O que é e para que serve o Ecocardiograma fetal

Por Dr. José Aldair Morsch, 16 de novembro de 2018
Ecocardiograma fetal: o que é, para que serve, indicações e resultados

O ecocardiograma fetal é parte imprescindível de um acompanhamento pré-natal completo para gestantes de alto risco e com história familiar de doenças congênitas.

E isso você entende melhor ao desvendar o exame e descobrir para que serve o ecocardiograma.

O método diagnóstico é capaz de identificar uma série de cardiopatias congênitas antes mesmo do nascimento do bebê.

Para que possamos compreender melhor a importância de um exame de ecocardiograma fetal, segundo estimativa do Ministério da Saúde, a cada ano, nascem 30 mil crianças cardiopatas no Brasil.

O órgão também aponta que esse tipo de patologia representa a terceira principal causa de mortes em bebês durante o primeiro mês de vida, sendo responsáveis por 10% dos óbitos entre crianças.

Muitas delas podem ter uma chance a mais de sobreviverem ao se submeterem a esse exame, pois isso permite uma abordagem médica precoce ao problema.

Ao longo da leitura, você vai conferir o que é ecocardiograma fetal, quais são as suas indicações e possíveis riscos, como é feito o exame ecocardiograma, que resultados ele pode revelar, quanto custa um ecocardiograma e mais.

Destaque ainda para o papel da telemedicina ao ampliar o acesso com qualidade a esse importante exame.

Quer saber de tudo isso? Então, siga a leitura.

O que é ecocardiograma fetal?

O que é ecocardiograma fetal?

O que é ecocardiograma fetal?

Ecocardiograma fetal é um exame de imagem que utiliza ondas sonoras de alta frequência para avaliar a saúde do coração do bebê, ainda no útero materno.

Por meio de registros dos músculos e válvulas cardíacas, o teste mostra o tamanho e o desenvolvimento do coração do feto.

O ecofetal também revela detalhes sobre o seu funcionamento, como a velocidade do fluxo sanguíneo dentro das cavidades do músculo cardíaco.

Para que serve o ecocardiograma fetal?

O ecocardiograma fetal serve para avaliar o funcionamento do coração e identificar doenças antes mesmo de o bebê nascer.

A realização desse exame na fase pré-natal é recomendada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Isso acontece porque outros testes, como o ultrassom morfológico, não possibilitam o diagnóstico de cardiopatias congênitas, que são desenvolvidas pelo bebê durante a gestação.

Elas podem ter causas genéticas ou serem originadas por interferências de infecções virais ou uso de medicamentos durante a gravidez.

Ao apontar a maioria desses males, o ecocardiograma fetal se tornou uma ferramenta fundamental para o reconhecimento e acompanhamento de patologias do coração.

Nesse sentido, vale citar a diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia para Indicações e Utilização de Ecocardiografia na Prática Clínica.

Conforme o texto, poder avaliar o músculo cardíaco durante a vida intrauterina permite o início do tratamento de doenças graves antes do nascimento.

Outra vantagem se dá no planejamento das ações adotadas pela equipe médica no pós-parto, além do preparo emocional da família para receber o recém-nascido.

Esse planejamento é fundamental, pois as cardiopatias congênitas afetam um em cada 100 bebês, e 90% deles não apresentam fatores de risco.

A partir da avaliação cardíaca e detecção precoce de doenças, a equipe médica acompanha todo o desenvolvimento do bebê, programando o parto em uma unidade de saúde com a estrutura necessária para o tratamento, seja ele clínico ou cirúrgico.

Por isso, a realização do ecocardiograma fetal tem preservado muitas vidas, além de reduzir complicações após o nascimento.

Quando deve ser feito o ecocardiograma fetal?

Quando deve ser feito o ecocardiograma fetal?

Quando deve ser feito o ecocardiograma fetal?

O exame pode ser realizado ainda no primeiro trimestre de gravidez.

No entanto, costuma ser recomendado entre 18ª e a 28ª semana de gestação, quando é possível visualizar melhor as alterações estruturais ou funcionais do coração do feto.

Quando a gravidez é considerada de alto risco, o obstetra pode indicar o teste a partir das 14 semanas.

Podemos definir a gestação de risco como aquela em que as chances de doenças ou ameaças à vida da mãe ou do feto são maiores que a média.

Segundo o Ministério da Saúde, existem vários tipos de fatores de risco gestacional, como características individuais e condições sociodemográficas desfavoráveis, história reprodutiva anterior, condições clínicas preexistentes e doenças obstétricas atuais.

A ecografia fetal é um exame prejudicial ao bebê?

O exame não interfere na evolução do feto, nem representa qualquer risco.

O ecofetal não é invasivo, tampouco expõe a mãe ou o bebê a riscos como a radiação ionizante.

Utilizada em exames radiográficos como raio X, mamografia e tomografia, esse tipo de radiação está relacionado ao desenvolvimento de câncer.

Indicação da ecocardiograma fetal

Indicação da ecocardiograma fetal

Indicação da ecocardiograma fetal

Como citei acima, a Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda que o ecocardiograma fetal faça parte da rotina de exames pré-natais.

Mas existem fatores de risco que contribuem para que o teste seja feito já a partir da 14ª semana de gestão, e até repetido durante a gravidez.

Esses fatores se dividem entre indicação fetal, materna ou familiar.

Indicação fetal

Gestações múltiplas, arritmias, retardo no crescimento intrauterino, malformações congênitas e alterações em exames anteriores são algumas indicações fetais para a realização do exame.

Arritmias são alterações na frequência cardíaca, que podem sinalizar doenças do coração.

Já as malformações e alterações como translucência nucal aumentada no primeiro trimestre costumam ser detectadas no ultrassom morfológico – teste de imagem que mostra ossos, vasos sanguíneos e o coração do bebê.

A translucência nucal é um procedimento que mede a quantidade de líquido na nuca do feto, a fim de calcular o risco de doenças como a síndrome de Down.

Indicação materna

Gestações durante a adolescência ou após os 35 anos são consideradas de risco e, portanto, há indicações para a realização do ecocardiograma fetal.

Se a mãe teve algum aborto anterior, sofre com cardiopatia congênita, diabetes, infecções virais, colagenoses ou faz uso de alguns tipos de drogas lícitas ou ilícitas, também precisa fazer o exame.

Lembrando que o diabetes é uma doença que provoca a elevação na taxa de glicose no sangue (chamada de hiperglicemia), devido à insuficiência do hormônio insulina.

Por sua vez, colagenoses são patologias que causam inflamação e degeneração no tecido conjuntivo – responsável pela sustentação, preenchimento de espaços entre órgãos e proteção de células funcionais do organismo.

Lúpus, esclerodermia e dermatomiosite são alguns tipos de colagenoses.

O uso de cigarro, álcool e drogas com ação sobre o sistema nervoso central pode prejudicar o coração do bebê durante a vida intrauterina e, por isso, representa uma indicação materna para o ecofetal.

O mesmo vale para antiinflamatórios e outros medicamentos que interfiram no metabolismo da prostaglandina, substância importante para a contração do útero quando o bebê vai nascer.

Indicação familiar

Se houver histórico familiar de cardiopatias congênitas ou síndromes mendelianas, existe indicação para a realização da ecografia no feto.

Síndromes mendelianas são doenças hereditárias produzidas pela mutação de apenas um gene, como a Síndrome de Marfan, que causa anomalias no esqueleto, olhos e sistema cardiovascular.

Contraindicações da ecocardiograma fetal

Não há contraindicações para este exame. Existem apenas limitações a ele.

Por exemplo, antes da 18ª semana de gestação ou após a 28ª, o ecocardiograma fetal não é recomendado.

A restrição se dá em razão das maiores dificuldades para visualizar as estruturas do coração.

Como se faz o exame de ecocardiograma fetal?

Como se faz o exame de ecocardiograma fetal?

O exame de ecocardiograma fetal dura cerca de 30 minutos, é simples e indolor.

Primeiro, a gestante deita de barriga para cima sobre uma maca.

Um gel é aplicado na barriga da paciente, e será espalhado durante o procedimento.

Em seguida, o profissional que conduz o teste usa um aparelho chamado transdutor sobre o gel, para captar imagens do coração do bebê.

O equipamento emite ondas sonoras de alta frequência, parecidas com as usadas em exames de ultrassonografia.

Essas ondas são processadas e convertidas em imagens que serão avaliadas pelo médico.

O ecocardiograma fetal costuma ser realizado por cardiologistas especializados na avaliação do músculo cardíaco antes do nascimento, chamado de cardiologista pediátrico.

Ecocardiograma fetal com doppler

O ecocardiograma fetal com doppler é uma modalidade do exame.

Ele permite que os batimentos cardíacos do feto sejam ouvidos.

Sua principal função é mostrar se existem alterações nos fluxos de sangue intracardíacos e com isso sugerir a presença de comunicações entre as câmaras cardíacas.

Um exemplo clássico é a comunicação interventricular na síndrome de Down.

Resultados do exame ecocardiograma fetal

Resultados do exame ecocardiograma fetal

Imagens do teste podem ser observadas em tempo real, através do monitor do aparelho de ecocardiografia fetal.

Normalmente, essas imagens são gravadas e analisadas posteriormente, gerando um laudo médico.

Nesse documento, o cardiologista aponta especificidades do procedimento, informações da mãe e do paciente, fatores de risco e conclusões a partir da avaliação do exame.

Resultados normais do ecofetal

Quando os resultados são normais, significa que não foram identificados indícios de anomalias na estrutura e no funcionamento do coração.

No entanto, como explica no artigo Detecção pré-natal das cardiopatias congênitas pela ecocardiografia fetal, de Márcia Abdalla Teixeira da Costa e Oscar Francisco Sanchez Osella, as cardiopatias congênitas identificadas durante o pré-natal costumam ser diferentes daquelas diagnosticadas após o nascimento.

Por isso, é preciso continuar acompanhando a saúde cardíaca do bebê, ainda que o ecocardiograma fetal não mostre anomalias.

Resultados alterados do ecofetal

Mesmo quando o exame revela alterações, é preciso uma avaliação completa, considerando resultados de outros exames, histórico familiar e fatores de risco para diagnosticar alguma patologia no coração do feto.

Uma análise de pesquisas realizadas nesse campo mostra que as cardiopatias congênitas detectadas antes do nascimento costumam ser as mais graves.

Algumas delas podem ter os efeitos amenizados quando há atendimento assim que o bebê nasce. Portanto, é fundamental que sejam diagnosticadas na gestação.

Dentre as patologias mais comuns reveladas durante a vida intrauterina, estão:

  • Defeito do septo atrioventricular (DSAV): a comunicação entre átrio e ventrículo fica comprometida, dificultando as funções do coração
  • Síndrome da Hipoplasia do Coração Esquerdo (SHCE): ocorre quando a maioria das estruturas do lado esquerdo do coração é pouco desenvolvida, prejudicando o fluxo sanguíneo necessário para as atividades do corpo
  • Dupla via de saída do ventrículo direito: nessa condição, bebês possuem as artérias pulmonar e aorta conectadas ao ventrículo direito, enquanto em um coração normal, a artéria aorta deveria estar conectada ao ventrículo esquerdo. O resultado é uma mistura entre sangue oxigenado e não oxigenado, prejudicando a nutrição dos órgãos e sobrecarregando o coração.

Qual a média de valor da ecocardiografia fetal?

Dependendo da região do país em que é realizado, o teste pode custar entre R$ 130,00 e R$ 400,00.

As ecocardiografias fetais com doppler costumam ser as mais caras.

Outros exames recomendados para cardiopatias congênitas

Exames recomendados para cardiopatias congênitas

Exames recomendados para cardiopatias congênitas

Quando as cardiopatias congênitas não são detectadas antes do nascimento, outros exames podem ajudar no diagnóstico precoce.

Um deles é a oximetria de pulso ou teste do coraçãozinho, obrigatório desde 2014 no Brasil.

Esse exame deve ser feito nas primeiras 24 horas de vida do recém-nascido, por meio de um sensor externo chamado oxímetro.

O dispositivo é colocado na mão direita e, em seguida, em um dos pés do bebê, a fim de medir os níveis de oxigênio.

Se os níveis estiverem abaixo de 95%, pode ser sinal de doença congênita, e outros testes serão realizados, seguindo a recomendação médica.

A seguir, conheça algumas indicações comuns.

Eletrocardiograma (ECG)

Esse exame avalia o ritmo cardíaco através de eletrodos fixados no tórax do paciente, que colhem dados sobre a atividade elétrica do coração.

Raio x de tórax

Usa radiação ionizante para mostrar o fluxo de sangue nos pulmões, forma e tamanho do músculo cardíaco.

Ecocardiograma

Esse procedimento também pode ser feito quando a criança está fora do útero, mostrando com mais clareza as anormalidades no coração.

Angiotomografia

Utiliza um tomógrafo para mostrar imagens de alta resolução das veias e artérias, inclusive por dentro desses vasos sanguíneos.

É preciso anestesiar as crianças menores para que fiquem paradas durante o exame.

Cateterismo cardíaco

Exame invasivo usado para melhor avaliação de cardiopagias congênitas graves onde o bebê é anestesiado e o hemodinamicista introduz um catéter na artéria femural que segue até dentro do coração para uma perfeita visualização do seu funcionamento.

Telemedicina em Cardiologia

Telemedicina em Cardiologia

Telemedicina em Cardiologia

A saúde do coração foi uma das primeiras beneficiadas pelo laudo médico à distância (através do telefone), ainda no final do século XIX.

Desde então, o laudo online evoluiu com o avanço das tecnologias da informação e comunicação (TIC).

A possibilidade de interpretação de diversos exames cardiológicos representa um grande avanço.

É, por exemplo, uma alternativa para suprir a carência de especialistas qualificados, principalmente em regiões remotas.

Atualmente, diversos exames cardiológicos podem ser interpretados por especialistas das empresas de telemedicina, de qualquer parte do país.

O processo é simples.

Um médico ou técnico em enfermagem devidamente treinado realiza o exame, com um equipamento capaz de digitalizar as imagens.

Essas imagens são enviadas ao computador através de um software, armazenadas e compartilhadas via plataforma de telemedicina.

Assim, especialistas podem acessar informações do exame e do paciente de forma ágil e segura. Para isso, basta que tenham acesso à internet, login e senha.

Eles analisam e interpretam as imagens do teste, registram suas impressões e conclusões no laudo online e o assinam digitalmente.

Em seguida, o documento fica disponível para o cliente.

Em urgências, os laudos à distância podem ser emitidos em apenas 30 minutos.

Conclusão

Ecocardiograma fetal: o que é, para que serve, indicações e resultados

Neste artigo, você conheceu a importância do ecocardiograma fetal  e outros exames para o diagnóstico precoce de cardiopatias congênitas.

Os exames cardiológicos devem ser interpretados apenas por especialistas capacitados, que nem sempre estão disponíveis nas unidades de saúde pelo país.

Se essa é a realidade hoje em sua clínica ou hospital, a mudança está ao seu alcance.

Você pode contar com a parceria da Telemedicina Morsch para solucionar esse problema.

Além de laudos de qualidade, sua equipe terá suporte a qualquer hora do dia, agilidade e segunda opinião médica, quando necessário.

Tudo isso por um valor que cabe no seu orçamento.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin