Ateromatose carotídea: sintomas, diagnóstico e formas de tratamento

Por Dr. José Aldair Morsch, 23 de março de 2022
Ateromatose carotídea

A ateromatose carotídea está por trás de muitos casos de acidente vascular cerebral (AVC).

Por comprometer o fluxo sanguíneo no cérebro, essa condição favorece eventos isquêmicos e hemorrágicos, representando risco à vida do paciente.

Mesmo quando ela não é fatal, é indispensável adotar o tratamento adequado para evitar sequelas e dar mais qualidade de vida à vítima.

Nas próximas linhas, vou traçar um panorama com as principais informações sobre as causas, diagnóstico e procedimentos terapêuticos relativos à ateromatose carotídea.

Acompanhe até o final.

O que é ateromatose carotídea?

Ateromatose carotídea ou estenose de carótida é uma patologia que provoca o estreitamento do calibre das artérias que levam sangue ao cérebro.

Lembrando que o corpo humano possui duas artérias carótidas, localizadas de ambos os lados da porção anterior do pescoço.

Ao longo dos anos, substâncias como gordura e cálcio se depositam no interior desses vasos, reduzindo o espaço para a passagem do sangue.

Vem daí o quadro de estenose, caracterizado pela obstrução do fluxo sanguíneo.

Ateromatose carotídea é grave?

Tudo depende do grau de estenose da artéria carótida.

Um dos sinais de alerta é o comprometimento moderado dos vasos sanguíneos, que ocorre quando o estreitamento ultrapassa os 50%.

Nesses casos, aumentam as chances de o doente sofrer AVC isquêmico, resultante de pequenos fragmentos que se soltam e viajam até um vaso sanguíneo menor no cérebro.

Essas massas interrompem o fluxo de sangue local, levando à morte de neurônios.

Dependendo da área afetada e da extensão do bloqueio, o paciente pode ir a óbito ou ficar com sequelas permanentes.

Outro cenário preocupante é o AVC hemorrágico, que também pode ser causado pela obstrução das artérias que irrigam o cérebro.

Nesse caso, em vez de apenas bloquear a irrigação das células, a complicação faz com que o vaso sanguíneo se rompa, provocando hemorragia.

Tem cura?

A ateromatose carotídea é uma doença progressiva e que não tem cura.

Contudo, é possível tratar suas complicações e adotar medidas que evitam agravos à saúde.

Falo das raras vezes em que o paciente percebe sintomas antes de sofrer isquemia ou derrame, o que permite o diagnóstico precoce.

Ou da identificação de anormalidades durante o check up, com bateria de exames e consultas de rotina.

Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular de São Paulo (SBACV-SP), os principais fatores de risco para a estenose da carótida são:

O que causa a doença aterosclerótica da carótida?

A maior causa é a aterosclerose, que facilita o acúmulo de placas de ateroma na bifurcação carotídea.

As placas de ateroma são massas formadas por gordura, cálcio e outras substâncias que vão se depositando na parte interna das artérias.

Sua formação é reforçada por comorbidades, fatores genéticos e idade, já que os vasos sanguíneos tendem a enrijecer com o envelhecimento.

É por isso que a prevalência de estreitamento carotídeo moderado salta de 0,2% antes dos 50 anos para 7,5% depois dos 80.

Um estilo de vida baseado em alimentação rica em gordura e sedentarismo também contribui para o agravo da aterosclerose.

Quais os sintomas de ateromatose carotídea?

Como adiantei acima, a doença raramente apresenta sintomas.

Isso porque, diante da redução do fluxo sanguíneo numa artéria, a outra carótida e as artérias vertebrais se esforçam para levar mais sangue ao cérebro.

O que faz a maioria dos casos ser diagnosticada somente quando há complicações, como o AVC.

No entanto, a condição pode se manifestar por meio de incômodos semelhantes à isquemia:

  • Diminuição ou perda súbita da força na face, braço ou perna de um lado do corpo
  • Sensação de formigamento de um lado do corpo
  • Perda súbita de visão, geralmente de um olho
  • Problemas para falar ou compreender a linguagem
  • Instabilidade, vertigem súbita intensa e desequilíbrio.

Esses também são sinais do Ataque Isquêmico Transitório (AIT), que tende a durar apenas alguns minutos.

Os sintomas indicam alta probabilidade de um evento maior em breve.

Estenose de carótida

Comorbidades, fatores genéticos e a idade do paciente influenciam na formação da ateromatose carotídea

Diagnóstico e tratamento da ateromatose carotídea

O diagnóstico da patologia pode ser realizado de maneira não invasiva, através de ultrassom com doppler de carótidas.

Indolor e preciso, esse exame permite a visualização de imagens internas em tempo real.

Ele inclui realce das paredes das artérias para verificar o grau de estenose.

Dependendo do resultado, o cirurgião vascular pode prescrever um tratamento clínico ou cirúrgico.

A angiotomografia computadorizada costuma ser feita antes da cirurgia, a fim de avaliar o cenário mais benéfico para o paciente.

Assim, são coletados cortes de alta resolução, permitindo a montagem de imagens em 3D das carótidas.

Tratamento preventivo

Caso o estreitamento das carótidas seja confirmado, serão recomendadas medidas clínicas com o objetivo de prevenir agravos.

Essas recomendações são voltadas ao controle de doenças crônicas e exclusão de comportamentos nocivos, por exemplo:

  • Parar de fumar
  • Diminuir a quantidade de colesterol e gordura ingeridos
  • Praticar atividade física regularmente
  • Monitorar e fazer o controle rígido de patologias como hipertensão, diabetes, obesidade e colesterol alto.

Medicações

A terapia medicamentosa pode incluir antiagregantes plaquetários e estatina para diminuir o risco de AVC e outras complicações.

Os antiagregantes reduzem as chances de formação de coágulos, que aparecem com maior frequência quando o fluxo sanguíneo perde velocidade.

Já a estatina dá suporte no controle do nível de colesterol no sangue.

Procedimentos invasivos

Indivíduos sintomáticos com estenose carótida de grau entre 50% e 99% são candidatos à cirurgia.

Já os pacientes assintomáticos que tenham comprometimento maior que 70% costumam receber avaliação para procedimentos terapêuticos invasivos.

O tratamento cirúrgico é feito por meio da endarterectomia, que corresponde à retirada da placa de ateroma que está obstruindo a artéria.

A terapia endovascular, por sua vez, consiste na colocação de stent para aumentar o calibre da artéria.

Esse procedimento é conduzido durante a angiografia, ou seja, a introdução de um cateter da artéria femoral até as carótidas, mostrando imagens em tempo real.

Quando chega ao local da estenose carotídea, o stent é posicionado.

Conclusão

Gostou de aprofundar os conhecimentos sobre a ateromatose carotídea?

Se ficou alguma dúvida ou sugestão, deixe um comentário.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin