Mamografia: como interpretar resultado do exame com a telemedicina

Por Dr. José Aldair Morsch, 18 de julho de 2022
Mamografia

Exame padrão ouro no rastreamento do câncer de mama, a mamografia é capaz de detectar diversas alterações importantes.

Inclusive nódulos e tumores com menos de 2 cm de diâmetro, que são imperceptíveis à palpação e, geralmente, não provocam qualquer sintoma.

Essa particularidade confere um suporte essencial para o diagnóstico precoce de câncer e outras doenças que acometem o tecido mamário.

Por isso, autoridades de saúde recomendam a realização anual da mamografia de rastreamento para grupos específicos de pacientes.

Nas próximas linhas, vou transmitir conhecimentos sobre esse procedimento, seus tipos e os cuidados necessários durante sua realização.

Também vou abordar as soluções de telemedicina que qualificam a oferta da mamografia nos serviços de saúde.

Vamos lá?

O que é mamografia?

Mamografia é a radiografia das mamas, que pode ser feita de forma convencional ou digital.

O exame utiliza radiação ionizante (raios X) para coletar imagens internas do tecido mamário, registradas em branco, preto e tons de cinza.

Partes densas (duras) aparecem mais claras, enquanto as partes moles ficam escuras.

Isso acontece porque os tecidos densos absorvem maior quantidade de raios X, deixando pouca radiação passar.

Os menos densos, por outro lado, captam menos raios, permitindo que a maioria deles ultrapasse o corpo da paciente e queime a chapa fotossensível do mamógrafo.

A análise dessas imagens possibilita a identificação de massas como cistos, nódulos e tumores em meio ao tecido das mamas.

Qual a importância da mamografia?

A importância da mamografia está tanto em sua finalidade diagnóstica quanto no rastreamento do câncer de mama.

Em 2021, a patologia se tornou o câncer mais comum em todo o planeta, ultrapassando o câncer de pulmão em relação à quantidade de pessoas afetadas.

Atualmente, o câncer de mama responde por 11,7% do total de casos no planeta, com 2,2 milhões de casos diagnosticados em 2020, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Brasil, é o segundo tipo de câncer mais comum, ultrapassando 66 mil novos casos apenas em 2021.

A doença matou 18.032 brasileiros em 2020, sendo 207 homens e 17.825 mulheres, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Muitos desses óbitos poderiam ter sido evitados a partir do diagnóstico precoce da doença, quando os achados mamográficos se enquadram nas categorias BI-RADS 1 ou 2.

Isso porque o câncer de mama em estágio inicial tem mais de 90% de chances de cura.

Para se ter uma ideia do impacto do exame de rotina, um estudo revelou que o índice de  mortalidade é 25% menor entre mulheres que realizam mamografia anualmente, a partir dos 40 anos.

Publicado em 2020, o trabalho foi conduzido por pesquisadores da Queen Mary University of London, na Inglaterra, e monitorou 53 mil mulheres entre 39 e 41 anos.

Quando deve ser feita a mamografia?

A mamografia deve ser feita com dois objetivos: detecção de doenças (mamografia diagnóstica) ou rastreio (mamografia de rastreamento).

O exame com finalidade diagnóstica é solicitado pelo médico para confirmar ou refutar uma suspeita clínica baseada em sintomas.

Listo os principais sinais de câncer de mama abaixo, de acordo com o Inca:

  • Nódulo (caroço), fixo e geralmente indolor
  • Pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja
  • Alterações no bico do peito (mamilo)
  • Pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço
  • Saída espontânea de líquido anormal pelos mamilos.

A partir de que idade?

Diante de sintomas sugestivos, a mamografia pode ser pedida em qualquer idade.

Já o exame de rastreio é destinado a uma população específica: mulheres a partir dos 40 anos, quando aumenta o risco de câncer de mama.

Essa é a recomendação de entidades médicas como a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).

Já o Ministério da Saúde indica o procedimento para mulheres entre 50 a 69 anos, a cada dois anos, afirmando que o exame tem maior eficácia na detecção de lesões após a menopausa.

A dica, então, é seguir as orientações do ginecologista e ficar atenta a mudanças na forma, volume e aspecto dos seios.

Exame de mama

Na mamografia são coletadas imagens internas do tecido mamário, identificando possíveis cistos, nódulos e tumores

Mamografia de rastreamento

A mamografia de rastreamento serve para identificar casos suspeitos de câncer de mama entre mulheres com mais de 40 anos.

Para tanto, especialistas recomendam que esse público faça mamografia uma vez ao ano.

A orientação se aplica ainda que a paciente não apresente sintomas.

O início da rotina de rastreio pode ser antecipado para pacientes que tenham um ou mais fatores de risco para câncer mamário, principalmente os genéticos e hereditários:

  • História familiar de câncer de ovário ou mama, em especial antes dos 50 anos
  • Câncer de mama em familiares do sexo masculino
  • Alteração nos genes BRCA1 e BRCA2.

O que pode ser detectado em uma mamografia?

Diversas alterações podem ser vistas nas imagens da mamografia, incluindo massas benignas ou malignas.

Vale ressaltar que 80% dos tumores mamários palpáveis são lesões benignas, com chances remotas de se tornar câncer.

A seguir, listo as principais lesões mamárias detectáveis por meio da mamografia:

  • Cistos de mama
  • Fibroadenoma
  • Tumor filoide
  • Papiloma
  • Lipoma
  • Hamartoma
  • Adenoma
  • Calcificação
  • Linfonodos intramamários
  • Coleções líquidas pós-cirúrgicas
  • Cicatriz pós-cirúrgica estável
  • Nódulo denso e espiculado (maiores chances de ser cancerígeno)
  • Estrutura hipervascularizada (maiores chances de ser cancerígena).

Como é feita a mamografia?

A mamografia é um procedimento simples, rápido e não invasivo.

O exame pode ser feito por um médico ou profissional de enfermagem devidamente treinado para utilizar o mamógrafo, aparelho semelhante a um raio X.

Depois de orientar a paciente sobre a mamografia, esse profissional a coloca na posição mais confortável possível, em frente ao equipamento.

Em seguida, posiciona as mamas na bandeja do mamógrafo, apoiando os braços da paciente para ajudá-la a ficar imóvel durante alguns minutos.

O próximo passo é ligar o aparelho, que aplicará uma leve compressão em cada mama, nas posições vertical e horizontal, para captar detalhes do tecido interno.

As imagens são formadas assim que a radiação ionizante atravessa o tecido, fazendo com que os raios X não absorvidos queimem a chapa fotossensível localizada na bandeja do mamógrafo.

O equipamento é desligado assim que há registros suficientes, e a paciente, liberada.

Preparo

O preparo da mamografia também é simples.

Recomenda-se que a mulher agende o exame longe do período de menstruação, a fim de diminuir o desconforto devido à compressão dos seios.

Isso porque as mamas tendem a ficar sensibilizadas alguns dias antes e depois do período menstrual, pois a densidade do tecido glandular aumenta.

Também é útil comparecer ao local da mamografia levando imagens de exames mamários anteriores e informar se possui próteses de silicone.

Outras dicas são usar roupas confortáveis e com duas peças, pois a parte de cima será retirada para expor os seios durante o exame.

E evitar passar cosméticos como cremes e desodorantes nas mamas e axilas.

Radiografia das mamas

A mamografia é feita no mamógrafo, aparelho semelhante a um raio X, de forma simples, rápida e não invasiva

Duração

A mamografia tem duração média de 10 a 30 minutos, dependendo de fatores como a densidade das mamas e a tecnologia utilizada (convencional ou digital).

Efeitos colaterais

A radiografia das mamas é um exame bastante seguro, apesar de expor a paciente a doses baixas de radiação ionizante.

Contudo, esse risco é compensado pela importância do rastreamento do câncer de mama em estágio inicial.

Outro efeito indesejado é o desconforto durante a compressão das mamas que, como expliquei acima, pode ser reduzido marcando a mamografia longe do período menstrual.

E utilizando o mamógrafo digital, que tem maior facilidade para coletar as imagens, reduzindo a necessidade de pressionar as mamas.

Cuidados ao fazer

Como qualquer exame de imagem, a mamografia tem limitações e contraindicações.

Ela não é recomendada, por exemplo, para mulheres com menos de 35 anos, por terem mamas mais firmes e densas, o que intensifica o desconforto.

Além de prejudicar a penetração dos raios X no tecido mamário, diminuindo a qualidade das imagens.

Vale destacar ainda que gestantes também não devem realizar mamografia, pois a exposição à radiação pode ter efeitos adversos para o feto.

Tipos de mamografia

Existem dois tipos de mamografia, classificados de acordo com a tecnologia do mamógrafo utilizado.

Saiba mais sobre elas abaixo.

Falo ainda da ecografia mamária (ultrassom), que é a opção para pacientes com mamas densas ou para complementar resultados da radiografia.

Mamografia digital

A mamografia digital é realizada com o suporte de um equipamento moderno, que agrega vantagens a pacientes e equipes de saúde.

Começando pelo exame, que diminui o desconforto para a mulher.

Isso acontece porque o aparelho capta imagens sem precisar fazer muita pressão nas mamas.

Além de permitir ajustes que reduzem a exposição à radiação ionizante e o risco de desenvolver doenças.

O mamógrafo digital também otimiza o resultado da mamografia, enviando o sinal elétrico direto a um computador que o converte em pixels.

Assim, as imagens internas são formadas na tela do computador, evitando que se desgastem com o tempo – como pode acontecer no exame convencional.

Já a mamografia convencional é feita com equipamento analógico, exigindo que as imagens sejam impressas num filme radiológico.

Mamografia bilateral

Esse é o termo utilizado para descrever a forma mais comum do exame, em que ambas as mamas são avaliadas.

Geralmente, são necessárias pelo menos duas incidências em cada uma delas para obter imagens suficientes.

Dependendo da necessidade e condição da paciente, o médico pode solicitar a mamografia unilateral, a fim de examinar somente uma mama.

Ecografia mamária

Conhecida também como ultrassonografia de mamas, a ecografia mamária é uma alternativa a pacientes que não se beneficiam muito da mamografia.

Por exemplo, mulheres jovens, gestantes ou homens que precisem avaliar o tecido mamário.

Esse exame usa sons de alta frequência para mostrar imagens internas em tempo real, possibilitando o estudo de alterações suspeitas.

No entanto, não é capaz de detectar microcalcificações, ao contrário da mamografia.

Algumas vezes, é preciso realizar ambos os procedimentos para confirmar ou descartar uma suspeita clínica.

Como fazer a requisição de mamografia

A requisição da mamografia deve ser feita com base em sua finalidade.

Ou seja, é necessário indicar se o objetivo é dar suporte diagnóstico, rastrear o câncer de mama ou monitorar um tratamento.

Em todos os casos, é importante incluir detalhes sobre o histórico de saúde, em especial se a paciente já apresentou lesões no tecido mamário anteriormente.

Nesse caso, será preciso dar detalhes sobre o achado radiológico para melhor acompanhamento.

Você pode utilizar fichas padronizadas como este exemplo do Sistema de Informação do Controle do Câncer de Mama (SISMAMA), empregado pelo SUS.

Resultado de mamografia na telemedicina

Como expliquei ao longo do artigo, a mamografia pode revelar massas suspeitas de malignidade, o que costuma deixar as pacientes ansiosas.

Principalmente quando há poucos radiologistas disponíveis na clínica ou hospital para laudar o exame.

Nesse cenário, a telemedicina surge como alternativa para agilizar a emissão de laudos e viabilizar o diagnóstico precoce.

O processo é simples, realizado em duas etapas: interpretação do exame e liberação do laudo médico.

Interpretação do exame de mamografia

Conforme determina o CFM, a interpretação da mamografia cabe a radiologistas qualificados na área desse exame.

O problema é que nem sempre há especialistas suficientes para atender às demandas dos estabelecimentos de saúde espalhados pelo Brasil.

Uma solução prática e inteligente está na interpretação da mamografia a distância.

Para usar o serviço, basta que um técnico de enfermagem realize o exame normalmente e compartilhe os resultados na plataforma de telemedicina.

Mamógrafos digitais podem exercer essa função de modo automático, enviando os registros diretamente para o sistema.

Em seguida, um radiologista de plantão inicia a avaliação dos achados, considerando dados da requisição do exame.

Laudo de mamografia online

A partir dos dados e conclusões, o radiologista elabora o laudo online, assinado digitalmente e entregue via plataforma.

No software da Telemedicina Morsch, o resultado é liberado em minutos, graças a nosso time de especialistas sempre a postos para auxiliar sua equipe.

Acesse esta página para conferir todas as vantagens da telerradiologia para o seu consultório, clínica ou hospital.

Conclusão

Gostou de saber mais sobre a mamografia e sua importância para o diagnóstico precoce do câncer de mama?

O exame ainda ajuda na detecção de alterações no tecido mamário, prevenindo complicações de saúde.

Você pode contar com a Telemedicina Morsch para otimizar a interpretação desse exame, elevando a eficiência do seu time e conquistando mais pacientes.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin

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