Teste ergométrico: o que é, para que serve e como é feito o exame

Por Dr. José Aldair Morsch, 29 de fevereiro de 2024
Teste ergométrico

O teste ergométrico é importante para a avaliação cardiológica.

Seu diferencial se deve ao fato de o exame ocorrer com o paciente submetido a esforço físico intenso enquanto tem a atividade cardíaca monitorada.

Por isso, é também chamado de teste de esforço ou eletrocardiograma de esforço.

Neste artigo, explico tudo o que você precisa saber sobre esse exame: o que é, como é o laudo, quem pode e não pode fazer, complicações e muito mais.

Trago ainda um bônus com serviços de telemedicina que otimizam a entrega do laudo a distância.

O que é teste ergométrico?

Teste ergométrico é um exame que mede parâmetros cardiológicos durante a realização de esforço físico gradual e crescente.

Ele é feito com o paciente caminhando ou correndo em uma esteira rolante, ou pedalando em uma bicicleta ergométrica durante alguns minutos.

Simultaneamente, acontece um eletrocardiograma contínuo, gravado em computador, que registra o funcionamento do coração nas diversas etapas do exame.

Nesse cenário, o médico observa os sinais e sintomas que surgem durante e após o esforço.

Para que serve o teste ergométrico?

O exame permite diagnosticar diversas anormalidades no coração, como doença arterial coronariana e alterações da capacidade funcional respiratória.

Também possibilita a análise de sintomas que podem acompanhar o surgimento de sopros e sinais de falência ventricular esquerda.

Além do mais, viabiliza a avaliação funcional de doença cardíaca conhecida, bem como orienta a prescrição de exercícios físicos para pessoas doentes ou sadias.

Apresento a seguir as principais condições diagnosticadas com o apoio do ECG de esforço:

Na sequência, falo sobre as indicações do exame.

Teste de esforço

O teste ergométrico é feito com o paciente caminhando, correndo ou pedalando

Quando o teste ergométrico é indicado?

Como expliquei acima, o teste ergométrico serve para verificar a saúde do coração, podendo ser indicado com finalidade diagnóstica ou preventiva.

Os parâmetros avaliados permitem identificar padrões de comprometimento de pacientes com patologias cardíacas e nas artérias coronárias, por exemplo, afastando ou apoiando uma hipótese diagnóstica.

Outra aplicação comum é para a liberação de pessoas que querem iniciar atividades físicas, mas têm fatores de risco cardíaco ou que são obesas e sedentárias.

O objetivo nesses casos é prevenir complicações de saúde.

Nesse contexto, as principais indicações para a realização do exame são:

  • Como parte dos exames de rotina depois dos 40 anos, ou antes, caso o paciente tenha fatores de risco para doença coronariana
  • Na suspeita de alterações da capacidade cardiorrespiratória 
  • Para o diagnóstico de insuficiência cardíaca, arritmias, isquemia e outras doenças cardiovasculares
  • Para atletas ou pessoas que desejem avaliar seu condicionamento físico antes de iniciar uma nova atividade física
  • No monitoramento de pacientes com dispositivos implantáveis (CDI), submetidos a angioplastia ou ponte de safena
  • No diagnóstico ou acompanhamento da doença arterial coronariana
  • Após infarto do miocárdio
  • Para avaliar a condição clínica de pessoas com valvulopatias como a insuficiência mitral.

É importante mencionar que existem contraindicações para o teste ergométrico, como explico mais à frente.

Como é feito o teste ergométrico?

O exame é realizado com o suporte de uma esteira ou bicicleta ergométrica, além de um aparelho de eletrocardiograma formado por monitor, cabos e eletrodos.

Geralmente, 10 eletrodos são colocados no tórax do paciente para o registro das ondas do eletrocardiograma.

Já no braço direito do paciente, é posicionado um aparelho de pressão arterial, que irá realizar medições a cada dois minutos – antes, durante e depois do exame de esforço.

Em seguida, os aparelhos são ligados, fazendo com que o paciente ande, corra ou pedale, conforme o protocolo de exame escolhido pelo cardiologista.

Os movimentos devem começar lentamente e aumentar aos poucos, até atingir o nível máximo programado.

Em seguida, eles são desacelerados gradativamente.

Durante a realização do procedimento, os parâmetros cardiológicos devem ser tomados em intervalos regulares.

Alguns parâmetros clínicos são:

O teste ergométrico deverá ser interrompido caso o paciente apresente grande cansaço, alterações do ritmo cardíaco ou sintomas de problemas no coração.

Preparo para o teste ergométrico

No dia do exame, é importante que o paciente não utilize creme, pomada ou gel que possa prejudicar a sensibilidade dos eletrodos que serão colocados para o eletrocardiograma.

Além disso, é importante seguir as indicações abaixo:

  • Não fumar duas horas antes e uma hora após o exame
  • Realizar uma dieta leve uma hora antes do exame
  • Manutenção ou suspensão da medicação que o paciente esteja usando – de acordo com a orientação médica
  • Depilar o tórax, caso o paciente tenha muitos pelos nessa região.

O teste ergométrico deve ocorrer em local apropriado, com equipamento e vestimenta adequados (roupas leves e tênis).

O paciente deve evitar expor o tórax desprotegido ao sol nas 72 horas que se seguem ao exame, pois pode surgir irritação na pele devido ao uso de gel para fixação dos eletrodos.

Quanto tempo dura o teste ergométrico?

A duração do exame em esteira é de aproximadamente 13 minutos.

A interrupção do movimento é feita quando há sinais como cansaço excessivo, dor no peito, elevação exagerada da pressão ou arritmia complexa, o que pode estender a duração do exame.

Veja abaixo a duração média de cada etapa.

  • Preparo da pele: 20 minutos
  • Colocação dos eletrodos: 20 minutos
  • Realização do eletrocardiograma de repouso: 20 minutos
  • Teste ergométrico: 13 minutos
  • Recuperação: 8 minutos.

Veja a seguir quais são os riscos do exame.

Exame de eletrocardiograma de esforço

O exame de eletrocardiograma permite diagnosticar diversas anormalidades no coração

Contraindicações e riscos do teste ergométrico

Assim como qualquer exame, o teste ergométrico tem algumas contraindicações.

O procedimento não deve ser feito por pacientes com:

  • Doença arterial coronária instável conhecida
  • Obstrução da artéria coronária esquerda ou equivalente, sem tratamento
  • Arritmias não controladas
  • Miocardites ou pericardites agudas
  • Estenose aórtica
  • Insuficiência aórtica importante
  • Hipertensão arterial grave ou mal controlada
  • Embolia pulmonar
  • Intoxicação medicamentosa.

Como o exame exige esforço intenso, também não deve ser feito por grávidas.

Nesses casos, ele pode ser substituído por outros exames cardiológicos, a exemplo da cintilografia miocárdica, ecocardiografia com estresse farmacológico ou holter 24 horas.

Resultados do teste ergométrico

O resultado do teste ergométrico pode apontar uma série de hipóteses diagnósticas, sendo as mais comuns:

  1. Isquemia: nesse caso, uma dor anginosa durante esforço pode sinalizar obstrução das coronárias, o que pede confirmação por meio de um cateterismo cardíaco ou tomografia do coração
  2. Teste ergométrico com resposta hipertensiva: é o resultado que aparece quando a pressão do paciente sobe exageradamente, mostrando que ele necessita de tratamento
  3. Arritmia: caso em que, normalmente, é um holter cardíaco para complementar o resultado, e um ecocardiograma para decidir sobre o início do tratamento
  4. Cansaço excessivo: essa é uma situação que remete à isquemia miocárdica ou insuficiência cardíaca e, por isso, deve ser investigada por meio de cateterismo ou ecocardiografia com doppler e fluxo em cores.

Lembrando que o laudo do exame deve ser produzido por um cardiologista.

Quais são os equipamentos necessários para o teste de esforço?

O teste ergométrico é realizado com o apoio de diferentes aparelhos e sistemas interconectados.

Simultaneamente, todos eles emitem dados enviados a um computador.

Nele, o médico pode visualizar os indicadores e realizar a avaliação do paciente. 

Abaixo, compartilho um resumo sobre os equipamentos necessários para que o teste de esforço seja feito: 

  • Ergômetros: são os itens que permitem a movimentação do paciente, ou seja, a esteira ou o cicloergômetro (bicicleta). A esteira é a alternativa mais popular, porém, pessoas com limitação dos movimentos podem se beneficiar do cicloergômetro. O ideal é que eles tenham sistemas eletrônicos e eletromagnéticos capazes de detectar e enviar dados sobre velocidade, ciclos e inclinação para o sistema
  • Monitores: são dispositivos responsáveis pela monitorização de sinais vitais ao longo do teste ergométrico. Um deles é o manômetro de coluna de mercúrio, acoplado ao paciente na altura do coração para medir a pressão arterial. Outros monitores são o eletrocardiógrafo, usado para registro do traçado eletrocardiográfico, monitor para observação contínua dos padrões de frequência cardíaca e do ECG, esfigmomanômetro e estetoscópio
  • Software: considerando que todo o teste ergométrico é controlado por um sistema computadorizado, é importante que o software escolhido tenha qualidade. A tecnologia deve contar com assistência contínua e acessível, ou seja, a empresa responsável pelo software deve disponibilizar todos os recursos necessários para a realização do procedimento, além de configurações personalizáveis e atualizações constantes
  • Itens de segurança: é indispensável ter em mente que intercorrências inesperadas podem acontecer durante o teste ergométrico. Assim, o local do procedimento deve dispor de carrinho de emergência, desfibrilador, medicamentos e todos os materiais necessários para uma assistência imediata.

A escolha dos equipamentos é parte importante do exame e sua precisão.

Como é o laudo do teste ergométrico?

Geralmente, o laudo de teste ergométrico é composto por 7 partes, as quais demonstram os resultados da análise eletrocardiográfica ao esforço realizado pelo paciente ao longo do exame.

São elas:

  • Critérios clínicos: aponta os critérios utilizados para a realização do exame
  • Comentários do ECG de repouso e no pré-esforço: informações descritas pelo cardiologista sobre os achados durante esta etapa inicial do exame
  • Resposta da FC e da pressão arterial durante o esforço: avaliação do cardiologista sobre a frequência cardíaca e a pressão arterial do paciente, indicando anormalidades
  • Comentários do ECG durante o esforço: trecho em que o médico especialista discorre sobre o comportamento do músculo cardíaco e sinais vitais ao longo da etapa sob esforço
  • Comentários do ECG e da pressão durante a recuperação: descrição do cardiologista sobre achados do ECG e pressão arterial do paciente logo após o esforço intenso
  • Arritmias: destaca se ocorreram, ou não, arritmias ao longo do exame
  • Conclusão: apresenta a conclusão final do cardiologista sobre os aspectos avaliados ao longo do exame, determinando se o resultado é normal ou alterado. Se for normal, significa que os achados se encaixam nos padrões de normalidade, enquanto o resultado alterado aponta para condições patológicas.

Há vantagens no uso do laudo digital, como comento a seguir.

Vantagens do laudo a distância do teste ergométrico

Antes de falar das vantagens, vale explicar como é feita a emissão do laudo eletrônico para o teste ergométrico e outros exames complementares.

Inicialmente, o exame é realizado normalmente, seguindo os parâmetros já esclarecidos para que fiquem registrados digitalmente.

Em seguida, o médico responsável encaminha os registros via plataforma de telemedicina – um sistema online hospedado na nuvem.

Essa é uma área segura na internet, que só pode ser acessada mediante login e senha e conta com a proteção da criptografia.

Assim que os resultados do teste ergométrico entram no sistema, são analisados por um especialista, que nesse caso é um médico cardiologista que compõe o time da empresa de telemedicina contratada.

O profissional interpreta os achados, registra suas conclusões e finaliza o documento com sua assinatura digital, liberando-o na mesma plataforma.

Empresas completas como a Telemedicina Morsch mantêm um time de especialistas a postos 24 horas por dia, entregando laudos online em minutos.

Conheça outros benefícios do laudo digital para o teste ergométrico abaixo:

  • Armazenamento na nuvem: com o uso de uma plataforma de telemedicina, os laudos são automaticamente salvos na nuvem, o que permite que os arquivos fiquem protegidos de invasões e também das intempéries
  • Interpretação feita por cardiologistas qualificados: a Telemedicina Morsch oferece uma equipe completa de cardiologistas para realizar a análise dos exames e elaborar os laudos médicos, todos eles com registro nos respectivos CRM, o que atende à legislação vigente
  • Emissão de laudos 24 horas por dia: o sistema tem funcionamento ininterrupto, 7 dias por semana, até aos finais de semana e feriados
  • Segunda opinião médica: bastam alguns cliques para consultar um especialista e esclarecer dúvidas sobre o diagnóstico
  • Comodato de aparelhos de eletrocardiograma: o aluguel em comodato permite que a clínica contrate uma quantidade de laudos e possa usar, sem custos adicionais, os equipamentos digitais necessários para a realização dos exames.

Consulte todas as vantagens da telemedicina cardiológica.

Conclusão

Reuni neste texto as principais indicações, protocolos e informações coletadas durante o teste ergométrico.

Esse e outros exames cardiológicos podem ser interpretados via telediagnóstico, acelerando a entrega do laudo e o início do tratamento.

Conte com a Morsch para ampliar o portfólio ou a quantidade de exames realizados, aumentando as receitas da sua clínica ou hospital!

Se achou o conteúdo interessante, leia mais artigos sobre cardiologia que publico aqui no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin