamógrafo, seja ele convencional ou digital, tem extrema importância para a qualidade dos resultados

Tipos de aparelhos de mamografia

Os mamógrafos nasceram a partir da tecnologia analógica, que utiliza filmes para revelar as imagens captadas.

Desde os anos 1990, contudo, unidades de saúde e pacientes também podem contar com a tecnologia digital.

Conheça mais detalhes sobre ambas tecnologias a seguir:

Mamógrafo analógico para exames convencionais (filme)

O mamógrafo pode ser descrito como um aparelho especial, que utiliza raios-X para obter imagens das mamas.

Todo mamógrafo tem um tubo na área superior, no qual a radiação é produzida.

Uma ampola dispara um feixe de raios-X, que então atravessa o tecido mamário.

Para que o aparelho registre imagens de maneira adequada, é necessário que a paciente se posicione em pé diante do equipamento, e siga as instruções do técnico em radiologia responsável por conduzir o exame.

O mamógrafo possui uma bandeja, na qual as mamas serão comprimidas nas posições vertical e horizontal.

Após a emissão dos raios-X, eles atravessam cada mama, e uma parte é captada pelas estruturas anatômicas.

Em seguida, a radiação não absorvida se choca com a placa embaixo da mama, formando imagens em preto, branco e tons de cinza.

Essas imagens mostram as estruturas mais densas em tons claros, enquanto as estruturas menos densas, que captam menos radiação, aparecem mais escuras.

Por fim, é necessário revelar o filme para que as imagens sejam interpretadas.

Vantagens do aparelho de mamografia convencional

O mamógrafo representa um grande avanço no diagnóstico de alterações e doenças que afetam as mamas.

Graças a ele, foi possível aumentar o acesso ao rastreamento do câncer de mama em diversos países.

Por agregar uma tecnologia mais antiga, esse equipamento costuma ter menor preço quando comparado ao mamógrafo digital.

Desvantagens do aparelho de mamografia convencional

A desvantagem mais evidente é o fato de as imagens serem formadas em um filme radiológico.

Caso o material captado durante a mamografia convencional não esteja muito nítido, será necessário realizar um novo exame.

Apesar de não ser invasivo, a mamografia causa desconforto à paciente durante a compressão das mamas.

Outra desvantagem está na necessidade de revelar o filme para interpretação das imagens, o que aumenta o tempo necessário para a emissão de laudos.

Durante a revelação dos filmes, também são utilizados produtos químicos que exigem cuidado na manipulação, e impactam o meio ambiente.

Pacientes ainda precisam ter cuidado ao armazenar os filmes, para que as imagens não sejam danificadas.

Tecnologia CR para filmes digitalizados

Precursora da tecnologia mais recente, a CR, ou mamografia computadorizada permite que o aparelho de mamografia convencional produza imagens digitalizadas.

Essa mudança é possível quando o filme, que fica na bandeja onde as mamas são posicionadas, é trocado por um chassi eletrônico.

Após a radiografia das mamas, o chassi é inserido em uma leitora de CR e as informações armazenadas se tornam visíveis na tela de um computador.

Mamógrafo digital (DR)

O mamógrafo digital bilateral é semelhante ao equipamento convencional, porém, não possui encaixe para filme ou placa de imagem.

Com esse aparelho, é realizada a mamografia digital direta, quando as imagens são enviadas ao computador sem intermédio de outros dispositivos.

Durante a mamografia, a paciente posiciona as mamas normalmente na bandeja do aparelho para receber a radiação.

Em seguida, os raios-X são transformados em imagens digitais e enviados ao computador através de um software específico.

Vantagens do aparelho de mamografia digital

Por possuir alta tecnologia, o aparelho realiza um exame mais sensível, aumentando a capacidade de visualização de alterações pequenas no tecido mamário, como as microcalcificações.

Quando comparado ao aparelho convencional, o mamógrafo digital exige a captação de menos imagens para estudo da mama.

Essa tecnologia também precisa de uma compressão menor para obter registros de boa qualidade, causando menos desconforto para a paciente.

Como a radiação em cada exame é ajustada automaticamente no mamógrafo digital, a tendência é que a paciente receba uma quantidade menor de raios-X.

Esse ajuste reduz, ainda, a necessidade da realização de novas mamografias, pois as imagens saem mais nítidas.

Ao contrário do mamógrafo convencional, o digital não utiliza filmes, eliminando a necessidade de uso de produtos químicos para revelação e os cuidados na hora de armazenar o material.

Outra grande vantagem é que as imagens podem ser aumentadas, diminuídas e ajustadas no computador, resultando em um diagnóstico mais preciso.

Os registros podem ser armazenados na nuvem e compartilhados por meio do sistema PACS (Picture Archiving and Communication System).

Desvantagens do aparelho de mamografia digital

Investir na compra de um mamógrafo digital pode ter impacto no orçamento de clínicas e hospitais, pois o equipamento é mais caro que um convencional.

Outra desvantagem é a necessidade de treinamento adequado para utilizar o aparelho, que tem diversas especificações.

O mau uso pode danificar o mamógrafo, interferir no resultado da mamografia e até colocar a saúde da paciente em risco em razão da exposição a uma quantidade desnecessária de radiação.

Quais os componentes do aparelho de mamografia?

De maneira geral, o mamógrafo é composto por:

  • Tubo de raio-X, localizado na área superior, grade ou bandeja para o posicionamento da mama
  • Compressor
  • Protetor de tireoide
  • Detector de raios-X
  • Colimador.

O tubo ou ampola é onde são produzidos os raios-X.

Durante o exame, o detector de raio-X interrompe a produção de radiação quando recebe a dose adequada para registrar as imagens.

A grade, por sua vez, é a bandeja utilizada para posicionar a mama durante a radiografia.

No caso do mamógrafo convencional, ela tem uma abertura para encaixe do filme ou do chassi eletrônico que digitaliza as imagens.

O compressor ajuda a reduzir a espessura da mama, melhorando a qualidade do exame.

Já o colimador é usado para limitar o campo de incidência da radiação, suavizando os feixes de raio-X.

Recentemente, alguns equipamentos vêm trazendo inovações como um controle remoto para que a paciente faça a compressão das mamas.

Esses mamógrafos também apresentam especificações propostas para gerar maior conforto durante o exame, a exemplo de apoios para o rosto e braço.

Aparelho de mamografia em conformidade com os parâmetros de qualidade

Há alguns anos, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) alertou a sociedade sobre a falta de adequação dos mamógrafos às exigências de qualidade no Brasil.

Como indicativo, a SBM ressaltou que entre 60% e 70% dos tumores nas mamas só são detectados quando têm mais de dois centímetros. Ou seja, já em seu estágio avançado.

A qualidade do aparelho de mamografia, aliada a profissionais capacitados para a realização e interpretação correta do exame, aumenta as chances de visualização de nódulos durante a fase inicial, quando medem menos de um centímetro.

Na ocasião, a entidade defendeu a aplicação do Programa Nacional de Qualidade em Mamografia (PNQM).

A iniciativa foi instituída em 2012 pelo Ministério da Saúde, através da Portaria nº 531.

A legislação foi substituída no ano seguinte pela Portaria nº 2.898. Ela prevê o monitoramento e a realização de testes de desempenho nos mamógrafos.

Durante esses testes, os equipamentos passam por uma verificação do sistema de colimação do feixe de raios-X.

Também são avaliados a qualidade da imagem gerada e da compressão, o tamanho do ponto focal e o desempenho do controle de densidade.

Quanto custa um aparelho de mamografia?

O preço pode variar bastante.

Um mamógrafo novo pode custar de R$ 800 mil até mais de R$ 1 milhão, dependendo da tecnologia, modelo, funcionalidades, marca etc.

Mas é possível encontrar aparelhos usados custando entre R$ 200 mil e R$ 400 mil.

Como escolher um aparelho de mamografia para a clínica ou hospital?

A escolha o mamógrafo ideal deve considerar fatores importantes.

Por exemplo:

  • Prioridades da empresa: antes de buscar pelo equipamento, é importante entender quais as funcionalidades indispensáveis, se precisa ser novo, se há um fornecedor, distribuidor ou marca de preferência, etc.
  • Orçamento disponível: já comentei que o preço do aparelho pode comprometer o orçamento, portanto, atente para o planejamento financeiro e determine o valor que pode ser destinado à aquisição do mamógrafo, seja à vista, em parcelas ou mediante outras formas de pagamento
  • Pesquisa de mercado: com as informações iniciais em mãos, avance para uma pesquisa entre os modelos, marcas e tecnologias disponíveis, selecionando aqueles que atendem às suas prioridades
  • Registro na Anvisa: antes de fechar negócio, confirme se o mamógrafo tem registro válido na Anvisa. Você pode fazer isso acessando esta página de consultas para produtos de saúde. Confira também esta lista com registros de vários aparelhos
  • Reputação da empresa: não deixe de verificar a reputação do fornecedor e/ou distribuidor para evitar dores de cabeça no futuro. Use sites como o Reclame Aqui e o próprio Google e, se possível, fale com clientes atuais. 

Na sequência, apresento as características do laudo médico obtido a partir da mamografia.

aparelho de mamografia digital

O mamógrafo representa um grande avanço no diagnóstico de alterações e doenças que afetam as mamas

Laudo de mamografia digital x mamografia convencional

Os laudos emitidos a partir do exame convencional costumam ser mais trabalhosos e demorados, pois dependem da revelação de filmes.

Além disso, resultados impressos precisam ser armazenados com cuidado, para que não haja alteração nas imagens.

Também é necessário arquivar os exames com atenção, pois podem ser perdidos.

Por isso, muitas clínicas e hospitais têm apostado em imagens e laudos digitais, o que representa uma evolução importante.

Além de facilitar o arquivamento do exame, que ocorre na nuvem – local seguro da internet -, a modalidade digital permite que o especialista analise e interprete as imagens em tempo real.

Assim, os laudos podem ser emitidos em apenas 30 minutos.

Laudo de mamografia digital via telemedicina

Contar com o suporte de uma empresa de telemedicina completa, como a Morsch, faz a diferença para quem oferece ou deseja oferecer exames de mamografia.

Através de uma plataforma de telemedicina integrada ao sistema PACS, é possível não apenas armazenar, como também compartilhar as imagens geradas durante o exame.

Assim, um especialista com acesso à internet e logado no sistema pode acessar essas informações em tempo real, interpretar os dados e produzir o laudo de mamografia em minutos.

Em seguida, ele finaliza o documento com sua assinatura digital e o libera no sistema para profissionais de saúde ou até pacientes que possuam login e senha.

Como efeito prático, a tecnologia contribui para que mais unidades de saúde possam realizar mamografias.

A partir da telemedicina, também é possível obter uma segunda opinião médica ou solucionar problemas com a falta de profissionais, seja por férias, feriados ou plantões.

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Conclusão

Neste artigo, comentei sobre a importância do aparelho de mamografia e as diferenças entre equipamentos digitais e analógicos.

Com tecnologia superior, os equipamentos digitais conferem maior confiabilidade às mamografias e laudos. Porém, custam mais caro.

Mas é possível economizar com os laudos utilizando o telediagnóstico, que permite a interpretação de exames online.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin